"gravidez na adolescência"

Um problema demográfico e sociocultural


"teenage pregnancy"
A sociocultural and demographic problem

Autor (a): Sonia Maria dos Santos Filho
Co-autor: Justino Domingos Gonçalves



Resumo

O Projeto família na escola foi desenvolvido na Escola Estadual Alfredo Jose da Silva, no ano de 2010. A visibilidade social adquirida pela chamada "gravidez na adolescência" está também relacionada a outros fatores, como as demandas sociais em torno da mulher, da maternidade, da juventude e da criança. Modo recorrente de se referir à gravidez nesta faixa etária é nomea-la de precoce, indesejada ou não-planejada. Nesse sentido o nosso projeto baseia-se na necessidade de informar aos nossos jovens alunos em números e estatísticas e os métodos contraceptivos mais indicados e acessíveis no intuito de diminuir o numero de menores de idade engravidar muito cedo.

Palavras chaves: Métodos Contraceptivos, Gravidez Precoce, Adolescência.

Summary

the project family in school was developed in the Escola Estadual Alfredo Jose da Silva, in the year 2010. Social visibility acquired by so-called "teenage pregnancy" is also related to other factors, such as the social demands surrounding women, maternity and youth and children. Recurring basis of referring to pregnancy in this age group is in her early, unwanted or unplanned. In this sense our project is based on the need to inform our young students in numbers and statistics and methods most suitable and affordable contraception in order to decrease the number of minors become pregnant very soon.

Keywords: contraception, teen pregnancy, teens.

INTRODUÇÃO

O tema escolhido foi "Educação Sexual ? Sexualidade na Adolescência", tendo como problemática "Como trabalhar a sexualidade dos jovens na adolescência"?
Para Santos (1994), a pertinência da extensão enquanto função, ou seja, numa situação ideal, a relação com a realidade social já estaria presente na prática do ensino e da pesquisa.
Percebemos em nosso dia a dia o anseio da comunidade em orientar os jovens com relação à sexualidade. Por isso sentimos a necessidade de pesquisar e buscar alternativas para colaborar com a formação integral dos adolescentes da comunidade. Alem disso, pretendemos ajudá-los a esclarecer suas duvidas para que adquira maior confiança em si próprio.
Ainda nos dias de hoje, é tão difícil falar sobre sexo e sexualidade, mesmo estando este tema estampado em programas de televisão, músicas, revistas e tantas outras maneiras, que fazem parte do dia a dia e da nossa realidade.
As famílias não oferecem formação a seus filhos, deixando-os que aprendam tudo na escola, ou muitas vezes com pessoas de má intenção, tendo a possibilidade de aprenderem de maneira extremamente errada, causando nestes jovens preconceitos e tabus, para alcançar nossos objetivos será necessário chegar próximos destes alunos para sabermos suas reais curiosidades, deixando com os mesmos sugestões e atividades de como poderá ser trabalhada a sexualidade nas escolas e até mesmo dentro do seio familiar.
Mesmo a sexualidade sendo um assunto proibido para diversos adultos, não podemos cobrar deles mais informações, porque a educação que eles receberam sobre sexualidade leva-os a não se sentirem a vontade para falar sobre o assunto. Alguns pais não falam sobre sexualidade por medo, por não considerarem assunto para crianças e por outras razões diversas, muitas vezes pela própria educação que tiveram.
A confusão forma-se na cabeça das crianças, quando os pais escondem ou inventam algo sobre o sexo, muitas vezes evitando falar sobre o assunto, criando verdadeiros tabus. Meninos e meninas acabam procurando respostas para suas curiosidades, das diversas maneiras nem sempre corretas, através de revistas, filmes e conversas com determinados "amigos" não obtendo na maioria das vezes respostas corretas e objetivas.
Segundo Tiba (1998, p. 32) "ensinar é um gesto de generosidade, humanidade e humildade". É necessário que os pais e professores se conscientizarem que independente da idade, a sexualidade está presente e as dúvidas devem ser esclarecidas e discutidas, de maneira objetiva, simples com humildade, pesquisando quando as questões apresentadas pelos filhos e alunos fugirem ao conhecimento dos pais.
Para tanto, com esse projeto queremos contribuir na formação do sujeito, como um ser completo, não apenas no conhecimento intelectual, mas que ele possa se perceber como ser integral, com suas emoções, comportamentos, e que o mesmo possa a vir somar com as experiências e questionamentos do nosso projeto, mudando a sua trajetória de vida, não se deixando levar apenas por emoções, fantasias, ou impulsos que mais tarde poderá acarretar em danos para sua personalidade, causando gravidez indesejada e doenças. Também se observa que os jovens são levados para outros caminhos que não são adequados para sua idade e nem pra vida que desejamos ao ser humano, como criminalidade e outros. Já na escola o comportamento destes jovens e adolescentes é bastante prematuro, pois estão sempre voltados à promiscuidade, com palavrões, gestos obscenos.
Objetivou-se buscar alternativas de orientação aos jovens no sentido de suprir os questionamentos levantados por eles, pesquisar conjuntamente novas maneiras de abordar a temática da sexualidade com os adolescentes, orientar os jovens com relação ao reconhecimento sexual, colaborando com a formação integral dos adolescentes da comunidade.






