SÉTIMA PARTE

 

O COVIL DAS ARANHAS 

Os viajantes ficaram lá parados, espantado com o turbilhão de teias e a multidão de aranhas de todos os tamanhos e formas saindo de dentro de tocas nas árvores no solo com caranguejos. Grandes caranguejeiras saltavam do topo das árvores, das teias, de dentro de tocas.

Antenor quando viu aquele lugar deu um gritou e se escondeu por trás de Gordon.

__ Eu que não entro ai!

Beoriano sabia que existiam muitas teias aranhas, mas não imaginava que tinha aumentado tanto desde a última vez. Era quase impossível atravessar este lugar. No entanto, eles teriam que encontrar um meio. Ainda não sabiam qual. Eles estavam muito cansados para pensarem. Resolveram encontrar um abrigo para descansar e depois pensar do que iriam fazer para atravessar.

Foram para topo de uma árvore que ficava a uns cinquenta metros de lá. Lá no topo puderam ver toda a movimentação das aranhas. Em uma cocavidade no tronco todos dormiram, com exceção de Gordon que estava sem sono ou ansioso de mais. No início da tarde um a um foi acordando. Beoriano foi o primeiro a acordar e vendo que Gordon estava acordado se aproximou de vagar.

__ E ai amigo, pelo que vejo não pregou os olhos. Conseguiu ver alguma coisa que nos dê alguma esperança.

__ Ainda não. Elas parecem que não dormem. São muitas. As teias estão fervilhando. A cada momento, mais chegam. Parece mais que todas as aranhas do mundo resolveram se reunirem neste lugar, e, logo quando resolvemos ir pra o campo. Já pensei até em atravessar voando, no entanto, é quase impossível. Veja nas copas das árvores o vento é muito forte. Se tentássemos não chegaríamos muito longe, ou seriamos jogados de encontro a alguma teia. Atravessar algum túnel. Quase impossível, parecer que estão saindo de todos que eu vi. Atravessar nas costas de algum animal seria outra opção, entretanto, quando um passou, parecia possuir um casco muito resistente, mas em poucos minutos retornou completamente coberto de aranhas. É uma situação desesperadora, por mais que tente pensar não consigo encontrar um meio. Fiz de tudo para chegar até aqui e agora não posso dar mais um passo.

__ Teremos que retornar para casa. Para o meu campinho maravilhoso. __ Disse Antenor.

__ Retorna? Nunca! Eu não vou desistir, não serei vencido por estas aranhas. __ Disse Gordon.

__ Muito bem meus amigos, vamos manter a calma, as portas se abrem quando menos esperamos. Deve haver um meio de passar. __ Disse Bombar.

Nada mais foi dito. Por um bom tempo todos ficaram sentados na borda do galho: Antenor, Bombar, Gordon, Beoriano e Gardenio. Vencidos, talvez. Derrotados, nunca.

A tarde foi passando vagarosamente. Do norte uma brisa fresca soprava nos galhos das arvores. Folhas caiam ao solo em giros ortogonais. Varias luzes penetravam por entre as folhagens obliquamente formando um conjunto de jatos. Ao sul se ouvia o cantar de uma cachoeira que gemi enquanto suas águas escorriam por entre as rochas. As árvores pareciam estar vivas. Algumas abriam suas vastas copas deixando o sol entrar em grande tubo de luz em direção aquelas figuras solitária. O palco da vida estava montado. Decisões deveriam ser tomadas. Voltar, prosseguir, esperar, transpor obstáculos que pareciam instransponíveis. Nada, nem ninguém poderiam tomar para se decisões que são deles. A vida é um jogo. Cabe a cada um decidir o caminho que deverá traçar.

A noite estava chegando e nada fora decido. Quando os primeiros raios começaram a morre no horizonte Gordon resolveu ir para outro lugar até o nascer de um novo dia, e com ele, possivelmente, encontrariam o caminho certo.

Levantaram voo e seguiram em direção da cachoeira -, lá poderiam se alimentar e refrescar. Seguiram por um caminho sinuoso. No final o grupo mergulhou dentro de uma clareira que formava um semicírculo de rochas muito antigas com dois metros. No meio do semicírculo uma grande boca cuspia uma água límpida que formava longas tranças cristalinas que penetravam com suas mechas como uma serpente por entre as fissuras e se desmancha em uma grande bacia com uma fenda submersa por onde a terra sugava o suspiro das águas. Lamentado a queda das águas a mãe natureza estendia um grande manto branco de espuma no ar. As margens da bacia crescerão flores de todos os formatos e cores que eram banhadas por uma língua de água que ia e via. Voando por entre as flores nuvens de borboletas de vários tamanhos e cores dançavam em um bale. Interagindo com a queda d’água um arco-íris multicor formava uma grande ponte com o horizonte.



Gordon e seus amigos ficaram deslumbrados com o lugar. Todos foram às margens e beberam e se banharam nas águas cristalinas. Logo depois, sentaram em uma rocha avermelhada com a superfície quadrada. Na rocha Gordon e os outros se deitaram de frente para a cachoeira e ficaram lá admirando a queda d’água. À noite foi chegando devagar e a luz da lua começou a refletir seu brilho nas águas. Com o soprar dos ventos e o cantar da cachoeira adormeceram. No meio da noite, Gordon acordou de supetão, olhou para os seus amigos, que ainda dormiam tranquilamente, levantou devagar para não acorda-los. Ficou parado na ponta da pedra pensando, neste momento, tomou uma decisão. Seguiria sozinho, não ariscaria a vida de seus amigos. Aproveitando-se que dormiam desceu da pedra sorrateiramente, na entrada da clareira olhou para trás, deu um suspiro e levantou voo.

Refez o mesmo caminho. Ao chegar ao limite da fronteira parou em cima de um galho seco de uma pequena árvore para tomar coragem. Deu uma última olhada para trás e mergulhou na mata.