HISTÓRIA DAS IDÉIAS POLITICAS               

Claudio Silva Peixoto [1]

RESUMO: O presente estudo tem como objetivo analisar a História das Ideias Políticas na obra de Olivier Nay no que concernem as três  temáticas, a primeira: O pensamento  político da Idade Média: da ordem cristã à “renascença” filosófica. A segunda: A Revolução Francesa e seus prolongamentos: do povo soberano ao governo representativo. E terceiro: A questão democrática na aurora do século XXI. A obra História das Ideias Políticas  (2007), de Olivier Nay, demonstra com propriedade e clareza sobre o pensamento político e filosófico os quais permitem maior compreensão de como os pensadores através de suas ações teóricas ou práticas puderam criar, desenvolver e fixar determinados elementos sociais, políticos, culturais e não menos importante religiosos nas estruturas sociais da humanidade.  Denota-se que em dados momentos da história foram triviais, onde se fizeram grandes revoluções e embates ideológicos em busca dos ideias revolucionários ou da permanência dos antigos regimes de dominação. Contudo seria inevitável fugir das novas formas de pensar e agir daqueles que se sentiam prejudicados ou até mesmo pressionados mediante as novas estruturas sociais emergentes principalmente no tocante da transformação dos pequenos bairros em cidades mais modernas e sujeitas a absorção de novas formas de viver, atrelado às novas ciências e filosofias que aos poucos mudavam as antigas práticas sociais. Surge então à modernidade como fruto de muitos conflitos, lutas, mas também de uma dialética entre aqueles que encabeçaram as mudanças. Não se pode conceber jamais que todas essas transformações nasceram de uma hora para outra, a de convir que muito antes das grandes transformações ideológicas houvesse-se outras conjunturas contrárias as formas dominantes que aos poucos iriam se modificando tendo como resultado em médio ou em longo período as mudanças almejadas.  

PALAVRAS-CHAVE: Ideias; Mudanças ; Revoluções .

ABSTRACT: This study aims to analyze the History of Political Ideas in the work of Olivier Nay as concern the three themes, the first: The political thought of the Middle Ages: Christian order of the "renaissance" philosophical. The second: The French Revolution and its extensions: the sovereign people to representative government. And third: The democratic question at the dawn of the twenty-first century. The work History of Political Ideas (2007), Olivier Nay, demonstrates ownership and clarity about the political and philosophical thought which allow greater understanding of how the thinkers through their theoretical or practical actions could create, develop and secure certain social elements , political, cultural and not least religious in the social structures of humanity. Denotes that at times history data were trivial, where he made great revolutions and ideological struggles in search of revolutionary ideas or permanence of the old schemes of domination. However it was inevitable escape the new ways of thinking and acting of those who felt harmed or even pressured by the new emerging social structures particularly concerning the transformation of small neighborhoods in most modern cities and subject the absorption of new ways of living, tied to new sciences and philosophies that gradually changed the old social practices. Then comes modernity as the result of many conflicts, struggles, but also a dialectic between those who spearheaded the changes. One can not conceive ever that all these transformations born of a sudden, to agree that long before the major ideological transformations there are other conflict situations the dominant forms that gradually would be modifying resulting in medium or long period the desired changes. 

KEYWORDS: Ideas; Changes; Revolutions.

 

INTRODUÇÃO

                No que concerne as grandes transformações do século XXI percebe-se que há causas anteriores a essas transformações seja no campo da filosofia, ciência, cultura ou da polícia. O trabalho tem como objetivo elucidar com maior clareza sobre as questões ideológicas , estruturas politicas e sociais que em dados períodos da história da humanidade conseguiram trazer rupturas quebrando toda uma forma de agir e de pensar das estruturas sociais da época. Na idade média principalmente com os dogmas da igreja católica o qual rejeitava a temporalidade política dos homens dando lugar aos poderes celestes, mas ao mesmo tempo agiam sob as duas perspectivas temporal e divina para legitimação do poder, contudo houve-se grandes debates e criticas a esse domínio surgindo também novas ideologias politicas , sociais e religiosas causando profundas transformações nas esferas de poder da época.

