INDISCIPLINA ESCOLAR NA ADOLESCÊNCIA

Bruna Lorena Santos Andrade
Fabiana Lourenço Miranda
Mariana Franco Borges
Mayssa Almeida Lucena
Rayssa Soares Mendes¹

Roberta Costa Borges²
RESUMO

Este artigo discute o tema de Indisciplina escolar na adolescência. Apresenta como metodologia a pesquisa qualitativa, foi aplicado um questionário de onze perguntas a 02 (dois) professores da rede de ensino pública municipal e a 02 (dois) educadores de uma instituição escolar particular, do nono ano, a fim de verificar as queixas de indisciplina relacionadas aos adolescentes. A partir de então, notou-se que os entrevistados apontaram as mudanças do período da adolescência como agente influenciador na indisciplina. Assim, julgaram o psicólogo escolar como um profissional importante nesse contexto, como também, a hipótese inicial da motivação dos alunos como uma alternativa para diminuir tal situação. Logo, justifica-se esclarecer o papel desse profissional dentro da instituição escolar.

Palavras-chave: adolescência, indisciplina, psicólogo escolar/ educacional, instituição escolar.

ABSTRACT

This article discusses the issue of school indiscipline in adolescence. Presented as a qualitative research methodology, a questionnaire was administered to eleven questions to 02 (two) teachers from the public school hall and 02 (two) teachers of a particular educational institution, the ninth year in order to verify the complaints of indiscipline related to adolescents. Since then, it was noted that respondents indicated the changes of the period of adolescence as an agent influencing the discipline. Thus, judge the school psychologist as a professional issue in this context as well, the initial hypothesis of motivation as an alternative to improve the situation. Therefore it is justified to clarify the role of a trader within school.

Keywords: Adolescence, discipline, school psychologist/ educational school.

1. Introdução

Na atualidade, discute-se incessantemente a respeito do tema Educação no Brasil. Há várias políticas governamentais estruturando tal assunto, visto que um país
______________________
¹ Alunas do curso de Psicologia, 4º período, do Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara
² Orientadora do artigo científico.

deficitário de educação escolar estará fadado ao insucesso no futuro.
Pode-se dizer que a disciplina é o controle do individuo no tempo, logo, a indisciplina é evidenciar o não cumprimento de regras estabelecidas. Alguns professores consideram certos comportamentos como indisciplina, já outros consideram apenas como excesso de vitalidade. Dessa forma, a indisciplina não estaria no aluno e sim na relação entre aluno e ambiente social.
O adolescente por questões consideradas como "fase" ou "hormônios" estando ligadas à puberdade, passa por uma série de processos, questionando-se a própria existência. Mediante tal etapa da vida, os comportamentos apresentados por ele se diferem dos "normalmente" realizados antes e depois da adolescência. Tais condutas podem ser vistas como indisciplinadas , rebeldes e revoltadas apontando "conflitos interiores" e as descobertas de si mesmo e do mundo como uma das respostas para determinados comportamentos.
Existem inúmeros problemas relacionados a tal assunto, todavia, o presente artigo foca-se no tema: Indisciplina Escolar na Adolescência, cuja questão principal é: Quais são os motivos que levam os adolescentes a serem indisciplinados?
Objetivo geral: a verificação em escolas municipais e particulares das queixas relacionadas a adolescentes indisciplinados. Possuí, ainda, como objetivos específicos:
Entrevistar 02 (dois) professores da rede de ensino municipal e 02(dois) educadores de uma instituição escolar particular;
Conhecer a visão do tema indisciplina junto aos professores;
Observar uma sala de aula na qual haja queixa de indisciplina;
Comparar se o que foi observado pelas pesquisadoras condiz com a fala dos professores;
Destacar intervenções do psicólogo educacional aplicado ao tema de indisciplina;
De antemão, pode-se tomar a motivação dos alunos como uma hipótese para amenizar a situação de indisciplina na escola, uma vez que professores e alunos sairiam beneficiados dessa relação e justificaria, assim, elucidar o valor exercido por um psicólogo da área educacional dentro de uma instituição de ensino. Verifica-se tal hipótese nas palavras de Eccheli (2008, pg. 05 apud GUIMARAES, 2001 pg.53): "Por outro lado, o elogio pode produzir um efeito eficaz na motivação, pois consiste em um feedback positivo a respeito do desempenho do aluno, além de ter uma conotação afetiva."

