É corriqueiro atualmente ouvirmos as pessoas dizerem que o fomento das tecnologias aliado às táticas do capital para incremento do consumismo, tem o poder de distanciar as pessoas e falsamente aproximar os geograficamente distantes, gerando um paradoxo das relações sociais da atualidade. Tal afirmativa é um fato, que merece toda nossa reflexão em torno dos pontos positivos e negativos desse referido contraste. Porém, mais do que isso, podemos aduzir facilmente, que além dessa notável perda das relações sociais,acabaram-se as surpresas e a espontaneidade naquilo que mais recorremos, com o fito de futuramente recordarmos como éramos e o que fazíamos: a fotografia.Tive a oportunidade de alcançar a época das câmeras de filme, onde se comprava um filme com 36 poses e partia-se feliz da vida para uma viagem, passeio, excursão ou até mesmo curtir as férias. Voltava-se e então dava-seinício a uma gostosa apreensão ao encaminhar o filme para revelação, chegando a aguardar dias para ver o resultado de cada uma das fotos. A melhor marca de filme era aquela que em via de regraqueimava poucas fotos.

Para revolucionar o mundo da fotografia,surgem então as câmeras digitas com toda sua facilidade na obtenção das fotos tiradas, que agora são visualizadas imediatamente, possibilitando que, por exemplo, você arrume seu cabelo pois não gostou da foto que fora tirada no segundo que se passou. Além deste imediatismo na visualização, temos a transferência de forma direta a um computador onde podem ser impressas diretamente dele. No mundo das comodidades não poderia ser outro o resultado senão a popularização dos equipamentos digitais do gênero e como já dito, o fim das surpresas, da boa espera e expectativa.

Diante do acima constatado, cabe-nos a reflexão do quanto bem faz, ou não, toda essa evolução tecnológica. Será que aquele sorriso que vemos na foto do amigo distante é o mesmo sorriso sincero daquele de outrora que por um fortuito se salvou no meio de tantas outras fotos que foram tiradas? É preferível ter a certeza que mostraremos aos nossos netos fotos lindas, com nosso melhor ângulo ou soa mais sincero, mais verdadeiro, uma foto que lhe pegou desprevenido, de olhos fechados ou algo do tipo?

Duas coisas que não sou, é reacionário, e saudosista, porém, tenho em meu mais sincero íntimo, que trocaria toda essa maravilha tecnológica por um mundo mais sincero, paciente e simples, de um passado até que recente, mas, que diante da celeridade das inovações, nos esquecemos com uma lamentável facilidade.