INDAGAÇÕES SOBRE CURRÍCULO: CURRÍCULO E DESENVOLVIMENTO HUMANO



Maria de Jesus F. de Souza [1]


Resumo
O fascículo ? "Currículo e Desenvolvimento Humano" de Elvira Souza Lima ? trata, de início, do conceito de currículo. Este visto como construtor e selecionador de conhecimentos e práticas produzidas em contextos concretos e em dinâmicas sociais, políticas e culturais, intelectuais e pedagógicas. Assim, o objetivo antropológico sobre a escola garante a continuidade da espécie, socializando para as novas gerações as aquisições e invenções resultantes do desenvolvimento cultural da humanidade, pois na escola tem-se a transmissão do conhecimento sistematizado das ciências e das artes, diferentemente das situações mistas que acontecem nos contatos sociais quotidianamente. Nesse ponto de vista, um currículo que se pretende democrático deve visar à humanização de todos e ser desenhado a partir do que não está acessível às pessoas. Isso quer dizer que, Currículo e Formação Humana recorre a algumas áreas de conhecimento além da psicologia, como as neurociências, antropologia, linguística e as artes ? situados historicamente nos avanços tecnológicos e científicos. Sem se esquecer da valorização e respeito pelas diversidades biológicas e sociais. Nesse sentido, o conhecimento deve conduzir não somente para aquisição social, mas também a formação da pessoa para situar-se como membro de um grupo, com o objetivo de uma educação voltada para a humanização. As estratégias de ação e os padrões de interação entre as pessoas são definidos pelas práticas culturais. Isso significa que a cultura é constitutiva dos processos de desenvolvimento e de aprendizagem. Em consonância ao que foi dito, o desenvolvimento do cérebro é função da cultura e dos objetos culturais existentes em um determinado período histórico. Sob essa visão, os conteúdos têm para o currículo um papel importante na formação das pessoas. E, este precisa mobilizar algumas funções centrais no desenvolvimento humano, como: a função simbólica, percepção, memória, atenção e imaginação. Nessa perspectiva, imaginação e memória apresentam peculiaridades distintas, pois segundo afirma Vygotsky (1990) "construo uma imagem mental da casa onde moravam meus avós, pelos elementos gravados na memória, mas crio uma imagem mental da casa dos avós de uma personagem em um romance a partir dos elementos oferecidos pelo autor". Assim, motivar implica mobilização para, interesse em, envolvimento com o objeto de aprendizagem. Esta disponibilidade para aprender envolve, do ponto de vista psicológico, a imaginação. A aprendizagem é um processo múltiplo, isto é, a criança utiliza estratégias diversas para aprender, com variações de acordo com o período de desenvolvimento. Dessa forma, todas as estratégias são importantes e não são mutuamente exclusivas, pois somente as situações que, de modo específico, problematizam o conhecimento levam à aprendizagem. Não é qualquer proposta ou qualquer interação em sala de aula, logo, que promove a aprendizagem. Certamente, toda criança se desenvolve indo ou não à escola. O que é do domínio do desenvolvimento humano não deixa de acontecer se a criança não for à escola, ou se ela for e se encontrar em uma situação de não aprendizagem. Portanto, na elaboração do currículo deve-se considerar o que é do desenvolvimento da espécie ? propor novas aprendizagens que façam uso de manifestações da função simbólica. Aprender é uma atividade complexa que exige do ser humano procedimentos diferenciados segundo a natureza do conhecimento. Dentro desta linha, Wallon (1990) afirma que "atividade espontânea da criança não é suficiente para o processo de aprendizagem do conhecimento formal, pois este exige uma sistematização que não brota pela própria atividade da criança". As atividades fundamentais para a aprendizagem dos conhecimentos escolares são: observação (percebe tudo o que existe), registro (construção de um dicionário pelo aluno), organização (elaboração de mapas), relato (fazer painéis) e comunicação (existem várias formas, uma delas é o teatro). Contudo, para a construção de um conceito não é suficiente somente a construção de significado, mas também o estabelecimento e a compreensão das relações múltiplas possíveis existentes entre os vários significados. Na interdisciplinaridade e formação do conceito, as relações entre áreas são desejáveis como parte do ensino, mas não se pode pretender que unicamente com o concurso desta abordagem pedagógica o aluno se aproprie dos conceitos de cada área, pois, a atividade dada pelo professor pode articular as áreas de conhecimento entre si, mobilizando as funções mentais (como percepção, memória, atenção e imaginação) ou integrando conceitos que a atividade promove, como conceito de espaço, de tempo, de número entre outros. As práticas artísticas antecedem, na espécie, certas realizações da função simbólica e formas de ação imprescindíveis para a evolução de qualquer ciência. Assim, a arte se coloca na escola como um domínio que engloba formas de ação humana, necessárias para que o currículo leve, efetivamente, ao desenvolvimento humano na escola.
Palavras-chave: Currículo; Escola; Desenvolvimento Humano.


