IMPOSTERGÁVEL ANÁLISE DE CANÇÕES GOSPELS

Neste artigo eu analiso, sob o enfoque das Escrituras Sagradas, algumas canções gospels assaz entoadas em nossos cultos de louvor e adoração, que, a meu ver, apresentam inconsistência em suas composições, quando levadas ao crivo da salutar e imprescindível hermenêutica. São elas: ROMPENDO EM FÉ; SEGURA NA MÃO DE DEUS; e NA BÍBLIA ESTÁ ESCRITO (CRISTO TEM PODER).

Outrossim, submeto-as à análise dos amados irmãos em Cristo Jesus, anelando vermo-nos verdadeiramente neste Masquil dos filhos de Corá: “Contudo, de dia o Senhor ordena a sua bondade, e de noite A SUA CANÇÃO ESTÁ COMIGO, uma oração ao Deus da minha vida.” (Sl.42:8)

Que a Canção do Senhor seja a nossa Canção, uma Oração ao Deus da nossa vida! Amém!

ROMPENDO EM FÉ: “Minhas provações não são maiores que o meu Deus, / E não vão me impedir de caminhar; / SE DIANTE DE MIM NÃO SE ABRIR O MAR, / Deus vai me fazer andar por sobre as águas...”

As Sagradas Escrituras registram maravilhosos episódios de travessia do povo de Deus, nas águas, a pé enxuto. A primeira ocorreu no Mar Vermelho e tinha Moisés na liderança do povo, e está narrada em Êx.14:15-31; depois, no Rio Jordão, sob a liderança de Josué, cujo relato se encontra em Js.3:1-17; e ainda com Elias e Eliseu, no mesmo Jordão (2Rs.2:7-9,13,14).

Ora, nós sabemos que quem dividiu as águas do Mar e parou as águas do Jordão foi o Senhor Deus. Aliás, em seu belo cântico, entoado logo após a travessia, e por causa da travessia, Moisés exalta a grandeza da excelência do Poder de Deus (Gn.15:1-19).

Por ser o Senhor Deus Todo-Poderoso, Ele simplesmente ordena, e as águas, encapeladas ou não, lhe obedecem. E Ele operaria essas maravilhas amiúde, segundo a sua Insondável Vontade.

Certa vez, tendo o Senhor Jesus Cristo acalmado a tempestade, seus discípulos, “atemorizados, admiraram-se, dizendo uns aos outros: Quem, pois, é este, que até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem?” (Lc.8:25). Ora, obedecer ao Senhor é dever de toda a criação, inclusive as águas!

Então, faço estas oportunas e pertinentes perguntas: Se o Senhor Deus precisasse dividir novamente o Mar, porventura Ele conseguiria, ou falharia? Seu Poder diminuiu com o passar do tempo? Deus não é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente, como revela-nos Hb.13:8? Falharia o Senhor Deus ao operar um portento seu? Ou, operando Ele, alguém impediria (Is.43:13)? A minha falta de fé é que impediria? Acaso a falta de fé daquele povo constantemente murmurador o impediu?

Eis o que diz a canção em questão: “SE diante de mim NÃO SE ABRIR o mar, Deus vai me fazer andar por sobre as águas.” Conforme esta canção eu tenho diante de mim o Mar, e preciso atravessá-lo, como o antigo povo de Deus. Então eu espero tão somente no Senhor, ainda mais quando sei que Ele já realizou esse milagre, não me cabendo, portanto, nenhuma dúvida. Deus, vendo-me na praia à espera da divisão do Mar, para eu passar a pé enxuto, vai operar o seu milagre, mas...

SE diante de mim NÃO se abrir o mar”, diz a canção, “Deus vai me fazer andar por sobre as águas”. Ou seja, falhando uma coisa, ocorre a outra...

Eu destaquei o SE porque ele está aplicado como CONJUNÇÃO CONDICIONAL e INTEGRANTE. O SE, como CONDICIONAL, significa: no caso de; dada a circunstância de que; e, como INTEGRANTE, significa: se por acaso; se acaso. Desta forma, o autor da canção está dizendo: “NO CASO DE diante de mim NÃO se abrir o mar” (condicional); ou: “SE POR ACASO diante de mim NÃO se abrir o mar” (integrante).

