INTRODUÇÃO

O avanço da Arqueologia de contrato no Brasil tem trazidoa luz um grave problema relacionado a preservação do patrimônio arqueológico e cultural, ou seja, a destruição sistemática de sítios arqueológicos.

No caso da GO 244, os processos dos trabalhos arqueológicos seguiram inicialmente as normas descritas pela resolução do CONAMA de 1986. Primeiramente, foi realizado um diagnóstico arqueológico no ano de 2002 em todo trecho onde se construiria a rodovia, com o objetivo de avaliar o potencial arqueológico da região contemplada com o empreendimento. Com o trabalho de diagnóstico a área foram identificados dois sítios arqueológicos inicialmente.

Cumprindo a legislação do CONAMA, o estudo de diagnóstico arqueológico abrangeu a completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto. (Res. CONAMA 001/86 art.6 Inc. I)

Entre o diagnóstico e o levantamento arqueológico, houve espaço de três anos o que acarretou relevantes perdas aos sítios arqueológicos encontrados anteriormente e outros que graças a continuidade da obra foram diretamente impactados.

Nesse caso a omissão dos órgãos públicos goianos e federal, foram apresentada de forma tripla. A agência goiana encarregada da construção de obras rodoviárias no estado (AGETOP), mesmo tendo conhecimento da existência dos sítios arqueológicos no trecho da rodovia GO 244, não cumpriu a legislação e passou literalmente por cima dela. Ao mesmo tempo a agência ambiental liberou as licenças de instalação sem o levantamento arqueológico. Por fim o IPHAN, mesmo sabendo da licença e dos danos ao patrimônio não tomou as medidas necessária e cabíveis.( Prancha – Área degrada Trecho Rodovia GO 244)

Por conta deste atraso seis sítios foram altamente impactados. Conforme observado no relatório final de resgate, os sítios arqueológicos, GO 244-1, 244-2, 244-3 e 244-4, por estarem localizados na área diretamente afetada pela obra sofreram impactos de em 30%de sua área, provocados pelos trabalhos de terraplanagem, cortes de aterro, disposição de bota fora entre outros, sendo dois deles o sítios GO 244-3 e 244-4 os que tiveram parte de sua área cortada pela rodovia.

Caso semelhante aconteceu nos trabalhos de outra rodovia, também localizada na mesma região, no norte de Goias entre o município de Montividiu do Norte seguindo ate a divisa de Goias com o estado do Tocantins. A rodovia GO 142, apresentou em seu trecho de 33, 15 km, três sítios arqueológico onde se realizou um resgate em que se constatou negativamente a influencia da obra na estrutura de composição dos sítios. Os sítios Arqueológicos Mata Azul, Santa Clara e Vitória, apresentaram grande impacto negativo em decorrência direta da abertura e pavimentação da rodovia. (Pellini e Telles, 2007)

Mesmo diante dos impactos sofridos pelos sítios arqueológicos das duas rodovias, foi possível constituir um acervo significativo de peças arqueológicas,que foram identificados, diversos tipos de fragmentos de cerâmica, vasilhame de pedra sabão, cachimbos,onde foi observado a incidência de material cerâmico Tupi-guarani, associado a Aratu. (Silva & Telles, 2007) ( Prancha – Vasilhames Reconstituídos Resultado do Resgate No Trecho da Rodovia GO 244)

Os fatos ocorridos na rodovia GO 244, foi esteve baseada na licença ambiental para a liberação da implantação da obra, cedida pela agência goiana de meio ambiente (AGMA), com base nessa licença as obras não foram paradas.

A de se considerar que o órgão não tinha conhecimento que os estudos arqueológicos estavam ligados a liberação da licença de instalação de empreendimentos como o da rodovia GO 244, esquecendo a Resolução CONAMA que tornou freqüente a participação de arqueólogos em projetos de avaliação ambiental, por isso,a outorga da licença.

A omissão em relação ao cumprimento da lei de 1986, seria de certa forma equacionada se o órgão público que cuida da fiscalização do patrimônio arqueológico em âmbito federal representado pelo IPHAN não se omitisse frente a poderes considerados maiores.

O que fica claro com o trabalho realizado na rodovia GO 244, e que os órgãos públicos em conjunto não cumpriram as determinações para os trabalhos arqueológicos em áreas de empreendimento estabelecido pela constituição de 1986.