              Um dos grandes períodos de transformação das esferas ideológicas foi o advento da revolução francesa ( século XVIII).  A França passava por grandes inflações. A fome e a miséria tomava conta do país, o qual a nobreza e o alto clero eram abastecidos pelos altos impostos pagos pelo terceiro Estado (Deputados, pequenos burgueses, comerciantes, assalariados e camponeses.) Os ricos viviam a esbanjar luxo e festas sem se impostar com a miséria do povo. A burguesia insatisfeita por uma não participação política e econômica aliou-se aos intelectuais tendo como participantes desse embate o povo que foi utilizado como massa para sufocar a nobreza. Tempos depois conseguia-se em parte galgar novos direitos onde colocava o povo em outro pedestal. Mas o principal motivo da revolução francesa foi a queda do antigo regime monárquico absolutista  para uma divisão na forma de Estados que propagou as ideias democráticas e liberais. A revolução ficou mais conhecida com o lema: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

                              Na era da modernidade onde se vive uma interação e globalização das ideias políticos e filosóficos bem como  de um firmamento do sistema capitalista o qual está situado em todos os cantos do planeta seja de forma tímida ou de maneira mais expressiva. Nesse período estuda-se a melhor forma possível de se fazer uma democracia liberal, respeitando os direitos das pessoas e ao mesmo tempo garantindo esses direitos.

1- O Pensamento político da Idade Média da ordem cristã  à renascença” filosófica

A Idade média sem dúvida foi uma era onde a tentativa da legitimação do poder por parte da igreja católica e das sociedades dominantes no caso a nobreza fizeram  emergir dos embates novas ideologias, pensamentos contrários ou similares aos que na época dominavam a sociedade medieval.

O período da Idade Média, que se estende do fim do século V (deslocamento do Império Romano do Ocidente) ao século XIV (aparecimento das primeiras formas do Estado moderno) foi durante muito tempo percebido como uma fase de decadência civilizatória. (NAY, 2007,p.171).

Apesar da fragilidade das ideias politicas e sociais no que concerne ao legado do império romano referente ao sistema jurídico e sobre tudo da forma de ação da força de estado ainda imperavam na idade média, mas ao longo dos tempos novas formas de pensar e agir foram sendo introduzidas.

No período medieval torna-se evidente várias  formas  de legitimação do poder. De um lado a nobreza, e os burgueses  tentavam garantir o poder através da dominação do sistema feudal  onde ficavam com a maior parte do que era produzido e arrecadado. Por outro o clero tentava ganhar cada vez mais espaço não somente na barganha de fieis, mas como também adquirindo terras, riquezas e alianças com a nobreza para legitimar seu poder absoluto na terra. Estava em questão o poder temporal dos homens que regia a sociedade e o poder celeste das leis imutáveis e inquestionáveis da ordem divina emanadas por Deus os quais os sacerdotes da igreja defendiam a todo custo que os homens terrenos deveriam obedecer às leis divinas e que os mesmos eram representantes de Deus na terra. Dizia ainda que a revelação cristã , doutrina da salvação dedicada à redenção da humanidade, afirmava que deve-se haver uma separação entre o religioso e o politico literalmente.  A questão politica perde progressivamente sua autonomia passando a ter maior notoriedade os preceitos da religião que a cada dia condenava a temporalidade, mas se utilizava dela para dominar e fixar-se ao poder, seja ele social, ideológico, cultural, econômico e político.

Os anos passaram-se e o cristianismo ganhava força politica na Idade Média, principalmente coma morte de Teodosio (395) o império passava-se a dividir em duas esferas distintas. No oriente estrutura imperial, o império do oriente , depois do império bizantino. Ele não separa a questão temporal e religiosa e sim integra-se com as duas formas ideológicas sob a autoridade do imperador equilibrando as forças de poder. Já no ocidente há a queda rápida do império após invasões bárbaras a igreja se torna cada vez mais potente se colocando sob autoridade do papa bispo e depositário direto das vontades e ordem de Deus na terra o qual todo aquele que fossem contrárias a elas eram tidos como hereges e excomungados pela igreja.

