TERCEIRA PARTE

 

O Pântano

 

O pântano era um lugar sombrio com muitos capins altos como uma grande muralha verde que balançava impulsionada pelo vento, árvores secas e retorcidas cobertas por grandes emaranhados de trepadeiras, musgos, grandes cogumelos brigavam por espaço. Um manto de lodo verde escuro cobria as raízes que saltavam de dentro da terra.

Ao longe se via árvores pequenas e grandes com seus longos braços abertos para o céu em um grito de clemência do sufocante manto das plantas parasitas que desciam em longas tranças e subiam como imensas serpentes.

Nos troncos ocos e raízes carcomidas insetos: escorpiões, lacraias, besouros estranhos de todos os formatos saltavam para o solo. No céu abelhas e mosquitos mergulhavam em nuvens dentro do capinzal. Sons estranhos viam, a todo o momento, mergulhar nos ouvidos dos nossos viajantes, sons como: esmagar de galhos secos, gritos alucinantes, uivo do vento. Um coro agonizante que enchiam todo o pântano.

Ao ver aquele lugar Antenor deu um passo para trás e tropeçou em um tronco e caio de costa. Lá deitado viu, para o seu espanto, uma grande aranha negra preparando sua teia. A aranha corria de um lado para o outro com suas longas pernas tecendo um grande manto em forma de rede com um longo fio que sai de um pequeno orifício localizado no abdome – a fiandeira –, quase transparente. Neste momento, uma pequena mosca, meio descuidada, bateu na teia e ficou presa, desesperada tentava insistentemente se livrar, quanto mais se debatia mais presa ficava, sua agitação chamou a atenção da aranha que em grande velocidade mergulhou contra a mosca e a envolveu com uma mortalha.

Assustado, Antenor se levantou rapidamente e se jogou em cima de Gordon que tropeço e cai no chão.

__ Que foi? __ Pergunta Gordon rispidamente.

__ Veja! Lá no alto, aquela aranha prendeu uma mosca e acho que ela está de olho na gente. Vamos sair deste lugar agora mesmo. Quero ir para minha casa, não estou mais gostando desta viagem.

__ Calma primo. Vamos seguir em frente pelo caminho que o louva-a-deus nos ensinou.

__ Sim, mais ele disse que o caminho era perigoso. E, pelo que estou vendo, as coisas são piores do que ele tinha dito.

__ Deixe de besteira. Vamos embora.

Arrastado por Gordon, Antenor entrou no pântano. Quando entraram no pântano os raios do solares estavam ficando mais francos, a noite estava chegando. Em fila indiana atravessaram um emaranhado de galhos, folhas secas, buracos e grandes poças de água suja, seguindo uma trilha que forma um grande caracol.

Meia hora depois um manto fino começou a cobri o pântano. Caminhavam com cautela e, de vez em quando, paravam para ouvir sons estranhos que via de dentro de uma neblina. A noite tinha chegado rapidamente e com a neblina o caminho ficou difícil. Gordon resolveu procurar um lugar para passar a noite. Além do mais, a noite era o horário dos caçadores noturno. Gordon olhava para todos os lados e não conseguia ver um bom lugar para eles passarem a noite. Mesmo que existisse, a neblina estava ficando mais densa e dificultava a visão. Aos trancos e barracos conseguiram, por sorte, encontrar uma abertura em uma árvore muito velha, a abertura ficava distante do solo boa para proteção.

Antenor foi o primeiro escalar o tronco e entrar e, logo atrás, vinha Gordon. Ele subia devagar, quase se arrastando, quando estava quase perto do buraco um grande sapo saltou do meio do matagal, e com sua língua longa e pegajosa, se lançou para captura Gordon. Lá em cima, debruçado na borda, Antenor viu quando o sapo saltou e deu um grito. Gordon se assustou e caiu em um monte de galhos retorcido. O sapo pulou em cima dos galhos e tentava a todo custo com suas longas patas afastar os galhos. Do alto, Antenor sem poder fazer nada assisti a cena aterrorizado.

Gordon para fugir do sapo se arrastou por entre os galhos, enquanto nas suas costas uma longa pata tenta a todo custo capturá-lo. Para sua sorte, uma grande raiz oca, estava no seu caminho, rapidamente Gordon entrou na raiz e sai se arrastando. A raiz formava um grande corredor que leva direto para onde Antenor estava. Lá em cima Antenor procurava ver seu primo. Estava tão nervo e debruçado na borda que não viu quando Gordon entrou sorrateiramente. Cansado, quase exaurido, se arrastou para o canto e chamou Antenor. Ao ouvir seu nome virou e viu seu primo no canto.

__ Você está bem?

__ Estou! Consegui escapar bem na hora, quase virei comida de sapo. Foi por um fio.

__ Este lugar está ficando perigoso de mais, quero voltar para a minha casa. __ Disse Antenor.

__ Voltar!! Nunca! Eu vou enfrente, não voltarei.

__ Sim, pouco para viramos comidas.

__ Você é sempre negativista. Não vim até aqui para voltar no meio do caminho.

Antenor balançou a cabeça, virou para o lado de fora do buraco e ficou vendo o sapo revira tudo a procura de Gordon. Por um bom tempo ficou lá parado olhando, não aguentado mais, entrou, deito-se e adormeceu. Gordon, no entanto, mesmo com todo o sufoco que tinha passado, estava sem sono. Levantou-se e debruçou-se no buraco ficou, por um bom tempo, olhando à luz da lua que, com a diminuição da neblina, clareava alguns pontos do pântano. Cansado de ver aquele lugar solitário virou e adormeceu. Quando o dia estava raiando Antenor foi acordado por Gordon.

__ Acorde, vamos sair deste lugar.

__ E os sapos, você viu algum lá fora?

__ Não!

O pântano parecia, com o raiar do dia, um lugar menos sombrio. A neblina tinha ido embora. Um vento vindo do sul fazia o capim dançar em uma cadência harmoniosa. Algumas árvores, de porte baixo, com poucas folhagens e muitos lodos impregnados por todo tronco, com galhos retorcido e curvo pendendo-se ao chão formavam figuras tristes e solitárias no meio do matagal. Insetos: Abelhas, borboletas, e muitos mosquitos voavam em bando. Nas águas empoçadas grandes libélulas de diversas cores davam voos rasantes. Outras pousadas nas folhagens equilibravam-se ao sabor do vento. Nos galhos retorcidos teias e mais teias de todas as formas e tamanhos brilhavam com a luz do sol. Verdadeiras armadilhas para insetos descuidados. Nas partes alagadas, sobre as plantas aquáticas um coro de coaxar interagia com o cantar das aves. Cobras de varias espécies cruzam as estradas deixando rastro em espirais por toda a areia fofa. Ao longe, dentro das águas, pequenos olhos se escondiam por entre as plantas aquáticas.

Os dois primos desceram de sua proteção e em solo seguiram seu caminho com cuidado redobrado. Gordon caminhava rápido mantendo sua atenção a qualquer movimento. Logo atrás, vinha Antenor no mesmo ritmo. De vez em quando, os dois paravam e se escondiam.

Durante horas caminharam em círculo. A trilha, que o louva-a-deus tinha ensinado, estava mudada ou não era a mesma, existiam muitas plantas crescidas e a terra estava alagada. Eles não sabiam mais para onde ir, e nem como voltar. Antenor olhou para seu primo meio desconsolado e disse em voz baixa:

___ E agora o que vamos fazer?

___ Não sei, sinceramente, não sei!

Continuação.......................