A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas e interrelações em uma perspectiva sistêmica, em seu contexto social e histórico. Aspectos primordiais relacionados ao desenvolvimento e ao meio ambiente tais como população, saúde, paz, direitos humanos, democracia, fome, degradação da flora e da fauna devem ser abordados dessa maneira. (Retirado do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global) Introdução A atual devastação ambiental resulta do processo histórico de produção da existência humana, onde o homem modifica de forma útil a matéria-prima fornecida pela natureza, para seu próprio bem-estar, exercendo uma ação de dominação que revela um processo de interação homem/natureza, baseado numa relação desigual. Ao olhar para o passado percebemos nitidamente a intensidade da problemática ambiental na globalização. Iremos observar que a educação ambiental surge dentro de um processo histórico conscientizador da humanidade com o objetivo de gerar uma discussão e inclusão de temas ecológicos no cotidiano dos seres humanos. Esta preocupação surge com o ensejar da oportunidade de um conhecimento que permitisse mudar o comportamento voltado à proteção da natureza para que as gerações futuras possam usufruir Histórico As décadas de 1970/1980 marcaram o início das lutas sociais organizadas em nível mundial, dentre as quais o movimento Hippie, a luta dos negros americanos pela cidadania, as lutas das mulheres pela igualdade de direitos com os homens, entre outras. No bojo desses acontecimentos, tiveram início os movimentos de defesa da ecologia e do meio ambiente, cujo marco foi a publicação do livro "Primavera Silenciosa" (1962), da americana Raquel Carson, a partir dessa publicação que demonstrava a crescente perda de qualidade de vida causada pelo uso indiscriminado de produtos químicos, que repercutiu no mundo inteiro, os militantes dos movimentos ambientalistas e a Organização das Nações Unidas (ONU) realizaram vários eventos internacionais que abordaram a questão da preservação e da educação ambiental. (QUINTINO, 2006). Os antecedentes da crise ambiental da década de 1970 manifestarem-se ainda nas décadas de 1950 e 1960, diante de episódios como a contaminação do ar em Londres e Nova York, entre 1952 e 1960, os casos fatais de intoxicação com mercúrio em Minamata e Niigata, entre 1953 e 1965, a diminuição da vida aquática em alguns dos Grandes Lagos norte-americanos, a morte de aves provocada pelos efeitos secundários imprevistos do DDT e outros pesticidas e a contaminação do mar em grande escala, causada pelo naufrágio do petroleiro Torrei Canyon, em 1966. No início da década de 1970, importantes organismos especializados das Nações Unidas tinham iniciado programas sobre vários países desenvolvidos, pois tinham estabelecido instituições nacionais para manejar os assuntos ambientais (ministérios do meio ambiente, organismo especializados, etc.). O elemento ambiental integrou-se aos programas de muitos organismos intergovernamentais e governamentais que se ocupavam das estratégias de desenvolvimento. A fim de buscar respostas a muitas dessas questões, realiza-se, em 1972, a Conferência de Estocolmo. Desde então, a Educação Ambiental passa a ser considerada como campo da ação pedagógica, adquirindo relevância e vigência internacionais. A conferência inspirou um interesse renovado na Educação Ambiental na década de 1970, tendo sido estabelecida uma série de princípios norteadores para um programa internacional e planejado um seminário internacional sobre o tema, que se realizou em Belgrado, em 1975. As discussões em relação à natureza da Educação Ambiental passaram a ser desencadeadas e os acordos foram reunidos nos Princípios de Educação Ambiental, estabelecidos no seminário realizado em Tammi (Comissão Nacional Finlandesa para a UNESCO, 1974). Esse seminário considerou que a Educação Ambiental permite alcançar os objetivos de proteção ambiental e que não se trata de um ramo da ciência ou uma matéria de estudos separada, mas de uma educação integral permanente. Em 1975, a UNESCO, em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio ambiente (PNUMA), em resposta à recomendação 96 da Conferência de Estocolmo, cria o Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA), destinado a