A igreja ainda não tinha a dominação total para agir com expressiva liberdade, precisava unir forças com a alta nobreza que por sua vez também se sentia ameaçada pelo poder e expansão da igreja cristã. Daí passou a unir forças de poder para serem os únicos mandatários da idade média. É importante ressaltar que tanto a igreja como a nobreza queria sobressair mais que a outra para está acima de tudo. A religião tentava unir forças para mais tarde dominar a nobreza e vendo que poderia perder espaço confrontando-a resolve estrategicamente ofertar aos nobres poder divino, utilizando da premissa de que os reis  também são enviados como representantes de Deus para governarem na terra, para isso foi criado uma espécie de ritual o qual os reis eram ungidos com óleo sagrado e empossados como representantes fieis de Deus sob a tutela da igreja. Podemos perceber que nesse contexto deveria haver troca de favores no que concernem as riquezas, títulos e domínio de áreas estratégicas da economia. Os papeis se invertem no tocante a temporalidade e o poder divino:

Em suma a sociedade medieval não considerava a vida terrestre fora da vontade divina. A representação da ordem social decorre inteiramente da visão cristã de um universo submisso à onipotência de Deus.  O politico e o religioso se confundem amplamente ao ponto de o papa sonhar com papel temporal e os reis mais poderosos se verem muitas vezes como representantes de Deus. (NAY,2007,p.73).

Certamente grandes pensadores da igreja desempenharam papeis importantíssimos à construção dessa ordem de poder. Santo Agostinho foi um dos mais importantes religiosos da idade média. Ele escreveu vários textos que tentava colocar a igreja como força detentora do poder pela ordem divina. Escreveu ainda uma suma ideológica (413-426) intitulada a cidade de Deus onde fala da cidade celeste perfeita governada por Deus. A  cidade terrestre para ele é uma cidade governada pelos homens em que não tem nada de espiritual ou divino. Santo Agostinho dizia que o império das leis corretas eram aqueles advindos de Deus. Nota-se que  apesar de religiosos ele tinha certa ponderação e queria até usar da passividade e tentar entender sobre essas relações de poder, mas a sua formação religiosa o impediam de visualizar com maior exatidão e desprendimento sobre as questões de legitimação de poder. 

Com as querelas da igreja e com a nobreza as populações menos favorecidas  que viviam no campo e pagavam altos impostos  bem como de pequenos comerciantes estava insatisfeitos com os desmandes da igreja e da nobreza. Surge-se então novas formas ideológicas de pensar contrariamente a essas formas dominantes de poder ( Nobreza e clero.) . Somada a insatisfação das camadas mais pobres aliaram-se ouros pensadores que lutavam com seus ideais  de mudanças dos sistemas dominantes da época.  Surgem então as novas profissões intelectuais onde os novos eruditos passam a ensinar sendo tutores de grandes personalidades e pessoas influentes da esfera do poder. Surgem novas universidades que a cada dia se tornavam mais autônomas no campo do saber.

Uma das mais importantes rupturas se dar através da escola escolástica o qual elas têm como objetivos ensinamentos e procedimentos intelectuais que substituía reprodução de textos colocando em debate a razão e a fé sob os pontos de vista ideológico e politico. Ressalta-se que Abelardo é  sobretudo um dos primeiros intelectuais a tentar conciliar a herança filosófica antiga com a cristã. A baixa idade média é marcada sem dúvida pela pelo desenvolvimento sem precedente da escolástica. Essa nova escola ideológica: designa-se ao ensinamento e ao procedimento intelectual que substitui a simples reprodução de textos por um novo instrumento de demonstração: a lógica formal (NAY,2007,p. 103).

Surge então novos pensadores que colocava a filosofia a razão e a ciência como forma de mudança nas estruturas ideológicas e sociais. Tendo como foco a retomada dos diretos jurídicos e filosóficos esquecidos desde a tomada dos bárbaros no império.

 Um dos mais notáveis  pensadores da igreja foi Thomas de Aquino o qual estudava muito as relações de poder da igreja e a temporalidade humana. Ele tinha como base o dialogo e os estudos aprofundados de Aristóteles bem como de Platão o qual o mesmo era chamado como: doutor angélico por ter passividade e tentar harmonizar as ideias da religião com as temporais buscando sempre o melhor entendimento, não desperdiçando nenhuma colocação onde tudo era válido sob o ponto de vista que deve-se refletir mesmo se não acreditamos por convicção , mas que a opinião do outro poderá ser válida de alguma forma.

