IDENTIFICAÇÃO

Wellington Silva Gomes tem onze anos e sete meses, nascido em vinte de novembro de dois mil, de parto normal no Hospital Geral de Cuiabá, em Mato Grosso, filho da Sra. Fernanda Silva Souza, trinta e sete anos de idade, nascida em Cuiabá no dia vinte e um de fevereiro de mil novecentos e setenta e três, ensino médio incompleto, empregada doméstica, sendo o pai desconhecido, tendo como referencia paterna o Sr Pedro Gonçalves, esposo da referida mãe, sendo assim, padrasto da criança. O Sr Pedro Gonçalves é nascido em vinte e três de janeiro de um mil, novecentos e setenta e três, filho de pais separados, cursou até o ensino médio. O educando frequenta o sexto ano do ensino fundamental na escola pública Historiador Rubens de Mendonça no município de Cuiabá – MT. 

QUEIXAS

No dia vinte e dois de setembro de dois mil e dez, a Sra Fernanda Silva Souza esteve na Escola Historiador Rubens de Mendonça queixando-se do seu filho Wellington Silva Souza por estar apresentando falta de atenção, e falta de interesse em fazer as tarefas escolares, além de agressividade sem motivos aparentes. Estes fatos foram relatados a coordenação da escola que imediatamente solicitou a presença da professora do aluno para que tomasse conhecimento, ao ouvir as queixas a professora disse já ter percebido e completou dizendo que havia comentado o fato com colegas professores. Assim sendo a coordenação informou a psicopedagoga o ocorrido para que medidas de análise e corretivas pudessem ter inicio. 

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA

Avaliação diagnóstica do educando Wellington Silva Souza foi iniciada no dia vinte e dois de outubro de dois mil e dez. Foram realizadas cinco sessões diagnosticas, sendo realizadas no período de vinte oito dias, na primeira semana foram realizadas duas sessões, nos dias vinte e oito e trinta de setembro de dois mil e dez, na segunda semana foi realizada uma sessão diagnostica, no dia cinco outubro de dois mil e dez , na terceira semana foi realizada uma sessão diagnostica, no dia doze de outubro de dois mil e dez. Na quarta e ultima semana, foi realizada uma sessão diagnostica no dia vinte e dois de outubro de dois mil e dez.

INSTRUMENTOS UTILIZADOS

1ª seção – Entrevista familiar

Aos vinte e oito dias do mês de setembro de dois mil e dez, a psicopedagoga esteve na residencia dos pais para realização do EFES (Entrevista Familiar Exploratória Situacional) buscando desta forma conhecer a realidade e o dia a dia do educando quando não está na escola. A família relatou que Wellington Silva Souza divide seu tempo entre a televisão e a rua, não dedicando nenhum tempo as obrigações escolares, por este motivo não faz as tarefas, nem tão pouco estuda. Porém escreve bem, mesmo não se exercitando. É violento, em alguns momentos a mãe tem a impressão de que ele vai agredi-la. 


2ª sessão – Anamnese

Aos trinta dias do mês de setembro de dois mil e dez foi convidada para a sessão de Anamnese,a Sra. Fernanda Silva Souza , foi solicitado que trouxesse o cartão de vacina e documento s de nascimento do educando, bem como qualquer outro relevante (laudos médicos, receitas... etc.). A sessão teve duração de setenta e cinco minutos. Todas as perguntas foram respondidas.

3ª sessão – Entrevista operativa Centrada na Aprendizagem.

Aos cinco dias do mês de outubro de dois mil e dez, convocamos a mãe do educando a trazê-lo para a entrevista operativa centrada na aprendizagem, buscando o diagnostico clinico com a psicopedagoga. Começou-se a entrevista com a apresentação de cada um, buscando proximidade. O educando ficou sozinho com a psicopedagoga durante 60 minutos, realizou-se atividades de exercício de memorização (jogo da memória), exercício de concentração (desenho animado e descrição detalhada do que assistiu) e duro-mole . A mãe retornou e levou o educando (após o tempo combinado). 

4ª sessão –Testes específicos

Jogo da memória: O educando visualizou por trinta segundos vinte cartas de figura diversas, após este periodo as cartas foram viradas ao contrario e ele deveria formar pares, obteve relativo sucesso, tendo um acerto de oito cartas.

