Isac Ferreira

Resumo

O artigo analisará a história e sexualidade embasado no livro "Domínios da História" do autor Ciro Flamarion, sendo o texto de Magali Engel. Para isso, recorre-se ao historiador Michel Foucault e sobre a sua hipótese repressiva a qual ainda não estamos completamente livres. Tratará também de algumas possibilidades de abordagens do cotidiano e sexualidade presente na historiografia brasileira.

Palavras-chave: sexualidade, abordagens e historiografia.

A SEXUALIDADE COMO OBJETO DA HISTÓRIA
A sexualidade afirma-se, cada vez mais, como um objeto fundamental na busca da compreensão dos possíveis significados das relações humanas, consideradas nos seus variados e complexos sentidos. A partir de 1984, percebe-se um crescente interesse dos historiadores em torno das recentes transformações dos costumes herdados do século XIX. Alguns historiadores buscam caminho na história dos discursos sobre o sexo, outros, porém, apontam para uma história das vivências e do cotidiano da sexualidade. Como personagens privilegiados da história da sexualidade destacam-se as mulheres e os homossexuais. Contudo, as investigações históricas que buscam compreender as relações homossexuais em diferentes sociedades podem contribuir no sentido de se pensar os significados mais profundos complexos das relações hetero e homossexuais no mundo contemporâneo. Pág: 297-300.

OS CAMINHOS ABERTOS POR MICHEL FOUCAULT
Michel formulou sua tese central sobre a história da sexualidade em torno da questão da hipótese repressiva e da qual talvez ainda não estivéssemos completamente liberados. Para ele a repressão não é o elemento essencial para se pensar a questão da sexualidade nas sociedades contemporâneas. Para Foucault, a crítica da repressão poderia revelar-se tanto como um novo episódio na atenuação das interdições, quanto como forma mais ardilosa ou mais discreta de poder. Foucault decide reorganizar o plano de pesquisa original, buscando reconstruir e compreender a elaboração durante a Antiguidade greco-romana. Marilena Chauí diz que: "a idéia central de Foucault é que a liberação sexual não passa pela crítica da repressão sexual, mas pelo abandono do discurso da sexualidade e do objeto sexo e pela descoberta de uma nova relação com o corpo e com o prazer."(pág: 304). Pág: 301-304.

O COTIDIANO DA SEXUALIDADE: POSSIBILIDADES DE ABORDAGENS

A partir de 1975, propõe-se a fazer uma história da sexualidade entendida como uma história das práticas, dos comportamentos e dos gestos sexuais, numa perspectiva distinta, portanto, da defendida por Michel Foucault. A produção historiográfica caracterizada por abordagens do cotidiano da sexualidade tem-se tornado cada vez mais expressiva, talvez em conseqüência da Nova História. Na historiografia anglo-saxônia tem surgido contribuição significativa para a história cotidiana das relações sexuais e afetivas. Na norte-americana apareceram campos férteis para o estudo das questões relacionadas aos comportamentos sexuais. Entre as fontes privilegiadas para o estudo da sexualidade, os processos jurídicos, civis ou criminais e eclesiásticos apresentam-se como uma das mais importantes. Engel nos diz que para decifrarmos os comportamentos sexuais característicos de uma determinada sociedade, é preciso tentar penetrar no universo complexo de seus valores, crenças, mitos etc. Pág: 305-307.

A PROBLEMÁTICA DA SEXUALIDADE NA HISTORIGRAFIA BRASILEIRA

A partir dos anos de 1980, verifica-se um interesse crescente dos historiadores brasileiros por temas relacionados ao sexo. Embora as pesquisas desenvolvidas nessa linha expressam uma íntima vinculação com a produção historiográfica da chamada Nova História, é importante assinalar que tal produção tem-se caracterizado por uma busca constante no sentido de empreender abordagens originais e mais adequadas as especificidades da sociedade brasileira. Engel finaliza dizendo que a história da sexualidade pode representar o aprofundamento de reflexões bastante significativas em torno da vida cotidiana e das tensões e conflitos considerados em sua dimensão microscópica. Pág: 308-311.

Referências Bibliográficas

ENGEL, Magali. História e Sexualidade. In. FLAMARION, Ciro. VAINFAS, Ronaldo. Domínios da História. Rio de Janeiro. Ed. Campus, 1997, pp. 297-311.