UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARÚ-UVA
CENTRO DE FILOSOFIA, LETRAS E EDUCAÇÃO – CENFLE
CURSO DE LETRAS
REGIANE RIPARDO MAIA
INTERPRETAÇÃO: A PRINCIPAL DIFICULDADE DA LEITURA
SOBRAL – 2013
REGIANE RIPARDO MAIA
INTERPRETAÇÃO: A PRINCIPAL DIFICULDADE DA LEITURA
Artigo científico apresentado ao curso de Letras da Universidade Estadual Vale do Acaraú como requisito parcial para obtenção do título de Licenciada em Letras.
Orientadora: Profª. Maria das Doris Moreira de Araújo, Esp.
SOBRAL - 2013
INTERPRETAÇÃO: A PRINCIPAL DIFICULDADE DA LEITURA
Artigo científico apresentado ao curso de Letras da Universidade Estadual Vale do Acaraú como requisito parcial para obtenção do título de Licenciada em Letras.
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Regiane Ripardo Maia
Artigo científico aprovado em: _____/_____/_____
Orientadora: _________________________________________
Profª: Maria das Doris Moreira de Araújo, Esp. (UVA)
1º Examinador: _____________________________________
Profª. Ana Claudia Sá Morais, Ms. (UVA)
2º Examinador: _____________________________________
Profª Cristiane Melo Nobre, Esp. (UVA)
Coordenador do Curso:
____________________________________________
Profª. Maria Elisalene Alves dos Santos, Ms.
INTERPRETAÇÃO: A PRINCIPAL DIFICULDADE DA LEITURA
1MAIA, Regiane Ripardo
2ARAÚJO, Maria das Doris Moreira
RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar as dificuldades encontradas na leitura pelos alunos e como os professores trabalham estas dificuldades no intuito de diminuí-las, segundo a visão de alguns teóricos como Camps (2002), Koch (2007), Solé (1998). De acordo com a pesquisa de campo realizada na Escola Maria José dos Santos Ferreira Gomes, foi observado que, a maior dificuldade dos alunos é a interpretação, a leitura inferencial, pelo fato desses alunos não gostarem de ler e os professores encontrarem algumas dificuldades para reverter este quadro. Dessa forma podemos concluir que a interpretação é uma dificuldade de leitura que pode sim ser vencida pelos alunos com a ajuda dos professores e dos pais, através de programas de incentivo à leitura.
PALAVRAS-CHAVE: Hábito de leitura. Interpretação. Conhecimento.
INTERPRETATION: THE MAIN READING DIFFICULTY
ABSTRACT: This article has like aim to analyze the difficulties found in the reading by students and how the teachers work these difficulties in the intention to reduce them, according to the view of some authors like, Camps (2002), Koch (2007), Solé (1998). According to the field research realized in the Maria José dos Santos Ferreira Gomes School, it was observed that the greatest difficulty of the students is the interpretation, inferential reading, due to these students do not like read and the teachers find some difficulties to reverse this framework. This form we can conclude that the interpretation is a reading difficulty that it can be overcame by students with the help of the teachers and of the parents, through of incentive programs the reading.
KEYWORDS: Reading habit. Interpretation. Knowledge.
1 INTRODUÇÃO
Levando em conta que a leitura é o principal quesito para informação e aquisição de conhecimento, desde cedo ela deve ser incentivada não só durante a vida escolar do ser humano, mas também que ela seja aperfeiçoada ao longo da vida. Por ser a ela um exercício que os alunos dão pouca importância, esta precisa ser trabalhada ao extremo para que se tenham bons leitores em todas as fases da vida. Não se ler apenas na escola, ela é usada cotidianamente em quase tudo que se faz.
A importância da leitura é muito clara, pois ela é usada para exercícios muito simples como para exercícios muito complexos. Como procurar o nome de uma rua em determinado bairro ou até mesmo ler uma bula de remédio para identificar os
1 Graduanda do curso de Letras da Universidade Estadual Vale do Acaraú – [email protected]
2 Professora Especialista do curso de Letras da Universidade Estadual do Acaraú[email protected]
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efeitos colaterais de certo de medicamento, estas são atividades de leitura feitas diariamente. Em algumas leituras, mesmos que sejam as mais simples, é necessário o conhecimento prévio do leitor para entender alguns contextos que geralmente aparecem implícitos.
