INTRODUÇÃO

     A incubação artificial, tem sido de fundamental importância na moderna avicultura, pois, devido a crescente procura de produtos de origem avícola, tem se exigido o máximo de desempenho e produtividade das aves. Há uma necessidade de conhecimentos relacionados com o processo de desenvolvimento embrionário e as condições de incubação, para transformar com qualidade o ovo em um pinto de um dia (DIA & MÜLLER, 1998). Na galinha a fertilização do óvulo ocorre no infundíbulo e todo o processo de ovulação e formação do ovo demora cerca de 24 horas. Antes da postura o ovo permanece no oviduto, na temperatura de 42ºC favorecendo o desenvolvimento embrionário, que se encontra em estágio de pré-gastrula. O processo de desenvolvimento embrionário terá continuidade se o ovo fertilizado for mantido em temperaturas elevadas, caso contrário, esse desenvolvimento é paralizado (FIUZA et al, 2006). A gastrulação tem continuidade logo após as primeiras horas de incubação, que resulta numa intensa migração de células mesodérmicas através da linha primária, tornando-se uma estrutura evidente e característica do processo de gastrulação de mamíferos, répteis e aves (BALINSKI, 1981). O fator físico temperatura é determinante para que ocorra sucesso na incubação. É fundamental fixar uma temperatura que garanta ao mesmo tempo, alta taxa de eclodibilidade e a qualidade de incubação (NAKAGE et al, 2002). É indispensável incubar os ovos de Gallus domesticus, na temperatura de 38ºC, num período de incubação de 21 dias para ter continuidade ao desenvolvimento embrionário após sua postura (GARCIA et al, 2001). A perda de água do ovo durante o processo de incubação está entre 11 a 13%. O atraso a eclosão ou a não eclosão do embrião esta relacionado com uma umidade relativa muito baixa, onde á uma perda excessiva de água. A eclosão procede dos embriões, é o inverso, que em casos extremos, o embrião eclode sem ter alcançado seu completo desenvolvimento (PEEBLES et al, 2000). Durante a primeira metade da incubação, é indispensável que se faça uma freqüente viragem dos ovos, (de

hora  em hora, um giro de 56 graus para a direita e depois para a esquerda). A viragem dos ovos nos primeiros dias de incubação previne à aderência do embrião a membrana interna, facilita as formas gasosas e promove um bom desenvolvimento embrionário (WILSON, 1991). A partir do 3° ou 4° dia de incubação já é possível estudar a morfologia dos embriões em vários estágios de desenvolvimento, observar detalhes e até conservá-los para estudos posteriores (BELG & GARCIA, 1986). O presente trabalho objetivou-se em verificar a influência da temperatura no desenvolvimento embrionário de Gallus gallus domesticus.

 

MATERIAL E MÉTODO

        Para a construção da estufa artesanal, foram utilizadas seis placas de madeira medindo 50x50cm, quatro placas de isopor medindo 45x45cm, foi colocada no interior da estufa uma lâmpada incandescente de 25wats, para manter a temperatura entre 34º á 37ºC, um termômetro digital para verificar a umidade e temperatura mínima e máxima, uma garrafa pet 600ml cortada ao meio e suspensa no interior da estufa, possuindo água para a conservação da umidade relativa do ar, foram feitos dois orifícios superiores na incubadeira para rotação dos ovos e entrada de ar, os ovos foram colocados em suas próprias bandeijas no interior da estufa. Para observar o embrião foram utilizadas duas placas de petri, uma para quebrar os ovos e outra para colocar o embrião e limpá-lo, pinça e espátula para auxiliar na remoção do embrião da gema, água destilada para limpeza e álcool 70%, para sua conservação e armazenagem em um vidro com tampa. Uma amostra de 36 ovos incubáveis Gallus gallus domesticus foram colocados na estufa artesanal no dia 27 de outubro de 2008, mantendo a temperatura de 39º e 41ºC, e umidade do ar correspondente a 85% sendo a renovação do ar atmosférico nos 3 a 4 minutos, em que a estufa permaneceu aberta para a rotação dos ovos três vezes ao dia, sendo feita pela  manhã, tarde e noite. Uma segunda amostra com 36 ovos incubáveis de Gallus gallus domesticus, foram colocados na estufa artesanal no dia 7 de novembro de 2008, mantidos na temperatura de 34º e 37ºC, e a umidade do ar em torno de 80, a rotação dos ovos foram feitas 2 vezes ao dia, permitindo a renovação do ar na estufa nos 3 e 4 minutos em que permaneceu aberta. Decorrido doze dias consecutivos nesta segunda amostra.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

