GRAMSCI, E A EMANCIPAÇÃO UNIVERSAL DA HUMANIDADE

Joana Marta Gomes de Almeida1

RESUMO

O presente artigo tem como finalidade  abordar a corrente de pensamento de GRAMSCI, na sua concepção de educação como participação, fundamental na elaboração, sistematização e erradicação da concepção de mundo que estabelece a ordem social tal como ela é, pois prepara os intelectuais, que funcionam como agentes dos aparelhos da hegemonia.Nessa perspectiva  a educação tem um papel importante na  configuração, na dissiminação e na reprodução da ideologia e, consequentemente, na preservação do poder das classes dominantes. Atuando também como força de transformação social  mediante a elaboração e execução que o educador ocupa em suas funções e atividades, ora de preservação da ordem já constituida, ora de transformação dessa realidade.

Palavras-chave: Educação, Força de transformação e Educador

INTRODUCÃO

Gramsci é conhecido pelo prepraro esmerado  do conceito de hegemonia e bloco hegemónico, e também por externar o estudo das aparenciais culturais da sociedade (a chamada super-estrutura no marxismo clássico) como principio a partir do qual se poderia tornar real uma atitude política  e como uma das maneiras  de criar e reproduzir a hegemonia. Rotulado  em alguns meios como o “marxista das super-estruturas”, Gramsci imputiu um papel central à dissolução  infra-estrutura (base real da sociedade, que inclui forças de produção e relações sociais de produção) super-estrutura ("ideologia", constituída pelas instituições, sistemas de ideias, doutrinas e crenças de uma sociedade), a partir do conceito de "bloco hegemónico".

Segundo esse conceito, o poder das classes dominantes sobre o proletariado e todas as classes dominadas dentro do modo de produção capitalista, não consiste simplesmente no controle  das ostentaçoes  repressivas  do Estado. Desta forma , tal poder seria relativamente fácil de destruir(bastaria que fosse atacado por uma força armada equivalente ou superior que trabalhasse para o proletariado). Este poder é assegurado essencialmente  pela "hegemonia" cultural que as classes dominantes desfrutam desempenhar sobre as dominadas, através do controle  do sistema educacional, das instituições religiosas e dos meios de comunicação. Utilizando  deste controle , as classes dominantes "educam" os dominados para que estes pendurem   em submissão às primeiras como algo natural e proveitoso, embaraçando  assim sua             faculdade revolucionária. Sendo asim,em designação  da "nação" ou da "pátria", as classes dominantes criam na sociedade  o entusiasmo  de reconhecimento  com elas, de união sagrada com os exploradores, contra um inimigo exterior e a favor de um forma hipotético "destino nacional". Assim se determina  um "bloco hegemónico" que  reuni a todas as classes sociais em volta  de um empreendimento burguês.

Entende-se por hegemonia  o conceito que permite constar o desenvolver  da história italiana e da Ressurreiçãoem particular , que poderia ter obtido um cunho revolucionário se  tivesse  com o apoio de relevantes  massas populares, em especial  dos camponeses, que representavam  a excelência  da população. Limitou o alcance da revolução burguesa em Itália o fato  de não ser aguilhada  por um partido jacobino, como em França, onde a participação camponesa, amparando  a revolução, foi resoluitva para a derrota das forças da decisiva aristocrática.

As classes subalternas

As classes subalternas – subproletariado, proletariado urbano, rural e também a pequena burguesia – não estão coesas  e sua coesão  ocorre exclusivamente  quando “se modificarem em Estado”, quando aproximam a dirigir o Estado, de outra forma executam  uma função descontinua e desagregada na história do povo , dos estados singulares. Sua inclinação ao efeito de unir “se dilaçera sem interupção por empreendimento dos elementos  dominantes” dos quais elas “sofrem sempre a atribuição, ainda quando   se insurgem”.

A hegemonia é mantida  atrelando –se um bloco social – instituindo então a aliança política de uma união  de classes sociais diferentes. Em Itália, o bloco social não é homogéneo, sendo modelado  por industriais, proprietários rurais, classes médias e parte pequena da burguesia. Este bloco é, portanto, sempre entre separado  por pecuniários  que divergem.Mas,por meio de uma política, uma cultura e uma ideologia ou um complexo de ideologias, impossibiltam  que os embates de interesses, duradouros até quando são  subentendido, expludam,  causando a crise da ideologia predominate  e uma decorrente incerteza política do complexo  de poder.

