GRUPOS SOCIAIS

 

Ao decorrer de nossas vidas, fazemos parte dos mais diferentes grupos de pessoas, tanto por escolhas próprias quanto por circunstâncias transcendentais à nossa vontade. Desta forma, entramos e saímos de vários grupos sociais, os quais influenciam deveras em nossa formação educacional, valores e visões de mundo.

Uma tendência inata ao ser humano é a de procurar espelhar-se em alguém ou em algo. Neste âmbito, quando uma pessoa se identifica com outra e estas passam a estabelecer um vínculo social mútuo, ocorre a associação humana – fator que consolida a existência dos grupos sociais.

Afinal de contas, o que é um grupo social? Dantas (2010) assevera que grupo social é a forma básica de associação humana que possui tradições morais e materiais em comum. Ademais, para que haja um grupo social, é preciso haver interação recíproca entre seus participantes, visando objetivos comuns.

Os grupos sociais apresentam uma forma de organização subjetiva, pois são superiores e exteriores ao indivíduo. Desta forma, mesmo que determinado indivíduo saia de um grupo, provavelmente este não irá acabar. Para Jukervicz (2009), os membros de um grupo social possuem uma consciência grupal (“nós” ao invés do “eu”), hábitos, valores e objetivos em comum, apresentando-se através de normas, costumes, linguagem e posições sociais definidas. Eis a divisão de grupos sociais:

  • Familiar, representado pela família;
  • Vicinal, formado por pessoas residentes próximas e que interagem entre si;
  • Educativo, desenvolvido pela escola;
  • Religioso, representado pelos fiéis de uma igreja;
  • Lazer, formados por clubes, associações esportivas, grupos de teatro e música, etc.;
  • Profissional, constituído por indivíduos que exercem o mesmo ofício profissional;
  • E político, formado pelos militantes de um determinado partido, por integrantes de organismos do Estado, etc.

Além disso, os grupos sociais podem ser classificados em:

  • Grupos primários – são grupos pequenos que apresentam estreitas relações, tais como: famílias, os vizinhos, os grupos de lazer, por exemplo. Podem ser caracterizados por contatos diretos ou indiretos;
  • Grupos secundários – são grupos grandes cujas relações são apenas formais e institucionais, sendo que alguns deles podem durar durante anos, porém alguns desaparecem após determinada temporada.
  • Grupos intermediários – são grupos em que há as duas formas de contatos sociais: primários e secundários. Um exemplo desse tipo de grupo é a escola.

Embora os grupos sociais apresentem distinções dimensionais, as principais características que podemos detectar nestes são:

  • Pluralidade de indivíduos – todo grupo expressa ideia de coletividade, pois sempre haverá mais de uma pessoa no grupo;
  • Interação social – para que um grupo exista, os indivíduos devem interagir uns com os outros;
  • Organização – para que determinado grupo apresente estabilidade, é preciso uma ordem interna;
  • Objetividade e exterioridade – os grupos sociais são superiores e exteriores ao indivíduo, uma vez que ele já existe quando uma pessoa entra neste. E quando sai, provavelmente continuará a existir;
  • Conteúdo intencional ou objetivo comum – os membros de um grupo se unem em torno de certos princípios ou valores para atingir um objetivo comum. Quando uma determinada parcela põe em dúvida algum dos princípios grupais, o grupo se desagrega ou sofre divisões;
  • Consciência grupal – também chamada de sentimento de “nós”, são as formas de pensar, sentir e agir próprias deste grupo, no qual há o compartilhamento de uma série de ideias, valores e modos de agir;
  • Continuidade – para que um grupo exista, é necessário haver interações duradouras, como ocorre, por exemplo, na família, na escola, no sindicato, etc. Entretanto, há grupos de duração efêmera, que aparecem e desaparecem facilmente, como os mutirões de saúde.

 

Além dos fatores apresentados a priori, todo grupo social depende de determinadas “forças” para poder existir. Há três forças principais que mantêm consolidados os grupos: Liderança, Normas e Linguagem.

