Imparcialidade: Chuvas não mataram em SP e Rio?

 

Edson Silva

 

No princípio básico de uma boa informação, pelo menos é o que aprendemos ao estudar a ciência do Jornalismo, está (ou deveria estar) em primeiro lugar a verdade dos fatos. Ela deve ser seguida de imparcialidade, direito de defesa, bom senso e alguns outros elementos, muitos dos quais subjetivos e que infelizmente podem oscilar conforme linha determinada por algum órgão de imprensa ou mesmo pela formação (ou falta dela) de caráter de certos profissionais.

 

Tomo por exemplo chuvas que castigaram o Brasil duramente desde o fim do ano passado, fazendo vitimais fatais e desabrigados em vários estados. Em fevereiro deste ano, a revista de circulação nacional: Veja mostra o problema em São Paulo, estado então governado por Serra (PSDB) e cidade administrada por Gilberto Kassab(DEM), partidos de clara e notória oposição ao governo Federal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT).

 

Na foto de capa, a revista mostra um homem imerso no alagamento, com um guarda-chuva aberto e ao fundo apenas os grandes prédios não tragados pelas águas. O título: “Por que Chove Tanto” e o texto: “ Uma rara combinação de fatores atmosféricos é a causa do dilúvio que há mais de 40 dias castiga o Sul e o Sudeste do Brasil” tentam dar explicações meio bíblica (História do dilúvio contada na Bíblia, Gênesis 6-12) e de acaso ao fenômeno, que matou mais 70 pessoas em São Paulo

 

Vamos agora ao sentido da imparcialidade, ou pior, da falta dela. Em abril, menos de dois meses depois, a Veja volta a falar de chuva e desta vez no Rio de Janeiro, estado governado por Sérgio Cabral Filho e que tem a cidade administrada pelo prefeito Eduardo Paes, ambos do PMDB, partido aliado no governo Federal do presidente Lula(PT). A foto da capa é do Cristo Redentor em lágrimas diante da tragédia (que matou mais de 230 pessoas) e não há  título. Mas o texto: “Culpar as chuvas é demagogia. Os mortos do Rio de Janeiro que o Brasil chora foram vítimas da política criminosa de dar barracos em troca de votos”.

 

Ué?! Em São Paulo a chuva é culpada e no Rio não? Será que alguns pingos d´água serão levados aos bancos de réus na capital de todos os paulistas e se tornarão “bodes expiatórios” das irresponsabilidades, que se provadas, são iguais as que podem ter ocorrido no Rio?  Sem trocadilho, ora veja, isso é brincar com a inteligência de todos os brasileiros.

 

É, bem diz a companheira de trabalho (jornalista Ema Bianchi Aguiar) que a modernidade da internet possibilita aos leitores não se deixarem influenciar por esta ou aquela noticia. Afinal, é possível recorrer às novas versões, consultar diversos sites ou blogs que sejam confiáveis, sendo que os segundos normalmente são fontes de informações sem censura dos patrões da grande mídia.

 

Eu acrescentaria mais, dizendo que alguns jornais deviam pesquisar a vida de “pseudos” colaboradores de colunas de cartas, onde se nota claramente que alguns utilizam o espaço para ataques pessoais gratuitos contra pessoas e partidos, como se o país tivesse piorado de um dia para o outro, a partir do momento que um desafeto assumiu o poder. Se isto não é “orquestração”, o que é então? Será que as situações de aposentados, empresários, estudantes estavam melhores, por exemplo, há 10 ou 15 anos? Ah, falo dos que viviam no Brasil, se moravam em outro país então me desculpem...

 

Edson Silva, 48 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré

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