Os ataques à liberdade de imprensa têm se tornado cada vez mais intensos na Améria Latina e até mesmo nos Estados Unidos, país que promove fora de seu território uma propaganda muitíssimo enganosa a respeito das liberdades civis. Enquanto isso, a ilha de Fidel é recordista na América Latina na detenção de jornalistas no exercício de sua profissão. Mas o companheiro Castro terá que batalhar bastante se pretende assumir a liderança mundial deste rankig, ocupada atualmente pela China.
A China por sua vez consegue a façanha de reunir em um só país as mazelas comuns aos capitalistas e aos comunistas: a busca desenfreada pelo lucro e a cassação da autonomia dos meios de comunicação.
Seguindo a mesma linha de Fidel, Hugo Chávez tem conseguido a aprovação de leis que restringem as liberdades civis na Venezuela. Cháves aprovou a "lei da mordaça" e prometeu não renovar a concessão da emissora RCTV ? a mais popular do país ? por "suspeitas" de que a TV tenha apoiado a tentativa de golpe anos atrás.
Trata-se de um claro atentado à democracia e que infelizmente tem seus adeptos em outros países da América do Sul. Na Bolívia, Evo Morales ? aquele que tomou de assalto as instalações da PETROBRAS ? ameaça nacionalizar o jornal La Razón que segundo o presidente "inventa notícias sobre seu governo e omite informações verdadeiras".
A polarização dos discursos vem se intensificando. Podemos ver claramente os dois blocos que se destacam em nossa região (pró-EUA e contra-EUA). Mas há algo de comum entre eles. Nenhum aceita as críticas da imprensa e utiliza de todos os meios para freá-las.
É fundamental para a preservação do estado democrático a manutenção de uma imprensa livre e descompromissada com grupos políticos ou econômicos. Mas o fato é que todos os meios de comunicação de uma maneira ou outra têm ligações mais estreitas com certas parcelas da população.
Conta a história que Dário III, rei da Pérsia, cometeu erros estratégicos que contribuíram para sua derrota perante Alexandre, o Grande, na Batalha de Issus, em novembro de 333 a.C. Informado do desastre, Dário III teria mandado matar o mensageiro que o advertira sobre as conseqüências de suas decisões.
Pois bem, este parece ser o ardil adotado pelos detentores do poder na atualidade. Se a notícia não agrada, elimine quem propaga a notícia. Vivemos a época do "parecer" e não do "ser". Mais vale para muitos políticos uma imagem de honestidade e competência que a real atuação destas virtudes.
No Brasil, atravessamos de tempos em tempos situações que põem a imprensa sobre a mira do legislativo. Tramitam no Congresso muitos Projetos de Lei que tentam modernizar a ultrapassada Lei 5.250 de 1967, aprovada na gestão do Gal. Castello Branco. Uma das primeiras destas propostas data de 1991 e é de autoria do então senador Josaphat Marinho.
Seria muito bom que o exemplo partisse do Palácio do Planalto. Ao longo dos seis primeiros anos à frente da presidência, Lula não promoveu um canal aberto com a imprensa, concedendo uma única entrevista coletiva. Algo que parece estar mudando aos poucos, haja vista a iminência de uma nova eleição. Para quem um dia já foi pedra, hoje entende o que é ser vidraça.