Capítulo I


                O cristianismo surgiu no século I, na Galileia, durante o governo romano de Otávio Augusto, período em que o Império foi invadido por concepções religiosas provenientes do Oriente (fundamentalmente, do Oriente Próximo). Difundiu-se como religião após a morte de Jesus Cristo, onde doze apóstolos passaram a fazer reuniões particulares nas quais recordavam os ensinamentos do Mestre. Conquistaram, assim,  as camadas populares, graças ao trabalho dos apóstolos e principalmente porque a mensagem cristã ia de encontro com os sentimentos dos homens pobres e explorados do Império, principalmente os escravos.

                               Segundo BURNS (1993, P. 172)

 

“o principal fato cultural da fase final da história antiga foi à disseminação e a triunfo do Cristianismo por todo o mundo romano. A principio o Cristianismo era apenas uma dentre várias manifestações da tendência geral no sentido do espiritualismo, mas no século IV foi adotado como Religião Oficial de Roma, e a parti de então se tornou uma das maiores forças que plasmaram o desenvolvimento do Ocidente”.

Mas, durante o governo de Nero, ainda, teve início uma perseguição aos cristãos, porque eles se recusavam a adorar os deuses romanos (sustentáculos ideológico da sociedade e do Estado Romano) e não queriam prestar serviços no exército, além de negar a divindade apresentando, com o Cristianismo, uma concepção revolucionária para a época.

O sistema econômico, social e politico do Império Romano Funcionou perfeitamente nos dois primeiros séculos da Era Cristã. Porém, no século III, começa uma crise econômica e social geral no império, devido a uma diminuição da produção nos latifúndios com a escassez de mão-de-obra, especialmente de escravos. O processo de cristianização romano tem explicação em três fatores principais, baseados em questões militares, religiosas e econômicas; esses fatores podem ser sintetizados em: a aristocracia aderiu ao Cristianismo; as comunidades cristãs enriquecem e começam a eleger bispos, diáconos e outros como os administradores de seus bens; da união de várias comunidades cristãs surgiu a Igreja Católica, hierarquizada e burocratizada, sediada em Roma.

Já Diocleciano, com a politica de fortalecimento do poder, organizou a última perseguição aos cristãos. Aos poucos, a Igreja Cristã se tornava um dos sustentáculos do poder do imperador, depois que proporcionou liberdade de culto aos cristãos. Em 380, Teodósio I, outro imperador, transformou o Cristianismo na Religião oficial do Estado Romano, Em 395, com a morte de Teodósio, o Império Romano foi dividido entre seus dois filhos: Arcádio ficou com o oriente, tendo por capital Constantinopla, e Honório ficou com o Ocidente, cuja capital continuou sendo Roma. A partir desse período, a separação entre Ocidente e Oriente foi se acentuando cada vez mais. O ultimo imperador romano do Ocidente, Rômulo Augusto, tinha sua autoridade restrita praticamente á cidade de Roma. Os hérulos, membros dos exércitos romanos depuseram-o em 476, colocando no poder seu chefe Odoacro, que se intitulou rei da Itália. Acabava, assim, a autoridade já enfraquecida, na prática, do Império Romano do Ocidente.

                Devemos considerar fundamental. Que:

 

“a adoção, do cristianismo pelo Império Romano foi iniciada por Constantino e completada por Teodósio. Constantino não chegou a tornar o cristianismo a religião oficial do império, mas favoreceu-o  claramente, é provável que o tenha feito porque associou sua própria conversão a fé (por volta de 312) com uma ascensão de sua estrela politica e por esperar que o cristianismo trouxesse unidade espiritual a um império que passava por uma crise de desmoralização e de divisão religiosa. Alguns de seus sucessores, educados na religião cristã, foram muito além nesse sentido, ao ordenarem a perseguição dos pagãos de maneira mais impiedosa do que certos imperados pagão haviam antes perseguidos os cristãos. O cristianismo teria provavelmente triunfado de qualquer maneira, simplesmente com apoio oficial, pois os funcionários em geral apressava-se a adotar a religião de seus senhores”.

Percebemos, aqui, a relação intima entre cristianismo e estado. Mais que isso, a utilização da religião como aparato ideológico para a conservação do Império Romano que agonizava pelas contradições internas e pelas contradições que apresentava com o não romano, aos “bárbaros”. Constatamos, ainda, que com a oficialização do Cristianismo, as relações entre romanos e “bárbaros” se transfere, obedecendo a especificada, também, na relação entre cristãos e “pegões”. Essa relação, estendida, parece-nos ser mais um mecanismo de obscurecimento das relações de classe, uma vez que o entendimento para os problemas do Império Romano acabavam sendo transferias para essa relação extremamente subjetiva, e não sobre as relações concretas-materiais entre, por exemplo, senhores e escravos.

                Além do que, vitima das contradições internas e do esgotamento da crise de fornecimento de mão-de-obra para o trabalho escravo, o Império, já enfraquecido e agonizante, desde o século III, teve nas invasões germânicas do século V, apenas mais um fato de ultimação de sua morte, mas não sua causa fundamental.