A resolução do CONAMA n 001/ 86, que institui a obrigatoriedade de elaboração e apresentação do Estudo de Impacto Ambiental-Rima para licenciamento de atividades considerada modificadoras do meio ambiente constitui se cumprida, um importante instrumento na preservação da destruição indiscriminada dos recursos arqueológicos sem o adequado registro e estudo, o que não era conseguido ate então apenas na vigência da legislação de proteção do patrimônio histórico e pré-histórico nacional. (Santos, 1999-2000)

Segundo, a legislação de 1986 o patrimônio arqueológico passou a ser resguardado por ordem e lei do poder publico, e as grandes obras modificadoras do meio ambiente deveriam contemplar juntamente com estudos ambientais um estudo amplo sobre o patrimônio arqueológico.

O patrimônio arqueológico constitui testemunho essencial sobre as atividades humanas do passado. Sua proteção e gerenciamento são portanto, indispensáveis (....) (Cury, 2004)

Uma rodovia asfaltada trás desenvolvimento é progresso, muda a pesperctiva de uma região tirando-a do atraso, traz dinheiro a região, sinônimo de uma cultura desenvolvimentista implantada no Brasil nas décadas de 50, 60 e 70, que tinha como lema abrir estradas integrar o pais.

Contra tantos benefícios de uma rodovia o que são alguns pedaços de potes de "índios", que tipo de beneficio isso pode trazer a região a ponto de rivalizar com o asfalto. E se a área for de interesse econômico, o que ocorre com freqüência, os sitio arqueológico acaba sendo ignorado em detrimento a atividade que será instalada no local. (Andrade, 2002)

Descasso pelo patrimônio arqueológico.

Alguns pontos serão discutidos nesse item para tentarmos entender porque se destrói tantos sítios arqueológicos em Goiás e porque a maioria está relacionada a áreas de empreendimento relacionados a rodovias.

O primeiro ponto a ser levado em consideração e a incapacidade dos órgãos governamentais e empreendedores compreenderem a importância do resgate cultural dos sítios arqueológicos para a nação e sua importância para a compreensão do significado de patrimônio.

O segundo ponto e referente ao próprio preconceito que empreendedores tem quando se trata de "coisas" relacionadas a índio. Tem-se a noção equivocada de que esses sítios estão ligados diretamente aos grupos indígenas atuais, e que consequentemente a descoberta de sítios arqueológicos implicariam em gastos maiores ao empreendimento em forma de indenizaçãoou outras medidas.

O desconhecimento advêm da ignorância referente as questões aqui exposta(o descumprimento das Leis). A ignorância e o preconceito são as armas utilizadas para as justificativas encontradas quando se destrói um patrimônio arqueológico ou quando simplesmente passam por cima dele.

A falta de compromisso de empreendedores e órgãos públicos e sua falta de entendimento sobre as questões de sítios arqueológicos,preocupa, porque esse problema pode estar relacionado com a maneira que a definição de patrimônio arqueológico lhes e apresentada.

Segundo Costa (2004), o ponto a ser considerado, e que poderia ser uma tentativa de compreender o descasso e a omissão de um órgão público diante do cumprimento da lei, se centra na fato destes não consideram a importância de um pensar cientifico do patrimônio arqueológico pré-histórico e não consideram práticas de proteção do mesmo.

" Todo grupo ou comunidade apresenta aspectos culturais que lhes são próprios, singulares e que os diferenciam dos demais grupos. Tal característica constitui-se no que se denomina construção da cultura, geração apos geração, determinadas técnicas e valores vem sendo elaborados e transferidos as gerações futuras, dando individualidade e particularizando estas comunidades." (Andrade, 2002)

Esse conjunto de bens culturais desenvolvidos por determinadas sociedade dando especificidade a ela, constitui o patrimônio cultural. Essa herança só passa a ser nossa, para ser usufruída, se nos apropriarmos delas (....)( Horta, 1999)

Pesa ainda, o fato de que o patrimônio edificado tem mais valor e é esteticamente mais belo e esplendoroso. Ocorre uma distinção em que os elementos arqueológicos referentes a diferente grupos (indígena, negros, portugueses, etc.) são apropriados e significados de forma desigual, propagando o pensamento segregacional e elitista da sociedade.(Meneses, apud, Costa, 2004).

