Durante a história do Brasil, diversos métodos foram utilizados no processo de alfabetização, é muito importante o conhecimento dos mesmos para que possamos refletir sobre o nosso fazer pedagógico hoje.

A partir do final do século XIX a educação brasileira ganha maior importância, principalmente devido à Proclamação da República, e o Estado se preocupa em criar uma população com mais acesso à educação para a implantação de uma nova fase política e social.

Segundo Mortatti (2006), em relação aos ideais republicanos, saber ler e escrever se tornou instrumento privilegiado de aquisição de saber imperativo da modernização e desenvolvimento social.

Mortatti (2006), divide os métodos em quatro principais momentos:

O primeiro momento é denominado por ela como a metodização do ensino da leitura, marcado entre 1876 e 1889. Este período foi marcante pelas famosas cartas de ABC, nesta época o material utilizado era muito precário. Era utilizado o método de marcha sintética (da parte para o todo): que se destacava pelo principio de síntese partindo das menores unidades da língua que são as letras para as sílabas até chegar às palavras e textos; da soletração (alfabético), partindo do nome das letras; fônico (partindo dos sons correspondentes às letras); e da silabação (emissão de sons), partindo das sílabas. Com o ensino a partir da parte para o todo, ele aumenta seu grau de dificuldade em ordem crescente, aprendia-se as letras, as sílabas, as palavras, montava se frases até chegar aos textos.

O segundo momento foi denominado institucionalização do método analítico, este método tem forte influência da pedagogia norte americana e deriva de uma concepção biopsicofisiológica da criança que tem uma forma de entre um mundo entendido como sincrética. Neste método o ensino deriva a partir do todo; para depois ir para as partes onde se privilegia a análise enfocando o sentido dos textos para a memorização e a partir das silabas.

As cartilhas também, a partir deste momento, começaram a ser feitas com base nesta nova concepção de ensino, este período se estende até 1920 e foi aí que o termo alfabetização começou a ser utilizado.

Em torno de 1920, devido à autonomia didática proposta pela Reforma Sampaio Dória¹, os professores começaram a ter resistência pelo método analítico e começaram a buscar novas estratégias para o ensino da leitura e da escrita. Neste terceiro momento, ainda havia disputas entre os defensores do método sintético e do método analítico. Porém, este período foi marcado por métodos mistos ou ecléticos (analítico-sintético e vice-versa) e as cartilhas também começaram a ser feitas a partir desta concepção.

Este terceiro momento, foi também conhecido como alfabetização sob medida, ligado a maturidade da criança sob quem ensina, por isto é comum falar sobre o período preparatório, onde o aluno passa por vários exercícios de discriminação visual e motores para serem preparados para a alfabetização, assim, o método se subordina ao nível de maturidade das crianças, há predomínio da ordem psicológica no ato de alfabetizar.

A partir de 1980, devido às urgências políticas e sociais, entrou no Brasil o pensamento construtivista sobre a alfabetização, devido as pesquisas sob a psicogênese da língua escrita desenvolvidas por Ferreiro e seus colaboradores. Segundo Mortatti (2006), o construtivismo não se apresenta como um método, mas como uma revolução conceitual, onde faz do aluno um sujeito cognoscente e questiona as antigas práticas de alfabetização e o uso das cartilhas.

Segundo Mortatti (2006), neste momento funda-se outra tradição: a desmetodização da alfabetização devido a ênfase em quem aprende e como aprende a língua escrita (lecto-escritura). Foi também incorporado o pensamento interacionista que baseia-se na ideia em que o texto é a unidade de sentido da linguagem e deve ser tomado como objeto de ensino no processo de alfabetização.