A Europa passava por grandes dificuldades principalmente nos campos onde as pessoas eram assoladas pela fome e miséria. O sistema agrícola dava aos poucos espaço a outras formas de produção e iniciava-se uma nova forma de comercio, sendo os primeiros vestígios do capitalismo, de forma tímida mas ganhava proporções a cada dia. As camadas mais pobres aliavam-se aos novos pensadores revolucionários que defendiam a abertura  de novas formas de trabalho exigindo que cada vez mais utilizassem da razão e da filosofia bem como da ciência para que se tivessem maiores avanços tanto no sentido moral como intelectual, trazendo maiores crescimentos para o período medieval. A desestabilidade econômica e conflitos bem como guerras e doenças fragilizaram o poder da igreja e da nobreza o qual cada vez mais as novas formas de mercado ganhavam vida e dinamismo.

O surgimento comercial e urbano contribuiu ainda mais para a perda da força do sistema feudal. As relações de servidão davam novos conceitos de relações de trabalho. Acidades cresciam e as forças anteriores de dominação de poder não tinham como dominar as novas mentes pensantes que a todo custo visavam uma melhoria nas praticas sociais e trabalhistas. As formas de produção ganhavam novos horizontes o qual a ciência iniciava descobertas e incentivo de produção de novas ferramentas de trabalho viabilizando a troca da manufatura para a produção em massa dos produtos, mudança as relações de produção e de trabalho das pessoas. Modificando também as relações sociais entre os mesmos. As pequenas cidades aos poucos se transformam em grandes centros urbanos o qual o progresso é inevitável tendo como foco e resultado em poucos séculos a consolidação do sistema capitalista que revolucionou todas as praticas de poder e relações sociais da humanidade.

O poder régio nesse período era defendido pelos reis o qual era detentor da lei moral e não na perspectiva jurídica. Quem detinha o poder era quem de fato mandava. Os reis ao longo dos anos perde poder e deve reinventar as formas politicas para se manter no poder. As leis tinham um peso moral pessoal com normas distintas. O direito é visado pela perspectiva religiosa. No final da idade média, a filosofia, direito, leis que se perderam na baixa idade média retornam devido à transformação nas estruturas sociais.

.2- A Revolução Francesa e seus prolongamentos: do povo soberano ao governo representativo.

A Revolução Francesa foi um marco na história da humanidade o qual foi marcada por embates ideológicos, disputas de poder, mortes e  transição do sistema feudal das formas de produção para o sistema capitalista que iniciava a emergir com maior notoriedade. Segundo Nay, a revolução significou mais que transformações econômicas e sim de liberdade e exposição do pensar onde o povo juntamente com a burguesia colocava-se diante das questões sociais. Não eram mais simples agentes mandatários que submetiam as vontades dos poderosos e sim participantes diretos da construção das relações sociais da época:

A primeira perspectiva faz da revolução o resultado dos séculos anteriores, em particular do formidável movimento de emancipação do Iluminismo. Segundo essa visão, a Revolução seria, na história , o resultado da lenta transformação das concepções do mundo, sempre mais favoráveis ao reconhecimento da razão e do individuo. Mas precisamente, seria a expressão política, repentina e brutal, do desenvolvimento da aspiração à liberdade e do sentimento de igualdade na sociedade. (NAY, 2007, p. 253). 

 

A França no século XVIII estava passando por várias crises tanto sociais como politica e principalmente econômica. Vivia no sistema Monárquico absolutista o qual quem governava era o rei Luiz XVI, que tinha como aliados o alto clero e a alta nobreza.  Os mais ricos eram abastecidos pelos altos impostos pagos pelo povo e de pequenos burgueses comerciantes. A nobreza por sua vez vivia na frivolidade, esbanjando opulência e festas ofertadas a alta sociedade francesa. O povo passava fome e a miséria tomava conta do país. As pessoas  comuns da sociedade e principalmente os intelectuais que não aceitavam as formas de governo começavam a se mobilizar e se indignar com tais injustiças. 

Mas é preciso entender que a revolução antes de tudo seria o resultado de acontecimentos anteriores que culminaram com a transformação das estruturas politicas e sociais da França. O iluminismo com suas várias percepções filosóficos e ideológicas contribuiu e muito para a revolução francesa. O legado de grandes pensadores propiciaram para uma abertura do conhecimento e da razão. Podemos destacar alguns desses pensadores tais como: Montesquieu, Voltaire, Rousseau, Adam Smith.

Montesquieu (1689-1755), defendia a tese parlamentarista o qual defendia as formas de governo dos três poderes, Legislativo, Executivo e Judiciário. Implantado atualmente por vários países do mundo inclusive o sistema de governo Brasileiro. Montesquieu era a favor sim do sistema monárquico, mas que fossem organizados e distribuídos as responsabilidades para os três poderes acabando com a centralização do poder absolutista.

