SOLENIDADE DO NATAL DO SENHOR

REFLEXÃO PARA A SANTA MISSA DA NOITE

Jefferson Monsani

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Ressoa por toda a terra, na beleza desta noite santa, o anúncio aguardado por séculos que, uma vez proclamado, fez mudar para sempre o destino da humanidade: Dirigidas a humildes pastores, representantes da fecunda esperança messiânica que habitava o coração de todo o povo de Israel, sobretudo o de sua porção mais sofredora, tais palavras conduzem antigas profecias a seu pleno cumprimento, anunciando, concomitantemente, o acontecimento mais fascinante e misterioso que já se realizou em nossa história: a encarnação do λόγος (Logos), da Palavra de Deus. Encarnando-se, despindo-se das vestes de glória e realeza, de poder e majestade que possuía junto do Pai, deixando velada, sob a fragilidade da carne humana, a onipotência de sua divindade, o Filho muito amado, mediante esta kenosis, torna-nos, novamente, filhos muito amados de Deus, revelando-nos Sua face misteriosa (Cf. Jo 1, 18), comunicando-nos sua plenitude e um amor que equivale a seu amor (Cf. Jo 1, 16), conforme belamente escreve o apóstolo João no prólogo de seu Evangelho. Com efeito, armando sua tenda entre nós, o Filho faz resplandecer a verdadeira imagem do rosto do Pai, a qual, paulatinamente, fora ofuscada pela sujeira de uma infinidade de leis sem sentido, que acabaram por transformá-lo em um Deus cruel e impiedoso. Celebramos esta liturgia declarando que, em sua essência, Deus é amor, paciência e compaixão (Cf Sl 145), conforme canta o salmista, e não opressão e impiedade. Ante o menino reclinado na manjedoura, desfaz-se a imagem do Deus mais propenso à cólera do que à misericórdia, dando vida à do pai capaz de acolher o filho pródigo que gastou seus bens em uma vida desregrada (Cf Lc 15, 11-32), do pastor que, para recuperar a vida de uma única ovelha tresmalhada, é capaz de deixar outras 99 ovelhas nas montanhas (Cf. Lc 15, 5), do Mestre e Senhor que, fazendo-se servo, se inclina para lavar pés empoeirados (Cf. Jo 13). Em Cristo, doravante, Deus nos conquista pelo amor, não pelo medo!

Comentando o salmo 118 1, Santo Ambrósio apresenta as realidades da Lei e dos Profetas, condutoras do povo eleito até a chegada da plenitude dos tempos (Cf. Gl 4), como boas, mas não fortes o suficiente para sustentar sua esperança, uma vez que somente a Palavra, o λόγος de Deus, é, por assim dizer, digno de sua confiança. E quem é, perguntamo-nos, essa Palavra viva e eficaz (Cf. Hb 4, 12) do Pai, esse λόγος dinâmico, capaz de conferir sentido e alicerce à sua e à nossa existência? É Cristo! E - podemos ainda nos indagar - qual a razão de somente Nele podermos depositar seguramente nossa esperança? A resposta a liturgia que agora celebramos nos concede: o mistério de sua Encarnação, de seu aniquilamento e esvaziamento, o qual fez com que o próprio Deus não somente se aproximasse de sua criação, mas a assumisse em Si, fazendo Sua a totalidade de nossa condição humilde, exceto nosso pecado (Cf. Fl 2). Desse modo, contemplando o mistério do Natal de Jesus, percebemos que a existência do Deus juiz é suplantada pela realidade do Deus compaixão, que, conhecendo nosso nada, toma nos ombros a ovelhinha cansada de nossa humanidade para Nele fazê-la descansar, e essa realidade, além de verdadeira, é muito bela! No Filho encarnado, na singeleza de um recém-nascido, na miséria de um estábulo, brilha o clarão da verdadeira glória de Deus e o rosto do Pai, para todo o sempre, ganha um compassivo sorriso.