O complexo da hegemonia se expressa  quando, ainda que sustentando o próprio poder, as classes sociais politicamente autoritária e dominantes não conseguem mais ser dirigentes de todas as classes sociais, isto, é não conseguem resolver os problemas de todo o conjunto  e a sobrepor a toda a sociedade a própria complexa concepção do mundo. A classe social subalterna, se  consegue apontar e indicar soluções claras  aos problemas deixados sem solução, torna-se dirigente e, expandindo sua própria visão a outras massas sociais, cria um novo agrupamento  social, que se evidencia  hegemónico. Para Gramsci, a circunstância  revolucionária  volta-se inicialmente para o nível do complexo ideológico, em sentido marxista, isto é, político, cultural, ideal, moral. Mas, ultrapassa  a sociedade em sua complexidade, indo ao lance  com sua construção económica, ou seja, todo o bloco histórico— termo que para Gramsci indica o conglomerado da estrutura e da superstrutura, as relações sociais de produção e seus reflexos ideológicos.

Em Itália, o exercício da hegemonia das classes dominantes sempre foi por partes : entre as forças que contribuem à manutenção  do bloco social estão a Igreja Católica, que se bate para sustentar  a unidade doutrinária de modo e evitar entre os fiéis rompimentos  fatais que no entanto existem e que ela não podedesfazer , mas somente controlar: “A Igreja romana foi sempre a mais obstinada  na luta para coibir  que oficialmente se formem duas religiões, uma dos intelectuais e outra das almas simples”. Luta que, se por um lado, teve sérias consequências, ligadas  “ao processo histórico que modifica toda a sociedade civil e que em conjunto  contem uma crítica desgatante  das religiões”, por outro, fez ressaltar “a capacidade organizadora no campo característico do clero” que  occorreu “certas satisfações às exigências da ciência e da filosofia, mas com uma marcação  tão lenta  e metódica  que as mutações não são distinguidas pelo bloco  dos simples, ainda que estas pareçam revolucionárias e demagógicas aos fundamentalistas.”

Nem mesmo a caracteristíca  de timbre idealista, que, ao tempo de Gramsci, era prepoderante  e mantidas pelas escolas filosóficas crocianas e gentilianas, “soube criar uma unidade ideológica entre o baixo e o alto, entre os simples e os intelectuais”. Tanto é que esta cultura, ainda que concebendo a religião uma mitologia, não ao menos “tentou edificar  uma idéia  que pudesse substituir a religião na educação infantil”, e estes pedagogos, ainda que não fossem religiosos nem confessionais, ou mesmo que fossem ateus, “concordam com o ensino religioso porque a religião é a filosofia da infância da humanidade, que se restaura  em cada infância não metafórica”. Também a cultura laica “dominante”  emprega  pois a religião, porque não trata da proposta  de elevar os blocos  populares ao nível dos  dominantes, mas, ao contrário, quer mantê-la em uma posição subalterna.

Os intelecutais e  a educação

Gramsci inspecionou  o papel dos intelectuais na sociedade: todo homem é um intelectual, já que todos têm faculdades intelectuais e racionais, mas nem todos têm a função social de intelectuais. Ele fez uma proposta de que os intelectuais modernos não se satisfariam  mais de apenas fabricar  discursos, mas estariam comprometidos na estrutur das práticas sociais.

Segundo sua critica , “não há atividade humana da qual se possa eliminar  de toda interferência  intelectual, não se pode separar o ‘homo faber’ do ‘homo sapiens’” enquanto, independentemente de sua profissão específica, cada um é a seu modo “um filósofo, um artista, um homem de gosto, participa de uma concepção do mundo, tem uma consciente linha moral”, Mas, nem todos os homens têm na sociedade a função de intelectuais.

No contexto histórico se formam espécies  particulares de intelectuais, “especialmente em relação aos blocos  sociais mais importantes e passam por processos mais largos  e complexos em ligação com o bloco  social dominante”. Gramsci, evidencia  entre uma “intelectualidade tradicional” que, sem razões, se considera uma classe diferente  da sociedade e os grupos intelectuais que cada classe gera “organicamente”. Estes últimos não expoem  a vida social com simplicidade,  mas por regras científica O intelectual tradicional é o literato, o filósofo, o artista e por isso, diz Gramsci, “os jornalistas, que acreditam ser literatos, filósofos e artistas, também acreditam ser os verdadeiros intelectuais”, enquanto que modernamente é a formação técnica a que serve como base do novo tipo de intelectual, um “construtor, organizador, persuasor”, que deve partir “da técnica-trabalho para a técnica-ciência e a concepção humano-histórica, sem a qual permanece especialista e não se torna dirigente”. O grupo social emergente, que labuta por conquistar a hegemonia política, almeja conquistar a própria ideologia intelectual tradicional, ao mesmo tempo que forma seus próprios intelectuais orgânicos.

