Com base no livro Projeto EDUCOM (Andrade, P. F., & Albuquerque Lima, M. C. M., 1993) a informática na educação brasileira passou a ser vista como ferramenta a partir de 1971, quando teve início discussões a cerca de seu uso no ensino de Física. Esperava-se, nesse momento, "construir uma base que garantisse uma real capacitação nacional nas atividades de informática, em benefício do desenvolvimento social, político, tecnológico e econômico" em âmbito nacional (MORAES, 2007). O Poder Público criou diversos órgãos objetivando ampliar o desenvolvimento tecnológico no país. Já em 1973 dão início as primeiras demonstrações do uso do computador na educação, na modalidade CAI, Computer Aided Instruction, ocorreu no Rio de Janeiro, na I Conferência Nacional de Tecnologia Aplicada ao Ensino Superior.

Entre os órgãos criados pelo governo estava a SEI, Secretaria Especial de Informática, que tinha, dentre outras atribuições a função de assessorar o Ministério da Educação e Cultura (MEC), no estabelecimento de políticas e diretrizes para a educação na área de informática (MORAES, 2007).

Assim como a educação no Brasil, a informática na educação brasileira também recebeu influência da educação de outras culturas. Liderado por Papert na década de 80, teve início no Brasil o movimento conhecido como Filosofia e Linguagem LOGO. Por meio desse movimento, Papert (1985) divulgou idéias que defendiam que o computador é um instrumento que catalisa conceitos complexos, permitindo assim que o aluno trabalhe estes conceitos de maneira simples e lúdica.

Em parceria com SEI, no ano de 1982, o MEC passou a financiar o desenvolvimento de pesquisas na área de formação de recursos humanos, assim como o desenvolvimento de metodologias educacionais apoiadas nas novas tecnologias (computador e redes), e a elaboração de softwares educacionais.

As Universidades Públicas do Rio de Janeiro (UFRJ), Estadual de Campinas (UNICAMP) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), foram responsáveis pelos primeiros estudos acerca da utilização da informática como ferramenta para o ambiente educacional.

Em 1984, após diversos seminários, fóruns e outros estudos, o Ministério da Educação (MEC) lançou, em parceria com o CNPq - Conselho Nacional de Pesquisas, FINEP – Financiadora de Projetos e SEI, o projeto EDUCOM, sendo o pioneiro na área de informática aplicada à educação no país. Sua proposta tinha como objetivo principal fomentar a implantação experimental de centros-piloto com infra-estruturas relevantes para o desenvolvimento de pesquisas, objetivando a capacitação nacional e coleta de subsídios para uma futura política setorial (MORAES, 2007), considerando o contexto, a cultura e as especificidades da área educacional brasileira, buscando perceber como o aluno aprende sendo apoiado pelo recurso da informática e se isso melhora efetivamente sua aprendizagem (TAVARES, 2002), em âmbito de escolas públicas.

A partir daí, outros projetos educacionais com o mesmo foco foram sendo implementados. Em 1986, o Programa de Ação Imediata em Informática na Educação, denominado projeto FORMAR, passou a formar professores e a implantar infra-estruturas de suporte nas secretarias estaduais de educação, escolas técnicas federais e universidades, destaca Moraes. Os participantes do Programa FORMAR foram encarregados de implantar em seus Estados os CIED (Centros de Informática Educativa), que constituíram-se em centros irradiadores e multiplicadores da informática nas escolas públicas. (TAVARES, 2002).

Em 1989, é fundado pelo MEC o Programa Nacional de Informática na Educação (PRONINFE). Sua proposta principal consistia em desenvolver a informática educativa no Brasil, através de atividades e projetos articulados e convergentes, apoiados em fundamentação pedagógica, sólida e atualizada (MORAES, 2007), destinando-se ao uso dos sistemas públicos de ensino. Segundo Tavares (2002), possuía um modelo funcional e geograficamente descentralizado, funcionando através de centros de informática na educação espalhados por todo o país. Esses centros tinham como papel divulgar e fazer a análise dos projetos educacionais, seus objetivos e resultados, além de formar professores dos níveis fundamental, médio, superior, nas áreas de educação especial e pós-graduação, priorizando a pesquisa sobre a utilização da informática educativa.

O PRONINFE ultrapassou as expectativas governamentais, tornando-se ponto de referência em sua implantação e por todo o seu desenvolvimento (cerca de dez anos). Posteriormente, este projeto foi integrado ao PLANIN (Plano Nacional de Informática e Automação do Ministério de Ciência e Tecnologia).

Já em 1997, o PROINFO (Programa Nacional de Informática na Educação), foi incorporado ao PRONINFE. Além de mudar sua estrutura inicial, essa incorporação tinha como principal objetivo formar professores e atender estudantes através da aquisição e distribuição de cerca de cem mil computadores interligados à Internet.

Na década de 1990, a evolução tecnológica, passou a exigir mão-de-obra qualificada para a execução das tarefas nas indústrias. Nesse momento histórico, o analfabetismo era intenso e as necessidades do mercado de trabalho exigiam agora profissionais capacitados para operar equipamentos como, calculadoras, vídeo-cassetes, computadores.

Ao final da década, o PROINFO, subordinado à Secretaria de Educação a Distância (SEED), por meio do Departamento de Infra-Estrutura Tecnológica (DITEC), em parceria com as Secretarias de Educação Estaduais e Municipais e MEC, foi estruturado e oferecido aos governos dos estados e municípios brasileiros, com os seguintes objetivos: melhorar a qualidade de ensino nas escolas públicas, propiciar uma educação voltada para o desenvolvimento científico, educar para uma cidadania global, possibilitar estudos acerca do comportamento dos indivíduos nos ambientes escolares.