promover, nos países-membros, a reflexão, a ação e a cooperação internacional nesse campo. Sem dúvida, a Conferência de Estocolmo configurou-se mais como um ponto centralizador para identificar os problemas ambientais do que como um começo da ação para resolvê-los. Dois anos mais tarde celebrou-se em Tbilisi, na antiga URSS, a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, que constitui, até hoje, o ponto culminante do Programa Internacional de Educação Ambiental. Nessa conferência foram definidos os objetivos e as estratégias pertinentes em nível nacional e internacional. Postulou-se que a Educação Ambiental é um elemento essencial para uma educação global orientada para a resolução dos problemas por meio da participação ativa dos educandos na educação formal e não-formal, em favor do bem-estar da comunidade humana. Acrescentou-se aos princípios básicos da Educação Ambiental nessa conferência que é a importância que é dada às relações natureza-sociedade, que, posteriormente, na década de 1980, dará origem à vertente socioambiental da Educação Ambiental. A década de 1980 caracteriza-se por uma profunda crise econômica que afeta o conjunto dos países do mundo, bem como por um agravamento dos problemas ambientais. Concebe-se a realidade socioeconômica em termos sistêmicos e estruturais, mostrando a entropia do processo econômico, com a aplicação das leis da termodinâmica na economia. Essa década foi marcada por grandes acidentes ambientais de efeitos desastrosos como o da usina nuclear de Chernobyl. A Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável realizada no Rio de Janeiro em 1992, da qual participaram 179 países, resultou no mais importante documento internacional que reúne os princípios norteadores da educação ambiental hoje - a Agenda 21. A Agenda 21 enfatiza o papel da educação na promoção do desenvolvimento sustentável através da concentração de esforços dos países para a universalização da educação básica e a promoção da educação ambiental que deveria ser ensinada a partir do ingresso das crianças nas escolas, integrando os conceitos de meio ambiente e desenvolvimento e dando especial ênfase à discussão dos problemas locais. Conclusão Com base neste histórico apresentado podemos perceber que a Educação Ambiental não está em foco há pouco tempo, já existe uma preocupação sobre a relação entre o homem e o se habitat natural. Esse processo de conscientização ecológica nos permite perceber que é necessário cada vez que este tema seja apresentado dentro de escolas, empresas e na comunidade em geral para que se possa construir uma cultura ambiental, que se imponha a necessidade da educação para o desenvolvimento sustentável e do controle, por legislação do meio ambiente natural e da gestão ambiental. Segundo Munhoz (2004), uma das formas de levar educação ambiental à comunidade é pela ação direta do professor na sala de aula e em atividades extracurriculares. Através de atividades como leitura, trabalhos escolares, pesquisas e debates, os alunos poderão entender os problemas que afetam a comunidade onde vivem; instados a refletir e criticar as ações de desrespeito à ecologia, a essa riqueza que é patrimônio do planeta, e, de todos os que nele se encontram. E ainda diz: Os professores são a peça fundamental no processo de conscientização da sociedade dos problemas ambientais, pois, buscarão desenvolver em seus alunos hábitos e atitudes sadias de conservação ambiental e respeito à natureza transformando-os em cidadãos conscientes e comprometidos com o futuro do país. Atualmente se faz necessário acelerar o processo de conscientização ecológica dentro de escolas, empresas e na comunidade em geral para que se possa construir uma cultura ambiental, que se imponha a necessidade da educação para o desenvolvimento sustentável e do controle, por legislação do meio ambiente natural e da gestão ambiental. Referências bibliográficas MUNHOZ, Tânia. Desenvolvimento sustentável e educação ambiental. Disponível em: . Acesso em 15 ago 2010. QUINTINO, Carlos Alberto Alves. Um histórico sobre a educação ambiental no Brasil e no mundo, 2006. Disponível em: . Acesso em 26 jan 2011 Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Junho, 1992. Disponível em: < http://tratadodeea.blogspot.com/>. Acesso em 01 set 2010.