METODOLOGIA

Para que nos fosse possível buscar respostas ao problema colocado, realizamos uma investigação qualitativa que o propósito fundamental da pesquisa qualitativa é a compreensão, explanação e especificação do fenômeno social. O foco desta pesquisa é a construção do significado. "Ela se preocupa, nas ciências sociais com o nível de realidade que não pode ser quantificado." Minayo (2001, p.21).
Segundo LÜDKE E ANDRÉ (1986), a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador, como o seu principal instrumento. A pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada.
A pesquisa foi desenvolvida através de uma pesquisa participativa. Pesquisa-ação.
Para THIOLLENT (2000), a pesquisa ação e um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo.
A abordagem desta pesquisa qualitativa refere-se ao ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como principal instrumento. Há neste tipo de pesquisa maior preocupação com o processo do que o produto, a análise e a interpretação dos dados tende a seguir um processo indutivo.
A pesquisa foi realizada na cidade de Barra do Bugres, Mato Grosso, envolvendo jovens que freqüentam a escola Estadual Alfredo José da Silva.
Esta pesquisa teve como um dos instrumentos de coleta de dados, a entrevista, desenvolvida de uma forma dinâmica, diretamente feita a pessoa responsável da vigilância sanitária da cidade a qual nos informou os dados apresentados. Para LAKATOS (2003, p.37) "entrevista é um encontro entre duas pessoas, afim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional". Nesta pesquisa foi definida à entrevista estruturada que para LIMA (2001, p.42) "caracteriza-se pelo fato de, no momento da entrevista, o entrevistador e o contato se orientar por um roteiro previamente elaborado e conhecido. Esse roteiro deve ser enviado antecipadamente para o entrevistado e preparar-se para responder as questões propostas" e a semi-estruturada "que visa explorar amplamente uma questão sem necessariamente impor limites e direção à comunicação estabelecida entre o pesquisador e o contato".
É importante que as questões das crianças tenham espaço para serem colocadas e respondidas com clareza, simplicidade, à medida que esta curiosidade vai surgindo, vamos tentar saná-las de modo que possam adquirir confiança em nós.














DESENVOLVIMENTO: DADOS COLETADOS

1) O número de nascidos vivos no ano de 2009, na cidade de Barra do Bugres.
O levantamento feito junto a centro de controle de edemias.
Onde foi detectado 492 nascimentos no ano de 2009, com as idades da mães variando entre 13 e 45 anos.

Idade das mães crianças nascidas em 2009
13 4
14 8
15 23
16 22
17 29
18 39
19 35
20 37
21 37
22 30
23 30
24 34
25 22
26 18
27 23
28 16
29 17
30 15
31 13
32 11
33 5
34 7
35 4
36 2
37 1
38 1
39 3
40 3
42 1
43 0
44 0
45 2
Total 492 crianças

Conteúdos desenvolvidos em sala de aula nas disciplinas de matemática e química, funções, intervalos, métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíveis, porcentagem, gráficos, tabelas, media aritmética matrizes, analise de gráficos.



