Introdução:

Ideologia pode ser entendida como um processo de racionalização de uma classe ou grupo dominante. Tem por objetivo justificar o domínio exercido e manter coesa a sociedade (...) permitindo com isso evitar os conflitos e exercer a dominação. Houveram muitos pensadores refletindo sobre este tema, entretanto, para este trabalho, o mais importante é Marx.
Segundo Marx, a ideologia se caracteriza pela clareza das informações e pela preservação das desigualdades sociais. Seria pregada pela burguesia com intuito de manter a relação social capitalista. A ideologia serviu de instrumento, mascarando a verdade da classe dominante, e para legitimar a dominação econômica social e política; o papel da ideologia é criar nas mentes das pessoas uma ideia que todo o fenômeno que acontece na sociedade é natural, para evitar conflitos entre dominantes e dominados.
O autor social deve estar atento ao conceito de ideologia e sua apresentação dialética a fim de ser capaz de atuar no grupo em que está inserido. Os autores sociais têm de ter compreensão da prática política, com intuito de defender os interesses da classe trabalhadora; portanto, é necessário que o profissional tenha uma prática dialética, revolucionária, crítica e justa, pois os autores exercem uma influência decisiva na transformação da realidade social.

1.1 A ideologia na história:
Ideologia é um termo originado pelos ideólogos (Tracy, Cabanis e outros), segundo Japiassú e Marcondes (2006, p.141). Tracy formulou o conceito, definindo ideologia como "estudo científico das ideias, e estas são resultados da interação homem e meio ambiente"(Lowy, 2002, p.12).
Napoleão criticou Tracy, afirmando que ideólogos seriam simplesmente metafísicos. A teoria napoleônica foi melhor recebida na época de sua elaboração. Quando Marx (1818-1883) elaborou sua teoria sobre a ideologia baseada no conceito napoleônico, definiu os ideólogos como "metafísicos especuladores da realidade" (Lowy, 2002, p.12). De acordo com Japiassú e Marcondes (2006, p.141), seria o "estudo da origem das ideias" e no livro "A Ideologia Alemã", Marx afirma que o conceito de ideologia equivale a "ilusão, falsa consciência, concepção idealista na qual a realidade é invertida" (LOowy, 2002, p.12). Portanto, é um conceito negativo e pejorativo.
Para Lênin (1870-1924), ideologia deixa de ter o sentido pejorativo, negativo que tem em Marx, e passa a designar "qualquer doutrina sobre a realidade social que tenha vínculo a uma oposição de classe" (Lowy, 2002, p.12).
Concordando com Lênin, entretanto aprimorando o conceito, Mamhein diferencia ideologia e utopia, sendo a ideologia o ato de conceber ideias, representações que orientam para estabilização ou reprodução da ordem social estabelecida. Por sua vez, utopia são ideias que aspiram outra realidade, ainda não presentes.

1.2 Dialética
Segundo Goethe (pré Hegeliano), não existe nada eterno, fixo, absoluto. Não existem ideias e princípios "Tudo o que existem na vida social está em eterna transformação" (Lowy, 2002, p.14).
Então, Marx aprimorou este conceito hegeliano, sendo assim considerado que "pelo método dialético, todos os fenômenos econômicos ou sociais, todas as chamadas leis da economia e da sociedade, são produtos da ação humana e, portanto, podem ser transformadas por essa ação." (Lowy, 2002, p.15). Este processo pode ser revolucionário.
A dialética marxista analisa contradições internas da sociedade. Em nenhuma sociedade existe um consenso total, e sim enfrentamentos ideológicos, contradições entre ideologias, utopias e visões sociais de mundo. Segundo o entendimento de Neo-hegelianos (Bauer, Stirner e Hess): "O importante era o espírito e a luta para mudar a sociedade, era uma luta espiritual (...). Criticando as ideias erradas, transformando a consciência, ou a ideologia, ou pensamento dos homens, transformariam a sociedade." (Lowy, 2002)
Segundo Marx, "o caráter da nova sociedade depende da maneira como ela foi constituída." (Lowy, 2002, p.24).

