Andrêssa Castro
Nathalia Nogueira
Noelio Calazans
Tayssa Balbino
Virginia Almeida

A análise das interações afetivas estabelecidas em creches públicas procedeu de questionamentos oriundos da leitura do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil quando aborda sobre as divergências quanto ao papel do afeto na aprendizagem infantil e, portanto remete-nos a considerar as possibilidades de contribuições no campo da Psicologia com o intuito de elucidar as relações entre desenvolvimento e aprendizagem infantil, especificamente no que concerne ao ambiente de creche, uma vez que este fator traz à nossa pesquisa um grande desafio: compreender a relação entre o desenvolvimento afetivo e aprendizagem da criança pequena em um contexto coletivo.

As abordagens sobre as possibilidades de sucesso ou fracasso do processo ensino-aprendizagem como dependente da interação entre professor e aluno são bastante recorrentes em trabalhos acadêmicos, e esta pesquisa continuará delegando um papel essencial a este personagem, trazendo, entretanto, uma temática recente que inclui o papel dos cuidadores/educadores* em creche pública municipal de Salvador inserida no projeto de transição que abandona a categoria especificamente assistencialista e parte para a função de primeiro nível da Educação Infantil. Compreender, por conseguinte a relação entre as demandas de interações afetivas entre estes personagens e as crianças sob suas responsabilidade, entendendo que estes profissionais são participantes ativos na construção da educação afetiva e no processo de aprendizagem (SCHUASTZ, 2004), torna-se de extrema relevância, especialmente em virtude do período em que este convive com as crianças.

Antes do início das investigações sobre afetividade e posteriormente sobre os conceitos de interação social e contexto sócio-histórico das creches, faz-se necessário considerar as afirmações de Juan Pozo (2002), quando tecendo considerações sobre “A Nova Cultura da Aprendizagem” afirma que o ensino e a instrução constituem-se basicamente em planejar estratégias de intervenção para criar condições favoráveis para as situações de aprendizagem, e que um bom projeto institucional une os diversos componentes da aprendizagem: resultados, processos e condições. O recorte deste trabalho, contudo, pela extensão das possibilidades no campo da aprendizagem infantil, focalizará as interações afetivas compreendendo ser esta uma das principais condições para a aprendizagem.

Embora haja um consenso entre teóricos do desenvolvimento e da aprendizagem, segundo Almeida (1999), no que diz respeito à indissociabilidade e relevância dos aspectos afetivos e cognitivos no processo de conhecimento, não obstante a maneira de interpretar suas relações é diferente.