2. A indisciplina
Partindo do tema "Indisciplina Escolar na Adolescência", destaca-se a origem da palavra disciplina vinda do latim cujo significado diz respeito a regras e condutas pré-estabelecidas. De acordo com o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Ferreira (2008), disciplina é:
a)o regime de ordem imposta ou livremente consentida, b) ordem que convém ao funcionamento regular de uma organização (militar, escolar, etc), c) relações de subordinação do aluno ao mestre ou instrutor, d) observância de preceitos ou normas e e) submissão a um regulamento.

Já indisciplina, segundo tal dicionário, é o "procedimento, ato ou dito contrário à disciplina; desobediência; desordem; rebelião."
Para Simões (1996, p. 01) "um comportamento indisciplinado é qualquer ato ou omissão que contraria alguns princípios do regulamento interno ou regras básicas estabelecidas pela escola ou pelo professor ou pela comunidade. A indisciplina é uma resposta à autoridade do professor.". Mesmo após ser chamada a atenção, os alunos continuam a se comunicarem. Os motivos seriam:
Para relatar assuntos exteriores à sala de aula.
Para mostrar que faz parte do grupo/turma.
Para mostrar oposição à autoridade do professor.
Para esclarecer ou compreender o que o professor acabou de dizer.
Para mostrar o seu descontentamento com a disciplina e/ou o professor. Etc. (SIMÕES, 1996, p. 02)

De acordo com Aquino (1998, p.03), o estudante visto como um problema é aquele que apresenta distúrbios psico/pedagógicos, podendo ser de origem cognitiva ou comportamental. O autor apresenta três suposições para explicar a indisciplina. São elas: o aluno desrespeitador, dado essa falta de respeito pela drástica mudança na questão de autoridade ocorrida dentro da própria escola, uma vez que antigamente o respeito imposto aos alunos eram baseados nos padrões militares, sendo assim submetidos a uma hierarquia e atualmente o educador não tem mais a função de fazer se cumprir a disciplina; o aluno sem limites, essa hipótese fundamenta-se no conceito da liberdade dada pelos pais, ocasionando barreiras dentro das salas de aula; e a terceira que é a do aluno desinteressado, que são aqueles que são mais atraídos pelos meios de comunicação do que pelas salas de aula. Outro olhar sobre a questão da indisciplina é o de levá-la como uma conseqüência do trabalho diário realizado nas aulas, ainda no texto o autor mostra que ela pode ser vista como um sinal de que o educador não está agindo sob a forma que obtenha os efeitos esperados. Portanto, toma-se como referência a idéia de Aquino como acepção de indisciplina.


2.2. A adolescência

Ao tratar sobre adolescência, Ferreira (2008) afirma que quer dizer "período de vida humana que começa com a puberdade e se caracteriza por mudanças corporais e psicológicas, estendendo-se, aproximadamente, dos 12(doze) aos 20(vinte) anos". A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera adolescente o indivíduo que se encontra na segunda década de vida, ou seja, dos 10 (dez) aos 20 (vinte) anos incompletos.
Na maioria das vezes, considera-se que a adolescência inicia na puberdade, o processo que leva a maturidade sexual, ou fertilidade cujos pensamentos dos adolescentes mudam a medida que desenvolvem a capacidade de lidar com abstrações e seus sentimentos também sofrem modificações sobre quase tudo.
Perante a necessidade de se estabelecer o ponto de vista de adolescência em psicologia menciona-se Ozella (2002, p.01) que descreveu:
A concepção vigente na psicologia sobre a adolescência está fortemente ligada a estereótipos e estigmas, desde que Stanley Hall a identificou como uma etapa marcada por tormentos e conturbações veiculadas a emergência da sexualidade.