É como se eu não tivesse mais fé para crer que Deus pode abrir o Mar, e cresse em seu Poder tão somente para me fazer andar sobre as águas, como se para Ele houvesse alguma coisa difícil, ou uma coisa fosse mais fácil de realizar do que a outra...

Há, porventura, alguma coisa difícil ao Senhor?” pergunta-nos o próprio Senhor, em Gn.18:14. Jeremias, representando todos os lídimos crentes, responde que NÃO (Jr.32:17); e eu, particularmente, estou com o Profeta nesta resposta. Para mim, diante do Senhor Deus o mar só tem uma coisa a fazer: ABRIR-SE e ABRIR-SE, isto é, obedecer pronta e plenamente à ordem do Todo-Poderoso. Pedro andou sobre as águas em outra situação, quando ele estava NO MEIO DELAS, e não quando estava na praia.

SEGURA NA MÃO DE DEUS: “Se as águas do mar da vida quiserem te afogar, / Segura na mão de Deus e vai...”

O Regulamento de Continências, Honras, Sinais de Respeito e Cerimonial Militar das Forças Armadas, diz que o militar não deve tomar a iniciativa de estender a mão para cumprimentar o superior; destarte, um Soldado, por exemplo, não deve estender a mão para cumprimentar um General, cabendo somente a este, como superior, tomar a iniciativa do cumprimento em forma de aperto de mão. Por isso a continência é a saudação prestada pelo militar.

E com relação a Deus e ao ser humano, seria diferente?

Ora, se um General é muito superior a um Soldado, hierarquicamente falando, quanto mais Superior, Altíssimo, Excelso, Soberano é o Senhor Deus em comparação ao homem!

Nós somos criaturas (Gn.1:27; 2Co.5:17; Cl.1:16,17), e Deus é o Criador (Gn.1:27; 14:19,22; Is.45:9; Rm.1:25); nós somos pó (Gn.2:7), e Deus é Espírito (Jo.4:24; 2Co.3:17); nós somos pó e cinza (Gn.18:27), e Deus é Espírito (Jo.4:24; 2Co.3:17); nós somos um vapor que se desvanece (Tg.4:14), e Deus é Espírito Eterno (Hb.9:14); nós somos formados do barro (Jó 33:6; Is.64:8), e Deus é o Alto e o Excelso (Is.57:15); nós somos de baixo, e Deus é de cima (Jo.8:23); nós somos deste mundo, e Deus não é deste mundo (Jo.8:23); nós habitamos na Terra (Jo.3:31), e Deus habita na Eternidade, num Alto e Santo lugar (Is.57:15).

Não! O homem não pode segurar a Mão de Deus! Muito pelo contrário, Deus é quem segura a mão do homem, como Ele mesmo diz: “Porque eu, o Senhor teu Deus, TE SEGURO PELA TUA MÃO DIREITA, e te digo: Não temas; eu te ajudarei.” (Is.41:13); crido por Asafe: “TU ME SEGURAS A MÃO DIREITA.” (Sl.73:23) e por Davi: “Estendeu do alto A SUA MÃO E TOMOU-ME; tirou-me das muitas águas.” (2Sm.22:17). E Davi repete estas mesmas palavras: “Do alto ESTENDEU O BRAÇO E ME TOMOU; tirou-me das muitas águas.” (Sl.18:16)

Numa noite navegavam os discípulos do Senhor Jesus Cristo rumo a Genezaré, quando viram o Senhor caminhando sobre as águas do mar, indo ao encontro deles. Pedro, querendo certificar-se de que era mesmo o Senhor, pediu-lhe que o mandasse ir ter com Ele, sobre as águas. Assentindo o Senhor, Pedro desce do barco e anda sobre as águas ao encontro de Jesus. “Mas, sentindo o vento, teve medo; e, começando a submergir, clamou: Senhor, salva-me. Imediatamente ESTENDEU JESUS A MÃO, SEGUROU-O, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mt.14:30,31)

Percebe-se que Pedro, em nenhum momento, segurou a Mão de Jesus. Quando um homem comum está me socorrendo, eu seguro-lhe a mão em razão do meu desespero de ser logo salvo do terrível afogamento, e também do medo de novo soçobro; mas segurar a Mão de Deus demonstraria minha total falta de fé, porque, uma vez que estou absolutamente seguro pela Onipotente Mão de Deus, eu devo tão somente descansar nesta Segurança Indefectível, e não desesperar-me em segurar a sua Mão, objetivando ter certeza dessa Segurança.