CONCLUSÕES

A temática da sexualidade sempre nos chamou a atenção. No momento da idealização deste projeto este tema mostrou-se adequado, não somente por possibilitar um trabalho que viesse ao encontro das necessidades e curiosidades dos nossos adolescentes, mas que desse suporte pedagógico aos professores que tanto discutem a maneira de como trabalhar a sexualidade com estes alunos. O trabalho escolar deve aproximar mais no caso específico da sexualidade. Os professores também têm uma responsabilidade muito grande no sentido de planejar ações nesta necessidade das crianças.Para tanto a pesquisa participativa- ação pareceu à metodologia mais adequada, pois permitiu que colhêssemos dados qualitativos, havendo uma maior preocupação com a resolução de problemas coletivos. Através dos instrumentos, buscava-se conhecer as curiosidades dos alunos para posterior sabermos lidar com este tema dentro das escolas. Em 1998, o Ministério da Educação incluiu a Orientação Sexual nos Parâmetros e Referenciais Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. Lá, afirma-se que, a partir da 5ª série, é importante que a escola possa oferecer um espaço específico (uma hora-aula semanal) para orientar, debater e tirar as dúvidas dos alunos sobre a sexualidade. Entretanto, como o tema tem caráter transversal, isto é, de aplicação desejável, porém não obrigatória, sua implantação definitiva na grade curricular por vezes esbarra no pensamento retrógrado e tacanho de que essa matéria poderia incentivar ou antecipar o relacionamento íntimo entre os jovens. Uma mentalidade típica daqueles que querem tapar o sol com a peneira.
Diante destes resultados, sugere-se a implantação de debates de temas sobre saúde sexual e reprodutiva nas escolas, voltado para alunos, pais e professores, de forma a fornecer subsídios suficientes para diminuir as dúvidas dos adolescentes e preparar os pais e professores para melhor orientar e conviver com este grupo etário. Neste sentido podemos sugerir que as atividades propostas para o trabalho na escola deveriam partir das curiosidades das crianças e adolescentes. Também sugerimos, portanto algumas atividades como: mudança no currículo escolar, mudança no pensamento de pais e professores para expor o assunto com seus filhos e alunos de uma maneira objetiva e clara. O desejo que fica em cada um de nós é que estes resultados não se percam no tempo, servindo como mais uma pesquisa já realizada. É preciso saber ouvir a verdade e as curiosidades dos jovens e adolescentes. É preciso que pais e professores abram suas almas e enxergue os adolescentes como parte integrante da sociedade, que tem seus sonhos, dúvidas e curiosidades.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


LAKATOS, Maria; MARCONI, Martina de Andrade. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1999.


FREIRE, Paulo. Política e Educação. São Paulo: Cortez, 1997.


RAMOS, Nara Vieira, SOCAL, Eliane. Pesquisa - Crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social em Santa Maria.ed.Palloti 2003.


THIOLLENT, M.; ARAUJO, T; SOARES, R. Metodologia e Experiência em projetos de extensão. Niterói: ed. UFF, 2000.


NUNES, Cezar, SILVA, Edna: A educação sexual da criança. São Paulo, editora autores associados, 2000.


FAGUNDES, Tereza: Educação Sexual, construindo uma nova realidade. Salvador, UFBA, 1995.


SAMPAIO, Simaia: Educação sexual para além dos tabus. Salvador, UFBA, 1996.


SUPLICY, Marta: Conversando sobre sexo. Petrópolis, Rio de Janeiro, Vozes, 1983.


TIBA, Içami.1998. Ensinar aprendendo: como superar os desafios do relacionamento professor-aluno em tempos de globalização. São Paulo: Gente.


FREUD, S. 1970. Cinco lições de psicanálise. Rio de Janeiro: Imago.


BARROSO, Carmen; BRUSCHINI, Cristina.1985. Sexo & Juventude. 2. ed. São Paulo: Brasiliense.


CALDERONE, Mary S.; RAMEY, James W.1986. Falando com seu filho sobre sexo. 3. ed.São Paulo: Summus.


LÜDKE, M.; ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.