Inclusive muitas mudanças ocorridas estão intimamente ligadas à emergência da sexualidade tais como as mudanças hormonais, os primeiros namoros, a primeira relação sexual, o modo como lidam com o próprio corpo, os padrões de beleza, entre outros já citados.
O autor destaca que tal definição de adolescência foi reforçada por abordagens psicanalíticas que também a caracteriza como uma etapa de confusões, estresse e luto, causados pelos impulsos sexuais que emergem nessa fase do desenvolvimento. Essa institucionalização da adolescência como uma fase conturbada foi de responsabilidade de Erikson, em 1976, que a identificou como uma confusão de papéis e dificuldade de estabelecer uma identidade própria. Já Klotz (2005, p. 01) entra em acordo com o autor antes mencionado ao fazer a seguinte afirmação: "Faz parte do processo de aprendizagem do ser humano, ou seja, do processo de humanização que implica na subordinação a determinadas regras, atitudes, valores e normas grupais.".

2.3. Indisciplina e adolescência
Assim como outros pesquisadores, Klotz (2005) também adere a idéia de que a indisciplina surge no momento da adolescência , que é o momento pelo qual o indivíduo passa da infância para adulto. Complementa ainda que não são apenas os professores que sofrem com tal situação, mas os pais desses jovens não sabem como agir.
Certamente, não sendo uma fase tranqüila da vida traz consigo grandes modificações tanto corporais como subjetivas. É o momento onde o jovem deve passar a limpo a lição que aprendeu de seus educadores (pais/professores), desligando-se do que não vale a pena e incorporando o que é útil de tudo aquilo que lhe foi transmitido. É uma época de inseguranças, de alternância de um alado e do retraimento do outro, mas principalmente é o momento das angústias pessoais, familiares e sociais. (KLOTZ, 2005, p. 02)

Portanto, uma "fase" que requer apoio e acompanhamento tanto de pais quanto de professores e educadores para se incorporar segurança e compreender as próprias angústias. De acordo com Netto (1976, p.95), a adolescência tem sido apontada como "idade emocional", época da vida humana em que o comportamento se acha frequentemente sujeito a frustrações, conflitos entre motivos, problemas, desajustes a situações novas, que perturbam a conduta e a experiência do indivíduo.
Há fatores sociais e ambientais que influenciam para que alguns jovens sejam mais inseguros e indisciplinados do que os outros, tais como:
a) as restrições que é um excesso de supervisão dos pais, b) obstáculos de ordem financeira, onde o adolescente fica impossibilitado de possuir algo que deseja c) novas situações, em que o adolescente se sente inseguro ao se deparar com barreiras novas, como um novo curso, nova escola. d) expectativas de terceiros que exigem responsabilidade do adolescente. e) fracasso escolar, que geralmente resulta em imaturidade, falto de preparação para novos desafios. (Netto, 1976 apud Hurlock, 1949, p.96).

Fica clara a influência da educação recebida em casa; dos desejos de aquisições materiais dos adolescentes que sempre querem ter a roupa e o celular da moda; a entrada em cursos e escolas novas; as expectativas depositadas sobre os adolescentes por outras pessoas; e o próprio fracasso escolar seja por não estarem maduros, seja por despreparo frente aos desafios.
A indisciplina escolar decorre, basicamente, da transgressão de dois tipos de regras: a) morais que são os princípios éticos, como por exemplo, a proibição de xingar ou de bater e b) convencionais que são aquelas definidas por um grupo gestor com certos objetivos específicos, por exemplo, impossibilidade de utilizar o celular e proibição de conversas paralelas dentro de sala de aula. Clarifica-se que as regras morais são inquestionáveis e necessitam ser obedecidas por todos os discentes, no entanto, as regras convencionais precisam ser debatidas, pois há momentos, por exemplo, que o diálogo entre os alunos é uma forma saudável de comunicação e expressão.
Com relação à atuação docente inadequada, pode-se afirmar que o professor precisa ter conhecimento sobre a matéria a qual ministra e, principalmente, lançar mão de estratégias eficientes para repassar ao aluno, caso contrário, haverá cansaço e desinteresse pelo assunto. Sendo necessário afirmar que tédio não se confunde com indisciplina.
Vichessi (2009) apresentou uma pesquisa realizada em 2007 com 500 professores de todo o país e revelou que 69% deles apontavam a indisciplina e a falta de atenção entre os principais problemas da sala de aula. Demonstra, basicamente, dois motivos para que ocorra tal fenômeno: a) inadequação no processo de ensino e b) atuação docente inadequada. Já Tiba (1996, pg. 117 e 118) afirma que há vários fatores que "... podem levar um aluno a não se comportar de forma adequada em atividades que necessitem de uma integração funcional com outras pessoas." Assim, o referido autor, elenca os principais motivos para indisciplina escolar:
a) características pessoais (distúrbios psiquiátricos, neurológicos, de personalidade, neuróticos, "normóticos", de comportamento que incomodam pouco; deficiência mental e etapas do desenvolvimento, tais como, confusão pubertária, onipotência pubertária, estirão, menarca/ mutação e onipotência juvenil e síndrome da quinta série), b) características relacionais (distúrbios entre os próprios colegas e distorções de auto-estima) e c) distúrbios e desmandos de professores.

