INTRODUÇÃO

As relações humanas exigem do homem habilidades para expressar seus sentimentos, defender seus direitos e lidar com a adversidade do mundo contemporâneo. Para viver em sociedade, desempenhar papéis e manter relações interpessoais saudáveis, o ser humano precisa desenvolvê-las, quando existe um déficit nessas habilidades o indivíduo apresenta comportamentos inadequados que geram dificuldades em interagir socialmente.

Treinamento de Habilidades Sociais (THS) encontra-se entre as técnicas mais potentes e mais freqüentemente utilizadas para o tratamento dos problemas psicológicos, para a melhoria da afetividade interpessoal.

No campo do Treinamento de Habilidades Sociais um dos principais fatores a ser trabalhado é a assertividade. As pesquisas têm mostrado que as pessoas socialmente competentes tendem a apresentar relações pessoais e profissionais mais produtivas, satisfatórias e duradouras, além de melhor saúde física e mental e bom funcionamento psicológico. Por outro lado, “os déficits em habilidades sociais estão, geralmente, associados às dificuldades e conflitos na relação com outras pessoas, à pior qualidade de vida e a diversos tipos de transtornos psicológicos” (DEL PRETTE, 2007).

Segundo Del Prette (2007) a área de estudos e de aplicação das habilidades sociais está se desenvolvendo cada vez mais nos últimos anos, no cenário internacional, assim como em nosso contexto. A crescente complexidade das demandas sociais, tanto no nível pessoal quanto profissional, requer cada vez mais das pessoas habilidades sociais elaboradas. O desenvolvimento das habilidades sociais se mostra primordial na promoção de interações sociais bem sucedidas e que a teoria de papéis, também, pode ser relacionada à incorporações de algumas técnicas psicodramáticas ao treinamento em habilidades sociais.

1. Definição de Habilidades Sociais e Competências Sociais

O termo habilidades sociais refere-se às diferentes classes de comportamentos (verbais, não verbais e paralingüísticos) presentes no repertório da pessoa para lidar com as demandas das situações interpessoais, que constituem componentes do desempenho socialmente competente (Del Prette & Del Prette, 2007)

A competência social pode ser definida ainda como a capacidade do indivíduo (auto-avaliado ou avaliado por outros) em apresentar um desempenho que garanta, simultaneamente: consecução dos objetivos da interação; manutenção e/ou melhora da qualidade da relação; manutenção ou melhora da auto-estima; respeito e ampliação dos direitos humanos básicos; e maior equilíbrio de ganhos e perdas entre os parceiros da interação (DEL PRETTE, 2007).

Dimensões das Habilidades Sociais

 Habilidades sociais são comportamentos que os indivíduos precisam aprender para conviver bem em sociedade, incluindo as habilidades de comunicação, resolução de problemas, cooperação, etc.

As habilidades sociais têm sido relacionadas à qualidade de vida uma vez que através delas o indivíduo pode desenvolver relações interpessoais mais gratificantes, maior realização pessoal, sucesso profissional, além de melhor saúde física e mental. Para que um adulto possa lidar adequadamente com estas situações é preciso um aprendizado anterior, o qual começa na infância.

A família é o primeiro grupo social de uma criança, lugar no qual ela inicia o aprendizado da convivência social, suas regras e papéis. É sabido que o relacionamento entre pais e filhos é um dos fatores essenciais para o desenvolvimento de Habilidades Sociais. É primariamente através dos pais e do ensino que a cultura do adulto tem sido passada para cada nova geração de crianças. Através do contato com os pais, a criança pode aprender habilidades e valores importantes para uma boa interação social.

O segundo grande grupo social no qual a criança ingressa geralmente é a escola. É na escola que a criança entra em contato com outras crianças da mesma idade e aprofunda habilidades e conhecimentos, tais como empatia, comportamentos morais, capacidade de seguir regras, papéis, solução de problemas, comunicação, entre outros, de tal forma que este ambiente contribui significativamente para o desempenho social futuro da criança. Estes relacionamentos entre pares são importantes para o desenvolvimento do adequado funcionamento interpessoal e proporciona oportunidades únicas para a aprendizagem de habilidades específicas que não ocorrem de outra maneira nem em outros momentos.