Voltaire ( 1694-1778), por sua vez eram um critico fervoroso do sistema de poder da igreja e do absolutismo. Assim como Montesquieu defendia o sistema monárquico. Segundo Voltaire a burguesia deveria ter maior participação nas decisões politicas. Após a revolução vária tiranos, déspotas utilizaram o pensamento de Voltaire para legitimar o poder de forma cruel.

Rousseau (1712-1788) sem dúvida um dos mais radicais no que concerne o pensamento das mudanças estruturais sociais e politicas da época. Ele acreditava que o sistema de governo não precisava nem damonarquia e tão pouco da burguesia para gerenciar a sociedade. O que de fato deveria ser colocado em prática era a participação e decisão das classes populares o qual o governo seria dada pela vontade e representatividade do povo. Não está explicito mas implícito a questão do sistema de república através do voto direto de todos no caso o sistema politico e de governo de vários países inclusive do Brasil. Ele negava a propriedade privada e dizia que ela era um mal que corrompia a sociedade, defendia ainda a forma do contrato social , vontade da maioria. Por outro lado os pensamentos de Rousseau assemelha-se ao sistema Anarquista. Seus pensamentos tiveram peso nas decisões dos partidos que faziam parte das mudanças da revolução francesa tais como: (Sans-Culottes, Jacobinos e Cordeliers).

Adam Smith (1723-1790) Defendia o equilíbrio do mercado, segundo ele o Estado não deveria interferir na economia, pois os mercados teriam um equilíbrio devido à concorrência. Defendia as ideias capitalistas como fruto de progresso e desenvolvimento das estruturas sociais, econômicas e politicas. Foi um dos grandes nomes que até hoje influenciam grandes escritores e teóricos bem como de grandes empresários do sistema capitalista e do liberalismo econômico.

Frisa-se novamente que a revolução não ocorreu de imediato, todos os pensadores citados acima bem como outros foram de suma importância para embasar e justificar sob a luz da razão uma nova transformação das esferas de poder que antes só dominavam e massacravam as pessoas em detrimento próprio.

            Mediante a uma total crise econômica, fome , miséria e indiferença para com o sofrimento do povo percebia que algo estava para ocorrer, os massacrados e subjugados não suportavam mais tanto sofrimento e ansiavam por justiça melhorias de vida para todos. Foi então o rei Luiz XVI vendo que as revoltas iriam iniciar requisitou do seu ministro fazer um levantamento do quadro financeiro da França. Marcou então uma assembleia dos Estados Gerais os quais tinham suas representatividades. O primeiro Estado representado pelo Alto clero, o segundo Estado pela alta nobreza e o terceiro Estado representado pelos deputados , pelos assalariados, trabalhadores , pequenos burgueses comerciantes e pelo povo em gral. A reunião era para tratar de quem era a obrigação do pagamento dos impostos. Como o sistema de votação era por estado e não por pessoa, saiu ganhando o primeiro e o segundo Estado ficando isento de pagar impostos cabendo ao terceiro Estado a classe mais pobre a arcar com todos os impostos que eram destinados a nobreza e o clero que não faziam nada a não ser  viver na as custas dos mais pobres e trabalhadores.

            Os deputados e pensadores que eram contra o sistema monárquico resolvem agir. Convocam uma assembleia geral para exigirem a elaboração de uma constituição pautada nos direitos iguais para todos com o lema: Igualdade, Liberdade e Fraternidade.  É importante ressaltar que a fraternidade até os dias atuais pela corrupção humana está distante de nós.

            A burguesia sabiamente alia-se ao povo e juntos seguem as ruas para a derrubada da bastilha uma espécie de presídio político, incendeiam e derrubam o prédio em poucas horas, as revoltas e confrontos se alastram pelas ruas todos com sede de vingança e justiça. Os debates filosóficos continuavam em busca de maior participação do povo e principalmente da burguesia no poder. Os reis e o clero temem serem destituídos do poder por revolta popular e resolvem se unirem ainda mais. Vários acontecimentos sucessivos enfatizavam e aumentavam a euforia do povo e dos parlamentares. Em 1789 a declaração dos direitos do homem e do cidadão é feita o qual a burguesia dizia quem era cidadão e quem não era. A burguesia passava então a exercer o poder absoluto, antes não tinha qualquer participação politica, mas agora estava a frente do poder.  Na primeira fase da revolução teve-se a assembleia Nacional Constituinte o qual confiscaram os bens do clero tirando poder da igreja o qual qualquer revolta os mesmos seriam presos e até mesmo condenados à morte, os papeis agora se invertiam.  O rei Luiz XVI com medo foge e é preso junto com a esposa. Eles são condenados à morte como traidores, pois articulavam a Áustria a derrota da França.