1.3 Autor Social
O ser é aquilo que tem vida e se move; planta, animais. O que separa o homem é porque ele é um ser pensante: mas eles começaram a se distinguir dos animais quando começaram a produzir os seus meios de subsistência. A essência do homem, portanto, está em sua atividade produtiva que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho; isto que diferencia o homem dos outros animais. O ser social tem potencialidades humanas, podendo assim lutar para realização de várias mudanças na sociedade, impedir assim que várias injustiças aconteçam, que possa perceber o que está acontecendo nas relações sociais.
O ser social "Por não ser natural, tem de ser ensinado, aprendido e desenvolvido todos os dias. Essa é uma tarefa de toda a vida de uma pessoa ou de uma sociedade". (Toro, Werneck, 2007, p.18). Portanto, os seres sociais, em desenvolvimento e formação dentro da sociedade, aprendem e ganham capacidades, que geram soluções para com os problemas. Isto é fundamental para a construção de uma sociedade com identidade e autonomia.
Assim, o ser social não deve ser só racional, mas ser capaz de despertar a paixão. A razão controla, a paixão move. Para que os autores sociais possam entender as origens do contexto histórico da realidade, é necessário analisar e interpretar as interrelações sociais para que haja uma transformação nestas relações sociais, porque não há uma natureza imutável. O processo histórico pode ser combatido, sendo possível a transformação social. Mas é necessário entender os motivos e os caminhos pelas quais as pessoas se formam, é preciso entender o problema.
É importante que o autor social reflita sobre as origens dos problemas sociais e econômicos que vivencia o usuário diariamente, para que ele sugira e proponha soluções aos problemas sociais enfrentados. Cabe ao autor cumprir e garantir o cumprimento das leis que ele mesmo, como cidadão, ajudou a criar.
Segundo Gramsci, portanto, o autor social, na sua prática profissional, deve ser radical, isto é analisar profundamente o problema em questão, buscando chegar às raízes, aos seus fundamentos. Ser "rigoroso, ou seja, proceder com coerência, de forma sistemática segundo a ética". (Lowy, 2002, p.15). Em posse do conhecimento de conceitos chave, ou seja, teorias, é possível estudar o problema, não para memorizar, mas para compreende-lo e, a partir desta compreensão, questionar o senso comum e transformar os temas da vida cotidiana, da vida em sociedade.
Os autores sociais têm a intenção de transformar a realidade, têm certos propósitos de mudanças e se dispõem a apresentar e compartilhar esses propósitos com os outros autores, pessoas que irão ajudá-los. Segundo Marx "Todos os fenômenos econômicos ou sociais, todas as chamadas leis da economia e da sociedade, são produtos da ação humana e, portanto, podem ser transformados por essa ação. Não são leis eternas absolutas ou naturais. São leis que resultam da ação e da interação da produção e da reprodução da sociedade pelos indivíduos e podem ser transformadas pelos próprios indivíduos, num processo que pode ser, por exemplo, revolucionário". (Lowy, 2002, p.15).

Considerações finais:
O autor social é aquele que reflete sobre as origens dos problemas sociais e econômicos que o usuário vivencia diariamente, para que ele sugira e seja capaz de propor soluções aos problemas sociais. Cabe ao autor cumprir e proteger as leis que ele mesmo ajudou a criar.
O autor social, na sua prática profissional, deve ser radical, isto é, analisar profundamente o problema em questão, buscando chegar às raízes, aos seus fundamentos. Acreditar que toda pessoa está sempre disposta a participar de um processo de mudança, que vê no seu objetivo um mundo melhor para aquelas a que se sente ligado. Portanto, os autores devem entender a ideologia e a dialética, para atuar no grupo, melhorando as relações dentro do que está ao seu alcance, porque não existe nada eterno, fixo, absoluto. Pois tudo o que existe na vida social está em eterna transformação.

Referências
LOWY, Michael. Ideologia e ciências sociais: elementos para uma análise marxista. 15 ed. São Paulo: Cortez,2002

TORO, José Bernardo; WERNECK, Nísia Maria Duarte. Mobilização social: um modo de construíra a democracia e a participação. Belo Horizonte:

JAPIASSU, Hilton; Marcondes, Danilo. Dicionário básico de filosofia. 4. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed., 2006.