A análise se deu através de pesquisa bibliográfica sob a visão de alguns autores como Solé (1998), Camps (2002), Antunes (2003), Bamberger (2006), Koch (2007). E de uma pesquisa de campo feita na Escola Maria José dos Santos Ferreira Gomes através de um questionário com os professores dos 6º, 7º e 8º anos do ensino fundamental.
A pesquisa esta organizada em três seções. A primeira seção intitulada CONCEITO DE LEITURA mostra o conceito amplo de leitura e quais seus objetivos. A segunda seção nomeada TIPOS DE CONHECIMENTO QUE INFLUENCIAM A LEITURA trata dos principais conhecimentos prévios que ajudam o leitor na compreensão leitora, estratégias usadas nesta compreensão e as fases da leitura. E na terceira seção denominada PESQUISA DE CAMPO será analisada o questionário aplicado aos professores de Língua Portuguesa dos 6º, 7º e 8º anos do ensino fundamental da Escola Maria José dos Santos Ferreira Gomes.
O objetivo deste estudo é destacar a importância da leitura na vida dos alunos colaborando para a formação cidadã e pessoal de cada um. Pois a leitura é um dos objetos de instrução que a educação escolar oferece. Contando com a ajuda da família que é muito importante para que o aluno possa fixar o que aprendeu na escola e que ele possa usar estes conhecimentos na vida social.
2 CONCEITO DE LEITURA
A leitura é entendida como uma atividade de captação das ideias do autor, sem levar em conta as experiências e os conhecimentos do leitor. O foco da atenção é no autor e em suas intenções, bastando apenas o leitor captar suas ideias (KOCH & ELIAS, 2007).
Leitura é a decodificação e a interpretação do texto lido. É aquisição de conhecimento. Ao lermos decodificamos os signos gráficos, mas não é só isso, envolvem-se mais processos, como: interpretação, contexto da frase lida. A
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compreensão leitora não depende só da interpretação do texto que esta sendo lido, depende também do conhecimento de mundo do leitor.
Nem sempre as palavras são empregadas em seu significado literal, por isso a compreensão conta com o conhecimento de mundo do leitor, para entender o contexto em que as palavras estão inseridas. Segundo Solé (1998, p.116) “[...] a leitura é um processo de emissão e verificação de previsões que levam à construção da compreensão do texto”.
2.1 OBJETIVOS DA LEITURA
Quando lemos é porque temos um propósito. O fato é que queremos conhecer algo que é pouco conhecido e cabe à escola trabalhar as diversas finalidades de leitura. Conforme Solé (1998), os objetivos dos leitores com relação a um texto podem ser muitos variados:
a) Ler para obter uma informação precisa: Esta leitura é utilizada quando o leitor precisa localizar algum dado que é interessante, consequentemente despreza-se qualquer outra informação, como exemplo: uma consulta a uma lista telefônica, ao dicionário, etc. Este tipo de leitura é caracterizada por ser seletiva, ignorando outras informações além da que se quer saber.
b) Ler para seguir instruções: Neste tipo de trabalho, a leitura é algo que é feito concretamente, o objetivo é claro, segue-se piamente as regras descritas em algum manual de instruções de um aparelho eletrônico, uma receita, as regras de determinado jogo, etc. Essas leituras servem para incentivar a interpretação, pois elas são significativas e funcionais. O aluno lê porque é preciso.
c) Ler para obter uma informação de caráter geral: Esta leitura é a que é feita quando se quer “saber de que trata” um texto, “saber o que acontece”, se interessa continuar lendo. Nesta leitura não é necessário uma busca concreta, não precisa saber detalhadamente o que diz o texto. A leitura de um jornal é uma leitura de caráter geral, porque não se lê cada notícia somente os títulos delas.
d) Ler para aprender: É natural que quando se leia concomitantemente se aprenda, “ler para aprender” está referindo-se a ampliar conhecimentos a partir de leituras feitas de um determinado texto. Quando se lê para estudar é comum elaborar resumos sobre o que foi lido, tomar notas das dúvidas, reler o texto ou outros para que sejam esclarecidas as dúvidas e contribua para aprendizagem.
