O que se compreende por interatividade na atualidade, nada mais é do que uma maneira de interação técnica. A cada momento experimentamos formas de interação técnica e social. Em uma era das médias digitais e das tecnologias em rede, percebe-se a utilização do termo interatividade sem uma delimitação do termo. A importância ou não da interatividade na aprendizagem, relacionando-a como uma ação dialógica entre o homem e a técnica. Com este artigo pretende-se mostrar que com a aprendizagem o homem busca novos conhecimentos e, a necessidade, em se adquirir dimensões inovadoras ao contexto educacional. A relação com o mundo é uma relação interativa onde, a ações variadas correspondentes a retroações as mais diversas. Isso pressupõe uma delimitação de "interatividade" dentro do contexto educacional mostrando a sua evolução dentro das tecnologias digitais com uma conceituação difundida, e tão pouco compreendida. Palavras chaves: interatividade, importância, compreensão, educação.

INTRODUÇÃO

É interessante quando passamos a entender o quem vem ser a aprendizagem na sua amplitude entre elas cito que "a aprendizagem transforma o ser humano e o afasta de sua natureza inicial, enriquecendo-o com novas habilidades e fornecendo-lhes condições até então ausentes para que possa resolver os problemas que irão aparecer em sua vida" (LINS, e-book, p. 9).

Percebe-se, assim, que o aprender possui diversas condições de visão de mundo estando ou não interligada com a educação. Podendo propiciar uma estrutura que haja a inserção de tecnologia e informação, passando a utilizar terminologias associadas ao meio tecnológico a meio educacional, rotineiramente, como se fosse um mundo virtual o tempo todo, tenhamos como exemplo à palavra interatividade.

Analisar o termo interatividade resume, de certa forma, tudo o que de diferente é atribuído às novas tecnologias da informação e da comunicação por diferentes autores em função das suas posições teóricas. Na tentativa talvez de justificar o valor heurístico desse termo, vários autores discutem a existência ou não de diferenças semânticas e técnicas entre os termos interatividade e interação, autores como Marco Silva, Pierre Lévy, Alex Primo e Márcio Cassol, Edgar Morin, interlocutores fundamentam colaborando e instigando-nos com a questão apresentada.

Sem negar as razões plausíveis que os autores podem ter para fazer essa discussão, talvez maiores que as próprias implicações práticas, pode ser que ela não seja tão fundamental, pois, afinal de contas, o valor do termo depende da sua capacidade de sintetizar (uma das funções dos conceitos) as qualidades atribuídas aos novos meios de comunicação, algumas das quais são também reconhecidas como qualidades de outros meios menos novos. Sem especificar essas qualidades corre-se o risco de usar o mesmo termo para designar coisas diferentes a partir de posições teóricas diferentes.

A interação e a interatividade como compreendê-las?

É necessário sabermos, para um melhor entendimento, que se a interação define, entre outras coisas, a existência de reciprocidade das ações de vários agentes físicos ou biológicos (dentre estes os humanos), a interatividade traduz, mais particularmente, uma qualidade técnica das chamadas máquinas "inteligentes"; qualidade técnica que investe essas máquinas de um conjunto de propriedades específicas de natureza dinâmica, pois elas se alteram com a própria evolução técnica.

No livro "Cibercultura", de Pierre Lévy (1999) a interatividade é referida naquele como um problema, justifica-se isso porque o termo é usado muitas vezes a torto e a direito sem saber de que se trata. Isso só comprovaria o que já sabemos há muito tempo ou que as pessoas dissociam, muitas vezes, a palavra (signo) da coisa ou que usam a mesma palavra para significar aspectos diferentes que não são devidamente explicitados.

Segundo Lévy (1999, p, 82), para ser mais enfático nos relata que:

"A interatividade assinala muito mais um problema, a necessidade de um novo trabalho de observação, de concepção e de avaliação dos modos de comunicação do que uma característica simples e unívoca atribuível a um sistema específico". 

