A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: NAS CAVERNAS AO DIA DE HOJE

Introdução

A Educação no período que antecede a escrita, era transmitida pela tradição. Ou seja, as crianças seguiam o exemplo dos mais velhos, não seguindo um roteiro programado. As crianças aprendiam naturalmente no cotidiano dos adultos.
Através de símbolos e imagens, gravadas nas rochas em formas de desenhos, eram passadas de uma geração a outra, a vivência dos seus antepassados. Era essa a ideia de educação e formação.
Consistia na imitação dos adultos. A aprendizagem surge das necessidades quotidianas, não sendo programada.
Nas sociedades orientais, as classes mais baixas, lavradores, artesãos, etc., não tem direitos políticos nem acesso ao saber como a classe dominante. Inicialmente o conhecimento da escrita era bastante restrito, possuía um caráter sagrado. Aparece aqui o dualismo escolar, um destinado ao povo e outro a uma classe dominante. A grande massa é excluída da escola e restringida à educação familiar informal.

A Grécia Clássica pode ser considerada o berço da pedagogia.
A palavra paidagogos significa aquele que conduz a criança, no caso o escravo que acompanha a criança à escola. Em geral, a educação grega está centrada na formação integral ? corpo e espírito. Inicialmente, ainda sem a escrita, a educação é ministrada pela própria família, de acordo com a tradição religiosa. Só posteriormente começam a aparecer as primeiras escolas, para as massas populares.
Na antiguidade Romana , de maneira geral, podemos distinguir três fases na educação: a latina original, de natureza patriarcal; depois, a influência do helenismo é criticada pelos defensores da tradição; por fim, dá-se a fusão entre a cultura romana e a helenística, que já supõe elementos orientas, mas nítida supremacia dos valores gregos.

Idade Média a formação do homem de fé.
A educação na idade média funde-se com a concepção do homem como criatura divina, que deve cuidar da salvação da alma e da vida eterna.
Nesse período a educação é baseada nos escritos bíblicos. O ensino era baseado na memorização de textos bíblicos, havia uma divisão de papéis entre o sacerdote, na igreja e o pai de família, em casa, o ensino era bastante complexo e abrangia a algumas camadas da sociedade. O modelo de mestre era o próprio Jesus Cristo, humilde e profético. .

No Renascimento humanismo e reforma
Educar torna-se uma necessidade, segundo a nova concepção de homem. Aparecem os colégios, do século XVI até o XVIII, este fenômeno traz consigo uma nova imagem da infância e da família. A escola tem a função de transmissão de conhecimentos mas também a formação moral. Essa sociedade, mantém-se ainda fortemente hierarquizada, excluindo dos propósitos educacionais a grande massa popular, com exceção dos reformadores protestantes, que agem por interesses religiosos.
Os reformadores criam a escola pública, uma escola para todos onde nesse período a educação era debatida pelos filósofos. Acontece a difícil mudança de ordem (Igreja).
Atendendo aos Descobrimentos no Brasil dá-se: o início da colonização e catequese.
A atividade missionária facilita sobremaneira a dominação metropolitana e, nessas circunstâncias, a educação assume papel de agente colonizador.
Em geral as escolas continuam a ministrar um ensino conservador.
O Brasil do séc.XVII. Por se tratar de uma sociedade agrária e de escravos, não tem interesse na educação básica, daí a grande massa de iletrados.

O iluminismo
É um período muito rico em reflexões pedagógicas. Um de seus aspectos marcantes está na pedagogia política, centrada no esforço para tornar a escola leiga e função do Estado. Apesar dos projetos de estender a educação a todos os cidadãos, prevalece a diferença de ensino, ou seja, uma escola para o povo e outra para a burguesia. Essa dualidade era aceita com grande tranquilidade. Afinal, para a doutrina liberal, o talento e a capacidade não são iguais, e portanto os homens não são iguais em riqueza?


É no séc. XIX que se concretizam, com a intervenção cada vez maior do Estado para estabelecer a escola elementar universal, leiga, gratuita e obrigatória. Dá-se maior relevo à relação entre educação e bem-estar social, estabilidade, progresso e capacidade de transformação.
Principais pedagogos:Pestalozzi ? é considerado um dos defensores da escola popular extensiva a todos. Reconhece firmemente a função social do ensino, que não se acha restrito à formação do gentil-homem.
Froebel ? privilegia a atividade lúdica por perceber o significado funcional do jogo e do brinquedo para o desenvolvimento sensório-motor e inventa métodos para aperfeiçoar as habilidades.
Herbart ? para ele, a conduta pedagógica segue três procedimentos básicos: o governo, a instrução e a disciplina.: a educação para a democracia

