“... o qual nos tempos passados deixou andar todas as nações em seus próprios caminhos. Contudo, não deixou de dar testemunho de si mesmo. Ele mostrou misericórdia, dando-vos chuvas do céu, e colheita em sua própria estação, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações.” At 14: 16,17.

Na sublime e complexa tarefa de criar um ser autônomo, com livre escolha, “imagem e semelhança”, Deus confronta-se com o paradigma de ser absolutamente santo, reto e ter que relacionar-se com a criatura, limitada e ainda por decidir o horizonte de seus atos, seu comportamento, luz ou trevas. Tem que impetrar ao ser criado um justo juízo por suas ações. Foi pensando nessas possibilidades que Ele preparou condições propícias para que o homem pudesse balizar claramente quem é Deus, quem é ele mesmo e qual o caminho da verdade. Ao longo da história, o Criador deu todas as evidências necessárias para o homem tomar as decisões acertadas rumo à vida, e em um possível juízo e condenação o mesmo seja inescusável.

Neste texto acima, Paulo, conhecedor da história, nos ensina que Deus permite que os homens, as nações trilhem seus destinos com liberdade de escolha. “Contudo”, não deixou de dar as evidências necessárias de sua existência, seus retos valores, seu Reino. Ao mesmo tempo que Deus cria um ser livre mostra também as implicações de todas as suas decisões, o fruto de cada escolha. Alguns versos antes de nosso texto, os homens, perversamente cauterizados, queriam sacrificar a Paulo, adorar a criatura ao invés do Criador. Algo abominável, mas se repete ainda hoje.

Podemos também depreender do texto que a manifestação de Deus se dá nas dádivas da abundante fartura que nos proporciona a natureza criada: o plantar, colher, mantimentos que nos enchem o coração de alegria. Com um pouco de reflexão e bom senso percebe-se que por trás da criação há um Criador, um ser inteligente, bondoso e misericordioso. Esta revelação já é o bastante para se render a Deus. Somos inescusáveis.

A árvore do conhecimento do bem e do mal em Gênesis, as bênçãos e maldições em Deuteronômio, entre outros, nos deixam bem cientes que estamos numa caminhada progressiva que remete a uma bifurcação vital, mas bem sinalizada. Não tem uma terceira opção, um meio termo, ou eximir-se da escolha de uma direção em detrimento da outra. Deus nos orienta a seguirmos o caminho da vida, mas nos deixa livres à Grande Decisão.

Tenho dois filhos, como pai entendo como funciona esse processo. É uma analogia perfeita o contexto familiar. Meus filhos estão entrando na idade da razão, faço o melhor para lhes indicar o Caminho. Dou as condições de um ambiente favorável, mas a decisão final será deles. Chegará o tempo que voarão com as próprias asas, tomarão suas escolhas e colherão o fruto devido.

Falamos aqui da Revelação Geral. Acontece através da glória que se manifesta na criação e nos testemunhos que Deus deu de si mesmo em vários lugares e épocas oportunas. A Revelação Específica veio na encarnação de seu Filho Unigênito, projetada através de Israel que tem uma história é singular. Um Estado que teve como embrião uma caminhada compartilhada com o divino. A partir daí, na plenitude dos tempos, surge o Messias prometido e esperado que vem ao mundo tornar-se a figura central das épocas. Sua palavra, sua obra e sua pessoa marcam de forma definitiva a revelação de Deus à humanidade. Estamos cercados de uma grande nuvem de evidências, não há como negar, ser isentos de responsabilidade, somos indesculpáveis.

Todos os dias tomamos centenas de decisões. Até para mover um dedo optamos. Precisamos usar a inteligência que nos foi dada, o bom senso, o discernimento para separar o vil e do precioso. Deus nos deu uma vida, e por mais efêmera que seja temos todas as condições para decidirmos onde será nossa eternidade. Essa é a Grande Decisão. Quando o Juiz sinalizar “game over”, fecham-se os portões, o jogo da vida finda. Já está decretado o veredito: a morte ou a vida que se revela pela postura que assumimos na jornada terrena.

A Bíblia diz que o Espírito nos convence do pecado, da justiça e do juízo. O papel dEle é convencer, o nosso, responder. Caro leitor, se sente-se envolvido nesta esfera de iluminação, acaba de contemplar a Bifurcação. A minha oração é que torne ao Caminho. Esse é o que revela a luz e conduz à eternidade: JESUS.

 “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.”  Jo 14: 6.