O problema não está no uso do mesmo termo, mas em não explicitar o que se entende por ele.Não se limitando, portanto às tecnologias digitais.

Utilizando um quadro de dupla entrada (relação com a mensagem/dispositivo de comunicação), Pierre Lévy fala de diferentes tipos de interatividade que vão, respectivamente, da mensagem linear – através de dispositivos que variam desde a imprensa, rádio, TV e cinema até as conferências eletrônicas – até a mensagem participativa—através de dispositivos que variam dos videogames com um só participante até a comunicação em mundos virtuais envolvendo negociações contínuas.

Sem considerar que o autor resolveu totalmente o problema, fica claro, porém, que o que caracteriza a interatividade é a possibilidade—crescente com a evolução dos dispositivos técnicos—de transformar os envolvidos na comunicação, ao mesmo tempo, em emissores e receptores da mensagem. Em outros termos, muda o conceito de comunicação. Se essa mudança é devida, em parte, à evolução técnica que possibilita cada vez mais a participação dos agentes, o direcionamento da evolução técnica tem também a ver com os novos conceitos de comunicação e de agente da comunicação.

Ao tornar possível o que antes era só desejável — referimos-nos, exclusivamente, à relação, no conceito clássico da comunicação, entre o canal ou veículo de transmissão e a mensagem — a tecnologia viabilizava outro conceito de comunicação; mas não seria totalmente correto afirmar que essa mudança foi produzida, unicamente ou fundamentalmente, pela evolução tecnológica, uma vez que, mesmo usando os "novíssimos'' avanços tecnológicos, ainda existem cientistas que trabalham com o antigo conceito de comunicação".

Segundo Lemos (2000), interatividade é um caso específico de interação, as interatividades digitais, compreendidas como um tipo de relação tecno-social, ou seja, como um diálogo entre homem e máquina, através de interfaces gráficas, em tempo real.

Esse conceito de interatividade é bem mais recente que o conceito de interação, o qual vem sendo utilizado nas mais variadas ciências como "as relações e influências mútuas entre dois ou mais fatores, entes, etc. Isto é, cada fator altera o outro, a si próprio e também a relação existente entre eles" (Primo & Cassol, 1999).

Já o termo interatividade surgiu no contexto das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC), com a denominada geração digital. Entretanto, o seu significado extrapola esse âmbito. Para Silva (1998, p.29), a interatividade está na "disposição ou predisposição para mais interação, para uma hiper-interação, para bidirecionalidade - fusão emissão-recepção -, para participação e intervenção". Portanto, não é apenas um ato de troca, nem se limita à interação digital.  Interatividade é a abertura para mais e mais comunicação, mais e mais trocas, mais e mais participação.

É,

"A disponibilização consciente de um mais comunicacional de modo expressivamente complexo, e, ao mesmo tempo, atentando para as interações existentes e promovendo mais e melhores interações – seja entre usuário e tecnologias comunicacionais (hipertextuais ou não), seja nas relações (presenciais ou virtuais) entre seres humanos". (SILVA, 1999, p.155)

A relação estabelecida entre o homem e a tecnologia

Essa abertura a um mais comunicacional pode e deve ocorrer em todas as formas de relação, sejam elas presenciais ou não, estejam elas utilizando tecnologias hipertextuais ou não, visto que essa predisposição é inerente ao ser humano. A nossa postura frente a uma sessão de cinema, por exemplo, mostra a necessidade que temos de querer retroceder, voltar, adiantar, para que possamos analisar alguma coisa que não entendemos ou saltar algo que não nos interessa, de acordo com a nossa vontade.

Apesar de o vídeo oportunizar esse avançar e retroceder, expressando algum nível de intervenção, isso ainda não satisfaz a necessidade que temos de redirecionar o fluxo comunicacional. O mesmo ocorre com o controle remoto quando o usuário faz o zapping, alternando entre os canais disponíveis, sejam eles 5 ou 150. 