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e) Ler para revisar um escrito próprio: É uma leitura de cunho crítico e avaliativo, pois ajuda o aluno ou redator a identificar os possíveis erros que há no texto redigido. Muitas vezes ao escrever, o aluno pensa que esta sendo claro e objetivo quando algumas vezes o que está escrito, muitas vezes esta obscuro, por isso faz-se necessária este tipo de leitura. A auto revisão é muito importante para interpretação e para a própria escrita em si.
f) Ler por prazer: Este é um objetivo inteiramente pessoal, pois ler por prazer é peculiar de cada um. Pode-se associar este tipo leitura a literatura, necessariamente aos romances. Mais uma vez a interpretação estará presente nesta leitura, pois se um aluno reler um capítulo ou um fragmento de uma obra ele o compreendeu e o interessou de modo a proporcioná-lo prazer.
g) Ler para comunicar um texto a um auditório: Este tipo de leitura é próprio de grupos de atividades restritas (ler um sermão, uma poesia em uma apresentação e etc.). E tem como finalidade a compreensão da mensagem pelo público a quem esta sendo dirigida. E para ajudar na compreensão o leitor pode usar entoação, pausas, exemplos não lidos.
h) Ler para praticar leitura em voz alta: É uma atividade muito usada na escola no ensino de leitura. Para que haja leitura em voz alta, há toda uma preparação pelo aluno, primeiro ele faz uma leitura individual e silenciosa e depois ele se faz ouvir pelos demais oralmente. O objetivo desta leitura é a compreensão dos demais que estão ouvindo.
i) Para verificar o que se compreendeu: É muito comum reler os próprios Ler escritos, e a finalidade dessa releitura é verificar o que foi compreendido. A prova disso são as correções e alterações feitas depois do texto escrito. Depois da leitura de um texto são pedidos os resumos, sínteses e perguntas e até os próprios exercícios, os quais servem para fixar o conteúdo lido e verificar o que se compreendeu.
Durante a leitura o leitor capta uma grande quantidade de informação, aliado a isto tem o conhecimento prévio que ajuda na compreensão do texto fazendo com que a leitura produza sentido na cabeça do leitor. Durante a leitura o leitor interpreta e é através desta interpretação que ele consegue identificar as possíveis incompreensões que aparecerá ao longo de sua leitura, estas incompreensões nada mais é do que algumas palavras escritas em sentido figurado.
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É muito comum o desinteresse dos alunos pelo ato de leitura, pois as leituras didáticas, aquelas cobradas pelos professores, para responder atividades são muito cansativas e uma obrigação para eles. Eles só se interessam por aquilo que os chamam atenção. Tratam-se das leituras de histórias de ficção, contos maravilhosos e histórias fantásticas, mil umas noites e outras. Esse tipo de leitura não é forçado, eles leem porque gostam do conteúdo das estórias e não tornam o ato de ler uma obrigação ou um obstáculo. De acordo com SOLÉ (1998, p.92), ”Portanto, motivar as crianças não consiste em que o professor diga:” Fantástico! Vamos ler!”“, “mas elas mesmas o digam – ou pensem”. As leituras informais como: revistas de esporte para os meninos e revistas de moda e beleza para as meninas, é o que mais prende atenção por serem conteúdos leves (sem cobrança) e fáceis de ler.
2.2 AS DIFICULDADES ENCONTRADAS NA LEITURA
Há alguns fatores que colaboram para que os alunos não gostem de ler. Os principais são: a falta de hábito de leitura, e o principal que é a falta de atenção com os textos. A falta de hábito de leitura ocorre, por tal hábito não está inserido na cultura dos alunos, como por exemplo, o pai ler um livro para o filho antes de dormir, este é um hábito que além de incentivo à leitura torna-se um costume para a vida toda, fazendo deste aluno um leitor inferencial.
Na visão de Bamberger (1987 apud Alves, 2007) “Os hábitos são mais bem incorporados se têm como base modelos de comportamento tirados do meio, „ideais‟ apresentados pelos pais, professores e, sobretudo, pelo grupo que o jovem frequenta.” Também por ser a leitura algo um pouco complexa, porque primeiro eles decodificam os signos gráficos e só depois que entra em cena a compreensão e para chegar a esta compreensão são cobrados muitos exercícios de leitura. Os alunos começam a ler forçados.
A atividade de leitura torna-se um momento puramente avaliativo. E no momento que o aluno se vê obrigado a ler, ele não compreende, a cobrança trava a compreensão leitora, porque ele sabe que está sendo avaliado. As leituras didáticas, ou seja, aquelas lidas em sala de aula não são agradáveis quanto às leituras de fora da sala. O que é lido fora de sala é espontâneo e livre e chama atenção do aluno, a compreensão torna-se mais fácil porque ele não esta sendo cobrado e nem avaliado. Conforme Solé (1998, p. 32):
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Um dos múltiplos desafios a ser enfrentado pela escola é o de fazer com que os alunos aprendam a ler corretamente. Isto é lógico, pois a aquisição de leitura é imprescindível para agir com autonomia nas sociedades letradas, e ela provoca uma desvantagem profunda nas pessoas que não conseguiram realizar esta aprendizagem.