Considerando o significado da palavra normótico que vem de normose, a qual se refere a determinados comportamentos consentidos como normais, porém na realidade são anormais, como a rebeldia, que é um comportamento anormal, porém na fase da adolescência pode-se dizer que é normal, já que é apresentado como resultado de alguns desenvolvimentos que o jovem está passando. Já a confusão pubertária se refere as mudanças ocorridas durante a puberdade.
O próprio conceito de indisciplina, como toda criação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se relaciona com o conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre as diferentes culturas e numa mesma sociedade, nas diversas classes sociais, [...]. No plano individual, a palavra indisciplina pode ter diferentes sentidos que dependerão das vivências de cada sujeito e do contexto em que forem aplicadas. (KAKAZU, 2009 apud REGO, 1996, p.8 ).

O comportamento indisciplinado do indivíduo dependerá de suas experiências, de suas histórias educativas e das características sociais em que está inserido. Ser indisciplinado não é inato, esse comportamento resulta de influências que o individuo recebe e vai internalizando ao longo de seu desenvolvimento.
Segundo Kakazu (2009) apud Camargo (2000), pais e professores são fundamentais na constituição de filhos e alunos como cidadãos, mas torna-se difícil para pais e professores assumirem a responsabilidade na educação de filhos/alunos quando a sociedade se encontra carente de valores éticos e morais que norteiem a conduta do sujeito na sua constituição como ser.

2.4. O psicólogo escolar
O Psicólogo escolar é o profissional que poderá aplicar o treinamento e experiência no âmbito da educação utilizando os conhecimentos especializados da psicologia. O psicólogo ajuda os professores a compreender e aceitar melhor os adolescentes, bem como a si próprio, contribuindo para o melhor relacionamento do aluno-professor, fator este decisivo no processo educativo. O psicólogo na escola tem uma atuação preventiva, ou seja, trabalha nos processos de identificação, de avaliação e de reeducação, na qual favorece as relações sociais, além de deparar com situações que exigirão equilíbrio emocional, maturidade e disponibilidade pessoal mantendo contato com as mais diversas pessoas.
De acordo com Teixeira (2003, p.03), o psicólogo escolar tem como função as seguintes atividades:
Observações dos alunos em diferentes momentos a fim de obter dados sobre o desenvolvimento de cada criança durante o bimestre; supervisões quinzenais com professores para discutir aspectos específicos de determinados alunos (comportamento e falta de limites, sobretudo); reuniões com pais (anamnese de alunos novos, reuniões convocadas pela escola ou pelos próprios pais).