MÃO DE DEUS (Gn.49:24; Êx.3:19; 6:1; 7:4; 9:3; 13:3,9,14,16; 15:6,17; 16:3; 32:11; 33:22,23; Nm.11:23; Dt.2:15; 3:24; 4:34; 5:15; 6:21; 7:8,19; 9:26; 11:2; 26:8; 32:39-41; 33:3; Js.4:24; 22:31; Jz.2:15; 3:10; Rt.1:13; 1Sm.5:6,7,9,11; 6:3,5,9; 7:13; 12:15; 2Sm.24:14; 1Rs.8:15,24,42; 18:46; 2Rs.3:15; 1Cr.4:10; 21:13,17; 28:19; 29:12,16; 2Cr.6:4,15,32; 20:6; 30:12; Ed.7:6,9,28; 8:18,22,31; Ne.1:10; 2:8,18; Jó 5:18; 6:9; 8:20; 10:3,7,8; 12:9,10; 13:21; 14:15; 23:2; 26:13; 30:21; 34:19; Sl.8:6; 10:12,14; 17:7,14; 18:35; 19:1; 20:6; 28:5; 31:5; 32:4; 38:2; 39:10; 44:2,3; 45:9; 48:10; 60:5; 63:8; 74:11; 75:8; 77:10; 78:54; 80:15,17; 81:14; 88:5; 89:13,21; 92:4; 95:4,5; 102:25; 104:28; 106:26; 108:6; 109:27; 111:7; 118:15,16; 119:73,173; 136:12; 138:8; 139:5,10; 143:5; 145:16; Pv.21:1; Ec.2:24; 9:1; Is.1:25; 5:12; 8:11; 11:15; 19:16,25; 29:23; 34:17; 40:2; 41:10,20; 43:13; 45:1,11,12; 49:2,16,22; 50:2; 51:16,17; 53:10; 59:1; 60:21; 62:3,8; 64:8; 66:2,14; Jr.15:17; 18:6; 22:24; 25:15,17; 31:32; 32:21; 51:7; Lm.1:14; 2:3,4,8; 3:3; Ez.1:3; 3:14,22; 8:1; 13:9; 20:5,6,15,22,23,28,33,34,42; 21:17,24; 22:13; 33:22; 36:7; 37:1,19; 39:21; 40:1; 44:12; 47:14; Dn.4:35; 5:23; 9:15,19; Os.2:10; Am.1:8; 7:7; 9:2; Ha.2:16; 3:4,10; Zc.13:7; Mt.26:23; 27:29; Lc.1:66; 22:69; 24:39; Jo.10:29; 20:25,27; At.2:33; 5:31; 11:21; 13:11; Cl.3:1; Hb.1:10; 8:9; 10:31; 1Pd.3:22; 5:6; Ap.1:16,17,20; 5:1,7)...

MÃO QUE SE ESTENDE SOBRE NÓS (Êx.3:20; 7:5; 15:12; 24:11; 2Sm.22:17; Jó 1:11; 2:5; 138:7; 144:7; Pv.1:24; Is.5:25; 9:12,17,21; 10:4; 11:11; 14:26,27; 23:11; 25:11; 31:3; 48:13; 65:2; Jr.1:9; 6:12; 15:6; 21:5; 51:25; Ez.6:14; 8:3; 14:9,13; 16:27; 25:7; 35:3; So.1:4; 2:13; Mt.8:3; 14:31; Mc.1:41; Lc.5:13; 24:50)...

MÃO QUE NOS ALCANÇA (Sl.21:8; 98:1; Is.10:10)...