O trecho do evangelho segundo Lucas que ouvimos, ao relatar, singelamente, o nascimento do Salvador, eterniza a história e anuncia o mistério. De fato, ao encarnar cada instante da existência humana, ao assumir nossa simples situação de criatura, Deus penetrou em nossa história, na história dos homens, e nela, como toda pessoa humana, construiu uma história pessoal, marcada pelo amor de uma família, pela simplicidade de um lar pobre e uma profissão humilde, pela dor ante a perda de um amigo querido, pela alegria de fazer o bem a todos que Dele se achegavam. Cristo, com efeito, de modo algum pode ter sua real existência histórica fadada ao mito ou à fábula. Em relação à sua natividade, ao apresentarem informações preciosas acerca do tempo e do espaço, os Evangelhos atestam a verdade incontestável de que Ele veio a nós, a ponto de até podermos encontrar relatos que ratificam sua existência nas páginas de historiadores consagrados. Como resposta às nossas perguntas: Onde Ele nasceu? Quando isto se deu? Diz-nos o evangelista: Nasceu em Belém da Judéia, conforme a palavra dos profetas, a fim de que herdasse a descendência de Davi, no tempo em que Quirino era governador da Síria, quando César Augusto ordenou o recenseamento de toda a terra (Cf. Lc 2, 1-2). Belém, a mais pequenina das cidades de Judá (Cf. Mq 5, 1), é escolhida para ver nascer Aquele que nem os céus podem conter, muito embora não consiga reconhecer o mistério de sua divindade oculto, assustadoramente, sob os véus de sua humanidade. Certamente, Ele não é um Deus travestido de homem, tão pouco um homem com poderes sobrenaturais, mas humanidade e divindade coexistindo plenamente na pessoa do Filho muito amado. Conforme ensinam os Padres, Ele é Deus e Homem em plenitude: a plenitude do amor divino humilhado e a plenitude da condição humana glorificada. Eis o mistério que nos é anunciado e para o qual a liturgia desta noite nos reporta. Contudo, para compreendê-lo, é preciso manter constantemente abertas as portas do coração a Deus, ao próximo, sobretudo o mais fraco, à beleza da festa da vida, ainda que constantemente ameaçada pelo mal traidor, à verdade suave de seu Evangelho. Para mergulhar no mistério deste admirabile commercium de dons entre o Céu e a Terra, entre o Criador e a criatura, do Filho que é rosto divino do homem e rosto humano de Deus, é necessário banir de nosso interior a ideia de um Salvador prepotente e vingativo, a fim de podermos enxergar no menino envolvido em faixas o sinal que, muito embora transcendente à nossa limitada capacidade racional de compreender a realidade de Deus, nos revela a grandeza que se esconde na fraqueza, a sabedoria que se oculta na loucura e o amor com que, desde toda eternidade, fomos amados. Do estábulo de Belém emana a luz outrora profetizada, que se eleva acima de toda escuridão, forte o suficiente para extinguir do coração humano as mais densas trevas e de renovar nosso mundo que pouco a pouco cai em ruínas, fechado em seu egoísmo, preocupado demais consigo mesmo e com seus negócios, grandioso demais para aceitar que a epifania de Deus acontece num cocho de animais. Parece estranho perceber que, precisamente, no sublime momento em que Deus vem a seu encontro, a fim de preenchê-la, a humanidade se fecha a Ele, posto que está cheia daquilo que, em contrapartida, Dele só a afasta. Parece insano aceitar que a pobreza possa enriquecê-la, a miséria possa enobrecê-la e a humilhação possa dignificá-la. De fato, o amor de Deus por nós é paradoxal!