            Todos os direitos políticos e monárquicos foram tirados do soberano Luiz XVI e a burguesia reinava sob forma de poder estatal. Mas a França passava por grandes períodos tenebrosos de revolta , violência. Vários partidos políticos brigavam por impor suas ideias e o povo ficava a merecer das decisões de seus representantes. Cada partido tinha suas linhas ideológicas revolucionárias de mudanças. Partido Girondino, Partido Jacobino, Partido Republicano, Planície ou Pântano, Monarquistas, Enraivecidos. Mas um deles soavam as ideias mais assertivas e adequadas para as mudanças. Os Jacobinos representava a baixa burguesia e as camadas polulares, defendiam maior participação popular no governo, tinha as ideias de igualdade pregadas por Rousseau. Defendia também o voto universal, o fim da escravidão, divisão dos três poderes e igualdade de direitos.  

            Na revolução dois nomes ficaram conhecidos por lutar pelos ideais da revolução francesa. Os jovens: Robespierre o incorruptível e Danton que pregavam maior participação às mudanças e a derrubada do sistema monárquico absolutista. Para Robespierre acreditava que a mudança da sociedade não revolucionária não poderia ser o resultado de uma simples reforma institucional e sim moral. Só o exercício da moral poderá ajudar a realizar a justiça. Danton era mais da ação e do movimento revolucionário, queria agir sem muitos questionamentos filosóficos. Lutou juntamente ao lado de Robespierre pelos ideais da revolução o qual acabou sendo preso e executado por se contrapor contra as ideias desenfreadas de Robespierre que mais tarde haverá de se intitular acima de tudo e das próprias leis mandando matar todos aqueles que não comungavam com suas ideias. Antes pregava a razão e a passividade pautada na dialética depois virou um mandatário sanguinário contra aqueles que eram contra a revolução que espalhava medo e morte desenfreadamente. A França estava virando um campo de guerra matando os próprios revolucionários, pois estava sufocada pelos ideais torpes de alguns que queriam a todo custo o poder. Mais tarde o incorruptível vai a julgamento e condenado a guilhotina, defendeu os ideias revolucionários e foi julgado por ela própria.

            Questiona-se se de fato as mudanças foi uma revolução burguesa ou uma revolução popular. Sem dúvida a população teve participação como agente nesse processo, mas as decisões triviais ficaram a cargo dos mais abastados os burgueses os quais aos poucos foram legitimando esse poder. Contudo essas mudanças trouxeram grandes avanços não de imediato ao termino da revolução mas gradativamente as pessoas tiveram seus direitos conquistados dando lugar a uma nova ordem politica e social, econômica e intelectual.  Os intelectuais tiveram participação extraordinária para essas mudanças propiciando com a revolução a consolidação do processo das ideias politicas.

            A derrubada do sistema monárquico absolutista e enfraquecimento do poder religioso com a ascensão da filosofia, do sistema jurídico , da figura do Estado e da extinção do sistema feudal de produção tem-se uma nova ordem econômica o qual o sistema capitalista aos poucos proporciona e transforma todas as estruturas sociais e estruturais não somente da França ,mas de todos os continentes que de uma forma ou de outra está inserido nesse sistema capitalista.   Com a transformação de novas formas comerciais e de se viver  principalmente o crescimento dos grandes centros urbanos e êxodo rural por conseguinte surgiram outros autores que a partir do capitalismo tentaram colocar suas ideias contra e a favor desse novo sistema. Marcando esse período como inicio da Idade Contemporânea.

3- A questão democrática na aurora do século XXI

              O século XXI está repleto de novas configurações no que concerne as relações sociais nas esferas administrativas, culturais, econômicas, políticas e, sobretudo no gerenciamento de conflitos tendo como base os interesses das nações sejam elas subjugadas ou impositivas as quais se colocam como superpotências mundiais. Nos textos anteriores no tocando da idade média e revolução francesa foi dimensionada uma série de fatores que culminaram em transformações nas estruturas sociais e ideológicas. Na atualidade o palco é o mesmo, mas como outros personagens  que se apoderam de argumentativas para legitimar seu território e poder. Contudo as nações criam mecanismos que possam equilibrar essas relações de poder mais civilizadamente.