A falta de atenção é o principal fator que culmina para que os alunos não gostem de ler. São muitos os fatores que contribuem para esta falta de atenção. Primeiro temos os recursos audiovisuais, ou seja, os CDs, DVDs, televisão e outros que desde a infância são as principais distrações das crianças antes de frequentarem a escola. Este tipo de recurso afasta o aluno da leitura tornando-o preguiçoso, pois eles preferem os filmes, brincadeiras e músicas e etc. Devido a isso o ato de ler torna-se estressante e enfadonho. E quando eles leem, querem ler livros que contenham figuras ilustrativas ou qualquer outra coisa que é o que se assemelha aos recursos audiovisuais e por terem sido alfabetizados através desse modo. O conteúdo que o aluno ler, também influencia muito no ato de ler. De acordo com Bamberger (2006, p. 34):
(Idade do conto de fadas de 5 a 8 ou 9 anos). Caracterização de Beinlich: “Idade de leitura de realismo mágico”. Nessa fase de seu desenvolvimento a criança é essencialmente suscetível à fantasia. “Isso é válido para todos os temas escolares, até para a geografia e a ciência”.
Outro fator que distrai o aluno da leitura, dentro da sala de aula, são as conversas entre eles, os brinquedos trazidos de casa para a sala de aula, tudo isso dificulta a atividade e a concentração na leitura, pois eles preferem o que é mais fácil e mais bonito visualmente.
2.3 AS FASES DA LEITURA
Bamberger (2006) descreve o processo ocorrido em cada idade e fase da criança, isto é, no período escolar, nos primeiros anos escolares, no quarto e quinto anos, no oitavo e nono anos, nas fases jovem e adulta e, ainda, para todos os níveis de idade.
a) O período pré-escolar: É a idade dos livros de gravuras e dos versos infantis. É a fase inicial da leitura e acontece na idade pré-escolar. A contação de histórias e leitura em voz alta aguça a curiosidade das
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crianças sobre o assunto. O contato da criança com o livro, ver as gravuras, as cores tudo isso faz com que ele se torne um bom leitor no futuro.
b) Os primeiros anos escolares: É a idade do conto de fadas por ser um ambiente familiar. O interesse pela leitura aumenta pelo fato dele já saber dominar este hábito. Ao ler aquilo que já foi lido por outro, deixa-o mais interessado sobre a leitura. A leitura acompanhada pelas gravuras e o ritmo dos versos o deixa mais otimista.
c) O quarto e o quinto ano escolar: Nesta fase a criança já escolhe o conteúdo de suas leituras, questionam e emitem opniões sobre o que leem. As informações fornecidas pelo meio são captadas de maneira mais rápida e clara. É nesta fase também que a ajuda do professor é muito importante.
d) O oitavo e nono de escola: É a idade da história de aventuras. É a fase da adolescência onde o gosto e o caráter de cada um começa a se formar assim como o gosto pela leitura. As meninas se interessam pelos romances e livros de aventura e os meninos se interessam por esportes.
e) Jovens e adultos: Esta é a fase da maturidade onde o gosto pela leitura já está formado. O conteúdo das leituras é selecionado de acordo com o mundo interior de cada um, como romances históricos, histórias de amor, aventuras com conteúdo mais intelectual e testes vocacionais.
De acordo com Bamberger (2006, p. 32),”A leitura suscita a necessidade de familiarizar-se como mundo, enriquecer as próprias ideias e ter experiências intelectuais. Resultado: formação de uma filosofia de vida, compreensão do mundo que nos rodeia”.
A leitura a acompanha a vida do ser humano desde o período pré-escolar, aquisição da leitura e prolonga-se por toda a vida social e cotidiana do leitor. O ato de ler é necessário para quase tudo que o leitor precisa, além de instruir, informar e proporcionar prazer também.
2.4 ESCRITA
A atividade de escrita é uma atividade interativa de expressão, de manifestação verbal das ideias, informações, intenções, crenças ou dos sentimentos que
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queremos partilhar com alguém, para de algum modo interagir com alguém (Antunes, 2003).
