A indisciplina escolar tem sido o alvo de inúmeras discussões entre os educadores brasileiros dos diferentes níveis de ensino, desde a Educação Básica até o Ensino Superior. Estrela (1992, p. 9-12) constatou que “a indisciplina tem se propagado nas escolas e preocupado os governos europeus, levando-os a adoção de medidas para conter suas influências prejudiciais à práxis educacional”.

 Segundo a autora a indisciplina é “um dos problemas mais difíceis e aliciantes com que se defrontam atualmente as escolas dos países ocidentais”. É provável que a indisciplina seja uma realidade vivenciada no mundo todo, inclusive nos países considerados desenvolvidos. E suas manifestações podem adquirir nuances diferenciado em função dos valores culturais estabelecidos por essas nações.

A indisciplina pode apresentar-se como um importante obstáculo no processo de ensino-aprendizagem, prejudicando o exercício da função docente e o aproveitamento dos conhecimentos ministrados por parte dos alunos envolvidos. Este fator tem sido uma preocupação constante entre os educadores e tem mobilizado a comunidade escolar em geral, tornando-se o principal foco das reuniões de pais e mestres, conselhos de classe, etc.

Dentre as principais indagações a respeito da origem da indisciplina as mais frequentes estão:

  • Relacionadas à faixa etária dos alunos;
  • Ligadas a situação socioeconômicas;
  •  Desenvolvidas na fragilidade da educação familiar;
  • Manifestando-se da mesma maneira nas diversas disciplinas escolares;
  • Alicerçadas na ausência de algumas competências docentes;

É importante promover uma reflexão sobre a indisciplina escolar, mostrando que o fenômeno pode adquirir conotações diferenciadas, dependendo dos pressupostos teóricos e epistemológicos de cada educador. É interessante ressaltar a necessidade de uma nova compreensão sobre o fenômeno, superando a visão comportamentalista e a unilateralidade na responsabilização pelo seu aparecimento. O “comportamento indisciplinado” não deve ser visto como um fim em si mesmo, mas como sintoma decorrente de causas mais profundas, geralmente veladas. Esse entendimento pode auxiliar a comunidade escolar no diagnóstico e tratamento das questões disciplinares, antes que os prejuízos ao aprendizado se instalem.

            É fundamental sublinhar a importância de uma nova práxis docente, com vistas a auxiliar os alunos na construção da autodisciplina, tão valiosa para os fins educativos e, sobretudo, para a vida.