INTRODUÇÃO
Theodor Adorno e Max Horkheimer foram dois filósofos alemães que estudaram o desenvolvimento da comunicação de massa e seu efeito essencial sobre a natureza da cultura e da ideologia nas sociedades modernas. Junto com outros teóricos, eles integravam a Escola de Frankfurt. Tais estudiosos propunham uma discussão das condições de produção e recepção dos bens culturais sob a regência do modo de produção capitalista. Walter Benjamim, que também fazia parte do grupo de filósofos, contribuiu com os estudos de Adorno e Horkheimer. Benjamim afirmava que a obra de arte possuía uma importância única, a qual ele chamou de "Aura". De acordo com ele, ao mesmo tempo que o desenvolvimento da técnica possibilita o acesso da arte por uma maior parte da sociedade, por outro, pode causar a vulgarização do artefato artístico.

INDÚSTRIA CULTURAL
A Indústria Cultural, de acordo com Adorno e Horkheimer seria um forte sistema arquitetado pelos meios de comunicação que, simultaneamente, manipularia a sua audiência e geraria lucros. Além disso, os produtos da Indústria Cultural não levam em conta boa a qualidade do conteúdo, muito menos com a veracidade, mas apenas com a audiência, ou seja, a lucratividade junto ao público.O que é produzido pela Indústria cultural é vendido sem muito questionamento no que tange à qualidade e à necessidade, contribuindo para estandardização dos produtos culturais.
Destaca-se também, a importância do valor de uso, no qual o que vale é a lei da "Oferta e da Procura", em que a Indústria Cultural procura promover prestígio e não o prazer individual com o objeto.
Adorno esclarece que indústria cultural oferece nada mais do que instrumento de dominação, pois ela não disponibiliza nada novo, apenas deturpa o produto "velho" com uma roupagem "nova", assim, contribuindo para a manutenção do sistema capitalista.
Outro fator importante é como a máquina da indústria cultural se organiza e controla o indivíduo: ela enfatiza a eficácia de seus produtos, determina o consumo, ao invés de disponibilizar e dar autonomia ao consumidor. Desta forma, ela desconstrói a personalidade dos indivíduos e lhe impõe comportamentos difundidos através dos mass media. Adorno negligencia ao atribuir que os indivíduos em sua totalidade são fantoches, dominados e manipulados, esquecendo que as pessoas têm reservas e discernimentos.
O desenvolvimento da técnica ao invés de ser um meio de emancipação dos indivíduos, atua como instrumento de dominação. A sociedade industrial possui características marcantes, como ação racional e padronizada, a partir da ciência. Assim, costuma-se dizer que o mercado produz públicos para as suas mercadorias e não o oposto, por conta desta planificação. Estas evidências são corroboradas com a ideologia capitalista liberal (individual). A indústria cultural impõe "produtos prontos", sem a necessidade que o indivíduo necessite raciocinar muito para entendê-los, contribuindo para a manutenção e dominação por parte do sistema (Horkheimer ? Adorno).
As mensagens difundidas pelos mass media são o reflexo das informações e dos interesses das classes dominantes. Adorno percebia algo recorrente nos dias atuais: programas que buscam a reação do público, com a espetacularização das imagens, que beiram a mediocridade e a pobreza do conteúdo.

MERCADORIA CULTURA
Adorno analisa que meios de comunicação como o rádio e o cinema perderam seu valor de arte, sua função fundamental para satisfazer o sistema capitalista, submetendo-se a seus patrocinadores e, assim, esvaziando e empobrecendo seu conteúdo. Responsabiliza a indústria cultural pela produção repetitiva e miserável, o que acarreta a rejeição dos consumidores.
A publicidade age como um reforço dos valores e da ideologia, mascarada por bens culturais. Um dos mecanismos utilizados publicitários é a repetição, para familiarizar e estimular o consumo. Desta forma, o que a publicidade oferece ao consumidor é a diferenciação no meio social. Quem poderia ser subversivo a indústria cultural seria o próprio sujeito que racionalizaria sobre a sociedade industrial. Ao tomar consciência, ele buscaria alternativas de livrar-se do sistema. na compreensão de Adorno, não existe este tipo de sujeito.


O ESCLARECIMENTO COMO MISTIFICAÇÃO DAS MASSAS E O PROCESSO IDEOLÓGICO
Adorno observava que as indústrias apresentavam seus produtos classificados de tal forma que suas novidades eram inventadas para iludir o público sobre o que é melhor em termos técnicos, influenciando-o no que tange ao seus valores. Se na época em que viveu, na metade do século XX) Adorno percebia que os meios de comunicação como, por exemplo, os filmes influenciavam bastante o público, hoje esta influencia é muito mais significativa, graças à onipresença das mídias. À época, os filmes exerciam um poder tanto no comportamento, que era mimético, quanto construíam uma ideologia marcada por uma vida feliz como um reflexo da sociedade. Hoje, isto não é muito diferente, pois os meios de comunicação estão cada vez mais sofisticados e possibilitam a criação de projeções mais parecidas com o real. A publicidade, tanto a material, quanto à psíquica, aliena as pessoas ao criar outra realidade, que assentada nas relações concretas, produz um mundo idealizado. Para Adorno, indústria cultural não tem nada de democrática, porque se subjugou à técnica e impossibilitou ao homem pensar de forma crítica.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, A; PALHETA, A; MENDES, A; LOUREIRO; A. Indústria cultural: Revisando Adorno e Horkheimer. MOVENDO Idéias ? ARTIGOS.

DUARTE, Rodrigo. Adorno / Horkheimer & A dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed. 2002.

POLISTCHUK, I. & RAMOS TRINTA, A. Teorias da Comunicação. O pensamento e a prática da Comunicação Social

WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. Lisboa: Editorial Presença, 1994.