  • Liderança – entende-se que esta palavra designa a capacidade de um indivíduo ou de um conjunto de pessoas que chefiam e orientam as ações do grupo. Toda liderança é presidida por um líder; e este, por sua vez, possui atributos pessoais (como inteligência, prestígio, poder de comunicação) para se manter lá;
  • Normas – são premissas que norteiam a conduta de um grupo social. Estas premissas são aplicadas através de sanção sociais, que são uma recompensa ou uma punição que o grupo atribui ao individuo que porventura causa algum bem ou algum mal mediante o seu comportamento;
  • As sanções sociais são classificadas em: a) aprovativas – são reconhecimentos de um grupo social por determinado indivíduo, sendo expresso sob a forma de aceitação, aplausos, honrarias, promoções e benefícios; b) reprovativas – são punições impostas ao indivíduo que porventura desobedecer às normas vigentes no grupo, sendo expressas através de zombarias, vaias, insultos, perda de bens materiais e até a prisão;
  • Valores – são muito importantes para uma boa convivência social. Não obstante, o grupo estabelece o que é desejável, o que é proibido, o que é bonito, o que é feio, o que é certo e o que é errado. Os valores sociais variam de acordo com a época e a cultura, sendo o que é muito valorizado em um ambiente pode ser considerado sem grande importância em outros;
  • Símbolo – é um elemento imagético essencial tanto no processo de comunicação quanto na consolidação de normas de um grupo, pois expressam situações específicas, sejam boas ou más. Diariamente, difundem-se inúmeros símbolos oriundos das mais variadas vertentes do saber humano. E, embora haja símbolos reconhecidos internacionalmente, outros somente são compreendidos em determinado contexto;
  • Linguagem – todo ser humano sente vontade de conhecer o seu rededor e transmitir seus pensamentos para os demais. Luft (2002) afirma que a comunicação é o processo inato ao homem e que possibilita o conhecimento, e a linguagem é apenas o código de comunicação. Cada grupo social possui uma língua, que expressa o lado social da linguagem. Dentro do campo da língua, há a norma padrão ou forma culta (usada apenas para fins de conhecimento), os falares corriqueiros ou coloquiais e as variações linguísticas;

 

Todo indivíduo necessita de espaço em seu grupo social. E, dependendo do espaço concedido a este, poderá adquirir status. O status social não é definido somente por normas legais, mas também por valores que norteiam determinado grupo social.

Neste sentido, status é o espaço que o indivíduo preenche no universo de seu grupo social, influenciado pelo ponto de vista dos partícipes e abrangendo a glória, a dignidade, o grau de importância social de um sujeito. Algumas atitudes individuais podem acarretar em graves consequências na vida em sociedade, uma vez que, dependendo de seu modo de agir, o ser humano se torna portador de certas marcas que causam prejuízos sociais à sua imagem.

Mantendo-se os argumentos, o status adquirido em um grupo social requer do indivíduo um dispêndio de ímpeto pessoal para ser conquistado, devendo exercer seus melhores atributos pessoais conquistar a posição social que almeja. Desta forma, podemos dizer que o status é também fruto de competição.

Desde o mais remoto registro histórico, são uma constante as diferenças sociais entre os homens. De uma forma ou de outra, existe sempre uma hierarquia. Em um grupo social, os indivíduos estão cercados por uma aura que determina seu grau social adquirido ou atribuído. Seu sexo, sua faixa étnica, sua religião, sua ideologia política, sua profissão, entre outros, definem o nível de discriminação que o indivíduo irá sofrer ou não.

A sociedade concede aos indivíduos o status social almejado, mas não sem exigir algo em contrapartida. Todo grupo social requer da pessoa o desempenho de uma atribuição ao qual esta deve corresponder, à altura das expectativas do grupo.

Enfim, os grupos sociais, apesar de suas regras, normas, imposições feitas pela sociedade, são de grande importância à formação individual, pois podemos compartilhar valores, desenvolver ações, construir laços, ideias. Por mais que o ser humano tenha as suas particularidades, é preciso se identificar com tais grupos, mesmo por que faz parte da sua formação como indivíduo e convivência como sujeito em sociedade.

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

DANTAS, Thiago. Grupos Sociais. (Artigo disponível em: http://www.mundoeducacao.com.br/sociologia/grupos-sociais.htm, acesso em 25/11/2011).

JUKERVICZ, Ana Paula. Introdução à Psicologia do Trabalho. – São Paulo: Colégio Polivalente, 2009.

LUFT, Celso Pedro. Moderna Gramática Brasileira. – São Paulo: Globo, 2002.