É preferível que o profissional de psicologia trabalhe em equipe bem organizada e qualificada, onde envolve ações junto a diretores, professores, orientadores e pais com o intuito de conseguir condições que favoreçam o desenvolvimento da personalidade do escolar e não se limitar ao diagnóstico, à orientação e ao encaminhamento terapêutico dos alunos difíceis e com problemas.
O psicólogo escolar atua diretamente com programas de higiene e saúde mental, contribuindo para a melhora do processo educativo e das condições ambientais que propiciam o desenvolvimento dos indivíduos na sociedade.
 A dificuldade de inserção desse profissional na sociedade pode ser considerada uma conseqüência do não reconhecimento dos pais dos alunos e da própria instituição, apesar de terem consciência de que não é papel de um psicólogo clínico atuar nos problemas escolares:
 Entre as dificuldades encontradas para a inserção da psicologia escolar, ressalta-se o desconhecimento por parte dos pais e da instituição quanto ao papel efetivo deste profissional. Sabem que o papel não é clínico, mas ao mesmo tempo não vêem o psicólogo como um facilitador das relações de ensino-aprendizagem. (TEIXEIRA, 2003, p. 03)

Em uma entrevista feita pelo Jornal da Unesp (2006), com uma pesquisadora, Silvia Parrat-Dayan e um professor de Psicologia da Educação, Fernando Becker, teve como discussão a indisciplina no âmbito escolar, onde ambos entrevistados entraram em acordo que o aumento da indisciplina escolar refere-se ao excesso de permissibilidade dos pais para com os filhos. Fernando chega a dizer que os pais não têm autoridade com os filhos, assim como os professores não tem com os alunos, deixando a punição de lado, que é o fator que ele acredita ser o maior causador dessa desobediência. Ao serem indagados sobre as alternativas para o combate da indisciplina, Silvia diz que é uma questão de observação e pesquisa do funcionamento dos conselhos de aula, para que possa criar circunstâncias de diálogo entre os alunos. Já o professor entrevistado ressalta a fundamental importância do psicólogo, o qual trabalhando em conjunto a pedagogia da escola mostrará a desenvoltura em que são formados os aspectos do desenvolvimento humano: "A Psicologia pode mostrar que os desenvolvimentos cognitivo, afetivo, estético, social e moral constituem aspectos de um único e harmônico desenvolvimento humano" (BECKER, 2006, p. 01). Deste modo, o profissional da área da psicologia assume um papel significativo, atuando como agente de mudanças, atendendo as demandas gerais organizacionais da instituição e no acompanhamento da realização de programas de reeducação psicopedagógicas, operando no auxilio ao professor ante a situação do aluno, como no próprio caso da indisciplina.

2.5. A motivação dos alunos
Corroborando Eccheli (2008), destaca, ainda, a idéia de Brophy, um escritor que caracteriza a motivação como sendo de dois tipos; a intrínseca que é aquela que se obtém através de resultados satisfatórios de alguma experiência vivenciada e a extrínseca, distinguida como um estado emocional causados por determinados estímulos que ocasionam o interesse dos alunos pelas atividades propostas através de ganho de recompensas ou outros recursos que contribuam para o aumento desse comportamento. Eccheli (2008 apud GUIMARÃES, 2001) concorda que o uso de elogios, no caso da motivação extrínseca, é mais eficaz diante a motivação do que a gratificação material, ou seja, a recompensa é importante se vinculada a alguma atividade e o elogio deve servir pra produzir a motivação que além de um retorno sobre tal desempenho do aluno, também possui componente afetivo, fortalecendo o interesse.
Simões (1996) enfatiza que a linguagem e o discurso adequados do professor são capazes de modificar determinados comportamentos. Não existe uma estratégia-padrão a ser aplicada perante um comportamento de um aluno, cada situação é única. Apresenta medidas a serem tomadas diante a presença de indisciplina, avisando que confere ao professor não desenvolver atitudes que induzam violência física ou moral. Algumas dessas medidas são:
Identificar o(s) aluno(s) pertubador(es).
Dialogar fortalece a relação entre o professor e o aluno [..]
Conhecer o aluno, analisar o aluno física e emocionalmente, o seu percurso escolar, o seu meio familiar, a sua relação com os outros (alunos, professores, funcionários, comunidade,...).
Diferenciar a aula, indo ao encontro das necessidades dos alunos.
Gratificar o aluno quando ele assume boas atitudes.
Responsabilizar o aluno em causa e toda a turma pela atitude do aluno. È fundamental tratar o aluno como pessoa, contribuindo, sempre que possível para a formação de uma auto-estima forte. (SIMÕES, 1996, p. 05)