Os povos germânicos não possuíam escrita, e suas leis estavam baseados nos costumes, o que influenciou no mundo medieval. De inicio eles constituíam “comunidades pagãs” (na concepção cristã de religião e divindade) nas quais ancestrais clânicos eram cultuados. Entretanto, ao organizarem seus reinos no território do antigo Império Romano d Ocidente, foram cristianizados rapidamente pela Igreja Católica. A partir do século V, a Igreja Católica ocupou papel fundamental na Sociedade Feudal, não só por ter se tornado grande proprietária de terras, mas também por ter modelado parcela importante da concepção de mundo que passou a permear as ordens sociais. A igreja mantinha um ideal de unidade e universalidade, ao impor o conceito de cristianismo. Seu controle sobre os valores culturais e morais era exercido através do monopólio da religião. O sistema de ensino, muito restrito, ficou sob o domínio da Igreja até o século XIII. Numa sociedade onde as forças produtivas ainda eram rudimentares, a insegurança constituída marca, característica da mentalidade dominante, por isso a tendência a interpretar os acontecimentos como manifestação da vontade divina. A Bíblia era considerada a única fonte de verdade, e os padres e doutores da Igreja, seus únicos intérpretes. Dessa forma, a igreja justificava a servidão ao considerar a sociedade como de origem divina; exaltava a vassalagem, ao comparar a fidelidade ao suserano com a fidelidade a Deus. Proibida o lucro e a usura e controlava as disputas entre os senhores feudais, chegando a estabelecer a "Trégua de Deus", que proibia as lutas em certos dias da semana e nem certas épocas do ano, regulamento as relações familiares e estabelecendo regras para o casamento.

                A Igreja, de modo feral, e o senhor feudal, de modo particular usavam um sistema de coação que atingia todos os produtores, fossem elas servos ou vilões. A exploração econômica se sustentava na coerção pololítica e ideológica.

                Na Europa, no período medieval, questionar a Igreja era questionar todo fundamento da sociedade feudal e não apenas o Clero, mas também os nobres leigos e os próprios reis, que imprimiam fortes combates ás heresias, movimentos populares espontâneos contra a hierarquia eclesiática e a doutrina da igreja. Os hereges pregavam a renúncia aos bens do mundo e culto da humildade e da pobreza e a necessidade de uma reforma moral e espiritual. Os movimentos herétivos acabatam por organizar seus fiéis em igreja próprias, intensamente perseguidas e violentamente massacradas. A luta contra os hereges acabou por levar a organização do Tribunal da Santa Inquisição.

                Da crise moral da Igreja resultou o aparecimento de um movimeto reformista no seio da própria Igreja.

                No século XI, o Papa Gregório VII, tentou reformar o Clero secular instituindo o celibato clerical, proibindo a investidura de leigos em cargos eclesiáticos para acabar a Simonia (comércio dos bens e relíquias sagrada da Igreja). Com essa tentativa de moralização da Igreja Catóica acabou por surgir ordens medicantes: os Fransciscanos e os Dominicanos, movimentos de apoio ao papado e de combate ás heresias. Entendemos que, a parti de Francisco de Assis, processa-se uma atuação de parte da Igreja Católica frente á pobreza que assolava a Europa nesse período; dessa forma, podemos constatar um ínicio de uma prática de "assistência social". É claro que as Ordens Religiosas, Franciscana e Dominicana, atendiam a interesses da igreja na medida que introduziam uma prática que minimizava a imagem constrída de uma grande "senhora feudal", acumuladora de terras e riquezas.

                Mas, mesmo assim, a Igreja continuou a ser a grande proprietária de terras e riquezas da Idade Média, mais preocupada com a manuntenção dos seus privilégios do que com o destino dos fiéis.

                Ainda no século XI, surgiram as Cruzadas, movimentos militares-religiosos que tinham por finalidade expulsar os árabes dos lugares santos. No entanto, o contexto das Cruzadas deve ser entendido como parte de um processo em que a Europa estava ficando na defensica e sem condições de reagir em relação aos árebes, que controlavam todo o Mediterrâneo e tinham se apoderado de grande parte da Península Ibérica. As cruzadas serviam de " escouradouro" do excedente populacional da Europa, principalemnte para a mssa marginalizada que vivia pelas ruas dos burgos e cidades. As Cruzadas significaram a aquisição de terras e riquezas fáceis no Oriente. Para a Igreja Católica, o movimento cruzadista tinha como motivação trasnformar a guerra numa "guerra justa", a lita contra os infiéis.

                Assim, criando uma "unidade de espiríto", o papado queria consolidar seu domínio sobre toda a Europa Ocidental. Queria também implantar seu prestígio no Oriente com a reunificação entre as Igrejas Católica Apostólica Romana e Católica Ortodoxa, colocando, dessa forma, sob o seu comando a Igreja Bizantina.

