1 INTRODUÇÃO

Escolher uma escola não é uma tarefa muito difícil, entretanto deve-se observar como a escola atua no desenvolvimento das habilidades e valores no educando. Educa-se para a vida e não somente para provas e vestibulares. Conhecer por conhecer não dá conta de ampliar a compreensão de mundo, e conhecimento que não ilumina o mundo não é conhecimento.

As propostas das escolas refletem os novos paradigmas, apesar de muitas vezes não conseguir colocá-los em prática. Hoje a linguagem é outra, mudou-se os termos, os métodos, as técnicas. Estimula-se muito mais a curiosidade, o aprender a apreender. Escolher uma escola nos dias atuais passou então a ser um desafio. E não é por acaso que no início de cada ano letivo, vários jornais e revistas destinam matérias sobre o tema, tentando ajudar os pais a entender a proposta pedagógica da escola. 

2 A ESCOLA

As escolas que não conhecem o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH, e não corroboram para conhecê-lo, estas devem ser rejeitadas, pois conhecendo o transtorno e as técnicas de trabalho em sala de aula, o professor tem a habilidade de proporcionar mudanças significativas com a aprendizagem, portanto ele deve ser orientado para conhecer e atuar de forma mais eficiente. 

Para delinear ações na organização de uma educação que aceite as diferenças individuais e gere a aprendizagem no sentido de atender as necessidades das crianças para uma educação inclusiva, ocorreu em 1994, na Espanha, a Conferência Mundial sobre as Necessidades Educativas Especiais, aprovando assim, a Declaração de Salamanca com o objetivo de:

 [...] promover a Educação para Todos analisando as mudanças fundamentais de políticas necessárias para favorecer o enfoque da educação integradora, capacitando realmente as escolas para atender todas as crianças, sobretudo as que têm necessidades especiais (BRASIL, 2016a, p. 5). 

O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECRIAD (BRASIL, 2016b) dispõe em seu artigo 15 sobre a proteção integral da criança e do adolescente:

Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. 

Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN veio através do seu artigo 59, formalizar:

Art. 59º. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades;II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;

III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;

IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;

V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular (BRASIL, 2016c). 

É relevante conhecer algumas ações importantes para escolher uma escola que possa acolher uma criança ou adolescente com o transtorno:

ð Deve-se levar em conta as diferenças individuais de aprendizagem;

ð Deve-se utilizar critérios variados de avaliação;

ð As classes devem ter números pequenos de alunos, para maior atenção individual;

ð Os trabalhos devem ser feitos em pequenos grupos;

ð A sala de aula deve ser a mais próxima do banheiro e o aluno deve sentar-se longe da janela;

ð A sala não deve ser muito estimulante. Na parede deve ter cartaz que lembrem os compromissos (provas, trabalhos, afazeres);

ð As mesas não devem ficar muito juntas;

ð Deve-se fazer um teste se os alunos com TDAH saem-se melhor nas primeiras fileiras ou nas últimas;

ð O professor deve manter certa proximidade física mais não ficar se movendo na frente da sala o tempo todo.

Do mesmo modo como se ensina o conteúdo mais fácil e depois se progride para aquele mais difícil, as exigências devem começar pelas mais simples e depois passar as mais complexas. Lembre-se, entretanto, de que aquilo que pode ser fácil para um aluno comum (como ficar sentado prestando atenção) pode ser dificílimo para um aluno que têm TDAH (MATTOS, 2001, p. 106). 

O professor deve lançar mão de todos os recursos disponíveis para ajudar a essa criança, até que consiga descobrir o estilo de aprendizagem do aluno com TDAH. Deve também planejar e organizar muito bem o ambiente em sala de aula, de forma a reduzir a presença de estímulos que venham competir com a atenção do aluno, esse fato poderá facilitar aprendizagem. Quando um estímulo for considerado útil com o propósito de recurso para trabalhar determinado conteúdo, quer em termos de controle de atenção ou termos de motivação, deverá ser introduzido no ambiente no momento adequado e retirado a seguir. 