1 Introdução


Currículo e Desenvolvimento Humano intitula o fascículo do GT1 e trata, especificamente falando, do conceito de currículo não como um conjunto de conteúdos prontos a serem passados aos alunos, mas a construção e seleção de conhecimentos e práticas produzidas em contextos concretos e em dinâmicas sociais. Em síntese, as indagações revelam que há entendimento de que currículos são orientados pela dinâmica da sociedade. Nessa perspectiva, o primeiro fascículo provoca rupturas em concepções e ideologias obsoletas ? em relação ao processo de ensino-aprendizagem ? por ser capaz de transformar, porque não dizer, inovar as metodologias de ensino, a fim de alcançar objetivos mais significativos e dentro da realidade da turma a ser fomentado o processo pedagógico. Assim, tomando-se como base o estudo teórico das "Indagações sobre Currículo" ter-se-á uma prática pedagógica centrada na construção do conhecimento qualitativo e eficaz para que os educandos possam interagir ? com o educador e amigos de sala ? e se desenvolver em seus relacionamentos sociais, políticos e culturais, intelectuais e pedagógicos.


2 Currículo e Desenvolvimento Humano


O I Fórum de debate do V período do Curso de Letras se realizou no dia 28 de abril de 2009, sob orientação da professora de Prática Pedagógica Elizângela Maria das Neves Lopes juntamente com o professor Ribeiro, estabelecendo-se, assim, a interdisciplinaridade entre Prática Pedagógica e Técnicas de Redação. Vale dizer que o Eixo Temático foi "Um olhar reflexivo sobre Currículo" cujo faz alusão aos estudos dos fascículos referentes às "Indagações sobre Currículo". A turma estava organizada em 5 GTs ? "Currículo e Desenvolvimento Humano, Educandos e Educadores: seus Direitos e Currículo, Currículo, Conhecimento e Cultura, Diversidade e Currículo e Currículo e Avaliação" ? para que se fosse realizado os debates extremamente instigantes, indagadores e reflexivos diante das experiências e concepções colocadas pelos alunos. Vale ressaltar que, as discussões foram pertinentes para a formação do novo educador, pois o estudo dos fascículos apresentou-se pelo ponto de vista de introduzir propostas atualizadas e contextualizadas com a realidade dos alunos ? sejam eles de rede pública ou privada. Dessa forma, a professora e educadora de Prática Pedagógica delimitou o debate em três tópicos que contemplavam todo o fascículo, afim de que as equipes pudessem escolher a melhor forma para fazer suas colocações. Fazendo-se alusão aos tópicos do debate, tanto os primeiros GTs ? O que é currículo?, Currículo e o Desenvolvimento Humano? e Quais atividades propostas pelo fascículo? ? quanto os dos outros grupos conseguiram conduzir um debate rico e interacionista entre todos os participantes. De fato, os temas levantados neste dia não se encerraram no fórum, pois como afirma um dos fascículos se faz necessário elaborar aulas que propiciem a busca de respostas para as indagações não apenas dentro da escola, mas também fora dela. Nisso, diversos comentários expostos irão a partir de o fórum transformar a realidade de escolas de alguns municípios ? dos alunos do V período de Letras ? no propósito de que a educação escolar tenha resultados mais significativos e estimulantes. E, consequentemente, fazer com que os alunos vejam a escola como um lugar acolhedor e de superação diante dos desafios impostos, para que ele se torne um ser humano crítico e sociável.


3. Considerações Finais


Portanto, um currículo que explore, em maior profundidade, a consciência de si como ser de cultura, que acolha a diversidade na escola, modifica o "ser negro" na escola. Isso se sucede quando a prática cultural é trazida para a escola, pois a construção do conhecimento envolve a emoção e, por ser uma ação social, implica trocas afetivas. Está claro que, devido às peculiaridades do conhecimento formal, o trabalho com o educando não pode se restringir a transmitir o conhecimento, mas deve incluir, também, formas de apropriação do conhecimento posto. Assim, há comportamentos específicos a serem construídos em sala de aula, porém o objetivo deles deve ficar explícito para o aluno. Isto faz parte da ética no ensino: que o aluno desenvolva a consciência do conhecimento e de suas aplicações.


4. Referências Bibliográficas

LIMA, Elvira Souza. Indagações sobre Currículo: currículo e desenvolvimento humano. Brasília: Ed. MEC, 2008. P. 17-53.