Interpretação teológica da história
Publicado em 25 de julho de 2017 por NERI P. CARNEIRO
Interpretação teológica da história
No conjunto dos escritos bíblicos aquilo que chamamos de “Livros Históricos” ocupam um lugar especial e amplo. São, ao mesmo tempo, uma interpretação histórica e teológica dos acontecimentos que teriam vivido o povo eleito e uma espécie de continuação do Pentateuco. Tanto que alguns estudiosos afirmam que a “história deuteronomista” continua no livro de Josué. É o que sugere a introdução aos livros históricos da “Bíblia de Jerusalém”, uma vez que se pode perceber uma continuidade temática e literária entre o livro do Deuteronômio e Josué. Dessa forma, devido a essa “uma unidade literária entre os dois conjuntos [pentateuco e históricos] e procurou-se a sequencia dos “documentos” ou das “fontes” de Pentateuco no livro de Josué, formando-se assim um Hexateuco” (Bíblia de Jerusalém. 1985. p. 328).
Aqui, entretanto, o que nos interessa é perceber que muito mais do que a história de um povo, o conjunto de escritos e narrativas históricas da instalação dos hebreus em Canaã corresponde à interpretação da história a partir da visão de Deus intervindo a favor de seu povo: mostrando a fidelidade de Deus que cobra fidelidade de seu povo quase sempre infiel.
Para falar sobre essa intervenção divina os hebreus produziram uma coleção de escritos incorporando fatos – e sua interpretação dos mesmos – desde a entrada em Canaã até o último século antes de Cristo. Trata-se, portanto, de mais de um milênio de história condensado em dezesseis livros ordenados (na Bíblia católica atual) da seguinte forma: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, 1 e 2 Macabeus. Alguns dos livros históricos as Igrejas da Reforma chamam de “deuterocanônicos”, portanto, não os consideram como integrantes do cânon revelado.
Entre os escritos que os católicos consideram inspirados e que não constam na versão usada pelos evangélicos estão: Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus. Entretanto, mesmo não os considerando canônicos, várias Igrejas protestantes os consideram leituras edificantes.
Entre os livros comuns para católicos e protestantes não há diferença. Portanto se pode usar um clichê afirmando que há mais a nos unir do que as divergencias históricas.
Neri de Paula Carneiro
Mestre em educação. filósofo, teólogo, historiador
Rolim de Moura - RO