Impactos Ambientais na Micro Bacia do Ribeirão Catarina no município de Brumadinho - MG

O Ribeirão Catarina, principal drenagem da Serra da Calçada tem as suas nascentes localizadas na Serra do Rola Moça e foi o primeiro curso d?água no qual foi feita a captação de água destinada exclusivamente a servir a Cidade Industrial em Contagem - MG. Nos últimos anos parte do curso d?água do Ribeirão tem sofrido com os esgotos domésticos, na sua maioria provenientes dos Condomínios localizados em sua Micro bacia gerando um visível impacto ambiental. 

Segundo a Resolução CONAMA n° 237/97, Impacto Ambiental, é "qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais."
Assim sendo, escolheu-se como área de estudo a micro bacia do Ribeirão Catarina, entre as coordenadas 20° 4? 57"S de latitude sul e 44° 00? 54"W de longitude oeste, afluente do Ribeirão Casa Branca que por sua vez deságua no Rio Paraopeba , objetivando analisar os impactos ambientais no Ribeirão Catarina, no município de Brumadinho - MG. O presente artigo é parte de um estudo iniciado no ano de 2008 com o objetivo de diagnosticar os impactos ambientais no Ribeirão e que ainda está em andamento.
A Micro-Bacia do Ribeirão Catarina é a principal drenagem da Serra da Calçada que serve de escoamento dos recursos hídricos utilizados por diversos Condomínios da região.
Isso implica que as áreas próximas aos grandes centros urbanos vêm ao longo dos tempos sofrendo impactos ambientais de grandeza sem precedentes. Mesmo localizada na Reserva da Biosfera do Complexo do Espinhaço, a Serra da Calçada vem sofrendo impactos provenientes das atividades antrópicas sem nenhuma precaução de preservação ambiental visto que essa riqueza está se tornando cada vez mais rara e ameaçada nas proximidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
São notados diversos problemas ambientais nas áreas com elevadas densidades populacionais, especialmente em regiões urbanizadas, onde os cursos d?água são modificados, recebendo esgotos domésticos "in natura", além de sedimentos e lixo. Essa situação prejudica ainda mais populações já fragilizadas que não tendo opção de uma moradia em local mais apropriado, se alojam em lugares que não contam com saneamento básico e terminam por despejar todo o seu lixo, esgoto, etc, nos cursos d'água mais próximos, alem de sofrerem com material que já vem no curso d'água devido ao despejo de esgoto industrial em regiões à montante.
Conseqüentemente, os ecossistemas aquáticos urbanos vêm perdendo suas características naturais e sua diversidade biológica (Schepp & Cummins, 1997 apud). No Brasil há um grande problema de falta de saneamento básico, a grande maioria dos esgotos é lançada diretamente nos corpos d?água sem tratamento prévio.

Além disso, a política de saneamento ambiental adotada pela maioria das cidades é de canalizar e/ou retificar os rios e córregos. Essa forma de urbanização adotada ao longo das bacias hidrográficas brasileiras vem causando muitos problemas ambientais. Esses problemas trazem conseqüências também ao homem, como alterações nos regimes hidrológicos, aumento de doenças de veiculação hídrica, contaminação química, erosão e assoreamento impedindo a navegação nos corpos d?água, além de efeitos de bioacumulação e biomagnificação de metais pesados (Pompeu et al., 2004).