                A constribuição das Cruzadas foi a consolidação do Renascimento Comercial europeu, ao expulsar as árabes do Mar Mediterrâmeo, e ao permitir o domínio do grande comércio á distância pelas cidades italianas. As especiarias e os artigos de luxo do Oriente entravam pelos portos das cidades italianas e eram distribuídos por toda a Europa permitindo a ampliação do comércio europeu. Em decorrência, as cidades italianas como Gênova, Veneza e Nápolis, tornaram-se prósperas passando a monopolizar o comércio dos produtos orientais. Levaram, mas suas fileiras, muitos nobres, que ao partirem, deixavam suas terras nas mãos de administradores, que arrendavam para das terras aos camponeses. Estes passavam a cultivá-las por conta própria. Muitos servos abandonaram os feudos, aproveitando-se da ausência do senhor. Os servos aos poucos iam recebendo o pagamento por jornada de trabalho, e as obrigações dos servos para com os senhores com~çaram a diminuir, isto porque muitos senhores passaram a aceitar o seu pagamento em dinheiro ( e não em dias de trabalho, como até então), ou a libertar seu servo em troca de certa quantidade de moeda.

                Em síntese, podemos concluir, de acordo com BURNS (1993, p. 279), que;

                               " A ascensão e aqueda do moviemento das cruzadas estiveram relacionadas estreitamente á fortuna da monarquia papal da Idade Média. A primeira cruzada foi iniciativa no papado, e seu sucesso representou uma grande vitória inicial para a monarquia papal. Contudo, o posterior declínio do movimento cruzadista contribuiu para minar a autoridade temporal do papa. Assim, as cruzadas podem ser vistas como parte de um capítulo da história do papado e da religião. Ademais, elas inauguram o primeiro capitulo da história do imperialismo ocidental".

                No entando, com a introdução do trabalho assalariado no final do século XIV, a nobreza feudal enfraquecia economicamente; em contrapartida, os burgueses lucravam com aimplantação dessa forma de mão-de-obra uma vez que seus produtos estavam sempre em alta.

                Durante esse período, as relções comercias eram estabelecidas entre o Sudeste da Ásia, o Norte da África e a Europa. A parti do século XV, com a circunavegação da África e a  "descoberta" da América, expandiram-se as regiões produtoras e consumidoras surgindo o "mercado mundial".

                Nos portos portugueses, como intermediários desse comércio, surgiu um forte grupo mercantil, formado por portugueses, flamengos, genoveses, venezianos, ingleses e outros. A mundança das rotas comerciasi européias fortaleceu ainda mais a burguesia do Litoral, interessada em apropriar-se do comércio oriental de especiarias e artigos de luxo, aliando-se á monarquia Nacional Portuguesa na busca do caminho marítimo para as índias.

                Em 1454, o Papa Nicolau V, assinou a Bula Pontifex, que permitiu a escravidão dos muçulmanos, "pagões" e outros "inímigos" de Cristo, dando exclusividade aos portugueses para escravizar os negro. Dessa forma, mais de dez mil negros eram enciados anualmente para Portugal. Á parti do século XV, as monarquias européias e os mercadores passaram a participar diretamente da orgazização da produção nas colônias americans, formando o Sistema Colonial nas Américas, inclusive no Brasil.

                A igreja veio de Portugal para o Brasil, trazendo toda uma estrutura como o intuito de fazer com que os índios fossem evangelizados para aumentar seu poder nesta terra, e para inserir estes índios no mundo do trabaçho mercantil (deviam, antes, ser evangelizados, pois eram considerados "pagões").

                Um dos condicionantes para a ofensica da Igreja Católica sobre os povos "descobertos", foi a Reforma Protestante, um movimento que provocou três mudanças importantes na Europa: quebrou a unidade da Igreja Católica, duvidou e questionou a autoridade papal, e também questionou uma série de dogmas colocandos pela Igreja Católica.

                Devemos levar em conta que:

"A revolução protestante procedeu a múltiplos causas, na maioria relacionadas com as condições políticas e econômicas da época. Nda seria menos exato que julgar a revolta contra a Igreja Romana um movimento exclusicamente religioso, ainda que as idéias religiosas ocupassem lugar destavado no espírito dos europeus do século XVI. Mas se não fossem as mudanças políticas fundamentais ocorridas na Europa setentrional e o desenvolvimento de novos interesses econômicos, é possivel que o carolicismo romona não tivesse sogrido mais que evolução gradual" (BURNS, 1993: p. 377)

                O protestantismo se espalhou por toda a Europa, e para conter o seu crescimento, a Igreja Católica organizou a sua reação através do Concílio de TReno, mediante as Companhias Religiosas que tianham a missão de expandir a fé cristã em todas as Colônias européias espalhadas pela América, pela Ásia e pela África, além de, ainda, através dos Tribunais de Insquisção, punir todos aqueles que praticavam heresinas contra ensinamentos da Igreja.