       No primeiro dia após a postura dos ovos na chocadeira, foram quebrados 8 ovos para captura do disco germinado, sendo que os demais não apresentaram característica de ovo fecundo. No segundo dia , foram quebrados  cinco ovos, e não houve perspectiva de fecundação. Neste processo verificou-se que a temperatura muito elevada prejudicou o desenvolvimento embrionário, pois, NAKAGE et al, 2002; afirma que o fator físico é fundamental para que ocorra sucesso na incubação, já GARCIA et al, 2001; diz que para haver desenvolvimento embrionário após postura do ovo, a temperatura deverá ser mantida em 38°C.            Iniciou-se o processo da segunda amostra, que decorrido o primeiro dia, na quebra do primeiro ovo, apresentou característica de ovo fecundado, sendo passível a coleta do disco germinado. Seguiu-se com a coleta das amostras, quebrando um ovo a cada dia, até o décimo segundo dia, onde encerrou-se o trabalho.

 

                                  CONCLUSÃO

      Os ovos encubados á temperatura de 39°C e 41°C, não apresentaram características de ovo fecundo, já os mantidos sob temperatura de 34°C e 37°, apresentaram disco germinativo, bem como as demais características de fecundação. Com base nos resultados obtidos, podemos concluir que a temperatura dentro da estufa , influencia diretamente no desenvolvimento embrionário de Gallus gallus domésticus.

 

 

 

                  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

 BALINSKY, B. I. An Introduction to Embryology. Philadelphia: Saunders College Publishing. 1981. 768p.

 

BEIG, D.; GARCIA, C.M.F. O embrião de galinha. Campo Grande – MS UFMS/Imprensa Universitária, 1986. 36p.

 

DIAS, P. F.; MULLER, Y.M.R. Características do desenvolvimento embrionário de Gallus gallus domesticus, em temperaturas e períodos diferentes de incubação. Braz. J. vet. res. anim. Sci. v. 35, nº5, p. 233-235. 1998.

 

GARCIA, S.M.L; FERNANDEZ, C.G. Embriologia. 2ª ed. SP: Artmed, 2001.

 


FIUZA, M.A., LARA, L.J.C., AGUILAR, C.A.L., RIBEIRO, B.R.C., BAIÃO, N.C. Efeito das condições ambientais no período entre a postura e o armazenamento de ovos de matrizes pesadas sobre o rendimento de incubação. Arq. Brás. Méd. vet. Zootec., v.58, n.3, p.408-413,2006.

 

NAKAGE, E. S.; TOLLON, P.; QUEIROZ, S.A.; BOLETI, I.C. Efeito de incubação sobre a duração da mesma e a eclodibilidade em ovos de perdiz (Rhynchotus rufescens). Revista Brasileira de Ciência Avícola. v.3. 2002.

 

PEEBLES, E.D.; BURNHAM, M.R.; GARDNER, C.W.; BRAKE, J.; BRUZUAL, J.J.; GERARD, P.D. Effects of incubational humidity and hen age on embryo composition in broiler hatching eggs from young breeders . Poultry Science . v.80, n.9, p.1299-1304.200.

 

WILSON, H. R. Physiologgical requeriments of  the developing mbrio: temperature and turning. In: Avian incubation, Tullet, S. G.(ed.) Poultry Science Symposium.v.22, p.145-156,1991.