Falhas nesse desenvolvimento, não corrigidas a tempo, tornam-se obstáculos para a interação social produtiva; daí a importância da precoce identificação de problemas, e principalmente de adoção de medidas preventivas. Somando-se a isso, faz-se necessário um maior esclarecimento e orientação de pais e professores com relação a importância das habilidades sociais para a vida de seus filhos e alunos.

 Base do Treinamento em Habilidades Sociais

  O Treinamento em Habilidades Sociais (THS) Treinamento em habilidades sociais não se trata de uma novidade. O THS teve início na Inglaterra nos anos 1970, a partir dos estudos e publicações de Argyle, da Universidade de Oxford. Recebeu contribuições da área de Treinamento Assertivo, que acontecia na mesma época nos Estados Unidos, impulsionado pelos trabalhos de Wolpe. Compreende duas etapas, que não precisam acontecer separadamente: a de avaliação e a de intervenção. A avaliação destina-se à identificação de déficits e excessos comportamentais, seus antecedentes e conseqüentes, respostas emocionais concomitantes e crenças distorcidas que estejam contribuindo para a não emissão de comportamentos socialmente habilidosos. Embora os programas de treinamento em habilidades sociais tenham afiliações teóricas variadas como teorias humanistas sistêmicas, cognitivistas e comportamentalistas, parecem haver o predomínio de técnicas cognitivo-comportamentais em intervenções na área. São empregadas técnicas de fornecimento de instruções, ensaio comportamental, modelagem, modelação, feedback verbal e em vídeo, tarefas de casa, reestruturação cognitiva, solução de problemas, relaxamento e, em caso de intervenções grupais, vivências. Em seu conjunto, estas técnicas visam à modificação de componentes comportamentais, cognitivos e fisiológicos típicos dos déficits em habilidades sociais. Como técnica principal ou como auxílio para outros procedimentos terapêuticos, o THS interessa-se pela mudança do comportamento social. A essência do THS consistiria em tentar aumentar o comportamento adaptativo e pró-social, ensinando as habilidades necessárias para uma interação social satisfatória, as pesquisas na área de treinamento de habilidades sociais têm demonstrado que as pessoas socialmente competentes tendem a apresentar relações profissionais mais duradouras, produtivas e satisfatórias e que, por outro lado, os déficits relativos às habilidades sociais freqüentemente estão associados a conflitos na relação com outras pessoas, à pior qualidade de vida e a diversos tipos de transtornos psicológicos. A adaptação do método do Treinamento de Habilidades Sociais, do domínio da Clínica para os ambientes de trabalho também não é uma novidade.  

 Contextos e Demandas de Habilidades Sociais

 As Habilidades Sociais reúnem componentes comportamentais (verbais de forma, verbais de conteúdo e não verbais), cognitivo-afetivos mediadores (habilidades e sentimentos envolvidos na decodificação das demandas interpessoais da situação, na decisão sobre o desempenho requerido nessa situação e na elaboração e auto-monitoria desse desempenho) e fisiológicos (processos sensoriais e de regulação ou controle autonômico). Todos estes aspectos são essencialmente circunstanciais, no sentido de que seus atributos variam de acordo com as circunstâncias e a elas se ajustam de forma dinâmica.

       6.  Cooperativa

 O Cooperativismo é uma associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente para satisfazer aspirações econômicas, sociais e culturais comuns, por meio da criação de uma sociedade democrática e coletiva

As cooperativas são baseadas em valores de ajuda mútua, solidariedade, democracia e participação, acreditando nos valores éticos de honestidade, responsabilidade social e preocupação com o semelhante. Geralmente seu objetivo é o desenvolvimento do ser humano, das famílias e da comunidade, buscando satisfazer não somente a necessidade de consumo de um determinado bem ou serviço, mas também a necessidade social e educativa.

Sua formação inicia-se geralmente por pequenos grupos de pessoas, que formarão, com recursos individuais, um capital coletivo, que deve garantir as atividades da cooperativa.

O ato cooperativo é uma relação de negocio do associado com um tomador, naquilo que for mediado pela cooperativa.

 6.1 VALORES E PRINCÍPIOS DE UM COOPERATIVISMO

6.2  Valores

As cooperativas baseiam-se em valores de ajuda mútua e responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Na tradição dos seus fundadores, os membros das cooperativas acreditam nos valores éticos da honestidade, transparência, responsabilidade social e preocupação pelo seu semelhante.

 6.3  Princípios

 Os princípios cooperativos são as linhas orientadoras através das quais as cooperativas levam os seus valores à prática.