De acordo com Benczik (2002, p. 35), “[...] deve-se ter conhecimento das dificuldades da concentração da criança, durante um tempo prolongado, para selecionar a informação relevante em cada problema de forma a estruturar e realizar uma tarefa”. Importante também, criar grupos de trabalhos com números de componentes reduzidos. Organizar uma rotina diária e manter o ambiente escolar preparado auxiliará a criança a ter equilíbrio emocional. A educação física é primordial, embora esta criança sempre apronte nas aulas, entretanto o professor deve saber lidar com esses momentos de impulsividade. 

O atendimento individualizado é de suma importância para o aluno TDAH. Essa criança pode ser útil assistente do professor, podendo auxiliá-lo sempre. A intensidade da voz do professor também é relevante, pois não deve falar alto demais e muito menos baixo, pois professores que falam muito baixo costumam não conseguir com que a criança se concentre no que está explicado. Outra medida é reforçar o que está sendo explicado, porque garante a manutenção do estar atento. 

Planejar o início das aulas, das atividades, das tarefas que serão desenvolvidas são estratégias específicas para manejo de comportamento, mantém a rotina de trabalho e também facilita o processo de ensino-aprendizagem. De acordo com Rohde e Benczik (1999, p. 37), 

[...] o reforço positivo do comportamento esperado é o aspecto mais importante em qualquer estratégia ou programa de redução do comportamento hiperativo. Por exemplo: combine com o aluno que o comportamento esperado dele é que levante uma vez a cada duas horas para ir ao banheiro e se levante uma vez por turno para apontar o lápis ou conversar com o colega. 

O professor deve guiar o aluno antecipadamente sobre o que se espera dele em termos de comportamento e aprendizagem, e assim, ele se sente mais seguro. Além disso, devem-se evitar estratégias de punições, advertências ou expulsões. Nos momentos de muita hiperatividade é preciso que se permita ao aluno deixar a sala de aula, por alguns minutos, a fim de reorganizar-se internamente, como também é importante separá-los de colegas que estimulem comportamento inadequado. O professor deve monitorar os progressos do aluno em relação ao comportamento esperado. Em cada dia que ele alcançar o combinado, reforce positivamente isto, por meio de elogios e recompensas. Uma recompensa poderá nomeá-lo como ajudante no dia seguinte. Estimular o aluno a pensar em soluções e alternativas, através de desenhos ou escritas, sobre situações ocorridas, facilita o desenvolvimento de um autocontrole positivo. 

O desempenho escolar do aluno é marcado pela instabilidade. Em um momento ele é brilhante, e em outro, inexplicavelmente, não consegue sequer entender os conteúdos. Para tanto, segundo Silva (2003, p. 62) 

[...] o professor que desconhece o problema pode acabar concluindo que essa criança é irresponsável ou rebelde, pois em um dia pode estar produtiva participante, mas no dia seguinte simplesmente não prestar atenção em nada e não levar a cabo os deveres.

Silva apresenta bem a necessidade do professor conhecer o problema do seu aluno, senão será taxado de adjetivos que realmente não recai sobre ele.  

2 TDAH – TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE

Os alunos com o TDAH têm o hábito de errar coisas que são capazes de entender, apenas, porque não prestaram atenção a certos detalhes, ou porque fizeram leitura automática. Mattos (2001, p. 107, 108) ressalta que se o aluno apresenta incapacidade de abstrair conceitos, se tem dificuldades de armar e resolver contas e não consegue interpretar textos mesmos seguindo todas as sugestões e cuidados com esse aluno, e mesmo assim não atinge o objetivo, é provável que exista algum outro problema associado ao TDAH. Afirma ainda que as dificuldades de aprendizagem que podem coexistir com TDAH são:

[...]