Exercício de concentração: Foi exibido um desenho de quinze minutos, e após o término, foi solicitado uma descrição detalhada de tudo que tinha visto, evidenciado.

Brincadeira de “duro-mole” : Durante uma conversa descontraída, em um dado momento fala-se: “duro” e o educando deveria ficar na posição em que se encontrava, sem se mexer (como uma estátua). O educando tinha dificuldade de permanecer imóvel por mais de 60 segundos.

5ª sessão – Devolução e encaminhamento


DESCRIÇÃO DAS SESSÕES DIAGNÓSTICAS

Durante as sessões diagnosticas o educando Wellington Silva Souza, apresentou déficit de concentração e memorização, quando participou do jogo da memória não conseguiu lembrar das cartas solicitadas, durante o período disponível para memorizar o educando ficava cantando, balançando o corpo e rindo, como se estivesse querendo atenção ou envergonhado. No exercício de concentração, continuou disperso durante os quinze minutos do desenho animado, o que resultou em poucos detalhes do que havia acabado de assistir. Durante o exercício de duro-mole o educando ficou mais solto, mas as vezes errava ao obedecer o comando de duro ou mole, por excitação e falta de atenção. Na Anamnese foi informado pela mãe, que o pai apresentava sinais de violência sem motivo, que durante a gravidez ela fez uso de álcool e eventualmente de drogas, disse também que cria com dificuldades o educando, por contar com uma baixa remuneração salarial, além disso, ficou evidenciado que houve durante a gestação e nos primeiros onze meses de vida, uma provável falta de alimentação, o que pode, de alguma forma, ter contribuído para o quadro suspeito. Pude observar um desajuste familiar significativo, a mãe trabalha o dia todo, o padrasto não dá atenção ao educando e o educando, alterna seu dia entre televisão e rua.


HIPÓTESE DIAGNÓSTICA

Conforme avaliação aplicada pode diagnosticar que o educando apresenta indícios de Distúrbio da Capacidade de Manter a Atenção, ou tambám chamado Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Também chamado de ADD, ADHD, ou hiperatividade é um período de atenção diminuída que ocorre em 3 a 5% das crianças, sendo a maioria do sexo masculino. conforme B.D. Schmitt, M.D., autor de "A Saúde de seu Filho," Bantam Books:

A criança não é capaz de escutar enquanto outra pessoa está falando, não agüenta esperar por sua vez, não completa uma tarefa, ou não retorna a ela depois de interrompê-la. ”.

O que é o TDAH? 

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD. 

O período normal de atenção é de 3 a 5 minutos por ano de idade da criança. Logo, uma criança de 2 anos de idade deveria ser capaz de se concentrar em uma tarefa em particular por cerca de 6 minutos, e uma criança ao entrar no jardim de infância deve ser capaz de manter a concentração por pelo menos 15 minutos. Devemos observar que o período de atenção normal não deve ser avaliado enquanto a criança assiste televisão.

Indivíduos com este distúrbio em geral é desorganizado, distraído, esquecido, bagunceiro, não gosta de limites, possui dificuldades em completar tarefas, e nos relacionamentos com colegas. Estas características ficam mais evidentes e 

perceptivas no período escolar cujo nível de concentração deve aumentar para que ocorram à aprendizagem.

No convívio escolar, quase sempre, responde ao professores com agressividade, briga com os colegas e tem pouca concentração. 

Por quase nunca fazer as atividades propostas está sempre apresentando mais dificuldades no aprendizado que os colegas de turma. Mente, por exemplo, que não trouxe material apenas para não fazer a atividade proposta.

Segundo o autor, B.D. Schmitt, M.D., em seu livro "A Saúde de seu Filho," da Bantam Books,:

 O distúrbio do déficit de atenção (ADD) é a incapacidade de desenvolvimento mais comum. "De desenvolvimento" significa que a incapacidade é causada por atraso do desenvolvimento cerebral (imaturidade). Este atraso resulta em pouco autocontrole, necessitando de controles externos impostos pelos pais por um período de tempo aumentado. Geralmente este tipo de temperamento e período de atenção reduzido é hereditário. Uma pequena porcentagem de crianças com ADD estão reagindo a um ambiente domiciliar caótico, mas, na maioria dos casos a maneira que os pais usam para educar os filhos não causa o distúrbio. Lesão cerebral de pequena importância não foi relacionada como causa de ADD, mas pesquisas nesta área ainda estão sendo conduzidas.