Ainda em relação à situação do mundo fechado ao mistério, encontramos uma palavra bastante séria e oportuna no prólogo do evangelho segundo João: "Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram" (Jo 1, 11), isto é, não acolheram a Palavra que tomou carne. Embora traga uma notícia de certo modo dramática, Lucas é bastante direto e nada romântico ao afirmar que o nascimento do Messias se deu numa estrebaria, uma vez que "não havia lugar para eles na hospedaria" (Lc 2, 7). Contudo, ainda que a humanidade se feche de maneira tão mesquinha a seu Salvador, mesmo que, no sinal da hospedaria ocupada, tenha seu interior tomados por realidades maiores, mais atraentes e sedutoras do que a de um pobre recém-nascido, ainda que se negue a saborear a própria vida Deus, na qual o mistério da encarnação a introduz, o Senhor não deixa de amá-la, e é animados por esta certeza que celebramos esta liturgia natalina. O Natal de Jesus, enquanto expressão da fidelidade do Pai às suas promessas, leva-nos a contemplar o amor exagerado com que Deus nos ama, conforme afirma Paulo em sua carta aos Romanos. Anima-o a verdade de que nada nem ninguém neste mundo pode separá-lo deste amor que se manifesta em Cristo (Cf. Rm 8, 38-39), nem mesmo o fechamento impiedoso de alguns que não conseguem reconhecê-lo como o Dom que pode cumulá-los com todos os dons e bênçãos do Céu (Cf Rm 8, 32). Paulo, ao tomar consciência deste amor tão pujante, estabelece com o Senhor uma comunhão tão intensa, que, ultrapassando a dimensão do sentir, alcança a do ser. Doravante, Cristo e Paulo são um só: "Não sou mais eu que vivo, mas é que Cristo que vive em mim" (Gl 2, 20), e isto porque, verdadeira e decididamente, ele se abriu a este graça misteriosa que, conforme ouvimos na segunda leitura, manifestou-se como fonte de salvação para todos os homens (Cf Tt 2, 11).

Talvez Deus tenha nos decepcionado! Talvez o sinal do menino envolvido em faixas e reclinado no cocho, filho de pais pobres e nascido entre animais, tenha se chocado com a imagem do glorioso Redentor ardentemente esperado! Talvez Deus tenha ido longe demais em seu amor, longe demais à nossa humana maneira de pensá-lo! Entretanto, ainda que não O compreendamos, é preciso abrir as portas a Ele; é preciso escancarar, sem medo, as portas a Cristo! É necessário permitir que Ele ingresse na hospedaria do mundo, na casa de nosso coração, na intimidade de nossas famílias, sobretudo daquelas que sofrem com a violência e as injustiças sociais, a fim de que, vendo a Deus com rosto humano, apressemo-nos em perceber que negá-lo significa negar a nós mesmos, significa negar que nossa humanidade, pelo mistério da encarnação, está preenchida com o divino. A partir do momento em que, de fato, acolhermos em nós o Cristo, Deus e Homem em plenitude, conseguiremos unificar nossa sociedade e nosso interior fragmentados, esfacelados, carentes de esperança, sentido e paz!

Celebrando a solidariedade de Deus para conosco, sua compaixão, seu olhar para baixo, para nossa miséria que Ele assumiu a fim de redimi-la, peçamos-Lhe a graça de também sermos solidários e compassivos para com nossos irmãos e irmãs. Ele nos amou primeiro e esta Sua antecipação em nos amar pede uma resposta coerente e efetiva de nossa parte. Acaso poderíamos amá-lo se primeiro ele não nos tivesse amado?, indaguemo-nos com Santo Agostinho, em seu comentário à primeira epístola de São João. O Natal de Jesus nos ensina a perceber que, se éramos preguiçosos para amá-lo, não o sejamos para retribuir-lhe o amor 2.

Amém!

 