 

Longe das teorias críticas dos anos 1950-1970, os autores contemporâneos estão dedicados a sustentar o quadro democrático. Rejeitam igualmente, em sua maioria, o apelo a um principio único de autoridade, por longo tempo identificado com o Estado e nação. (NAY, 2007, p. 481).          

                                     

Neste século busca-se a melhor forma possível de se viver em uma democracia liberal.  Apesar das grandes transformações e com o acesso direto a outros continentes  bem como das relações comerciais econômicas e politicas estarem pautadas na dialética e das relações internacionais onde tem-se códigos de posturas para se viver em sociedade de forma global sem  maiores danos aos outros ainda se tem formas de governo que utilizam da tirania e da subjugação para dominarem os mais fracos. A modernidade e liberdade de fato é algo que não se tem na sua forma mais direta e racional e sim muitas vezes manipulada para passarem como uma imagem corretamente politica.

A globalização e o capitalismo de certa forma traz essa maior liberdade, pois as instituições se alto regulam  e mediante a necessidade de crescer e até mesmo esse crescimento e desenvolvimento age de forma própria como se fosse um organismo vivo que tem-se continuidade de seus processos mesmo contra a vontade daqueles que não querem as mudanças. Todas as pessoas diretamente ou indiretamente estão inseridas no sistema global e capitalista  o qual muda-se as formas de viver e introduz outras percepções de mundo e de vida. A forma isolada não faz mais parte dessa era globalizada dando lugar a um novo espaço coletivo, mesmo com o afloramento dos interesses egoísticos de muitos, mas é de convir que houveram mudanças significativas para o que se tem hoje  no que concernem as formas de agir e de ser da sociedade e em que tudo ela representa.

CONCLUSÃO

A história da humanidade passou e passa por grandes transformações, contudo no período que compreende a Idade Média e Revolução Francesa propiciaram grandes avanços e consolidação da ciência, democracia e liberdade que dimensionam a modernidade do século XXI. De fato a sociedade passou por transformações onde a legitimação do poder sempre esteve presente e latente em todas as camadas da sociedade, seja através do povo ou naqueles que eram mais abastados financeiramente. É importante dizer ainda que as instituições principalmente religiosas tiveram sua importância para desencadeá-lo das mudanças mesmo que em muitos períodos utilizassem da dominação para a tomada do poder, mas foi a partir também dessas ações que impulsionaram outros movimentos tanto fora da igreja como dentro dela com seus sacerdotes. Após todas as batalhas e embates ideológicos surge a figura do sistema capitalista que ganha espaço a cada dia agindo como um corpo vivo se reinventando demarcando e transformando as estruturas sociais econômicas, culturais, filosóficas e ideológicas.  Um dos mais importantes críticos desse sistema foi Kal Marx que colocava em questão as classes sociais as dominantes e as dominadas no que concerne os meios de produção e mercado. O mundo sempre será colocado em embate ideológico, utilizando dos pensadores que nos antecederam e introduzindo novas ideias e é isso que nos trouxe até a modernidade. Certamente outras formas virão tendo como foco sempre a tentativa de dominação e legitimação do poder sobre várias formas.

REFERÊNCIAS

NAY, Olivier , “ O pensamento político da Idade Média: da ordem cristã à “renascença” filosófica”. In História das Idéias Políticas. Rio de Janeiro. Vozes, 2007.pp.71-133.

                     

NAY, Olivier , “ A Revolução Francesa e seus prolongamentos : do povo soberano ao governo representativo”. In História das Idéias Políticas. Rio de Janeiro. Vozes, 2007.pp.253-363.

 

NAY, Olivier , “ A questão democrática na aurora do século XXI”. In História das Idéias Políticas. Rio de Janeiro. Vozes, 2007.pp.481-541.

                            



[1] Aluno do Curso de Bacharel em Humanidades da Universidade da Integração  Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), Redenção-CE. E-mail: [email protected].

Orientador Dr. Carlos Henrique  (Instituto de Humanidades e Letras). Disciplina: História das Ideias Políticas.