Se o empreendedor e a instituição pública não tem claro a importância e o significado desse patrimônio cultural arqueológico e bem como do valor cientifico para o país, o que lhes resta é não ter pluridos em descumprirem a lei quantas vezesnecessário em detrimento a interesses que lhe são claros e comprovadamente importantes.

Essa ausência de compreensão sobre o significado e a importância do patrimônio arqueológico, e drasticamente comprovada em uma serie de trabalhos rodoviários que já foram concluídos ou estão em conclusão no estado de Goias, que não se ativeram ao cumprimento da lei e destruíram seguidamente sítios arqueológicos de revelantes significância para o estudo da ocupação humana do estado de Goias e Centro-Oeste do Brasil.

A Br 070, trecho Aragarças - Aparecida do Rio Claro, distrito de Montes Claros de Goiás,e um dos exemplos desse descasso, as obras encontram-se em adiantado progresso, com trechos já concluídos, e um pequeno trecho de 20 km a ser concluído, a obra estasob responsabilidade do DENIT. Conforme, ficou constato em uma vistoria realizada pela empresa Griphus Consultoria, foram encontrados seis sítios arqueológicos e outras três ocorrências somente no trecho ainda não pavimentado.

Somente o descasso para entender o não cumprimento da lei, pois a preservação do patrimônio cultural, deve ser objeto de preocupação rotineira da Justiça Ambiental, e dos órgãos públicos na esfera estadual e federal.

A atuação do poder público nesta área, via de regra posta em aspecto secundário pela administração pública, deve ser objeto de intensa fiscalização é provocação por parte do Ministério Público de forma a evitar danos irreversíveis (...)( Monteiro, 2005)

Almeida (2002) afirma, que o desconhecimento de nossa pré-história tem sua origem na historia oficial do Brasil, na mentalidade colonialista que privilegia o que e externo a nossa cultura, na não posse, da maioria da população, do capital cultural; e por fim na falta de divulgação da Arqueologia, e isso acaba refletindo nas atitudes tomadas por esses empreendedores em relação ao patrimônio arqueológico.

Essa não identificação, com os objetos arqueológicos, constrói um universo que muitas vezes e encontrado na própria percepção do que significa o patrimônio cultural da nação, definida pelos órgãos públicos. A falta de compreensão leva ao descasso com aquilo que legalmente e importante como bem cultural, mais que não " importa" se for destruído.

O desconhecer é não terconsciência de que a perda da memória cultural é absolutamente irreparável. Mais, para os empreendedores e órgãos públicos não se esta perdendo absolutamente nada significante, não é uma igreja, fortaleza, museu etc., que esta sendo destruído, são só cacos de índios.

Ao contrario de outros bens que podem ser substituídos em caso de desaparecimento, o passado de um povo não pode ser recuperado quando perdido, e sua manutenção e uma tarefa infinita, que depende de cada individuo. (MORLEY, 1999)

Desta forma, vimos que o descasso e fruto da relação que os órgãos públicos criaram para conjuntamente desobedecerem a legislação que rege a questão do patrimônio cultural no Brasil. Sendo que com isso, as conseqüências são rodovias sendo construídas, sítios arqueológicos destruídos, preconceitos aflorados e total descasso e respeito com o cidadão desse país. Esses fatos são justificados acreditemos, pela alegação de um pseudo desconhecimento sobre a clareza da lei, conceito do patrimônio, e o que e um sitio arqueológico etc.

Educação, a arqueologia depende dela.

O principal questionamento proposto nesse item será, sobre o verdadeiropapel educacional da arqueologia na formação de indivíduos difusores e formadores de conhecimento a ponto de contribuir para a conservação e proteção dos bens culturais em geral.

Nossa analise se restringira a dois pontos que são convergentes entre si, porem, diferentes na maneira de aplica-los. A arqueologia esta conjuntamente ligada a educação ampla vinculada ao conceito dinâmico e amplo depatrimônio cultural, ou ela deve ser tratada de maneira separada, com uma pedagogia e métodos específicos?

O patrimônio cultural de um povo esta muitas vezes representando porsuas edificações, festas folclóricas, festas religiosas, músicas, poesias entre outras atividades típicas de uma sociedade humana. Ou seja, o conceito de patrimônio cultural esta carregado de uma ideologia manipulada conforme a necessidade do tempo em que historicamente se esta vivendo.