A estrurura  do intelectual se baseia  pela  dimensão  conexa  que presevem com o bloco  social ao qual se relata : eles funcionam , tanto na sociedade civil quanto na sociedade política ou estado. A primeira expressa  o conjunto dos organismos privados nos quais se constestam  e se difundem as ideologias necessárias para a aquisição do consenso que aparentemente surge de modo espontâneo das grandes camadas  da população em volta  os dispositivos do bloco  social dominante. A segunda é onde se desempenha  o “domínio imediato  da liderança  que se expressa no Estado e no regime jurídico”. Os intelectuais são como “apostadores do grupo dominante para o desempenho  dos ofícios  subalternos  da hegemonia social e do regime político”. Assim como o Estado, que na sociedade política deseja aproximar os intelectuais tradicionais com os orgânicos, também, na sociedade civil, o partido político especifica  “os próprios componentes, elementos de um bloco  social que brota  e se adianta  como econômico, até convertê-los em intelectuais políticos qualificados, dirigentes, organizadores de todas as ocupações e as funções ligadas  ao desenvolvimento orgânico de uma sociedade integral, civil e política”.

A exigência de formar uma cultura peculiar  dos trabalhadores refere-se  com o convite  de Gramsci por um tipo de educação que admite  o aparecimento de intelectuais que compartilhem das paixões das camadas  de trabalhadores. Neste ponto, os adeptos da educação adulta popular tomam Gramsci como uma referência. Seu sistema educacional pode ser definido dentro do âmbito da pedagogia crítica e a educação popular teorizadas e praticadas mais contemporaneamente pelo brasileiro Paulo Freire..

 Economicismo

Num famoso artigo escrito antes de sua prisão, intitulado 'A Revolução contra O Capital', Gramsci afirma que a revolução bolchevique significava uma revolução contra o livro clássico de Karl Marx,  considerado o guia básico da social-democracia e do movimento operário antes de 1917. Ia contra vários princípios fazer uma revolução socialista em um país obsoleto como a Rússia,, que não proporcionava  a condições econômicas e sociais que se observavam indispensáveis para a transição ao socialismo. O principio primodial  das relações de produção, dizia, era uma má interpretação do marxismo. Tanto as mudanças económicas como as culturais são expressões de um 'processo histórico básico', e é difícil dizer qual esfera tem maior importância. Para Gramsci, a crença fatalista, comum entre o movimento operário em seus primeiros anos, de que dominaria inevitavelmente devido a 'leis históricas', era o processo de circunstâncias de uma classe oprimida, reduzida principalmente à atuação defensiva, e seria abandonada como um empecilho uma vez que a classe operária pudesse tomar a iniciativa. A 'filosofia da praxis' não pode confiar em 'leis históricas' invisíveis como os agentes da mudança social. A história define-se pela praxis humana e portanto inclui  a vontade  humana.Apesar de, o poder da vontade apenas não pode conseguir nada que se queira em uma situação determinada: quando a consciência da classe operária alcançar o nível de evolução  necessária para a revolução, as situaçoes  históricas que se encontrarão serão tais que não se poderão mudar arbitrariamente. De qualquer modo, não se pode determinar com atencipação, por inevitabilidade histórica, qual dentre os muitos possíveis desenvolvimentos tomará lugar.

Nos Meios Académicos

A primeira biografia de Gramsci no Brasil foi escrita por um dos intelectuais mais destacados e respeitados à época, o professor austro-brasileiro Otto Maria Carpeaux e publicada na Revista Civilização Brasileira , 7 de maio de 1966. Foi, contudo , na década seguinte que aconteceu a maior divulgação das obras de Gramsci, graças a Carlos Nelson Coutinho. Desde então, vários intelectuais têm questionado em grande  dimensão  as contribuições gramscianas, como Luiz Sérgio Henriques, Marco Aurélio Nogueira, Virginia

Fontes e Sérgio Granja. No segundo semestre de 2004, o prof. Lincoln Secco, do Departamento de História da USP, ministrou o curso sobre “Gramsci e os fundamentos econômicos da idéia de revolução”, evento muito importante para avanço dos estudos gramscianos. Secco procurou apresentar Gramsci como pensador das questões ecoômicas e políticas de seu tempo, a partir de uma leitura original de Marx.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos elencar nesse aritigo que a ideologia de  Gramsci origina-se na esquerda organizada, ele é também uma personalidade importante para os debates nos estudos culturais e teoria crítica. Além disso, suas idéias  também têm inspirado teóricos políticos assim de centro com de direita, sendo a sua ideia de hegemonia muito enfatizada. Essa influência é muito sentida na  ciência política  recente , por exemplo, quando se aborda o tema da prevalência do pensamento neo-liberal entre as elites políticas: é o chamado Neo-Gramscianismo. Por fim, seu trabalho fortemente influenciou o dicurso de intelectuais perto da cultura popular e dos estudos acadêmicos desta, por nele encontrarem potencia  realtiva para a resistência política ou ideológica aos interesses dos gestores públicos e do poderes econômicos.

 

REFERÊNCIAS

LEPRE,Aureliano, O Prisioneiro:A vida de Antonio Gramsci.Record.Editora Record, 2001.

GRAMSCI,Atonio, Os Intelectuais e a Organização da Cultura. Coleção Pespectivas do Homem. Tradução: Carlos Nelson  Coutinho.Impresso no Brasil 1982. Vol.48 4ª ed: Civilização Brasileira.