A Dengue foi disseminada mundialmente nos séculos XVIII e XIX através da indústria de navegação e comércio, ela foi responsável por epidemias devastadoras em cidades portuárias pelo fato de seu principal vetor, o mosquito Ae. aegypti, ter sido levado nas embarcações. Todavia, no século XX, logo após a Segunda Guerra Mundial, a dengue não era considerada problema de saúde pública nos países tropicais do continente americano (GUBLER, 1997).

            Já, no sudeste asiático, os danos ambientais causados pela guerra, o rápido desenvolvimento econômico e o aumento do tráfego comercial, que ocorreu nos anos 50, acarretaram no aumento exponencial da transmissão da dengue.Foi observado o começo de uma pandemia ocasionando a emergência da FHD. Posteriormente, houve intensificação dessa pandemia, devido à expansão da distribuição geográfica tanto do vírus quanto do mosquito e o aumento da transmissão epidêmica do vírus (GUBLER, 1997).

            Há registros de várias epidemias que aconteceram no século passado, como na Austrália (1904 a 1905), no Panamá (1904 a 1912), na África do Sul (1921), África Oriental (1925), Grécia (1927 a 1928), Filipinas (1956), Tailândia (1958), Vietnã do Sul (1960), Singapura (1926), Malásia (1963), Indonésia (1969) e Birmânia (1970) (COSTA, 2001).

            Até a década de 1990, a região mais atingida por dengue era o Sudeste Asiático. Contudo, começaram a se destacar os países das Américas Central e do Sul, contribuindo, a partir de então, com muito mais da metade dos casos de dengue (TEIXEIRA et al., 2008). Outro dado que chama a atenção é a menor proporção de casos de FHD nas Américas ante a expressiva incidência de casos de febre do dengue (FD) (TEIXEIRA et al., 2005; HALSTEAD, 2006) e também o fato da dengue no Sudeste Asiático ser uma doença predominantemente infantil (HALSTEAD, 2006; SIQUEIRA-JR. et al., 2005, TEIXEIRA et al., 2005) e no Brasil ocorrer de forma muito mais elevada em adultos até 2008, quando houve um súbito aumento no número de casos entre menores de quinze anos, tanto de FD como de FHD (BARRETO e TEIXEIRA, 2008). Mas, no país como um todo, isso já vinha acontecendo, porém de forma menos visível, nos internamentos por FHD ocorridos no ano de 2007. (TEIXEIRA et al., 2008).