A escrita é uma habilidade que depende muito da leitura. A escrita é uma consequência da leitura, se há uma boa escrita, ortograficamente correta e coerente é porque houve uma boa leitura. O papel da leitura além de ensinar a compreender os textos lidos também é base e o conhecimento de uma boa escrita. Percebe-se logo que o bom escritor é um bom leitor. A leitura é a causa e a escrita é a consequência, elas são dependentes diretas uma da outra. Segundo Antunes (2003, p. 66 - 67):
A atividade da leitura completa a atividade da produção escrita. É, por isso, uma atividade de interação entre sujeitos e supõe muito mais que a simples decodificação dos sinais gráficos. O leitor, como um dos sujeitos da interação, atua participativamente, buscando recuperar, buscando interpretar e compreender o conteúdo e as intenções pretendidas pelo autor.
A escrita serve para nos comunicarmos com alguém, para fins oficiais como preencher uma ficha de inscrição de determinada instituição, redação de documentos, fazer cartazes com anúncios e propagandas e etc. Onde mais se escreve é na escola, que é onde mais é cobrado o ato de escrever, como por exemplo, as redações, as resenhas, textos acadêmicos, as sínteses. E é a escola que é a responsável pela boa escrita não excluindo o ato de leitura que é muito importante.
Esse ato de escrever é cobrado por dois motivos. Primeiro para observar a interpretação de algum tipo de leitura ou para preparar os alunos para algum tipo de concurso, que é o caso dos vestibulares, onde a redação é questão de ordem classificatória ou eliminatória para aprovação do candidato. Segundo para observar a própria escrita se está ortograficamente correta, se a letra está legível, se as frases são coerentes, se há clareza e concisão, se há concordância verbal e nominal, se há riqueza no vocabulário, e etc. Estes parâmetros citados na frase anterior são os parâmetros de avaliação da redação de processos seletivos em geral.
Na atividade de produção escrita, conforme Antunes (2003), não há conhecimento linguístico que supra a dificuldade de não te o que dizer. Esta deficiência de não ter o que dizer é a falta de ideias, de informações que não foram adquiridas de outras fontes, as quais servem como base para a produção escrita.
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Estas fontes, nada mais são, do que as leituras prévias que deveriam ter sido feitas antes de qualquer atividade escrita para servirem como embasamento para uma boa escrita.
Nem sempre ao escrever um texto pode-se usar o modo ou as palavras usadas na linguagem verbal. Pois o texto escrito é diferente do texto falado. A não ser num texto narrado, pois o texto narrado é reproduzido na escrita, a linguagem verbal tal e qual é falada. O texto escrito tem uma série de regras que não agrega os modos de como se fala verbalmente, pois o texto ficará sem coerência e concisão. O excesso de palavras repetidas na linguagem falada, não será interpretado claramente como na linguagem escrita, pelo contrário, ficará ambíguo, obscuro e de difícil interpretação.
O ato de escrever está ligado à leitura, a escrita mecânica que Antunes (2003) fala, é a escrita solta, copiada, sem sentido e sem contexto, apenas produção dos sinais gráficos. O aluno não consegue escrever frases ou textos que produzam sentido. São frases desconexas, sem contexto social.
3 TIPOS DE CONHECIMENTOS QUE INFLUENCIAM A LEITURA
O conhecimento prévio é aquele adquirido através das experiências vividas ou presenciadas pelo leitor no ambiente (mundo) em que ele vive. É o conhecimento da língua e das coisas do mundo. Os conhecimentos prévios que são usados ao fazer uma leitura são: conhecimento textual, linguístico, enciclopédico ou de mundo. Sobre isso, Koch & Elias comenta que:
Na atividade de leitura e produção de sentidos, colocamos em ação várias estratégiassociocognitivas. Essas estratégias por meios das quais se realiza o processamento textual mobilizam vários tipos de conhecimentos que temos armazenado na memória [...] (2007 p.39).
3.1 CONHECIMENTO TEXTUAL, CONHECIMENTO ENCICLOPÉDICO E DE MUNDO
Refere-se às formas de interação por meio da linguagem. (KOCH & ELIAS p.47). São as noções e os conceitos a respeito dos textos conhecidos pelo leitor que é ativado, quando este faz a leitura. Sempre que o leitor se depara com algum tipo de texto imediatamente será acionado este tipo de conhecimento. 3.2
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De acordo com Koch & Elias (2007), este conhecimento abrange o conhecimento gramatical e lexical, a compreensão se da através da organização do material linguístico e na superfície textual; o uso dos meios coesivos para efetuar remissão ou sequenciação total e a seleção lexical adequada aos temas ou aos modelos cognitivos. Este conhecimento é aquele o qual o leitor conhece o significado literal das palavras. Este conhecimento faz o leitor saber identificar o significado das palavras nas frases e que o contexto seja diferente quando há sentido figurado.
