Por que João Batista saltou de alegria no Espírito Santo, quando ainda se encontrava no ventre de sua mãe, quando Maria, grávida de nosso Senhor Jesus Cristo se aproximou de Isabel, mãe de João?

De João se afirma que era cheio do Espírito Santo desde o ventre. É portanto notável o fato de que ainda não estando despertada a sua consciência, pôde, pela faculdade da comunhão do espírito, perceber e exultar no Espírito Santo, por causa da presença de nosso Senhor, ainda que também em formação no ventre de Maria.

Isto revela que onde Cristo está, Ele será percebido somente por aqueles que são cheios do Espírito Santo, e estes exultarão com a Sua presença.

Revela também que nosso Senhor será achado onde se encontrem aqueles que seguem o pendor do Espírito e não o da carne.

 

Por que antes de se dirigir a Jerusalém, para morrer na cruz, nosso Senhor se hospedou na casa de Lázaro, Marta e Maria, em Betânia, cidade próxima de Jerusalém?

Ele foi buscar companhia entre aqueles com os quais podia ter comunhão no Espírito. Ele não seria achado na casa de incrédulos ou de crentes frios, não fervorosos, incapazes de ter comunhão no espírito.

O que é carnal e vive segundo o pendor da carne buscará a companhia de quem é também carnal, mas os que são espirituais e seguem o pendor do Espírito, buscarão a companhia dos que são também espirituais, e assim, se cumpre neles aquilo que o apóstolo disse a Timóteo:

 

“19 Todavia o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os seus, e: Aparte-se da injustiça todo aquele que profere o nome do Senhor.

20 Ora, numa grande casa, não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de madeira e de barro; e uns, na verdade, para uso honroso, outros, porém, para uso desonroso.

21 Se, pois, alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e útil ao Senhor, preparado para toda boa obra.

22 Foge também das paixões da mocidade, e segue a justiça, a fé, o amor, a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor.” (II Tim 2.19-22)

 

Por isso Paulo não seria achado na casa de um Himineu e de um Fileto, e muito menos de um Alexandre, o latoeiro, para privar da companhia deles.

Porque espírito chama espírito e carne chama carne.

Himineu e Fileto serão achados entre aqueles, que como eles, seguem o pendor da carne, mas não terão qualquer prazer na companhia de um Paulo ou de um Timóteo.

 

“16 Digo, porém: Andai pelo Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne.

17 Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis.” (Gál 5.16,17)

 

Graças a Deus, todavia, por causa da Sua grande misericórdia, que desperta a muitos para um viver no espírito, livrando-os dos grilhões da carne, de modo que possam ter não somente comunhão com Ele, como também com todos aqueles que privam da referida comunhão.

Quanta alegria traz não somente ao coração de Deus, como a todo o corpo de Cristo, o retorno de um filho pródigo para o lar espiritual e celestial.  

Quanta alegria há entre os anjos no céu por um só pecador que se arrepende e se converte a Cristo.

Por isso se nasce de novo do Espírito Santo para tal vida de comunhão no espírito, a qual é a própria vida eterna. Não se nasce do Espírito para a morte, senão para a vida abundante de Cristo.

Daí decorre a necessidade de que aqueles que nascem do Espírito e vivem por causa do Espírito, andem também diariamente no Espírito, porque não seguir o pendor do Espírito é morte da vida espiritual e de comunhão com Deus, e não vida.

 

“5 Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito.

6 Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.” (Rom 8.5,6)

 

“12 Portanto, irmãos, somos devedores, não à carne para vivermos segundo a carne;

13 porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.

14 Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.” (Rom 8.12-14)

 

Por isso se ordena aos crentes que cultivem esta vida no Espírito, sendo cheios cada vez mais do Espírito Santo, porque se tal vida não for buscada, ela poderá ser perdida.

Daí lermos o seguinte em Ef 5.18,19:

 

“18 E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito,

19 falando entre vós em salmos, hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração,” (Ef 5.18,19)

 

E em Col 3.16:

 

“A palavra de Cristo habite em vós ricamente, em toda a sabedoria; ensinai-vos e admoestai-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando a Deus com gratidão em vossos corações.” (Col 3.16)

 

O ensino e a admoestação mútua entre os crentes, com salmos, hinos e cânticos espirituais, tem em vista, principalmente atender a este objetivo de nos encher do Espírito Santo, para que possamos cultivar e manter a vida de comunhão com Deus e uns com os outros, no Espírito.

Quando falhamos nisto, deixamos de ser espirituais, e nos tornamos crentes carnais. E como temos visto, é impossível que haja comunhão entre carne e espírito, porque a carne jamais se inclinará para as coisas que são de Deus.

A mente natural não pode discernir as coisas espirituais.

Muito menos, uma mente carnal poderá discerni-las. E o mundo espiritual somente pode ser discernido e vivido em espírito.

 E ninguém pode ser espiritual se não for movido, instruído, e dirigido pelo Espírito Santo, que sendo  Espírito de verdade e de santidade, não poderá operar naqueles que vivem na carne, amando o mundo, e cujos corações não lhes inclinam portanto para Deus, e para aquilo que é de Deus, senão para o que é do mundo.  

 

“Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4.24)

 

“não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor;” (Rom 12.11)

 

“vós também, quais pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus por Jesus Cristo.” (I Pe 2.5)

 

À vista destes textos bíblicos citados, ninguém se surpreenda caso, em sendo espiritual, não se sinta movido a privar da companhia de crentes que andam segundo a carne, porque na verdade, não é somente o nosso espírito que não achará prazer em tal companhia, mas o próprio Espírito de Cristo, que também não se inclina e não se move, para aqueles que não se inclinam para Ele.

Deus somente nos buscará se nos voltarmos também para Ele. 

Afinal, é o rei da glória, o único digno de ser adorado, amado, servido e louvado, com todo o nosso coração, com toda a nossa mente e com todas as nossas forças, ou seja, com todo o fervor de espírito, conforme o mesmo fogo do Espírito Santo que ardia em João Batista, desde que fora concebido no ventre de sua mãe Isabel, e que viveu toda a sua vida para a exclusiva glória de Deus, inclinando-se sempre para Ele, para cumprir toda a Sua vontade.

E os que eram do mesmo espírito de João se tornaram seus discípulos, porque espírito chama a vida do espírito, e não se satisfará jamais com um viver segundo a carne.

Destes se podia dizer que eram filhos espirituais de João. Então há filhos naturais e há filhos espirituais. Há filhos naturais que são também espirituais. E temos visto que a verdadeira comunhão, que pode ser somente em espírito, não será achada entre aqueles que não seguem o pendor do Espírito Santo.

Isto explica, porque mesmo entre crentes, há falta de comunhão entre alguns deles, porque não pode haver uma caminhada em unidade onde não houver acordo. O acordo aqui referido é o mesmo sentir e andar no Espírito Santo, pelo qual toda verdadeira e duradoura unidade espiritual é estabelecida e mantida.

Deste modo, se um crente anda no Espírito e segue o pendor do Espírito, e um outro anda e vive segundo a inclinação da carne, jamais poderá haver comunhão entre ambos, até que aquele que anda na carne, se arrependa e comece a andar também no Espírito.

Lembremos que carne chama carne e espírito chama espírito.

 

 

Pr Silvio Dutra