Edson Silva

Exceto por achar (às vezes sou criticado por isso) que realidade é oposta ao que sonhamos, não sonhos em termos de aspirações, mas sonhos literais, aqueles em que estamos dormindo, que podem ser bons ou ruins, estes chamados pesadelos, não vejo nestas misteriosas manifestações nada de premonição, fato que ocorria e tem até relatos bíblicos em tempos distantes.

Mas, pelo menos comigo, tem sonho ou pesadelo que marca tanto que chego anotar alguma coisa, não com objetivo de conferir se algo acontecerá, mas principalmente porque são dignos de relatos ou como diz um dos meus filhos, são verdadeiros roteiros de cinema. Agora, no auge de meus 49 anos, completos dia 8, decidi relatar no primeiro artigo com idade nova, mais um sonho/roteiro, vivido na madrugada de 28 de dezembro, com direito a algumas anotações em papel, que sinceramente nem sei se conseguirei decifrar.

O caso se encaixa em pesadelo e começa como "flash back", em preto e branco, de acalorada sessão numa Câmara Municipal onde um vereador detona algumas pessoas, passando de agressões verbais para físicas e outro edil tenta acalmar o colega de Legislativo. A coisa vira desespero quando as agressões passam aos requintes da crueldade, que incluem fogo e tudo mais. Na sessão "cine/pesadelo", o vereador e mais outro tentam pegar um casal, em determinado momento o rapaz é deixado na mira de um caminhão, mas safa-se.

Em seguida, ele é arrastado para os trilhos do trem, a locomotiva freia, os vagões descarrilam e não ocorre o iminente atropelamento. Em seguida, o cenário muda e parece que inúmeros repórteres estão na cidade deveriam ser julgados os autores da remota noite de terror. Mas os cenógrafos de sonhos ou pesadelos são rápidos e tudo muda outra vez... Agora o local lembra uma viela um dos vereadores do ataque com fogo discute com um casal, seria o mesmo das tentativas de homicídio?

Umas dez pessoas, entre elas eu, assistem a discussão e vêem o vereador sair irritado para em seguida voltar armado e acompanhado por pelo menos oito homens também armados. Tento pedir para ele não fazer uma besteira, mas sou ameaçado pelas demais armas. O cara entra no terreno e o que se houve é mais de uma dezena de tiros. Em seguida ele sai, é repreendido pelos próprios comparsas, mas alega "legitima defesa" e fala para chamar o delegado.

Para minha surpresa, o delegado é um político conhecido meu, que eu nem sabia ser policial. Falo ao vereador "jagunço" ser brincadeira ele querer dizer que o crime bárbaro foi "legitima defesa". Nem me importo com várias armas ao alcance dele, que nem mesmo estava algemado. Fico ainda mais impressionado com a frieza do cara quando ele manda um rapaz baixinho se aproximar de cartazes com preços de aeromodelos (helicópteros), pois o filho dele queria alguns, pois tinha enjoado de pipas, mesmo as modernas prateadas e em diversos formatos que eu tinha visto lá fora, pois elas eram facilmente roubadas... Leitor! É possível tanta cara de pau?! Foi só sonho, mas bem poderia ser cena de filme da máfia...

Edson Silva, 49 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré.
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