Segundo Stanke (2007), o conhecimento de mundo faz com o leitor relacione informações expressas em um texto com aquelas não expressas explicitamente. São os conhecimentos adquiridos através da vivência e experiência do leitor. Estas situações ensinam o leitor a produzir sentido sobre o que eles vêm e o que vivenciam também. E o conhecimento lexical ajuda nesta produção de sentido. No momento que o leitor começa a leitura, ele ativa esse conhecimento, fazendo com que produza sentido interagindo com o texto.
3.5 ESTRATÉGIAS DE LEITURA
De acordo com Kleiman (2004, apud Stanke 2007, p.23), “estratégias são operações regulares para abordar um texto”. Já para Solé (1998), estratégia significa uma habilidade, uma destreza, técnica. Esses aspectos são semelhantes entre si. Ela define também como um conjunto de ações ordenadas e finalizadas, dirigidas à consecução de uma meta, que é o procedimento. As estratégias de leitura servem para que o aluno leia, nortei-se na leitura. Para Solé (1998), quando se possui habilidade leitora, a compreensão do texto é produto de três condições.
Primeiro da clareza e coerência, ou seja, conhecimento da estrutura do texto e do léxico. Segundo, do grau de conhecimento prévio do leitor, se ele possui conhecimento necessário que lhe permitam atribuir significado ao conteúdo do texto lido. São os conhecimentos prévios citados anteriormente. E terceiro são as estratégias que o leitor utiliza para intensificar a compreensão e a lembrança do que lê. Freire (1994, p. 25),“toda leitura da palavra pressupõe uma leitura anterior do mundo e toda leitura da palavra implica a volta sobre a leitura do mundo, de tal maneira que “ler o mundo” e ler “ler palavra” se constitui num só movimento, implica para mim reescrevê-lo”.
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O leitor ao ler um texto e encontra uma frase ou palavra incompreensível, isto corta a linha de compreensão que ele havia construído até chegar a este obstáculo. Logo em seguida a leitura é interrompida e leitor volta a reler o texto e vai procurar o significado da incompreensão fora da leitura, para poder continuá-la. Solé (1998) diz que estas ações realizadas durante a leitura é um estado estratégico em que o leitor entra quando esta lendo.
Ainda sob a ótica de Solé (1998) o estado estratégico torna o leitor consciente daquilo que ele pretende. O estado de alerta é constante. Ao ler um texto o leitor usa a capacidade de construção de sentido, baseada no conhecimento prévio e naquilo que ele esta buscando. Os conhecimentos adquiridos sobre o assunto procurado e sobre o autor também ajudam na interpretação. Ao usar esses procedimentos, confirma-se o que esta sendo lido, como identificar incompreensões, fazer inferências.
Estratégias de seleção: permite que o leitor se atenha ao que for mais importante e interessante e excluindo o que for irrelevante. No ato ler, isso é feito o tempo todo, por exemplo, procurar o significado de certa palavra no dicionário. Não é necessário ler o dicionário inteiro e sim procurar o significado da palavra por ordem alfabética.
Estratégias de antecipação: torna-se possível prever o que ainda está por vir, baseado em informações implícitas e em suposições. Se a vocabulário não for muito difícil e o conteúdo não for novo e nem muito complicado é possível eliminar algumas palavras sem que prejudique a compreensão.
Estratégias de inferência: permitem captar o que está dito no texto de forma explícita. Inferência é aquilo que é lido, mas não está escrito. São informações que o leitor capta, sem precisar estar escritas no texto, apenas através de pistas fornecidas pelo próprio texto e através dos conhecimentos prévios do leitor.
Estratégias de verificação: torna possível o controle da eficácia ou não das demais estratégias, permitindo confirmar, ou não, as especulações realizadas. As estratégias de leitura são usadas sem que o leitor perceba a sua utilização. E só é percebida quando se faz uma análise do processo de leitura ao longo do texto.