A pedagogia do século XX
Além de ser tributária da psicologia, da sociologia e de outras como a economia, a linguística, a antropologia, tem acentuado a exigência que vem desde a Idade moderna, qual seja, a inclusão da cultura científica como parte do conteúdo a ser ensinado.
Sociologia: Durkheim . Antes dele a teoria da educação era feita de forma predominantemente intelectualista, por demais presa a uma visão filosófica idealista e individualista. Durkheim introduz a atitude descritiva, voltada para o exame dos elementos do fato da educação, aos quais aplica o método científico.
Psicologia o behaviorismo: O método dessa corrente privilegia os procedimentos que levam em conta a exterioridade do comportamento, o único considerado capaz de ser submetido a controle e experimentação objetivos. Suas experiências são ampliadas e aplicadas nos EUA por Watson e posteriormente por Skinner. O behaviorismo está nos pressupostos da orientação tecnicista da educação.
As aplicações das descobertas gestalistas na educação são importantes por recusar o exercício mecânico no processo de aprendizagem. "Apenas as situações que ocasionam experiências ricas e variadas levam o sujeito ao amadurecimento e à emergência do insight."
Dewey e a escola progressiva:O fim da educação não é formar a criança de acordo com modelos, nem orientá-la para uma ação futura, mas dar-lhe condições para que resolva por si própria os seus problemas. A educação progressiva consiste justamente no crescimento constante da vida, à medida que aumentamos o conteúdo da experiência e o controle que exercemos sobre ela. Ao contrário da educação tradicional, que valoriza a obediência, Dewey estimula o espírito de iniciativa e independência, que leva à autonomia e ao autogoverno, virtudes de uma sociedade democrática.
Realizações e Principais características da escola nova: educação integral ( intelectual, moral, física); educação ativa; educação prática, sendo obrigatórios os trabalhos manuais; exercícios de autonomia; experiência de campo; coeducação; ensino individualizado. Para tanto as atividades são centradas nos alunos, tendo em vista a estimulação da iniciativa.
Escolas de métodos ativos: Montessori e Decroly. Montessori estimula a atividade livre, com base no princípio da auto educação. Decroly observa, de maneira pertinente, que, enquanto o adulto é capaz de analisar, separar o todo em partes, a criança tende para as representações globais, de conjunto. Resta lembrar outros riscos dessa proposta: o puerilismo ou pedocentrismo supervaloriza a criança e minimiza o papel do professor, quase omisso nas formas mais radicais do não diretivismo; a preocupação excessiva com o psicológico intensifica o individualismo; a oposição ao autoritarismo da escola tradicional resulta em ausência de disciplina; a ênfase no processo faz descuidar da transmissão do conteúdo.
Escola tecnicista:Proposta consiste em: planejamento e organização racional da atividade pedagógica; operacionalização dos objetivos; parcelamento do trabalho, com especialização das funções; ensino por computador, tele ensino, procurando tornar a aprendizagem mais objetiva.
Teorias construtivistas: Piaget ? segundo ele, à medida que a influência do meio altera o equilíbrio, a inteligência, que exerce função adaptativa por excelência, restabelece a auto regulação. Vygotsky - Ao analisar os fenômenos da linguagem e do pensamento, busca compreendê-los dentro do processo sócio-histórico como "internalização das atividades socialmente enraizadas e historicamente desenvolvidas". Portanto, a relação entre o sujeito que conhece e o mundo conhecido não é direta, mas faz-se por mediação dos sistemas simbólicos.

Considerações Finais

A Educação do século XX neste contexto histórico, os educadores da escola nova introduzem o pensamento liberal democrático, defendendo a escola pública para todos, a fim de se alcançar uma sociedade igualitária sem privilégios.
Podemos dizer que Paulo Freire é um dos grandes pedagogos da atualidade, não só no Brasil, mas também no mundo. Ele baseia-se numa teologia libertadora, preocupada com o contraste entre a pobreza e a riqueza que resulta em privilégios.
Na sua obra "Pedagogia do Oprimido" faz uma abordagem dialética da realidade, cujos determinantes se encontram nos fatores econômicos, políticos e sociais. Considera que o conhecer não pode ser um ato de "doação" do educador ao educando, mas um processo que se estabelece no contacto do homem com o mundo vivido. E este não é estático, mas dinâmico, em contínua transformação. Na educação autêntica, é superada a relação vertical entre educador e educando e instaurada a relação dialógica. Paulo Freire defende a autogestão pedagógica, o professor é um animador do processo, evitando as formas de autoritarismo que costumam minar a relação pedagógica.
Na década de 70 destaca-se a produção teórica dos críticos-reprodutivistas, que desfazem as ilusões da escola como veículo da democratização. Com a difusão dessas teorias, diversos autores empenham-se em denunciar o fracasso escolar. A tarefa da pedagogia histórico-crítica insere-se na tentativa de reverter o quadro de desorganização que torna uma escola exclusiva, com altos índices de analfabetismo, evasão, repetência e, portanto, de seletividade.
À partir dos anos 70, começam a ser discutidos os determinantes sociais, isto é, a maneira pela qual a estrutura sócio-econômica condiciona a educação.
A Educação no Terceiro Milênio com a explosão dos negócios mundiais, acompanhada pelo avanço tecnológico da crescente robotização e automação das empresas, faz-nos antever profundas modificações no trabalho e, consequentemente, na educação.
Na tentativa de incorporar os novos recursos, no entanto, a escola nem sempre tem obtido sucesso porque, muitas vezes, apenas adquire as novas máquinas sem, no entanto, conseguir alterar a tradição das aulas. Perante as transformações vertiginosas da alta tecnologia, que muda constantemente os produtos e a maneira de produzi-los, criando umas profissões e extinguindo outras. Daí a necessidade de uma educação permanente, que permita a continuidade dos estudos, e portanto do acesso às informações, mediante uma autoformação controlada.

Referências Bibliográficas

Casimiro Amado, Historia da Pedagogia e da Educação ? Guia para acompanhamento das aulas, Univ. de Evora 2007