GUERRA ESCURA
Nazaré, 12-01-1977

Às vezes no meio da vida
Eu sinto chegar o seu fim.
Fim este, que demora tanto...
O homem não sabe o que faz,
É ofendido e dá presentes,
Tem armas e mata inocentes,
Como se ele sozinho
Fosse o dono do mundo.

Certa vez, eu pensando,
Senti uma coisa estranha
Como que uma guerra de nervos,
Que travava-se em meu interior.

Era uma guerra estranha,
Era o ego sempre autoritário
Contra o id sempre libertário,
E o superego gritava
Que aquilo era vergonhoso.
Era o meu cordeiro
Em guerra contra minha serpente.
Nada pude fazer. Só observar
Até que os dois se decidissem,
Qual deles venceria. O mais forte com certeza.
Se o mundo fosse um sonho
O id venceria.
Se o mundo fosse realidade
O ego venceria.
Mas como o mundo é censurado
O superego prevaleceu.