Não e apenaselaborando conceitos sobre nosso patrimônio cultural, que conseguiremos sintetizar todo um tempo histórico de um povo, seu legado as gerações posteriores constitui o maior presente, representada pelasua manifestação cultural. Alem de demonstrarem que a conceituação de patrimônio cultural e ampla e ambígua, muitas vezes o trabalho educacional e perdido pela própria incapacidade de equacionarmos uma explicação sobre a representatividade desse patrimônio na vida prática das pessoas.

Desta forma, o modo como e conduzido a educação patrimonial em trabalhos de arqueologia, incorre em erros que não são somente explicados pela incapacidade de conhecimento maior e amplo dos profissionais envolvidos sobre o item educação, mais também por não tratar a arqueologia como educação com conceitos e métodos próprios o que só contribuem para que se perpetue a sua folclorizacao.Acreditamos numa arqueologia que trabalhe no sentido de desvelar esses mitos. (ALMEIDA,2004)

Educar e ensinar a compreender a complexidade cultural que uma sociedade vive ao longo do tempo. E preciso ter posse desse conhecimento para que cada um se identifique como grupo, como nação, os valores, significações, papeis que necessitam de legitimidade social, de confirmação por parte de seus semelhantes ( Bezerra de Menezes apud Almeida, 2004).

No caso especifico da Rodovia GO 244, foram dois os processos de educação patrimonial que se realizaram durante o trabalho de campo, e um posteriormente na sede da AGETOP.

O primeiro foi a visita de alunos da universidade estadual de Goias – UEG, unidade Porangatu, aos trabalhos em campo, onde foi realizada uma palestra informal sobre o trabalho arqueológico, assim como a importância da educação patrimonial. Sendo apresentados a esse público o que era uma área de escavação e sua importância. (Prancha – Educação Patrimonial em campo interação entre arqueólogo e seu público)

O segundo momento do trabalho educacional, foi uma palestra intitulada, Patrimônio Cultural em Sala de Aula, cujo público não foi apenas de graduandos dos cursos da universidade mais também autoridades políticas locais, onde foi apresentado o embasamento teórico, e os conceitos básicos de cultura, bens culturais, patrimônio material e imaterial, legislação, preservação, e o quanto e importante os trabalhos de resgate arqueológico.(Silva & Telles, 2007)

Desta forma, o publico alem de tomarem ciência sobre o conteúdo da palestra, tiveram a oportunidade de interagirem com o material exposto e os arqueólogos. ( Pranchas – Trabalho de Educação Patrimonial desenvolvido na sede da AGETOP e Trabalho de Educação Patrimonial- Interação Entre a Ciência Arqueológica e o Público)

A parceria entre a agencia goiana responsável pela obras rodoviárias (AGETOP), e a empresa Griphus, foi em se tratando do estado de Goiás inédita, pois a agência se comprometeu com o espaço para que fosse exposto os vestígios arqueológicos encontrados no trecho da rodovia GO 244, e a ampla divulgação na imprensa falada e escrita. O básico foi realizado de forma singular e prática, com exposições cujo tema foi, AGETOP- Presente no Passado, Evidencias Arqueológicas nas Rodovias GO-142 e GO 244, e a palestra abordou a temática do; Patrimônio, Legislação e Cidadania atingindo públicos diferenciados.

Os trabalhos educacionais foram direcionados a cada público específico, para que cada um conforme sua formação obtivesse o mínimo de conhecimento sobre a importância real do patrimônio cultural para cada cidadão brasileiro.

Nos perguntamos então, porque com tanto esforço desprendido nesses trabalhos educacionais o panorama não se modificou,e a destruição de sítios arqueológicos continuou? A resposta a essa questão esta intimamente ligada a formação educacional das pessoas que se envolveram nos eventos, suas opiniões a respeito de arqueologia epatrimônio cultural já estão formadas, levando em consideração o que já foi analisado são pessoas carregadas de preconceitos e ignorantes e omissos quanto a aplicação das leis. Nessa perspectiva, o descasso se constitui como o elemento norteador das atitudes tomadas pela continua destruição dos sítios arqueológicos.

A solução que poderia minimizar a curto prazo essa destruição dos sítios arqueológicos, seria a aplicação efetiva da lei, mais como foi observado para que isso ocorra, outras questões estruturais dos órgãos fiscalizadores deveriam ser resolvidos para que seus trabalhos se dinamizassem e fosse aplicado a lei.