 Adesão voluntária e livre.

 As cooperativas são organizadas voluntariamente, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e a assumir as responsabilidades como membros, sem discriminação de sexo, social, racial, política e religiosa.

 Gestão democrática pelos membros.

 As cooperativas são organizadas democráticas, controladas pelos seus membros, os cooperantes, reunidos em assembléia, discutem e votam os objetivos e metas do trabalho conjunto, bem como elegem os representantes que irão administrar a sociedade. Cada associado representa um voto, não importando se alguém detenha mais quotas do que outros.

 Participação Econômica dos Membros.

 Todos contribuem igualmente para a formação do capital da cooperativa, o qual é controlado democraticamente. Se a cooperativa é bem administrada e obtém uma receita maior que as despesas, esses rendimentos serão divididos entre os sócios até o limite de valor e a remuneração de cada um.

 O restante poderá ser destinado para investimentos na própria cooperativa para outras aplicações, sempre de acordo com a decisão tomada na assembléia.

 Autonomia e Independência.

 O funcionamento da empresa é controlado democraticamente. Se estas firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições que assegurem o controle democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia das cooperativas.

 Educação Formação e Informação.

É objetivo permanente de a cooperativa destinar ações e recursos para formar seus associados, capacitando-os para a prática cooperativista e para o uso de equipamentos e técnicas no processo produtivo e comercial. Ao mesmo tempo, buscam informar o público sobre as vantagens da cooperação organizada, estimulando o ensino do cooperativismo nas escolas.

 Intercooperação

 Para o fortalecimento do cooperativismo é importante que haja intercâmbio de informações, produtos, viabilizando o setor como atividade sócio – econômica. Por outro lado, organizadas em entidades representativas, formadas para contribuir no seu desenvolvimento, determinam avanço e conquistas para os movimentos cooperativistas nos níveis locais e internacionais.

 

Interesse pela Comunidade.

 As cooperativas trabalham para o bem estar de suas comunidades, através de execução de programa sócio – cultural realizado em parcerias com o governo e outras entidades civis.

 CARACTERÍSTICAS DE UMA COOPERATIVA.

Sociedade sem finalidade lucrativa, de responsabilidade limitada ou ilimitada, constituídas para prestar serviços aos associados com as seguintes características básicas:

Sociedade de pessoas, com forma e natureza jurídica própria de natureza civil e não sujeita a falência; adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços; variabilidade do capital social representado por quotas-partes; limitação do número de quotas-partes do capital para cada associado, facultado, porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for mais adequado para o cumprimento dos objetivos sociais; inacessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos à sociedade; singularidade de voto; quorum para funcionamento e deliberação da assembléia geral baseado no número de associados; retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário em assembléia geral; indivisibilidade dos fundos de reserva e de assistência técnica, educacional e social; neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social; prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos estatutos, aos empregados da cooperativa; área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, operações e prestação de serviços.

  Caracterização do papel de gestor de cooperativas

 Ao Gestor de cooperativas caracteriza seu papel de conhecer o Cooperativismo e de gerenciar e assessorar cooperativas e organizações similares, como as Organizações Não-Governamentais (ONGs), observando-se os princípios democráticos, a igualdade, a eqüidade e a solidariedade no processo de constituição e desenvolvimento dessas organizações. Compete também a este profissional desenvolver a educação cooperativista e promover o desenvolvimento das cooperativas e suas comunidades, orientar e assistir aos empreendimentos dos associados. Além disso, o gestor de cooperativas é capaz de caracterizar e interpretar as diversas formas do movimento cooperativista, teorizar as questões cooperativistas, enfocando-as na dupla dimensão (econômica e social), apoiar e reforçar iniciativas cooperativistas no plano da promoção humana e da transformação das estruturas sociais, estimularem a pesquisa e prestar assessoria a cooperativas.

 

Referências bibliográficas

 

DEL PRETTE, A. e; DEL PRETTE, Z; Psicologia das Relações Interpessoais, Petropolis. Ed. Vozes, 2001.

BROWN, Guilhermo. Jogos cooperativos: teoria e prática. [Trad. de Rui Bender]. São Leopoldo: Editora Sinodal, 1994.

SCHNEIDER, José Odelso. A doutrina do cooperativismo nos tempos atuais. São Leopoldo: Editora Unisinos / CEDOPE, 1993.