O ano de 2011 se inicia com alerta por parte dos economistas, que vêem com preocupação perspectivas de aumento da inflação, que em 2010 foi a maior nos últimos seis anos, tendo sido puxada pelos alimentos e serviços, que subiram muito. Foi um ano pesado para o bolso. E não é preciso ser economista para saber disso. Quem faz compras com freqüência percebeu a diferença. Alimentação e bebidas sempre foram os vilões da inflação. Em 2010 subiram 10,39% face ao ano anterior. Em seguida vêm as tarifas (ônibus, gás, energia, água) e serviços (aluguel, escola, etc).

A inflação 2010 ficou em 5,91% e o Banco Central definiu como meta para 2011 um índice de 4,5%. Mas há um temor na elevação da inflação para este ano devido o aumento do consumo no Brasil, como conseqüência do crescimento da renda das pessoas, e isso é bom. Mas, segundo José Márcio Camargo, economista da PUC-RJ, é importante que esse crescimento seja controlado de tal forma a não gerar inflação.

A última estimativa do mercado financeiro para 2011 de 5,53%, é um pouco maior que a meta estabelecida pelo Banco Central, e a expectativa é de novas elevações no decorrer do ano. Economistas de grandes bancos acreditam que a taxa Selic, a taxa básica de juros, terminará 2011 em 12,25% ao ano, ou seja, um ponto percentual acima do atual.

Para Nilson Teixeira, economista chefe do Banco Credit Suisse, há elementos como o valor do novo salário mínimo, que podem atenuar esse cenário, mas existem fatores que podem agravá-lo, como o comportamento dos preços dos alimentos e dos serviços. É por essa razão que a presidente Dilma Rousseff pretende controlar o desempenho dos gastos públicos e está resoluta quanto a decisão do valor do mínimo de R$ 540,00 conforme disse na primeira entrevista oficial a impressa.

A decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM) de elevar a taxa básica de juro, anunciada no dia 19/01/11, começa a mostrar que este ano, mais uma vez, o consumidor brasileiro deverá pagar pelo controle inflacionário necessário ao cumprimento das metas de política monetária do país. O problema é que essa estratégia do governo é sempre a mesma e quem sofre com isso é o consumidor.

De acordo com Tatiana Pinheiro, economista do Santander, enquanto não forem possíveis investimentos que ampliem a oferta, será sempre necessário controlar os preços pelo lado da demanda e é nesse ponto que a alta do juro atua.

Para Abram Szajman, presidente da Fecomércio, a decisão de elevar o juro, é negativa porque atrapalha o bom ritmo da atividade econômica do país, diminui o consumo das famílias e os investimentos das empresas brasileiras. Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), completa que, nesse momento, seria mais importante controlar o crédito do que aumentar o juro. Ele afirma ainda que, a alta do juro ajuda a ampliar ainda mais a valorização do real frente ao dólar, um cenário que tem sido criticado por vários segmentos econômicos.

De uma forma ou de outra, os consumidores acabam pagando pelo controle da inflação, devido as várias ações tomadas pelo governo, dentre elas, a mais utilizada e impactante na vida dos brasileiros, a elevação do juro. E infelizmente o que podemos analisar de fato, é que o Brasil ainda não está preparado para crescer economicamente acima de 5% ao ano, pois quando o faz como em 2010, a inflação sobe acima da meta. O preço que se paga às vezes é alto demais. E quem sempre paga por isso?