A prática de Head Hunting pode ser definida como uma técnica de Recrutamento e Seleção destinada a identificação, atração e avaliação de profissionais especializados e / ou executivos para postos estratégicos, independente de sua área de atuação.

Muito se questiona quanto a ética na execução deste tipo de atividade, uma vez que envolve a identificação de profissionais que na maioria das vezes atuam em empresas concorrentes a aquela que solicitou o serviço de busca. Entretanto, previamente a um julgamento algumas ponderações devem ser feitas neste sentido.

Em primeiro lugar, o hunting normalmente é utilizado para posições estratégicas envolvendo portanto profissionais com nível de maturidade para se posicionar.

A abordagem de um profissional que hoje está atuando no mercado, quer seja em empresa concorrente ou similar, não significa em principio que ele vá se movimentar. O interesse e consequente movimentação para uma nova oportunidade só irá ocorrer se uma conjunção de fatores estiver presente. Dentro do prisma de empregabilidade e gestão da carreira pelo próprio profissional, cabe ponderar que a cada um compete avaliar se deve ou não ouvir uma nova proposta e qual o rumo que dará para sua vida profissional.

Na verdade um profissional se movimenta quando tem uma proposta muito atrativa que vai ao encontro de suas aspirações quer seja em termos de desafio, cargo, salário etc. ou quando está insatisfeito com a empresa onde está inserido ou ainda quando as duas situações ocorrem simultaneamente. Já vi casos de profissionais trocarem seis por meia duzia, pois a nova proposta atendia a interesses que não vislumbrava na empresa atual.

Acredito que grande parte desse questionamento sobre hunting decorra das práticas de mercado. Hoje muitos consultores que atuam nesta área, ao desenvolver este tipo de trabalho, não o fazem com conhecimento de mercado e nem de forma estruturada, abordando apenas os profissionais que conseguirem identificar.

O hunting na verdade é uma atividade que exige planejamento e estratégia. Tem inicio com o estudo do mercado onde esta empresa está inserida, análise das características dos profissionais que atuam neste segmento e/ou função, definição do público alvo, mapeamento do mercado através de publicações, networking, redes sociais, para então dar inicio ao processo de abordagem aos possíveis candidatos.

Na minha experiência, o Head Hunter de sucesso não faz só um convite mas sim estabelece um contato com o profissional alvo onde além de ofertar a posição vai entender o seu perfil, suas aspirações e interesses, estabelecendo uma relação cordial e de troca. A confiança nesta relação é que pode alimentar a continuidade do profissional neste processo.

Este Head Hunter também é o responsável por analisar o mercado e posicionar ao cliente sobre as características identificadas, assim como, apoia-lo na análise dos profissionais, na identificação daquele que mais se adequa as características do perfil e momento da empresa.

Como já disse, sou da opinião que cada profissional é o responsável por sua carreira, portanto deve ser tratado como um adulto que toma decisões fundamentadas. Ninguém sai de uma empresa somente porque recebeu um convite, por mais que o discurso socialmente aceito possa ser este. Compete aos profissionais de RH sempre avaliarem o clima organizacional, os pontos de tensão, trabalhar com políticas de retenção e sucessão, e se apesar de tudo isso o profissional decidir sair por uma outra proposta isto é um sinal de que algo não estava atendendo plenamente suas expectativas. Cabe a empresa identificar estes fatores de risco e decidir então como irá administra-los.

Uma observação para quem critica esta prática: hunting não é sinônimo de espionagem, mapeamento é uma técnica de levantamento de dados que pode ser realizada de forma idônea e o papel do Head Hunter é analisar o mercado e mostrar quais são as melhores alternativas para aquela empresa e situação.

Sonia R. Barduchi
Diretora Técnica ? FCB Consultoria em RH