Antônio Padilha de Carvalho

 O universo está cheio de amor, só que ninguém o vê e nem o sente. “Tudo é divino e maravilhoso”, só no papel e na música, por isso que o único cantor fanho do mundo, Belchior, está sumido, desaparecido, fugido e com muitas dívidas por todos os lados.

As academias de estudos superiores, universidades, daqui do Brasil, assinam contratos e convênios apresentando e encaminhando os incautos alunos brasileiros para estudar na Europa, e os deixam passando fome no interior desses países do “primeiro mundo”.

Intercâmbio de organizações fortes e um punhado de jovens fracos, poetas presos aos sons de guitarras como ostras às rochas.

Universitário já graduado buscando titulação pós-graduativa, e nem leu o burocrático contrato que o levou embora e lhe oferece ração racionada. Gastou o valor da bolsa anual num mês. Agora passa fome. Não porque quer, por displicência, por irresponsabilidade, peculiar dos novatos.

Com o passar dos anos, as pessoas mudam porque a vida muda. Acorda jovens! Quem não acorda cedo, apanha até tarde! A vida não é só gramour.

Chega um momento em que você aperta a mão de pessoas, físicas ou jurídicas, e tem que contar os dedos para ver se os dedos estão de volta.

Arroz e feijão é prioridade. Os estudos são secundários. Ciência por ciência não enche bucho, ainda mais se for gordo. A vida é dura e amputa sonhos sem pés no chão.

Para viver fora do berço, precisamos saber andar. Para estudar e viver na Europa, é necessário ter aprendido isso em Rondonópolis, Mato Grosso, Brasil.

Nós homens, temos o poder de colocar uma pessoa no banco dos réus para ser julgado e condenado, infelizmente, não podemos fazer a mesma coisa com a natureza.

Como somos pequenos perante a natureza! Somos como uma pedra no meio de uma avalanche, porém, precisamos conviver com ela.

Todos nós gostamos de coisas fáceis, mas a verdade sempre está nos esperando nas esquinas de onde estamos a viver. As montanhas desmoronam, a ciência apenas estuda o palpável, o universo material. A ciência é empírica e idiota! Brasileiros, antes de assinarem um contrato, leia-o, senão vocês vão passar fome.

Não queremos as dores do parto, desejamos apenas o bebê. Nossa norma, principalmente os mais humildes, precisa ser sempre aquela de torcer pelo melhor e prepararmos para o pior. Haveremos de tomar muito cuidado para não desperdiçarmos a vida.

Alguém já disse que lugar de brasileiros é no Brasil. Lugar de rondonopolitano não é em Portugal. Se temos fome de estudos, no Brasil tem! Se temos fome de referências científicas, no Brasil tem! Se for para passar fome no estrangeiro, ame mais seu país, valorize mais seus professores, dignifique as suas escolas. Aqui a pátria-mãe te abraça, os professores além de ensinar, acalentam e vivem os seus sonhos, as escolas oferecem comida e as cozinheiras sorriem pra gente! Vem embora cara!

 Antônio Padilha de Carvalho, é Geógrafo, professor universitário aposentado e Presidente do CLUBE GEO – Instituto de Defesa do Meio Ambiente.