Por: Laércio Becker, de Curitiba-PR

Goleadas

É famosa a história (lenda?) de Garrincha que, depois de uma preleção de Vicente Feola para a seleção, teria perguntado se o técnico “já tinha combinado com o adversário”. Bem, o Ilinden FC tomou esse cuidado. Na então Iugoslávia, em 1979, esse time precisava de saldo de gols para ser promovido de divisão. Com a cumplicidade do time adversário e do juiz, aplicou 134x1 no Mladost, média de 1,5 gol por minuto. O rival com quem o Ilinden disputava essa vaga era justamente o Mladost, que, no jogo anterior, havia vencido o Sloven por 88x0. Evidentemente, esses resultados foram anulados.

Em Madagascar, em 2002, pela final da primeira divisão nacional, AS Adema 149x0 Stade Olympique L’Emyrne. Em protesto contra o árbitro, os jogadores do L’Emyrne preferiram estabelecer um recorde mundial (na realidade, dois: de goleada e de gols contra). Digamos que usaram a tática do Canto do Rio, só que multiplicada por 149 (ver “Gol 100% contra”, no nosso artigo “Gols (e não-gols) bizarros”). Em vão, já que o resultado não foi reconhecido pela Fifa.

Em 1999, dois times paraguaios que precisavam de saldo de gols para melhorar as chances de ganhar o título venceram seus jogos por 37x0 e 75x0. Investigada a suspeita de resultado arranjado, descobriu-se que os adversários começaram com apenas sete jogadores em campo.

Entre os resultados mantidos, de jogos de primeira divisão, o Guinness sempre deu destaque a Arbroath 36x0 Bon Accord, jogado em 05.09.1885, pela Copa da Escócia. O detalhe é que outros 7 gols foram anulados por impedimento e, por falta de redes, pode ser que mais gols tenham sido marcados, só que não computados. Coincidentemente, nos mesmos dia e competição, Dundee Harp 35x0 Aberdeen Rovers. Não era o dia dos goleiros...

Outros resultados apontados pelo Guinness são os seguintes:

Drayton Grange Colts 49x0 Eldon Sports Reserve, em Grange State, Inglaterra, em 13.11.1988. Todos os jogadores do Drayton marcaram, inclusive o goleiro.

Entre juvenis, Midas FC 59x1 Courage Colts, em Kent, Inglaterra, em 11.04.1976. Detalhe: de virada! Kevin Graham foi o artilheiro da partida, com 17 gols.

Entre seleções: pelas eliminatórias da Copa de 2002, Austrália 31x0 Samoa Americana.

Fora do Guinness, há ainda este resultado, entre times femininos: pelo equivalente à quinta divisão do Centro-Oeste inglês, em 04.03.2001, Willenhall Town 57x0 Burton Brewers. Foi o suficiente para o time nunca mais entrar em campo.

Empate

Maior placar de empate: em Teresina, num jogo entre times amadores, Poti Velo e Barra das Pombas empataram em 31x31. Perto disso, o “quase empate” 15x13 que o Wasa aplicou no Crab Connection, em Trinidad e Tobago, em 24.09.2004, é fichinha.

Pênaltis

Primeiro, um recorde de eficiência: no jogo Littletown FC x Storthes Hall, em 29.12.2001, 34 pênaltis foram cobrados, todos convertidos em gol. O jogo foi encerrado assim mesmo, com empate de 17x17, por falta de luz. Graças a isso, ficou preservado o 100% de aproveitamento.

Num honroso segundo lugar, Gençlerbirligi x Galatasarai, pelas oitavas de final da Copa da Turquia de 1996. Após o empate em 1x1 no tempo normal, o primeiro venceu nos pênaltis por 17x16, com apenas uma cobrança desperdiçada: a que desempatou a seqüência.

Em número de pênaltis batidos, o Guinness aponta Aldershot x Fulham, em 10.02.1987, disputado em Aldershot, Hampshire, Inglaterra. No tempo normal, 1x1. Na prorrogação, 0x0. Em seguida, 28 pênaltis foram cobrados, dos quais 7 perdidos. Resultado: Aldershot 11x10.

Em número de pênaltis marcados, Emedê diz que o recorde fica com Argentino Juniors 20x19 Racing, na Argentina, em 1988.

Agora, um recorde de ineficiência. Na Inglaterra, em 1998, pela Copa Sub-10 da Derby Community League, na Inglaterra, Mickleover Lightning Blue Sox e Chellaston Boys “B” empataram em 1x1 no tempo normal. Nos pênaltis, o Blue Sox venceu por 2x1. Ué, cadê a bizarrice? Até o desempate, a disputa dos pênaltis exigiu 66 cobranças, 3 convertidas (4,5%), 35 defendidas e 28 para fora.

Em segundo lugar, a final da Copa da Finlândia de 1985, entre Haka Valkeakoski e HJK Helsinki. De 12 pênaltis batidos, apenas 3 foram convertidos (25%).

Gols olímpicos

O Guinness identifica dois recordes mundiais de três gols olímpicos numa só partida: em 24.02.2002, Steve Cromey, pelo Ashgreen United, em jogo contra o Dunlop FC, em Bedworth, Warmickshire, Inglaterra; e em 07.04.2002, Daniel White, pelo Street Glastonbury, em jogo contra o Westfield Boys.

No Brasil, o recorde apontado pelo Guinness seria de Ary Mantovani, do Palmeiras, que marcou dois olímpicos contra a Portuguesa Santista, pelo campeonato paulista, em 05.10.1946, no Parque Antarctica, aos 10 do primeiro tempo e aos 30 do segundo.

 

Fontes:

ANDREOLI, Felipe. O pior futebol de todos os tempos. São Paulo: Panda, 2011. p. 96-9.

BINDI, Luiz Fernando Bindi. Futebol é uma caixinha de surpresas. São Paulo: Panda, 2007. p. 25-6, 88, 94, 96-7.

DAMASCENO, Alberto. Futebol cearense: um século de história. Fortaleza: ed. do autor, 2002. p. 302.

EMEDÊ. Loucuras do futebol. 3ª imp. São Paulo: Panda, 2005. p. 78, 91-2.

GUINNESS: ed. de 1993, p. 280; ed. de 1995, p. 306; ed. de 1996, p. 241 e 243; ed. de 1997, p. 281; ed. de 1999, p. 208; ed. de 2005, p. 215 e 283; ed. de 2006, p. 237; ed. de 2009, p. 202.

MOREYRA, Sandro. Histórias de Sandro Moreyra. Rio de Janeiro: JB, 1985. p. 27.

RIBEIRO, Rubens. O caminho da bola. São Paulo: CNB, 2000. v. 1, p. 566.