FERNANDA PROVINCIATTO – PEDAGOGA – PROFESSORA DO 2º ANO NO COLÉGIO PIRAICABANO

 

IMAGINAÇÃO E CRIATIVIDADE NA ESCOLA

“ O que aconteceria se um crocodilo batesse à sua porta pedindo um pouco de rosmaninho? “(Rodari, 1982)

Pedra no Pântano

                Como uma pedra lançada no pântano, em que provoca inúmeras ondas na superfície da água, a palavra, jogada ao acaso, provoca infinitas reações (sons, imagens, analogias, recordações, memória, fantasia, inconsciente) não assiste passivamente, intervém. (Rodari, 1982)

                Inspirada pela obra de Gianni Rodari, Gramática da Fantasia, em que ao ler me encantei pela pura e simples percepção do autor no despertar da imaginação, iniciei uma atividade com intuito de despertar nos alunos a capacidade de criar e se expressar por meio das palavras, em um texto organizado em partes, em ideias, de acordo com o que procurei explorar com eles durante todo o ano letivo, lembrando que, no segundo ano os alunos estão finalizando o processo de alfabetização, precisam aprender organizar ideias em parágrafos, letras maiúsculas e minúsculas, pontos e outras convenções um tanto abstratas para seres tão pequenos.

                Como pedra lançada na água, lancei palavras... Iniciamos por um aluno, que teve como ponto de partida uma palavra, em que deveria criar uma frase com ela, sendo o início da nossa história. Quando eu falava outra palavra aleatória, o próximo aluno continuava dando sequência à história. Algumas palavras eram compostas formando uma ideia. Ex: pudim de leite condensado.

                Ao final dos 25 alunos, tivemos uma história muito maluca, rica em imaginação e engraçadíssima, mas sem perder o fio da meada. Devido ao fato de que, nosso combinado era que a história precisaria ter sequência, mesmo que a palavra não estivesse dentro do contexto, eles deveriam introduzí-la nele, para que houvesse coerência. Os alunos se esforçaram para isso e puderam perceber que é possível, que podemos manter a sequência, o contexto.

                Feito isso, conversamos muito sobre essa possibilidade de brincar com as palavras e delas surgirem criações textuais diversas, então propus a segunda etapa, colocar no papel as ideias, pois oralmente eles conseguiram e, agora o desafio seria a escrita, produzir um texto escrito, rico em ideias e criatividade sem perder a sequência.

                Nesse segundo momento, seguimos com a mesma proposta: anunciei a primeira palavra e os alunos escreveram suas histórias. Foram ditadas quatro palavras: aula de matemática, jornaleiro, coruja e lápis de cor.

                 A cada palavra, esperei até que todos terminassem de escrever suas ideias. Seguindo nosso combinado, na segunda palavra teriam que iniciar um novo parágrafo, lembrando-se de seguir com o contexto, fazendo as ideias anteriores se juntarem com as novas ideias, fazendo esse procedimento até a quarta palavra. O resultado foram textos incríveis, criativos, organizados, despertados por palavras jogadas como pedras no pântano.

                Transformar som em palavra, palavras em frases, frases que representam situações, ora reais, ora imagináveis, frases que viram histórias, histórias que precisam de organização, como um fim de semana pode caber em uma folha com algumas linhas? Realmente, não é uma tarefa fácil, mas se depender de mim, vou ajudá-los a ampliar o vocabulário de ideias e eles conseguirão!