REFLEXÃO PARA A SANTA MISSA DO DIA

Fez-se carne e habitou entre nós (Cf Jo 1, 14): é este o mistério que, hoje, nos faz exultar de alegria no Senhor! Alegramo-nos Nele por não nos haver tratado como exigem nossas faltas (Cf Sl 102) e nos ter enviado, cheio de misericórdia, o dom de seu Filho, justamente para delas nos purificar, lavando-nos com o banho do seu amor que resgata, restaura e salva toda criatura. Tal como a chuva é desejada ansiosamente, quando, por um longo período, a terra é assolada pela seca, a vinda do Salvador a nós é iluminada pela imagem das águas que descem do céu para fertilizar o solo e fazer nascer a semente, metáfora bíblica bastante cara à liturgia do tempo do Advento. Irrigada, a semente faz a vida que traz em si ir da potência ao ato, da obscuridade de uma aparente não-existência à luz, à vitalidade, à beleza do existir. Nesta liturgia solene, celebramos a realização da esperança messiânica que o profeta Isaías tão belamente fez subir às alturas em forma de prece: "Céus, deixai cair orvalho das alturas, e que as nuvens façam chover justiça; abra-se a terra e germine a salvação..." (Is 45, 8). O mistério da encarnação do λόγος do Pai, de sua Palavra viva, de seu Filho unigênito, como movimento de quem se humilha, de quem olha para baixo e se compadece é, precisamente, este movimento da chuva que, humilde, desce do firmamento para ressuscitar a aridez da terra. Encarnando-se, Deus rega o chão de nossa vida vazia, abandonada, fazendo-a florescer, doando-lhe sentido, retirando-a do deserto frio e árido no qual se encontrava.

Comentando o salmo 136, Santo Agostinho oferece-nos uma palavra bastante bela e verdadeira: "Ninguém pode dizer a Deus 'Devolve-me o que te demos', porque nunca demos nada a Deus, mas, sempre podemos dizer: 'Dá-nos o que tu nos prometeste', porque, por sua promessa, Deus nunca deixará de nos proteger e salvar". É, com efeito, o cumprimento efetivo desta palavra de Deus que a liturgia deste dia celebra. De fato, desde o início, a promessa única e verdadeiramente necessária do Senhor a seu povo foi a de jamais abandoná-lo à sua própria sorte, às vicissitudes do caminho da vida, à vergonha de suas muitas infidelidades. Na primeira leitura que ouvimos, o profeta anuncia a Israel o grande evangelho de sua libertação do cativeiro da Babilônia, com sua recondução à Jerusalém que, pela misericórdia de Deus, tem sua ruínas reconstruídas. Os sinais proféticos do retorno do povo à sua pátria, conduzido pela mão poderosa do próprio Deus, bem como da reconstrução de Sião, remetem-nos ao mistério da existência de cada ser humano, fadada a inúmeros exílios que, continuamente, lhe são impostos pela sociedade contemporânea. Cristo, pelo mistério de sua encarnação, quer reconstruir a Jerusalém do coração daqueles que jazem exilados no mundo dos vícios, da violência, do individualismo, do consumismo, do vazio existencial, da falta de fé, de esperança e, sobretudo, de caridade, reconduzindo-os à nova Sião que, a partir do estábulo de Belém, começa a ser edificada. O mistério da encarnação de Jesus, desse modo, inaugura um novo tempo na história da humanidade, no qual o homem pode, efetivamente, contemplar a salvação do nosso Deus e, mais do que isso, dela tomar parte. O nascimento do Filho garante a todas as pessoas a proteção e a salvação da promessa de outrora, a todos aqueles que reconhecem que o amor de Deus que se manifesta no cuidado para com o povo israelita, agora, se estende por toda a terra. Neste dia de Natal, celebremos ao Senhor porque Ele é bom, porque o seu amor é para sempre! (Sl 136, 1).

O prólogo do evangelho segundo João que ouvimos nos insere, de modo bastante profundo, na contemplação do mistério de Deus que se manifesta no Filho encarnado. Com efeito, este, que irradia a glória do Pai e O expressa tal como Ele é (Cf. Hb 1, 3), vida e luz sobrenaturais para todo ser humano, é chamado por João de λόγος, com um sentido distante, contudo, daquele que a filosofia grega lhe atribuíra, desde a obscura doutrina de Heráclito de Éfeso. Mais do que harmonia, princípio, razão, o λόγος joanino, traduzido para o latim como verbum, portanto, palavra, é a própria sabedoria criadora de Deus, conforme podemos encontrar na literatura bíblica sapiencial (Cf. Pv 8; Sb 7), mediante a qual Ele cria, conserva e governa o universo. Encarnada, esta Palavra é o meio perfeito de comunicação entre nós e o Pai, uma vez que é a luz divina que ilumina nossa inteligência, bem como a vida divina que vivifica a nossa humana existência. Para esta realidade cósmica de salvação também o autor da carta aos Hebreus nos remete, afirmando a pessoa do Filho como herdeiro de todas as coisas, como palavra criadora de Deus, como Aquele que mantém o universo, estando, evidentemente, acima de toda criatura. Em Cristo, o projeto divino da criação, revelação e salvação encontra sua realização perfeita e definitiva, posto que Ele, fazendo existir toda criatura, revela-lhe a face do verdadeiro Deus e lhe salva pelo sangue de sua cruz.