O que propomos e uma ampla e dinâmica atitude educacional voltada e centrada exclusivamente para a arqueologia, como uma disciplina, com métodos educacionais específicos, e uma pedagogia dinâmica e didática próprias. Desta forma, sairíamos da condição folclórica e aventureira que nos é imposta sempre que nos apresentamos a um publico que apenas conhece arqueologiade modo superficial.

Apré-história e a históriabrasileira tem sua própria dinâmica, que pode e deve ser utilizado para ampliar o horizonte educacional de alunos e futuros profissionais que em breve estarão construindo estradas, hidrelétricas e gasodutos.Esse aprendizado os encaminhara a serem pessoas de maiorconsciência e responsabilidade com sua herança e seu patrimônio cultural. Se a formação educacional for realizada de maneira ampla aponto de conseguir estabelecer um vinculo entre o indivíduo e sua identidade, a importância de se preservar o patrimônio cultural da nação, seria entendida como um bem maior do que o do bolso. Para que o individuo construa e assuma sua identidade, e preciso que de significação a realidade ao seu redor. E essencial a formação de um olhar crítico sobre as coisas. (ALMEIDA, 2004)

Um dos objetivos principais para que a educação em arqueologia comece a ser dinamizada edirecione parte de sua forca para métodos educacionais próprios, é que devemos deixar de lado certos mitos que atrapalha o que é essencial na busca da compreensão educacional dessa ciência. Junto com Indiana Jones, vem o pensamento aventureiro, os artefatos maravilhosos incrustado com pedras preciosas e adornados a ouro, a perseguição dos nativos as armadilhas. Isso é uma realidade distante dos pequenos fragmentos cerâmicos, de lâminas de machado de pedra, nossos pequenos adornos de ossos e pedras, as pequenas lascas que muitas vezes sãode difícilidentificação.

A aventura tem sua própria didática e ideologia e se explica muito mais fácil, pois seu enredo e claro, os artefatos são objetos é importantes tesouros da humanidade, aquilo que alguma sociedade produziu de mais belo. Não se escava nada, não existe técnica e metodologia, a ciência não existe só a aventura. Mais é assim que em muitas apresentações nas pequenas escolas rurais, ou em cidades interioranas,que nosso arqueólogo e educador patrimonial,se dirige ao público, conseguindo apenas perpetuar a herança aventureira,e explicar a as pessoas o que somente o querem ouvir.

" No entanto, a destruição, seja por cidadãos comuns, seja por empresas privadas ou órgãos do governo, e o sintoma de um problema: a relação distorcida do público com o patrimônio arqueológico e, consequentemente, com a arqueologia. O público, em sua maioria, acredita que a Arqueologia seja uma atividade exótica e, portanto, a vê apenas como divertimento. O patrimônio arqueológico, dentro dessa perspectiva, não tem valor para o publico a não ser como curiosidade" (ALMEIDA, 2004)

Seguindo com a educação, os arqueólogos devem se valer de sua percepção educional e didática para que a transmissão do conhecimento de sua ciência seja de maneira a realmente educar seu público, onde quer que ele esteja, e fazendo como que os agentes difusores desse conhecimento não fique preso apenas no aspecto folclórico e aventureiro que essa ciência carrega em seu bojo. Partilhamos a idéia de uma educação como pratica da liberdade e como um caminho fértil para a formação de indivíduos conscientes de suas diferenças. ( Almeida, 2004)

Para que isso comece a ser realidade,é preciso que em qualquer resgate arqueológico, ou trabalho de levantamento a equipe de campo quer seja de empresa ou de instituição, tenha profissionais de arqueologia voltados exclusivamente para a questões educacionais. independente do tempo, e do tipo de trabalho. Do contrário, continuaremos apenas a nos levantar e a culpar os órgãos governamentais, a mídia, os professores, e as escolas pelas nossas deficiências (ALMEIDA, 2004)

As atividade educativas ligadas a arqueologia devem fazer parte da pratica profissional de todo arqueólogo. Mesmo aqueles que não tem habilidades para tais práticas devem, no mínimo apoia-las. ( MCMANAMON apud, ALMEIDA, 2004). A tarefa do arqueólogo seria mais fácil se dele fosse cobrada somente a pesquisa. Mas o que esta em questão em nosso exercício e a pesquisa para produção de novo conhecimento...... (SCHMITZ apud ALMEIDA, 2004)

