A homossexualidade assusta a estrutura social em que vivemos, repleta de valores culturais e morais tão confusos, que chega a impedir ou dificultar a busca da felicidade sexual do indivíduo.

A orientação sexual não é uma escolha ou opção, mas a busca da felicidade, esta sim, deve ser uma escolha pessoal para o seu pleno existir.

Entretanto até chegar na felicidade o caminho é árduo e muitas vezes doloroso.

Inicia na infância, quando aquele menino ou menina gosta de brincar com o não considerado normal para seu sexo, diríamos que até no desejo dos pais( quero que seja menino ou quero que seja menina) e segue o trajeto até a adolescência e vida adulta.

“Não compete à psicanálise solucionar o problema do homossexualismo. Ela deve contentar-se com revelar os mecanismos psíquicos que culminaram na determinação da escolha de objeto, e remontar os caminhos que levam deles até as disposições pulsionais.” (FREUD, 1920, p.211).

Freud, o pai da psicanálise já determinava que não precisava-se solucionar e sim entender.

O problema de rotularmos ou estigmatizarmos alguém é que deixamos de considerá-la criatura comum e total, reduzindo-o a uma pessoa estragada, diminuída e depreciada.

Nossas relações com esta pessoa não se norteará mais por ela ser uma

pessoa, um ser humano, e sim, pelo seu estigma.

É mais sábio e humano conhecer sem preconceito para poder compreender.

Como diz Eduardo Alencar(2008):

 “...não existe uma única causa ou determinante para os comportamentos homossexuais. São comportamentos multideterminados por complexa teia de contingências de reforçamento, que se influenciam através do desenvolvimento de cada ser humano e que vão formando pessoas em contínuo processo de transformação, e não homossexuais, como uma entidade substantiva que existe à parte dos outros seres humanos. Todos somos especiais, individuais, originais, diferentes uns dos outros e essa variabilidade, que nunca se repete, vai compondo a humanidade. Como consequência do exposto, qualquer valorização crítica dos comportamentos homossexuais expõe preconceitos de pessoas e de instituições.”

 

Então, o que estamos fazendo ou como estamos reagindo diante deste contexto? Conseguimos ver a homosexualidade como a busca da felicidade, da reafirmação como ser sexual ou como algo a parte de nós, fora da sociedade – discriminado?

Pensando agora no que passa pela cabeça de quem é homosexual, cabe o trecho da música Meninos e Meninas de Renato Russo:

“Quero me encontrar, mas não sei onde estou
Vem comigo procurar algum lugar mais calmo
Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita
Tenho quase certeza que eu não sou daqui.”

Cabe ajudar essa pessoa a saber que é daqui sim, tem espaço e condições de viver como qualquer outra pessoa.

“Me deixa ver como viver é bom
Não é a vida como está, e sim as coisas como são
Você não quis tentar me ajudar
Então, a culpa é de quem? A culpa é de quem?”

 

Não encontrar culpados e sim formas de passar a etapa do medo e chegar a confiança e autoafirmação...

“Preciso de oxigênio, preciso ter amigos
Preciso ter dinheiro, preciso de carinho
Acho que te amava, agora acho que te odeio
São tudo pequenas coisas e tudo deve passar”

 

E vamos acreditar que passa, não é ?

Que podemos acreditar num povo maduro e pronto para  deixar de lado, ou melhor , arrisco a dizer, abandonar a  generalização superficial, chamada "estereótipo" e ver todas as pessoas de forma igual e humana.

Referências bibliográficas:

  1. ALENCAR, E. T. S.  Análise do Comportamento: do que estamos falando? Revista Consciência e Saúde. 2 ed. São Paulo: Uninove, 2008, v. 6, p. 261-267.
  2. FREUD, Sigmund. Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade - Obras completas. 1920.