Sintomas de TDAH 

O TDAH se caracteriza por uma combinação de dois tipos de sintomas: 

1) Desatenção 

2) Hiperatividade-impulsividade 

O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como "avoadas", "vivendo no mundo da lua" e geralmente "estabanadas" e com "bicho carpinteiro" ou “ligados por um motor” (isto é, não param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites. 

Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e 

do trabalho, bem como com a memória (são muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo), vivem mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos ("colocam os carros na frente dos bois"). Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afeta os demais à sua volta. São frequentemente considerados “egoístas”. Eles têm uma grande frequência de outros problemas associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão. 

Causas do TDAH 

Já existem inúmeros estudos em todo o mundo - inclusive no Brasil - demonstrando que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões, o que indica que o transtorno não é secundário a fatores culturais (as práticas de determinada sociedade, etc.), o modo como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos. 

Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento. 

O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas (neurônios). Existem causas que foram investigadas para estas alterações nos neurotransmissores da região frontal e suas conexões.

Hereditariedade

Os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por uma predisposição ao TDAH. A participação de genes foi suspeitada, inicialmente, a partir de observações de que nas famílias de portadores de TDAH a presença de parentes também afetados com TDAH era mais frequente do que nas famílias que não tinham crianças com TDAH. A prevalência da doença entre os parentes das crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes mais do que na população em geral (isto é chamado de recorrência familial). 

Substâncias ingeridas na gravidez: 

Tem-se observado que a nicotina e o álcool quando ingeridos durante a gravidez podem causar alterações em algumas partes do cérebro do bebê, incluindo-se aí a região frontal orbital. Pesquisas indicam que mães alcoolistas têm mais chance de terem filhos com problemas de hiperatividade e desatenção. É importante lembrar que muitos destes estudos somente nos mostram uma associação entre estes fatores, mas não mostram uma relação de causa e efeito. 

Problemas Familiares: 

Algumas teorias sugeriam que problemas familiares (alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução da mãe, famílias com apenas um dos pais, funcionamento familiar caótico e famílias com nível socioeconômico mais baixo) poderiam ser a causa do TDAH nas crianças. Estudos recentes têm refutado esta idéia. As dificuldades familiares podem ser mais consequência do que causa do TDAH (na criança e mesmo nos pais)

Tratamento 

O Tratamento do TDAH deve ser multimodal, ou seja, uma combinação de medicamentos, orientação aos pais e professores, além de técnicas específicas que são ensinadas ao portador. A medicação é parte muito importante do tratamento. 

A psicoterapia que é indicada para o tratamento do TDAH chama-se Terapia Cognitivo Comportamental

SUGESTÕES

Sugiro que os pais, participem mais ativamente do cotidiano escolar do educando, efetivando um esforço adicional de cuidados no que tange o direcionamento e orientação comportamental, buscando inseri-lo de forma natural e mais eficaz no modelo de ensino-aprendizado proposto pela escola.

ENCAMINHAMENTOS

Recomendo um acompanhamento psicológico, de forma a garantir a continuidade e sucesso de sua vida escolar e pessoal. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABDA – Associação Brasileira do Déficit de Atenção – Como diagnosticar crianças e adolescentes - http://www.tdah.org.br/diag01.php 

ARAÚJO, Mônica; SILVA, Sheila Aparecida Pereira dos Santos – Comportamentos indicativos do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em crianças: alerta para pais e professores -
http://www.efdeportes.com/efd62/atencao.htm

BALLONE, Geraldo J. - Transtorno por hiperatividade
(criança hipercinética, disfunção cerebral mínima, transtornos disruptivos) -
http://planeta.terra.com.br/saude/swbrasil/ hiperatividade.htm

B.D. Schmitt, M.D., autor de "A Saúde de seu Filho," Bantam Books

GONÇALVES, Priscilla Siomara – O trabalho em ambiente escolar com alunos
portadores do distúrbio de déficit de atenção com hiperatividade-
http://geocities.com/hotsprings/oasis/2826/ddah1.html

SMITH,C.; STRICK,L. Dificuldades de Aprendizagem de A a Z. 1ª ed. Ed. Artes Médicas, 

2001 in http://www.efdeportes.com/efd62/ atencao.htm