2.6. Metodologia
Para a formação teórica deste artigo foi, então, realizada uma pesquisa bibliográfica, na qual utilizou-se materiais já publicados incluindo livros, artigos periódicos, jornais on-line, buscando construir uma estrutura que fundamente as análises e considerações realizadas nessa pesquisa acerca de indisciplina escolar na adolescência. Sendo utilizada a pesquisa teórica bibliográfica seguida também da prática ? pesquisa de campo - que testa as idéias e posições teóricas.
Quanto ao método científico apresentado foi o hipotético-dedutivo, onde tomou-se como base as hipóteses já formuladas por outros autores para chegar a uma conclusão sobre a resolução do problema proposto.
Empregou-se, ainda, a pesquisa de campo de caráter exploratório visando adquirir informações sobre o tema pelo levantamento de hipóteses, cujo foco no estudo do individuo foi privilegiado pelo pesquisador, Clemente (2007, p. 01) diz:
Um trabalho é de natureza exploratória quando envolver levantamento bibliográfico entrevista com pessoas que tiveram (ou tem) experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão. Possui ainda a finalidade básica de desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias para a formulação de abordagens posteriores. Dessa forma, este tipo de estudo visa proporcionar um maior conhecimento para o pesquisador acerca do assunto, a fim de que esse possa formular problemas mais precisos ou criar hipóteses que possam ser pesquisadas por estudos posteriores (CLEMENTE, 2007, apud GIL, 1999, p. 01).

Quanto à abordagem do problema, foi observado através da Técnica de registro continuo cursivo o comportamento dos alunos do 9° ano do ensino fundamental, sendo estes de escolas diferentes: municipal e particular. Em seguida, foram questionados 04 professores (sendo 02 (dois) membros da rede de ensino pública municipal e outros 02 (dois) educadores de uma instituição particular) que ministravam as aulas durante as observações nas devidas escolas, no ano de 2010 na cidade de Itumbiara ? GO.
O mesmo foi abordado seguindo-se em direção à linha de pesquisa de campo exploratória na qual foram feitas, além das observações, um questionário fechado contendo 11 (onze) perguntas com 02 (dois) professores da rede de ensino pública municipal e 02 (dois) educadores de uma instituição escolar particular, as mesmas foram escolhidas aleatoriamente e, apenas, três pesquisadoras fizeram as visitas. Posteriormente, foi feita uma comparação dos dados coletados nas observações e das respostas obtidas dos questionários com as pesquisas bibliográficas feitas anteriormente.
Portanto, com base nesses autores, formulou-se um questionário para servir de base da pesquisa a fim de encontrar hipóteses e aprofundar o conhecimento sobre a indisciplina na adolescência no momento escolar. Assim como diz AMARO, PÓVOA e MACEDO (2004 p.3):
Um questionário é extremamente útil quando um investigador pretende recolher informação sobre um determinado tema, na qual visa recolher informações baseando-se, geralmente, na inquisição de um grupo representativo da população em estudo.

Sendo assim, o questionário utilizado com os professores foi assegurado pelo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido no qual receberam todas as informações pertinentes à pesquisa.