A grande boa-notícia da encarnação é a de que Deus não está distante de nós! O versículo 14 do evangelho que ouvimos – e a Palavra se fez carne e habitou entre nós – assinala o maior milagre do amor do Pai por sua criação: uma vez que, em certo momento histórico, o λόγος eterno e divino, "Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro (Símbolo Niceno-Constantinopolitano), fez-se homem como nós, assumindo todas as mazelas da natureza mortal, exceto o seu pecado (Cf. Fl 2, 5), todos nós podemos ser filhos de Deus. Fixando sua tenda entre nós, expressão que alude à majestosa e discreta presença de Deus entre seu povo no sinal da nuvem branca, suspensa por sobre a tenda da reunião, o Cristo estabelece entre nós e o Pai uma comunicação perfeita de amor, que exclui a necessidade de intermediários, conforme ouvimos na segunda leitura. O Filho, contemporaneamente, está intimamente unido ao Pai e próximo a nós, solidário conosco, pelo fato de haver tomado nossa carne e se feito simples homem. Deus, doravante, na pessoa de seu λόγος, "cheio de graça e verdade" (Cf. Jo 1, 14), revela plenamente sua majestade e desígnio misteriosos, anteriormente ocultos sob a luz até então inacessível de sua divindade. Ele não está distante de nós, escondido em uma habitação oculta, como os povos da Antiguidade compreendiam seu relacionamento com a divindade. Nosso Deus é essencialmente amor, e como tal, como exige o amor forte e verdadeiro, não poderia nos entregar à obscuridade de uma existência destituída de cuidado e sentido. "Temos aí uma forte exortação para amarmos a Deus", reflete Santo Agostinho. De fato, a força do amor torna-nos próximos, ainda que fisicamente distantes!

O grande mistério da encarnação que hoje celebramos convida-nos a elevar a Deus um profundo hino de louvor e gratidão. No dom inefável do Filho encarnado, Deus manifestou-se plenamente a nós como luz invencível que brilha nas trevas (Cf. Jo 1, 5), convidando-nos a abandonar o caminho iluminado por pequenas manifestações Suas, no qual éramos conduzidos apenas por pequenas luzes, incapazes de extinguir a densa escuridão que turvava nossos olhos. Porque Cristo apareceu como epifania total de Deus, não estamos mais condenados a caminhar desorientados pelo mundo. Ele é a Esperança que dá sustento a todas as outras esperanças e sem a qual estas pequenas esperanças se perdem, conforme assinala o Santo Padre Bento XVI, o Horizonte através do qual vislumbramos o destino certo de todos aqueles que amam: a Eternidade, o coração compassivo de nosso Deus. Celebrando o Natal do Salvador, o momento sublime em que o Pai introduz seu primogênito no mundo (Cf. Hb 1, 6), peçamos-Lhe que abra as portas de nosso coração à beleza do mistério de sua encarnação, a fim de que a chuva de amor que, simbolicamente, assinala sua vinda a nós, revitalize a aridez de nossa vida desanimada e ilumine a escuridão de nosso interior fechado em si mesmo. Peçamos-Lhe, contemplando-O reclinado na humildade da manjedoura, a graça de compreender que o pobre estábulo de Belém é, agora, o santuário sobre o qual paira a verdadeira glória de Deus, no qual se eleva o culto agradável a seus olhos: o da compaixão! (Cf.)

Amém!

1Enarrationes in Psalmos 118, XV, 23-24.

2In Epistolam Ioannis ad Parthos tractus decem VII, 7.