Pode-se dizer então que a grande contribuição das novas tecnologias de informática e comunicação é que, ao mesmo tempo em que elas rompem as barreiras espaços-temporais possibilitando a comunicação à distância e em tempo real de múltiplos sujeitos geograficamente dispersos, fornecem estruturas técnicas para a comunicação e o acesso à informação em rede.

A possibilidade de trabalho em rede, tanto como estrutura de acesso e tratamento da informação quanto como estrutura de intercâmbio e de atividade colaborativa, constitui, sem dúvida alguma, a grande qualidade dessas tecnologias. Se as estruturas em rede, de complexidades variadas, é o fato novo das tecnologias de informática, a atividade em rede é algo tão antigo quanto o homem, apenas cerceado pelas condições espaços-temporais e pelas limitações dos dispositivos técnicos disponíveis, os quais no último século evoluíram e continuam evoluindo de forma fantástica.

As estruturas técnicas de rede permitem implementar formas novas e mais complexas de interação social, fazendo emergir a possibilidade da troca imediata no ciberespaço. Dessa forma, os indivíduos tornam-se, ao mesmo tempo, receptores e emissores, produtores e consumidores de mensagens. A comunicação deixa, definitivamente, de ser linear e de mão única, para tornar-se poliglota, polissêmica e policêntrica.

A prática pedagógica associada à interatividade

Para a educação, a compreensão desses conceitos e contextos é de fundamental importância, uma vez que a relação pedagógica é uma relação entre seres humanos imersos numa determinada cultura, por isso mesmo transformadores dela. Logo, a todos os sujeitos da educação deve ser oportunizada essa abertura a um mais comunicacional propiciado com uma interatividade para o saber. Entretanto, os processos educacionais, presenciais ou mediados por essas novas tecnologias, passa a adquirir dimensões que, se não são totalmente novas podem agora ser profundamente inovadoras.

As relações educativas tornam-se pluridirecionadas e dinâmicas, possibilitando a todos os interessados interagir no próprio processo, rompendo com velhos modelos pedagógicos que só conhecem a comunicação unilateral que privilegia o emissor, ou seja, o professor onisciente e onipotente desconsiderando as peculiaridades do receptor, ou seja, do aluno. O velho receptor deixa de ser aquele que deve apenas aceitar ou não a mensagem proposta pelo professor para tornar-se sujeito da própria educação numa comunidade educacional interativa.

Referência Bibliográfica:

LINS. Maria Judith Sucupira da Costa, A aprendizagem e Tutoria.In: E-BOOK DA PÓS – GRADUAÇÃO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, Unidade 03. 2007. SENAC – AP. p.8 – 40.

LEMOS, André. Anjos interativos e retribalização do mundo. Sobre interatividade e interafaces digitais. [On line] Disponível em: <http://www.facom.ufba.br/pesq/cyber/lemos/interac.html. acesso em 08 de jan de 2007.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. Trad. Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999.

MORIN, Edgar.  Epistemologia da complexidade. In: SCHNITMAN, Dora Fried (org.).  Novos paradigmas, cultura e subjetividade.  Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.  p. 274-289.

MORIN, Edgar. Ciência com Consciência. 3ª ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
PRIMO, Alex e CASSOL, Márcio. Explorando o Conceito de interatividade: definições e taxonomias Disponível em: <http://usr.psico.ufrgs.br/~aprimo/pb/pgie.htm>. Acesso em 08 de jan de 2007. 


SILVA, Marco. Que é Interatividade. In Boletim Técnico do Senac. Rio de Janeiro, v.24, n.2 maio/ago, 1998

SILVA, Marco.  Um convite à interatividade e à complexidade: novas perspectivas comunicacionais para a sala de aula.  In: GONÇALVES, Maria Alice Rezende (org.).  Educação e cultura: pensando em cidadania.   Rio de Janeiro: Quartet,  1999. p. 135-167.