4 PESQUISA DE CAMPO
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Após a coleta de dados, iremos discutir a resposta dos docentes. A primeira questão perguntava o que era leitura. Dois dos quatro professores responderam que ler é a compreensão do que está escrito. Entender o sentido do que o autor transmite através do texto, informações implícitas ou explícitas. Um professor disse que ler, além da decodificação das sílabas, é a compreensão daquilo que já conhecemos, ou não, do mundo em que vivemos e é a partir dela que a formação do aluno se torna efetiva. E o outro disse que ler proporciona prazer, traz conhecimento de outras culturas, outros mundos.
Ler em primeira instancia significa decodificar. E em segunda instancia significa compreender, interpretar o texto escrito, é entender o que o autor esta querendo mostrar. Solé (1998) nos diz que a leitura é um processo de interação do leitor com o texto e que o leitor constrói o sentido do texto. Não querendo dizer que o texto não tenho sentido, mas que o leitor construa o sentido usando os conhecimentos prévios. Segundo KOCH & ELIAS (2007 p.10), a leitura, assim é entendida como atividade de captação das ideias do autor, sem levar em conta as experiências e os conhecimentos do leitor, a interação autor-texto-leitor com propósitos constituídos sócio-cognitivo-interacionalmente.
A segunda questão perguntava se os alunos possuíam dificuldades com leitura. Dois professores responderam que sim. Eles possuem dificuldades com leitura. Um professor respondeu que talvez eles apenas consigam decodificar as letras e as palavras, mas não conseguem encontrar o sentido do texto, interpretar. E o outro professor respondeu que a maioria possui certa preguiça de ler. E só leem o que lhes interessam, ignorando algum texto cujo conteúdo não lhes chama atenção.
A dificuldade dos alunos em relação à leitura ocorre pelo fato das leituras serem (chatas) enfadonhas com conteúdos pouco atrativos. Até porque o conteúdo que a eles interessam não são trabalhados em sala de aula. Isto faz com eles sintam-se obrigados a ler e a consequência disso é o não entendimento da leitura, a distância, o afastamento do ato de ler.
O professor ao pedir a leitura em sala, ele pede para avaliar as competências leitoras desses alunos, sabendo disso eles leem com dificuldade, de certa forma sob pressão, pois eles sabem que estão sendo submetido a testes. E ao invés de se destacarem no ato de ler, comprovando que absorveram estas competências, ficam nervosos provando exatamente o contrário. De acordo com COLOMER & CAMPS (2002 p.62):
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A escolarização significa um passo importante para os meninos e meninas, visto que lhes proporciona a possibilidade de ampliar a experiência sobre o mundo representação e comunicação. A escola é justamente a instituição escolar encarregada de oferecer-lhes a oportunidade de assimilar a modalidade mais abstrata de representação verbal, a língua escrita.
A terceira questão perguntava por que os alunos possuem dificuldades com leitura. Três professores disseram que a dificuldade de compreensão leitora deve-se talvez, ao processo de alfabetização, a falta de estímulo, e hábito e dificuldade de aprendizagem. Um professor respondeu que a principal causa da dificuldade leitora é a cabeça de um adolescente que vive fora do mundo real, eles não se concentram por muito tempo na leitura. A menos que, o assunto da leitura lhes traga algum estímulo físico, mental ou interativo.
O não hábito de leitura acompanha o aluno desde o inicio de sua vida escolar. A alfabetização acontece com leituras acompanhadas de gravuras de conteúdos que os chamam atenção. Após o processo de alfabetização ocorre o processo de interpretação, este, porém, é um pouco mais complexo, e é a partir deste ponto onde começam as dificuldades de leitura. Possivelmente estes alunos que não gostam de ler porque traz um déficit de leitura, originário do processo de alfabetização.
O processo de leitura não é apenas o reconhecimento dos símbolos gráficos, é também, a compreensão das ideias que juntas fundem-se formando o ato de ler. Os alunos sentem-se desestimulados pelo fato da leitura ser um pouco mais complexa e o conteúdo não ser interessante. O ato de ler ainda é um grande obstáculo a ser vencido nas salas de aula. Pois, como já foi dito anteriormente, há outros meios de distração para desviar a atenção do aluno na leitura.
Colomer & Camps (2007. p.100) falam que para que o aluno avance a capacidade de ler textos de complexidade crescente não basta que leia muito. Poderia ocorrer, e de fato ocorre, que o aluno se instale em um tipo de leitura (livro de aventuras, por exemplo) e evite outros tipos de livros, porque tem muita dificuldade em lê-los e não dispõe de meios para interpretar tais obras.
