Por mais de 10 anos faço projeto de investimento para médias e grandes empresas e durante esse tempo tive várias experiências positivas e que, de certa forma, me garantiram respeito e reconhecimento no mercado. Por isso, resolvi contribuir com a minha experiência apresentando os requisitos ou cuidados necessários para se ter um projeto de investimento aprovado em instituições bancárias, como Banco de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste, BASA, Banco Real, Bradesco e outros. E também, depois de aprovado e com recursos em mãos, não causar danos ao negócio.

Primeiramente, precisamos compreender que projeto de investimento é um documento sistematizado utilizado pelos bancos para analisar determinada operação de crédito, geralmente de longo prazo, visando financiar máquinas, equipamentos, construção civil, capital de giro associado e/ou serviços relacionados ao investimento.

Qualquer empresa em fase de crescimento necessita de recursos financeiros para financiar as suas operações no sentido de aumentar a produção, melhorar faturamento, reduzir custos marginais, melhorar margem líquida, atender a novos mercados, enfim, melhorar a sua lucratividade, disponibilidade de caixa e sua rentabilidade, e com isto melhorar o retorno sobre o capital investido.

Entretanto, algumas empresas não fazem uma análise minuciosa da necessidade de captar recursos de terceiros para financiar os ativos desejados, aplicando recursos na construção de sede própria, comprando equipamentos desnecessários, captando capital de giro sem conhecer sua NCG - Necessidade de Capital de Giro, levando-a a contrair dívidas não baseadas em indicadores de desempenho econômico e financeiro que justifique o investimento. Mas na empolgação do momento!

Geralmente, as causas dos riscos iminentes das empresas são as ações originadas na fase de crescimento, pois os seus administradores acabam por não fazer uma análise ampla da necessidade de financiamento motivada e vislumbrada pelo atual momento que a empresa está passando. Por isso, acabam não tendo a cautela necessária para decidir sobre respectivo investimento. Outras vezes, ficam tão empolgados com prazos e taxas que se esquecem de avaliar o impacto do financiamento sobre o caixa, sobre a operação do negócio, sobre a sociedade e sobre a mão de obra. Não comparam o custo do financiamento com o custo do capital da empresa e também não analisam o impacto do oferecimento das garantias nas operações diárias de curto prazo. Uma decisão errada ou precipitada pode comprometer todo o negócio! Então, como fazer para obter recursos financeiros subsidiados sem colocar a sua empresa em risco?

Primeiro, a decisão de investir deve ser proveniente de um planejamento de longo prazo, e que se justifique por obter ganhos reais nos resultados, como: aumento de produção para atender demanda reprimida, melhoria de margem, redução dos custos unitários de produção, atender a novos mercados já testados e aprovados, pesquisa e desenvolvimento, troca de ativo oneroso por um ativo rentável e, por fim, como resultado de engenharia financeira para recuperar a competitividade.

Para que um projeto de investimento seja aprovado, a empresa precisa dispor de um conjunto de informações, onde a necessidade de investimento seja apresentada de forma atraente, segura e viável para o banco, que justifique a sua participação.

1.    A empresa precisa ter as condições para pleitear o financiamento na instituição financeira no que diz respeito:

 

a.    Ao cadastro da empresa e dos sócios, sem registro em órgãos de proteção ao crédito;

b.    A experiência administrativa dos empreendedores para gerir do negócio;

c.    Aos demonstrativos contábeis e financeiros;

d.    Às certidões dos órgãos municipais, estaduais e federais;

e.    Aos aspectos ambientais, quando houver necessidade;

f.     A apresentar garantia suficiente para cobrir o percentual exigido pelo banco, com o valor de mercado de cada imóvel;

g.    A situação patrimonial dos sócios e da empresa;

h.    Se grupo econômico, apresentar o relacionamento contábil, fiscal, societário e patrimonial entre as empresas formadoras do grupo.

 

2.    O objeto do investimento deve ser enquadrado nas linhas de crédito de longo prazo oferecidas no mercado, como: BNDES, FCO, FNE, FNO, FINEP, Financiamento Habitacional, Progetur, Proger, Progeren e outros;

 

3.    A empresa tomadora deve apresentar o recurso próprio referente à sua contrapartida no investimento, e de acordo com os percentuais determinados pelo porte de cada empresa. Em alguns casos, deverá formalizar o aporte em forma de aumento de capital social;

 

4.    A empresa tomadora deve fornecer todos dados e informações para construção do projeto. Sem dados e informações, o projetista não tem condições de trabalho;

 

5.    Apresentar o instrumento para captação dos recursos dentro do roteiro da instituição, neste caso, o projeto de investimento deve contemplar, no mínimo, o seguinte:

 

a.    A empresa e suas interligações;

b.    Análise mercadológica, incluindo os efeitos da macroeconomia;

c.    Quadro de Usos e Fontes;

d.    Projeção econômica e financeira decorrente do resultado dos exercícios anteriores, extraindo a taxa real de crescimento;

e.    Projeção baseada na metodologia do OBZ, considerando o cenário econômico para um determinado período;

f.     Projeção do fluxo de caixa para o período do projeto, não se esquecendo de considerar as dívidas existentes e suas respectivas amortizações;

g.    Fazer estudo de cenários, Pessimista, Realista e Otimista, e os respectivos índices de análise de viabilidade;

h.    Baseando-se nos resultados das projeções, deve extrair os índices de analise de viabilidade: TIR, TMR, VPL, PBS, PBD, VUL, FUL, B/C, Sensibilidade B/C e outros;

i.      E, a recomendação final do responsável técnico pelo projeto.

 

6.    Em se tratando de financiamento que tenha aplicação de recursos em construção civil, deverão ser apresentados todos os documentos que comprovem a regularidade da edificação no imóvel, seguem alguns:

 

a.    Projeto arquitetônico, Estrutural, Hidráulico, Elétrico e outros, se houver;

b.    Memorial descritivo da construção;

c.    Cronograma físico-financeiro;

d.    Declaração de idoneidade da empresa construtora, preferencialmente com apresentação de acervo técnico;

e.    Alvará de licença e funcionamento do empreendimento.

 

 

7.    A elaboração de um projeto é uma tarefa complexa e requer do projetista muita dedicação a pesquisa e a análise dos dados coletados sobre a empresa e mercado;

 

8.    ATENÇÃO! Nunca entregue o projeto faltando informações ou documentos que dificulte a sua análise pelo banco, pois a instituição poderá devolvê-lo e, isso causará transtornos e demora na reanálise.

 

Por último e não menos importante, a empresa deve ter bem claro os critérios de escolha do consultor responsável pelo projeto, da instituição financeira e do gerente responsável pela operação de crédito, pois a escolha bem feita é determinante para se ter agilidade no desenvolvimento do processo e o resultado desejado.

 

Adm.Manoel Quintino Júnior é consultor financeiro, palestrante e diretor da Makin Consultoria em Negócios Empresariais Ltda.(www.makin.com.br e www.makinrh.com.br), graduado em Administração de Empresas e Especializado em Gestão Empresarial pela UFRJ.