MÃO QUE NOS TOCA (Jó 1:11; 2:5; 19:21; Jr.1:9; Mt.8:3,15; 9:18,29; 19:13,15; 20:34; Mc.1:41; 5:23; 7:32,33; 8:22,23; 10:13,16; Lc.4:40; 7:14; 18:15; 22:51; Jo.9:6,11,15; 13:5)...

MÃO QUE NOS SEGURA (2Sm.22:17; Is.45:1; Jr.31:32; Mt.14:31; Mc.1:31; 5:41; 8:23; 9:25,27; 10:16; Lc.8:54; 9:47; 14:4; Jo.10:28,29; Hb.8:9).

Concluo: Por eu ser mortal, pecador, inferior, segurar a mão de Deus eu não posso, mas posso estar, e creio com toda convicção que estou, ABSOLUTAMENTE SEGURO NA MÃO DE DEUS: “Eu lhes dou a Vida Eterna, e jamais perecerão; E NINGUÉM AS ARREBATARÁ DA MINHA MÃO. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; E NINGUÉM PODE ARREBATÁ-LAS DA MÃO DE MEU PAI. Eu e o Pai somos um.” (Jo.10:28-30). Palavras do Senhor Jesus Cristo. Amém!

NA BÍBLIA ESTÁ ESCRITO (CRISTO TEM PODER): “Na cidade de Naim estava uma mulher chorando, / Seu filho ia pro túmulo, e o povo carregando; / JESUS PAROU O ENTERRO, E O POVO REPROVOU, / Jesus chamou o morto, e o morto levantou...”

Este último comentário trata-se de uma canção muito em voga nos círculos religiosos.

O Texto Sagrado a que se refere a canção é o de Lc.7:13-15: “Logo que o Senhor a viu, encheu-se de compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores. Então, chegando-se, tocou no esquife e, quando pararam os que o levavam, disse: Moço, a ti te digo: Levanta-te. O que estivera morto sentou-se e começou a falar. Então Jesus o entregou à sua mãe.”

Onde, no Texto Sagrado, o termo “E O POVO REPROVOU”?

REPROVAR, segundo o Dicionário, significa: Não aprovar; não concordar que se realize. E o que a multidão fez, consoante o Texto, foi tão somente PARAR. E PARAR significa: Cessar de andar, de mover-se, de falar; não continuar. Aliás, Jesus não parou o enterro, até mesmo porque este não estava ainda acontecendo, visto que a etapa que se desenvolvia era a do cortejo fúnebre, ou seja, o transporte do féretro, da casa da mãe enlutada até o cemitério. Nesse percurso foi que as pessoas pararam, após Jesus tocar no esquife.

Ora, eu não creio que Jesus foi ao encontro daquela viúva por acaso, porque Jesus nunca fez algo por acaso. Ele foi ao encontro dela com o desejo divinal e amoroso de devolver-lhe a alegria de outrora, a imprescindível companhia do filho único. E a multidão, com a mulher enlutada, ao perceber a aproximação do Mestre Divino, sabedora de que Ele é o ÚNICO CAPAZ DE VENCER A MORTE, REPROVARIA a Sublime Obra de Jesus? Não concordaria aquele povo que Jesus realizasse o inefável milagre da ressurreição do filho único de uma viúva desamparada?

Não! O povo NÃO REPROVOU! Tanto não reprovou que o Texto Sagrado não registra sequer uma sombra do vocábulo REPROVAR.

Eu creio que a multidão, muito ao contrário de qualquer pensamento de reprovação, APROVOU e ALEGROU-SE sobremaneira com a presença de Jesus. Jesus Cristo, presente em qualquer evento, mesmo um evento fúnebre, é motivo de intenso gozo para todos nós, porque a sua presença alegra, refrigera, conforta, encoraja...

A presença de Jesus é a certeza absoluta da presença do Amor Eterno de Deus (Rm.5:5)!

E o curioso é que essa canção é intitulada de NA BÍBLIA ESTÁ ESCRITO, e com estas mesmas palavras ela é iniciada...

Lázaro Justo Jacinto