A quarta questão perguntava se os alunos gostam de ler e por que. Três professores responderam que alguns gostam, mas depende do assunto utilizado em sala. Se forem assuntos cotidianos aí sim, despertam os interesses deles. Já o quarto professor respondeu que poucos alunos se interessam pela leitura. Pois é difícil encontrar na sala alunos que podem ser considerados leitores críticos.
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A atividade de leitura (interpretação) é muito complexa. Por exemplo, a leitura de uma bula de remédio ou dos ingredientes de alimentos enlatados, este tipo de leitura é bastante difícil e pouco atrativa porque o leitor não tem os conhecimentos necessários sobre o assunto para este tipo de texto. As obras literárias que costumam ser extensas sem gravuras também não os interessam.
Uma notícia no jornal ou até mesmo a bíblia, são leituras pouco interessantes não fazem parte do dia a dia deles. Já as histórias em quadrinhos, revistas de moda para meninas, revistas de veículos automotores para os meninos, revistas de signos, obras de ficção que foram adaptadas para o cinema, são leituras atrativas, menos cansativa, com conteúdos que prendem a atenção desse leitor. E que fazem parte do dia a dia desses leitores. Segundo Camps & Colomer (2002, p. 90):
o papel central da leitura não é ler para aprender a ler, mas ler por um claro interesse em saber o que diz o texto para algum propósito bem definido. E é dessa óptica que os professores devem enfocar o acesso à leitura escrita a partir das múltiplas situações que [...].
A quinta questão perguntava como os professores trabalham em suas aulas para diminuir as dificuldades. Três professores responderam que estabelecem as dificuldades, procurando demonstrar e interagir, trazendo textos de assuntos cotidianos, que fazem parte da vida e da fase em que eles vivem atendendo a necessidade de cada um. E o outro professor disse que faz pesquisas de autores e mostra suas obras, trazendo livros paradidáticos e reservando um tempo para leituras variadas com a reflexiva e a compreensiva.
Fazer com que um aluno leia, quando os mesmo não tem vontade, é um pouco complicado. O professor terá que tomar algumas providências como: prender a atenção dele na leitura, trazendo textos de fácil compreensão e que o conteúdo tenha algo a ver com sua rotina, com sua vida. Assuntos em comum com o tipo de vivência deles ajudam na compreensão da leitura, são os conhecimentos prévios descritos por Solé (1998). Já quando as leituras são para algum tipo de atividade como ler um capítulo do livro de Ciências para responder um exercício proposto em sala, já foge da compreensão, porque já não é assunto comum tratado na vida rotineira deles.
[...] motivar as crianças as crianças para a leitura não consiste que o professor diga: ”Fantástico! Vamos ler!”, mas que elas mesmo o digam – ou pensem. Isto se consegue planejando bem a tarefa de leitura [...] e promovendo sempre que possível, aquelas situações que abordem contextos de uso real, que incentivam o gosto pela leitura [...] (SOLÉ,1998, p.92).
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Desenvolver programas de práticas de leitura, pedir apoio aos pais dos alunos, cultivar o hábito de leitura desde a educação infantil, promover os alunos tendo a leitura como incentivo, são algumas estratégias que devem ser tomadas durante todo período de da vida escolar dos alunos pelos professores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho identificou e analisou as dificuldades de compreensão leitora dos alunos e como os professores procuram diminuir essas dificuldades através de estratégias de leitura. Sendo a leitura um assunto bastante debatido por estudiosos para incentivar tanto o hábito de leitura quanto a interpretação.
Os objetivos de leitura norteiam os interesses do leitor e o define como leitor assíduo ou não. O ato de leitura é um hábito de poucos, principalmente pelo fato de não ter tal hábito inserido na cultura. Então os pais assim como os professores dos alunos, devem ser os principais incentivadores do hábito de leitura, não deixando só para a escola o dever de ensiná-los este hábito. Ao ler o leitor encontra muitas dificuldades e as estratégias de leituras assim como os conhecimentos prévios são imprescindíveis para quem ler. Pois eles são quem esclarecem as incompreensões e ajudam na interpretação e contribuem para aquisição de conhecimentos.
O presente estudo além da identificação e análise das dificuldades da leitura, de alguma forma servirá como ajuda para que professores juntamente com os pais possam desenvolver programas de leitura que ajudem os alunos a diminuir as dificuldades possuídas por eles. Esta pesquisa também pode contribuir para pesquisas futuras e servir de acréscimo ou revisão de programas de práticas de leitura desenvolvidos em escolas.
REFERÊNCIAS
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