Muitos movimentos surgiram na informática educativa, e um deles se destacava por defender o ensino do computador como instrumento, ou seja, focava-se no ensino e aprendizado da computação. Sob essa perspectiva, uma vez que o contexto social necessitava de profissionais com conhecimentos de informática, era preciso que as instituições de ensino formal se preocupassem em ensinar esse instrumento (focando-se no equipamento e no uso dos softwares de mercado – processadores de texto, planilhas eletrônicas, navegadores, etc.).

A inserção do computador na educação gerou e ainda tem gerado uma espécie de revolução nas teorias sobre a relação ensino-aprendizagem existentes anteriormente, principalmente diante dos seguintes aspectos: - Computadores podem ser utilizados para ensinar, exercendo um papel de tutores eletrônicos. São muitos os softwares educacionais elaborados e as várias formas de utilização do computador levam a concluir que trata-se de uma tecnologia de extrema utilidade e contribuições no processo de ensino-aprendizagem. - Analisando softwares educacionais, observamos que eles possibilitam o uso sob diferentes versões informatizadas das metodologias de ensino presencial. Os primeiros programas implementados eram versões computadorizadas daquilo que acontecia na sala de aula presencial, e esse processo se dá diante de qualquer nova tecnologia na sociedade.

O computador, os softwares educativos, o professor preparado para utilizar-se do computador como mídia educativa e o aluno motivado para uma nova forma de aprender, são quatro elementos fundamentais para efetivar o processo de incorporação do computador como mídia na educação. Sendo assim, cada vez mais a educação caminha, cada vez mais, para uma evolução tecnológica de sua metodologia e possibilidades educacionais (Vesce, 2008).

A Informática na Educação Pública do Brasil vem construindo sua história, com base no grande esforço de profissionais, nos diferentes níveis institucionais, que se dedicaram e dedicam, conseguindo construir uma história de grandes marcos, com uma identidade própria, raízes sólidas, mesmo diante de tantas dificuldades (pouco incentivo institucional, carência de recursos financeiros e humanos, descontinuidade de programas, etc.). Através da universalização da Educação e melhoria na qualidade do ensino, as autoridades públicas diminuem as diferenças sociais e culturais de seus cidadãos. Para tanto, é necessário que haja investimento em recursos tecnológicos e na formação de professores. (MORAES, )

Outro grande desafio é conscientizar educadores quanto as grandes contribuições para a formação de si próprios, enquanto docentes, e do aluno pela prática da informática aplicada à educação nas escolas pública. Incentivar a prática pedagógica de maneira que o professor possa estar sempre inovando suas ações, aprendendo e ensinando constantemente ao fazer uso das novas tecnologias, evitando que se instaure, na prática pedagógica, uma inovação conservadora. (MORAES, )

Atualmente, o fenômeno da globalização nos apresenta a necessidade de transmissão da informação de maneira rápida e atualizada. Para tanto, o uso do computador se tornou fundamental numa perspectiva global. Assim, a tecnologia da informação tornou-se ferramenta no processo ensino/aprendizagem com a finalidade de incluir professores (ao partirem do uso das novas tecnologias em sua prática pedagógica) e alunos nesta realidade. (MORAES, )

Atualmente, a SEED integra a formação dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs), nos estados. Segundo Tavares, esses Núcleos são formados por educadores e especialistas em informática e, telecomunicações e informática. A finalidade desses núcleos é sensibilizar e motivar as escolas para incorporação das novas tecnologias de informática e comunicação; apoiar o processo de planejamento das escolas que desejarem aderir ao PROINFO; promover a formação continuada dos professores e das equipes administrativas das escolas. O PROINFO foi um dos principais projetos na área de informática educacional no que se refere "à inovação temática, à distribuição funcional e à qualidade dos equipamentos disponibilizados nas escolas" (TAVARES), e ainda está disponível junto a SEED. As escolas interessadas, podem, mediante envio de projeto, usufruir deste benefício oferecido pelo governo federal.

De maneira geral, o computador hoje é uma realidade em setores estratégicos da sociedade e com isso faz-se necessária uma transformação radical de paradigmas. Nessa perspectiva, é preciso que as escolas se adaptem a essa nova realidade, utilizando a tecnologia e verificando suas contribuições para o ambiente educacional como um todo.

Em comparação ao avanço tecnológico na sociedade, a informática na educação brasileira avançou lentamente até chegar à realidade atual. Hoje, observamos órgãos públicos investindo fortemente em equipamentos tecnológicos direcionados as escolas, tanto administrativa quanto pedagogicamente. Talvez essa demora do avanço tenha ocorrido principalmente pela dificuldade na quebra de paradigmas, dificuldade de aceitação do novo, entre outros. Mas o que podemos esperar a partir de agora, é com toda certeza um avanço cada vez mais ofensivo, conseqüência de uma nova geração de professores, já acostumados as tecnologias em sua própria vida.

Mas ainda existem barreiras extremamente importantes a serem enfrentadas. Uma delas é a grande desigualdade social no Brasil, que dificulta consideravelmente o acesso a uma educação mais justa, democratizada e evoluída. Outra é que faltam ainda professores preparados para utilizar essas novas ferramentas em sua prática pedagógica, buscando um aprendizado mais dinâmico e significativo (MORAN, 2006).