3. Resultados e Discussões


Diante da pesquisa de campo realizada e dos dados coletados nos questionários, notou-se que os questionados (A, B e D) apresentaram respostas em comum quanto a visão do aluno indisciplinado. Todos os entrevistados concordaram em relação a contribuição das mudanças ocorridas no período da adolescência para desencadear a indisciplina, o que entra em contato com o pensamento de Netto (1976, p.95), o qual discorre sobre o tema, dizendo que o adolescente está em um período emocional em que o comportamento sofre alterações podendo entrar em conflitos, problema e desajustes diante de novas situações tornando-os sujeitos a frustrações. Além disso, fatores ambientais também estão inclusos na possível causa da indisciplina, uma vez que esses jovens se encontram em uma passagem da infância para a vida adulta.
Apesar das reclamações procederem mais por parte da escola, como professores e coordenadores, Klotz (2005) diz que os pais também encontram dificuldades em lidar com essa situação imposta a seus filhos. Assim, destaca-se a importante presença dos pais em conjunto ao ambiente escolar, pois sabendo de suas facilidades e dificuldades, poderão ajudá-los em tais casos.
Os professores questionados (A, B e D) entram em acordo ao responderem algumas questões relacionadas ao psicólogo escolar, avaliando como importante a sua presença dentro da instituição e atuação sobre a indisciplina escolar, conjuntamente, com a motivação dos alunos. Já o questionado C relata que a possível solução para amenizar a indisciplina seriam medidas mais rigorosas em relação aos comportamentos danosos e expulsão dos ditos indisciplinados. Os questionados (A, B, C e D) julgaram, ainda, que o acompanhamento do aluno com queixa de indisciplina realizada por um psicólogo, surtiria efeito. Apesar de não terem a mesma visão da atuação do psicólogo escolar, os professores vêem seu trabalho como necessário para coordenação interna da escola, visto que atua em situações de indisciplina no interior do ambiente escolar. Os professores (A, C e D) têm uma visão do psicólogo escolar em consonância com os autores da pesquisa bibliográfica do presente projeto os quais proferem que tal profissional trabalha em conjunto com a pedagogia da instituição, acompanhando a realização de programas de reeducação psicopedagógica, mostrando a desenvoltura em que são formados os aspectos do desenvolvimento humano. Já o questionado B demonstrou ter outra visão sobre o papel do psicólogo escolar.
No tocante a atribuição da responsabilidade sobre a indisciplina, os questionados (A e B) responderam positivamente a um fator externo a escola, não culpando o professor e tampouco o próprio aluno. O professor (C) responde que a indisciplina é de responsabilidade dos alunos e também dos professores, já o professor (D) afirma que a indisciplina é de total e única responsabilidade do aluno.
Na visão do questionado A os adolescentes são mais indisciplinados do que os demais alunos de outras faixas etárias, todavia, os questionados (B, C e D) não concordam com tal afirmativa.
O questionado A responde que a indisciplina escolar ocorre por outro motivo, dispensando as demais alternativas oferecidas. Em contrapartida, os questionado (B, C e D) contrariam a idéia de Netto (1976) o qual apresenta como um dos fatores da indisciplina as restrições impostas excessivamente pelos pais, acarretando, dessa forma, o comportamento indisciplinado.
De acordo com os questionários respondidos pelos professores (A, B e D), eles têm outro olhar sobre o aluno indisciplinado, diferente das alternativas apontadas, como por exemplo, desrespeitador, sem limites e desinteressado, sendo que esse fator foi verificado nas observações dentro da sala de aula, divergindo assim das respostas dadas pelos professores. No entanto, o professor (C) entende que o aluno indisciplinado é aquele que possui todas essas características (desrespeitador, sem limites e desinteressado).
Os questionados (A, B, C e D) responderam positivamente sobre as diferenças apresentadas, quanto a indisciplina, nas diferentes redes escolares; sendo que os questionados (A, C e D) já trabalharam em outros ambientes escolares diferentes dos que estão laborando atualmente. Ficou claro que somente o questionado B executou suas habilidades na rede particular.
Finalmente, pode-se afirmar que das onze questões que compuseram o questionário aplicado aos professores, três questões apresentaram-se em comum, divergindo-se quanto à visão da indisciplina escolar por parte de cada sujeito questionado.

