Tem uma cena do filme "Cassino", de Martin Scorsese, em que o personagem de Robert De Niro, que era o gerente, observa um funcionário, indicado por um político local (tinha de ser), deixar um homem roubar numa mesa de jogos, da qual era o responsável. Foi, quando o gerente, interpretado por De Niro, decretou: "Ou você é muito burro ou está roubando junto, e nenhuma das duas coisas me servem, portanto você está na rua".

Não querendo ser minimalista e definir tudo com "ou é assim ou só pode ser assado", penso que este episódio pode sim, ser um divisor de águas para facilitar muitas definições das atitudes das pessoas de nosso convívio social, profissional ou qualquer outro e, principalmente, nos basearmos nas atitudes das figuras de maior representatividade que conhecemos.

Quando, por exemplo, o Presidente Lula fez a reforma da previdência, lá atrás (daqui a alguns anos, nos daremos conta do que nos aconteceu), nos moldes apresentados, em que, as viúvas de Santos, esposas de militares, com suas pensões milionárias, eram o exemplo clássico das distorções previdenciárias e, mudou a regra no meio do jogo (coisa que nem em brincadeira de criança é aceitável), atingindo a todos os funcionários públicos, que ganham pouco e, no final, as viúvas, não só ficaram como estavam, como receberam aumentos, eu tenho que dizer: "Ou é incompetência ou má-fé".

Quando boa parte da Amazônia já está fatiada e nas mãos de estrangeiros, só nos resta dizer: "Ou é incompetência ou má-fé".

Todos esses outros escândalos que assistimos, diariamente, em que alegam não saber de nada, vale a mesma regra (nenhuma das duas coisas me servem).

Poderíamos desfilar aqui, um rosário de exemplos, não só de governantes, mas em todos os níveis.

Em nossos relacionamentos mais íntimos, familiares e de amizade, aprendemos a conviver com falhas ou pequenas incompetências, inclusive nossas ("tenho esse defeito e não consigo mudar"), mas, nesses casos, são nossas escolhas e não estamos pagando pelo serviço, pelo menos, diretamente.

Fica, pelo menos, nas nossas relações profissionais, essa regra que, se não resolve o problema, ajuda a definir onde está o erro.

Havendo decepção, seja na contratação de um pedreiro, na compra de um produto, na explicação de um político, no atraso de uma entrega ou no simples esquecimento, de algo vital, por parte de um colega de serviço, só sobram dois caminhos: "Ou é incompetência ou má-fé".

A coisa se torna ainda mais fácil de definir, na medida em que ninguém, em sã consciência, admite sua incompetência.

Sérgio Lisboa.