Este ensaio discorre sobre a escrita em relação ao fracasso escolar, no contexto atual de nossa sociedade. Na introdução deste ensaio destacamos a importância história da escrita. Posteriormente trabalhamos a questão do “fracasso escolar” e sua relação com a escrita. Não se trata de um texto "fechado", mas antes do lançamento de um conjunto de ideias "abertas", que procuram estimular um pensamento diferente sobre os modos e as estratégias de formação de professores.

 Nos estudos realizados por Trindade (s/a, p.2), percebemos que “a escrita surgiu quando o homem passou de nômade para sedentário”, mas principalmente por que “[...] o homem precisava de um recurso para registrar o número de animais que possuía, quanto alimento havia estocado”.

Diante disso cada vez mais foi sendo utilizada a escrita como um recurso para registro. Com o tempo foram registradas obras literárias e as classes altas para ter acesso a tal conhecimento, começaram aprender a ler. Porém “não era necessário que pessoas comuns dominassem a escrita, pois seus ofícios não exigiam tal conhecimento (TRINDADE, s/a, p.2)”.

No final do século XIX e no inicio do século XX com o desenvolvimento industrial e o avanço tecnológico, estes romperam com o trabalho artesanal e rural. Por meio disso, surge a necessidade da população ter acesso ao ato de ler e escrever, pois até então havia um grande número de analfabetos, tendo em vista que o acesso à leitura e escrita era privilegio de famílias mais abastadas.

Mas então qual é a relação que podemos fazer com esse breve histórico da escrita em nossa sociedade?

 Fracasso escolar?

 O fracasso escolar vem acontecendo há muitos anos, pois é um fenômeno que atinge “[...] todo o sistema educacional nacional e regional [...]” (CAMPOS, 1995, p. 15), mas principalmente as escolas públicas da periferia. Por esse motivo vem sendo realizadas pesquisas, projetos e estudos com o intuito de formar, amenizar ou entender melhor as causas do fracasso. A temática do fracasso escolar pode ainda ser entendida com a leitura de fatores intra - escolares ou extra – escolares. Infelizmente “[...] os resultados destes estudos não são acessíveis à maioria dos professores, aspecto que pode estar impedindo qualquer possibilidade de mudança na pratica pedagógica” (CAMPOS, 1995, p.15).

É necessário, pois, analisar que o fracasso escolar no Brasil acontece principalmente no início do processo de alfabetização ou no final do Ciclo Básico. O processo de alfabetização é visto apenas, como aprendizagem do código escrito. Para Lima (2002) todas as crianças têm possibilidades de aprender:

 [...] independentemente de sua etnia ou classe social, possuem as mesmas capacidades cognitivas para a aprendizagem do código escrito, porém suas especificidades sociais nem sempre são consoantes suas realidades e necessidades (LIMA, 2002, p.27).

 Os alunos de uma classe mais elevada têm constantes acesso a meios gráficos, já os alunos da classe menos favorecida tem um maior contato apenas no momento em que entram na escola, dificultando assim a aquisição da leitura e da escrita. Lembrando que a família tem um papel importante no contato que o aluno tem com a escrita.

Segundo Campos (1995) entre os vários motivos que ocorre o fracasso escolar, o aluno é:

“[...] o mais apontado por grande parte dos professores como responsável direto, isentando o sistema, a escola e o próprio professor de qualquer responsabilidade na produção e/ou manutenção desse fracasso” (CAMPOS, 1995, p. 15).

 Outro ponto que pode ser mencionado como motivo do fracasso é a formação dos professores, assunto que já vem a bastante tempo sendo discutido.

A autora refere – se a outro fator para as possíveis causas que “[...] é o parcelamento do trabalho no interior da escola. Ele é geralmente ignorado pelo professor, mas repercute sobremaneira no desenvolvimento do processo de alfabetização” (CAMPOS, 1995, p. 19).

Em contra partida, Soares (2003) nos traz que: [...] perda da especificidade da alfabetização é fator explicativo – evidentemente, não o único, mas talvez um dos mais relevantes - do atual fracasso na aprendizagem e portanto, também no ensino da língua escrita nas escolas brasileiras (SOARES, 2003, p. 9).

Antes o fracasso escolar era apenas percebido nas avaliações internas da escola nos anos iniciais do ensino fundamental, fato esse que foi resultando em repetência, reprovação e evasão. Nos dias de hoje se percebe nas avaliações externas a escola, avaliações estaduais, nacionais e internacionais. A autora assim pressupõe que um dos fatores do fracasso seja a perda da especificidade da alfabetização.

 Concluindo

A partir do exposto, podemos considerar como possibilidade de resolver a questão do fracasso escolar, por meio de uma maior valorização da bagagem de conhecimento trazido pelo aluno para sala de aula, dessa forma daria sentido a educação na vida desse aluno.

Deve - se ser levado em consideração “[...] as características culturais do desenvolvimento individuais que atuam como variantes na determinação do tempo para aprendizagem da leitura e da escrita” (SEE/CENP, apud SAWAYA, 2000, p. 69). Em função disso, cabe rever as práticas de ensino da língua escrita, dando mais tempo para as crianças adquirirem o processo da leitura e da escrita.

REFERÊNCIAS

 CAMPOS, Maria das Graças Cunha. Fracasso escolar na alfabetização. Ensino em Re-vista, Uberlândia, p.15-22, 1995.

 CASTRO, Luciana. O fenômeno do fracasso escolar e a aquisição do sistema de escrita: que relação é essa? Revista Práticas de Liguagem, Juiz de Fora, v. 1, p.69-77, 2011.

 LIMA, Aline Dayane dos Anjos. Escola, fracasso escolar e aquisição da língua escrita: abordagem critica sobre a inserção das crianças das classes populares do mundo letrado. Tarrafa: Revista do NUPE (Núcleo de Pesquisa e Extensão) do DEDC I / UNEB, Salvador, p.22-31, 2012.

 NÓVOA, A. Formação de professores e profissão docente In: NÓVOA, António, (org.). Os professores e a sua formação. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1992.

 SAWAYA, Sandra Maria. Alfabetização e fracasso escolar: problematizando alguns pressupostos da concepção construtivista. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 26, p.67-81, 2000.

SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação, Poços de Caldas, p.5-17, 2003.

 TRINDADE, Ana Paula Pires. O processo histórico da escrita e sua importância na Formação do sujeito. Disponível em: <http://www.planetaeducacao.com.br/portal/gepi/processo_historico_da_escrita.pdf.> Acesso em: 23 de maio de 2016.