3.1. Conclusão
De acordo as observações e as impressões pessoais realizadas pelas pesquisadoras, os alunos conversam demasiadamente em momentos inoportunos e inapropriados, não existindo qualquer correlação entre o diálogo paralelo e o assunto ministrado pelos professores. Há uma grande necessidade de falar, porém, de maneira desorganizada e sem qualquer forma de polidez, no entanto, ao terem a atenção apreendida por um assunto de seu interesse, como ocorreu durante a observação da instituição particular, eles tendem a amenizar a situação de conversa.
A hipótese inicial de que a motivação dos alunos é um recurso para amenizar a indisciplina dos adolescentes é confirmada, visto que uma vez captada a atenção em assuntos e atividades interessantes para eles, conseguem ficar mais atentos aos dizeres dos professores. Com isso, a motivação se torna uma aliada diante da tentativa de tornar as relações, dentro da sala de aula, mais confortáveis e produtivas, dessa forma, o convívio aluno-professor ocorrerá sem barreiras, acarretando um maior aproveitamento no processo ensino-aprendizagem.
Vislumbra-se, também, por meio dos questionários realizados e com o referencial teórico abordado que as mudanças ocorridas, no período da adolescência como a puberdade, exercem positivamente uma grande influência sobre o comportamento do aluno dentro da sala de aula.
Assim como se confirma a hipótese anteriormente estabelecida, reforça-se a presença e o importante papel do psicólogo para atuar na área educacional, visto que os professores entrevistados reconhecem essa necessidade, pois propicia maior auxílio e trabalho em conjunto com a pedagogia da instituição escolar para observar e resolver determinadas situações de indisciplina.

4. Referências Bibliográficas

AMARO, Ana, PÓVOA, Andréia, MACEDO, Lúcia. A arte de fazer questionários. Disponível em: http://nautilus.fis.uc.pt/cec/esjf/wp-content/uploads/2009/11/elab_quest_quimica_up.pdf, maio de 2010.

AQUINO, Julio Groppa. A indisciplina e a escola atual. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010225551998000200011&script=sci_arttext&tlng=en, fevereiro de 2010.

BECKER, Fernando, PARRAT-DAYAN, Silvia. Jornal Unesp, agosto/2006 ano XX, nº-214. Disponível em: http://www.unesp.br/aci/jornal/214/indisciplina.php , março de 2010.


CLEMENTE, Fabiane. Pesquisa qualitativa, exploratória e fenomenológica: Alguns conceitos básicos. Disponível em : http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/pesquisa-qualitativa-exploratoria-e-fenomenologica-alguns-conceitos-basicos/14316/, maio de 2010.

ECCHELI, Simone Deperon. A motivação como prevenção da indisciplina. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-40602008000200014&script=sci_arttext&tlng=., abril de 2010.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, Mini Aurélio. 7ª ed. Curitiba: Positivo, 2008

FERREIRA, Luiz Antonio Miguel. A indisciplina escolar e o ato Infracional. Disponível em: http://www.acaoeducativa.org.br/portal/images/stories/geral/16aindisciplinaescolareoatoinfracional.pdf , abril de 2010.

JUSVIAK, Adiles. Focos e enfoques da indisciplina. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/511-4.pdf , abril de 2010.

 KAKAZU, Elena Harumi Watanabe. Indisciplina: carência de limites e valores morais?, Disponível em: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2177-8.pdf?PHPSESSID=2010012508181580, maio de 2010.

KLOTZ, Marília Macedo. Indisciplina: um sintoma tratável?. Disponível em: www.cepagia.com.br/textos/indisciplina_sintoma_tratavel.doc, maio de 2010.

NETTO, Samuel Pfromm. Psicologia da Adolescência. 5 ed. São Paulo, 1976.

OZELLA, Sergio, Adolescência: uma perspectiva crítica, 2002. In M. de L. J. Cotini, S. M.

RESPLANDES, Helaine. Metodologia da Pesquisa, 2004. Disponível em : www.ucg.br/.../Aula%201%20met%20%20pesq%20helaine.ppt, maio de 210.

SIMÕES, Alcino. Indisciplina na Aula. Disponível em: http://www.prof2000.pt/users/folhalcino/formar/outros/indisciplina.htm , maio de 2010.

TEIXEIRA, Patrícia Pereira. Psicólogo Escolar ? Esse Desconhecido. Disponível em: http://www.utp.br/psico.utp.online/site2/PDFs/psicologo%20escolar.pdf , maio de 2010.

VICHESSI, Beatriz. Como se livrar da indisciplina. Disponível em: http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/indisciplina-sala-aula-509283.shtml, março de 2010.