Os recursos hídricos são os mais afetados pela falta de controle do uso e ocupação do solo da micro-bacia. Segundo Alexandre Schiavetti e Antonio Camargo (2005), afirmam que "as características do corpo d?água refletem as características de sua bacia de drenagem,que sendo de grande importância, para a avaliação de analises ambientais nos ecossistemas terrestres e aquáticos que se interagem num delicado equilíbrio".
Perante a constante falta de fiscalização da qualidade dos recursos hídricos após sua utilização e dos processos de tratamentos de efluentes, colocou-se em questão a dúvida de que estes efluentes provenientes dos Condomínios inseridos em sua Bacia estejam sendo tratados adequadamente, antes de serem despejados no Ribeirão além do grau de comprometimento de suas águas que atravessam o Condomínio Aldeias da Cachoeira na parte inferior da Micro Bacia, sendo amplamente utilizada pelos condôminos para lazer.
Inicialmente torna-se necessário avaliar a qualidade da água no Ribeirão Catarina, mapear a qualidade da água do Ribeirão Catarina, identificando os pontos de poluição hídrica além da Identificação das fontes de poluição na Micro-bacia. Após a realização desses objetivos será possível estabelecer um plano de monitoramento dos recursos naturais.
O estudo se faz relevante devido à importância de se compreender os impactos e riscos ambientais associados à degradação dos ecossistemas aquáticos e terrestres, os quais têm sido fortemente alterados em função das atividades antrópicas, pois, no caso da Micro-Bacia do Ribeirão Catarina ela é a principal drenagem da Serra da Calçada e serve de escoamento dos recursos hídricos utilizados por Condomínios que se localizam no seu entorno.
A água é uma das substâncias mais abundantes do nosso planeta e de extrema importância para os seres humanos. É a água que mantém a vida sobre a Terra, pela fotossíntese, que produz biomassa pela reação entre CO2 e H2O. Vale lembrar também que a água constitui 80% do corpo humano.
Esse recurso é de extrema importância nos grandes centros urbanos, na indústria, geração de energia elétrica, recreação, nas plantações, criações de animais e claro, para o consumo humano direto. Porém, cerca de 97,5% de toda a água existente é salgada, ou seja, imprópria para o consumo humano. Os outros 2,5% são doce e estão distribuídas entre as calotas polares, os aqüíferos subterrâneos, rios, lagos e outros reservatórios. Apenas 1% da água doce está em condição de ser aproveitada pela humanidade, mas não está distribuída igualmente na superfície do planeta, algumas regiões sofrem bastante com a escassez de água, outras, apresentam grande potencial hídrico.
A escassez de água potável está atingindo proporções alarmantes. Desde 1972 já se pronunciava uma crise mundial de água durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente em Estocolmo. Na década de 1990, confirmou-se que 80 países, que representavam 40% da população mundial, sofriam de grave carência de água e que em muitos casos esta falta era um fator limitante para o desenvolvimento econômico e social. Se o estilo de vida da população não mudar rigorosamente, um quarto da população mundial sofrerá com o problema da escassez de água durante as próximas décadas.
A demanda de água potável aumenta rapidamente com o desenvolvimento gradual de um país. Em Madagascar, por exemplo, um cidadão consome 5,4 litros de água por dia, já nos Estados Unidos o consumo é de 500 litros/dia per capita, sendo que grande parte desse volume é desperdiçado. No Brasil, vivemos em uma situação privilegiada ao restante das nações, já que 53% da água doce da América do Sul pertencem ao Brasil.
O desafio de fornecer água potável para a população só tende a aumentar nos próximos anos. É sabido que a água aproveitável para o consumo humano deveria ser suficiente para o abastecimento do planeta, mas além de ser irregularmente distribuída, de haver mau uso e os processos poluidores, os níveis de abastecimento populacional estão comprometidos, e esses fatos foram se agravando do século XX em diante.
Para a realização do estudo inicialmente foi necessária uma ampla pesquisa bibliográfica referente ao assunto em questão, como pode-se ver nas referencias no fim do artigo.
Está em andamento a coleta das amostras de água, desde a Montante da drenagem até a Jusante em cinco (05) pontos pré-definidos para análises em um laboratório de Química ainda por definir. Tal objetivo de coleta será para fazer um levantamento do Índice de Qualidade da Água (IQA), segundo os parâmetros físico-químicos e bacteriológicos das amostras. As metodologias da coleta das amostras seguirão os padrões adotados pelos Laboratórios, com intuito minucioso de promover melhor qualidade dos resultados.
Os pontos da coleta pré-definidos são¹:

Ponto 1 ? Nascente do Ribeirão Catarina.
Ponto 2 ? Confluência do Ribeirão com o curso d?água proveniente da Estação Norte do Condomínio Retiro das Pedras.
Ponto 3 ? Confluência do Ribeirão com o curso d?água proveniente da Estação Sul do Condomínio Retiro das Pedras, abaixo da Cachoeira Ostra.
Ponto 4 ? Ponte sobre o Ribeirão no Condomínio Aldeias da Cachoeira.
Ponto 5 ? Foz do Ribeirão Catarina no Ribeirão Casa Branca.

Outro ponto relevante da pesquisa consistirá em levantar um diagnostico ambiental indicando as áreas mais propicias aos impactos, assim como uma avaliação do uso dos recursos hídricos,de acordo com os parâmetros da qualidade da água. Como a pesquisa ainda está em andamento não se tem conclusões nem resultados, pois para a obtenção de resultados satisfatórios deverá se realizar a coleta das amostras no período das secas.


REFERÊNCIAS


BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. RESOLUÇÃO Nº 237 , de 19 de Dezembro DE 1997 - CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html>Acesso em: 20 Set. 2008.

BRÜGGER, Paula. Educação ou adestramento ambiental. 3ª edição. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2004. 200p.

CUNHA, Sandra Baptista da; GUERRA, Antônio José Teixeira (org.). A questão ambiental: diferentes abordagens. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

EGLER, C. A. G. Risco Ambiental como Critério de Gestão do Território. Território
1996, 1: p. 31-41.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE). Censo demográfico 2000. disponível em www.ibge.gov.br. Acessado em 20/09/2008.

LIMA & SILVA in TRIGUEIRO, André. Meio Ambiente no Século XXI, 2005.

SCHIAVETTI;Alexandre; CAMARGO, F.M.Conceitos de Bacias Hidrográficas : teorias e aplicações,Ilheus,BA Editus,2005 293p

TROPPMAIR, Helmut. Biogeografia E Meio Ambiente. 1º edição - Rio Claro: Divisa, 2006.


¹Os pontos estão sinalizados no mapa http://www.flickr.com/photos/borsagli/5180561304/