Seu Francisco era um homem sistemático, daqueles que o fio de bigode valia a palavra. Veio da Bahia para Goiás ainda jovem. No fim dos anos 70, mudou-se para Nerópolis e era bastante conhecido pelas histórias que gostava de contar. Costumava passar as tardes ali,, co escritório da Saneago,, embaixo de um pé de manga, contando seus casos, lembranças do passado. Todos gostavam de ouvi-lo. Bom de prosa, detestava quando alguém duvidava de suas histórias. Certa vez, contava que havia morado numa chácara, perto de Goiânia, onde tinha uma plantação de mamão. Mas não era um mamão qualquer, era o mamão de arroba, que chegava a pesar mais de quinze quilos. Um senhor que ouvia a história, num tom duvidoso e sarcástico, pergunta: 

--- Seu Francisco, isso não é jaca? 

Irritado, ele saiu resmungando cobras e lagartos. 

     Insatisfeito com aquela situação, resolveu ir até à chácara onde morou. Duvidar de um homem sincero e honesto como ele, está errado! Pegou o ônibus e foi para Goiânia. Chegando à chácara,, por sorte, o dono ainda cultivava o tal do mamão. Contou o ocorrido para o moço e disse que estava ali a fim de levar um mamão para provar que era um homem de palavra. Com a permissão do dono, escolheu um dos naiores, ainda verde, e voltou para Nerópolis. 

     Já em Nerópolis, a caminho de casa com aquele imenso mamão nas costas, por coincidência, encontra com o senhor que havia duvidado de sua palavra. Admirado, o homem pergunta: 

--- Seu Francisco, isso é mamão? 

--- Não, isso é uma jaca! Nunca viu uma jaca não? 

--- Que isso, seu Francisco, me desculpa! 

Seu Francisco deixou o homem falando sozinho e saiu resmungando.