Todas as empresas de uma forma ou outra tem critérios formais ou informais para avaliação periódica  de seus funcionários.Não é  difícil encontrar uma pessoa que não tenha vivenciado um dia a implantação de um programa de avaliação de desempenho.

Um determinado dia em que debatíamos quais  critérios seriam usados no programa periódico de avaliação , alguém sugeriu que se colocasse a honestidade como um dos itens de qualidade pessoal.

Sem aparente razão fez-se um longo silêncio na sala e nem mesmo o questionamento do facilitador da reunião provocou qualquer reação imediata .

Passado o momento de reflexão um dos integrantes do grupo de avaliação de critérios fez a seguinte pergunta :

“Vocês colocariam suas contas bancárias sob a administração de uma pessoa que fosse 99% honesto ? “.A rejeição foi imediata .

Logo em seguida veio outra pergunta : “ Como avaliar a honestidade ? “.

Imediatamente um dos integrantes do debate responde: “ Honestidade não se mede por graus . Uma pessoa é honesta ou não “.

A seguir veio a pergunta fatal : “ O que é ser honesto?”.

Essa pergunta desencadeou  um grande debate com todos querem falar ao mesmo tempo, fazendo perguntas e buscando respostas.

Como se conceitua a honestidade ?

Imediatamente surgiu um dicionário e foram lidos os sinônimos de honestidade : integridade, inteireza, justiça , probidade, retidão, honradez, dignidade.

Seriam estes sinônimos suficientes para nos dar uma visão completa e ou conceituar  honestidade?

Estaria honestidade ligada a conceitos e valores  culturais ?

Honestidade está ligada a valores estabelecidos por comunidades em determinadas épocas e são mutáveis ?

Os avanços tecnológicos e dos costumes podem ter efeitos nos conceitos que determinam o que é ser ou não honesto?

Honestidade é algo ligado ao caráter de cada pessoa ou é  algo que se aprende?

O que seria necessário para um treinamento de honestidade e quem poderia ministrar as aulas ?

Novo silêncio reinou na sala quando um engraçadinho fez a seguinte pergunta : “Quem se candidata a professor de honestidade ? “.

Silêncio por constrangimento ? Não, simplesmente porque não parecia possível se determinar com exatidão o que é honestidade .

O debate seguiu abordando-se desde objetos encontrados perdidos  no banco da praça ao estabelecimento de lucros pelas empresas.

Uma caneta encontrada num  banco de  praça deveria ou poderia ser usada  por quem a encontrou ou isso seria desonestidade?

Um empreendimento  voltado  à  assistência à comunidade, com objetivo apenas de ajudar as pessoa , deveria ou poderia ter lucro nas suas operações ?

Num  debate como esses não nos faltam opiniões , exemplos , recomendações, a dificuldade é o consenso dizia um dos integrantes .

Para piorar a situação vem outra pergunta : “Honestidade é algo que demanda consenso ?”.

Por falta de consenso alguns queriam debater mais, outros queriam deixar a questão para ser debatida numa próxima reunião, outros não aceitavam as divergências de opiniões  e queriam tirar o quesito da avaliação .

Neste momento em que o país passa por nova onda de denúncias debater o que é honestidade pode não resolver nossos problemas , mas certamente coloca um pouco de luz nos nossos valores pessoais e estabelece alguns limites para conduta.

Talvez nas próximas eleições todos nós nos motivemos a refletir um pouco mais sobre as pessoas que colocaremos para cuidar da nossa conta bancária , fruto da arrecadação dos impostos.

Sim, essa conta bancaria é nossa.,   não duvidem nunca  disso .

Dinheiro nosso com um único objetivo  : Bem estar coletivo , ainda que assim não seja usado.

 

 

 

Ivan Postigo

Economista,  Bacharel em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP

Autor do livro: Por que não? Técnicas para  estruturação de carreira na área de vendas

Postigo Consultoria de Gestão Empresarial

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