Portanto, uma educação que leve em consideração o conhecimento daarqueologia brasileirapoderia equacionar em parte os problemas de destruição de sítios arqueológicos por parte de um desconhecimento de seus destruidores. Essa proposta vem de encontro com as experiências em trabalhos de resgate de sítios arqueológicos em áreas de rodovias que tenho desenvolvido em alguns anos, não é confrontando com órgãos públicos que conseguiremos vencer e acabar com a destruição desses sítios arqueológicos. Entendemos, que somente através de uma educação em que a arqueologia juntamente com as outras ciências, crie uma proposta nova de uma educação que amplie no publico a noção de vínculo com seu patrimônio cultural.

Dessa forma, os índios na pista não serão atropelados.

Conclusão

Os trabalhos em arqueologia estão atingindo um alto crescimentocomprovadamente relacionado ao advento da arqueologia de contrato e as grandes obras impactantes.

Os empreendedores sabem que os resgates de sítios arqueológicos são obrigatórios e assegurados por lei, só que não estão disposto a pararem seu empreendimento por meros vestígios insignificantes, constituídos muitas vezes por cerâmica ou lasquinhas inúteis.

Os arqueólogos na ânsia por descobrirem mais uma peça do grande quebra cabeça que é compreender a ocupação humana do Brasil ao longo de um determinado tempo, muitas vezes ficam imponentes diante de interesses não claros. Ambos precisam um do outro.

Desta forma, somente através de uma compreensão da importância de ambos empreendimentos, tanto o voltado as obras impactantes do solo, quanto o que tenta resgatar parte da historia cultural do mesmo povo que precisa da estrada, e que se iniciara um elo de reciprocidade em que todos os envolvidos sairão ganhando.

Acreditamos que essa relação começará a ser criada através de uma educação patrimonial em que a arqueologia possa ser tratada como uma ciência com métodos e pedagogia própria, aponto de ensinar não apenas como se escavar mais como esse conhecimento pode ser mais amplo e universal, aponto de estabelecer um vinculo de identidade do publicoaoobjeto de estudo dos arqueólogos, isso ocorrera quando tivermos uma educação em que o patrimônio cultural seja considerado. Desta forma, a longo prazo poderíamos notar alguma mudança de atitudes em relação a destruição de sítios arqueológicos que ocorrem atualmente em rodovias no estado de Goias.

Na Rodovia GO 244,em um intervalo de três anos entre diagnóstico e resgate (como já analisado), cinco sítios arqueológico foram parcialmente ou completamente impactados. Tais impactos acarretaram não só a destruição do Patrimônio Arqueológico, mas também resultaram na perda de conhecimento sobre a ocupação pré-colonial da região. (Pellini e Telles, 2007).

Na Rodovia GO 142, trecho Montividiu do Norte e a divisa de Goias com estado do Tocantins, foram identificados três sítios arqueológicos na área de influência do empreendimento. Todos os sítios apresentaram grande impacto negativo em decorrência direta da abertura e pavimentação da estrada,( Pellini & Telles, 2007). O diagnóstico arqueológico foi realizado no ano de 2002 e o resgate em 2004, quando foi feito em caráter de emergência um resgate cujo objetivo ficou restrito ao maior número de coleta amostral significativa dos vestígios. Tampou-se o sol com a peneira.

A rodovia GO 244 e a GO 142, comprovou desde o inicio de seus trabalhos que havia um profundo desconhecimento por parte de seus construtores sobre a importância e o valorcultural de um sitio arqueológico. Os impactos sofridos pelos sítios arqueológicos foi reflexo de uma deficiência educacional durante a formação profissional desse empreendedores. Se sua consciência de vínculo cultural, não fosse restrito ao pensamento do progresso e desenvolvimento a qualquer custo, os sítios seriam resgatado conforme a legislação e parte da cultura dos empreendedores salva sem ferimentos. Desconhecer a importância de um patrimônio cultural e desconhecer-se como cidadão.

Enfim, entre perdas e ganhos, a rodovia GO 244, demonstrou que mesmo o patrimônio arqueológico estando parcialmente impactado, e possível minimizar os danos com um trabalho significativo, permeado por uma educação patrimonial preocupada com a conscientização e a valorização do patrimônio arqueológico e cultural de um povo que não esta mais aqui.

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