Historias de Chico Buarque

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O Chico já foi malandro

Já teve um filho pivete

Já salvou a cidade com a Geni

E depois mandou pedra na mulher

Já levou a moça pra dançar

Já subiu na construção

Atravessou a rua com seu passo timido

Já pediu pro pai, afastar o cálice

Com vilho tinto de sangue

Já viu a banda passar 

Cantando coisas de amor

Já teve um caro amigo

Já ganhou presentes e documentos do guri

Já foi chamado de vagabundo

Já foi roubado pela Rita

Que levou o seu sorriso

Provou que o negro não suja na entrada e nem na saída

E que a noiva da cidade é descuidada

Deixa a janela escancarada

A Rosa arrasou o seu projeto de vida

E acredita que um dia ela volte pra casa

Já foi viajante e andou por aí

Tinha uma vizinha boa

Que usava um vestido grená

Malandro voltou á praça outra vez

Nas pontas dos pés

Acalentou Helena e disse pra ela

Que não vale apenas despertar

Já acordou seu amor gritando

Chame o ladão, chame o ladrão

Já vez a cama sobre os jornais

Amou noites a fio

Fazendo entornar o rio

Falou a Barbara nunca é tarde

Nunca é demais

Pra mim basta um dia

Não mais que um dia 

Depois foi ao brejo da cruz

Ver o meninos ficarem azuis

Depois mandou prender o boi voador

Seja esse boi quem for 

Não pode voar disse ele

Depois ariscou um bom conselho

Faça como eu digo

Faça como eu faço