Gliricidia



Lucas Kennedy Silva Lima
Alexandre Eduardo de Araújo


Nome Popular Gliricídia
Nome Científico (Gliricidia sepium)
Família Fabaceae

Discrição botânica (raiz, caule, folha, flor, fruto)

Raiz
As raízes associam-se a bactérias do gênero Rhizobium, com as quais entram em simbiose, originando um grande número de nódulos, responsáveis pela fixação do nitrogênio (FRANCO, 1988).

Caule
Possui caule fino, lisa e esbranquiçada. Sua copa, em geral, é ampla; entretanto, a forma da árvore é variável, dependendo da procedência do manejo (ALTERNATIVAS..., 1992).

Folha
As folhas são alternas imparipinadas, constituídas por 7 a 17 folíolos de 3 a 7 cm de comprimento. As folhas estão reunidas em inflorescências terminais, do tipo cacho ou racemo, e apresentam constituição típica das papilionáceas.

Flor
As pétalas são predominantes de cor lilás, com a por;ao central de estandarte em tom creme, que funcionam como guias de néctar. O androceu é formado por onze estemas diadelfos e o gineceu apresenta ovário superior, estilete único e estigma bífido.

Fruto
Os frutos são vagens chatas, que geralmente apresentam cor verde-palida, podendo apresentar tonalidades arroxeadas por causa da exposição solar.
As vargens variam de 10 a 17 cm de comprimento, contendo de três a oito sementes. As sementes são lisas, com média de 0.9 cm de diâmetro, em geral, cor marrom apresentam dormência tegumentar quando armazenadas por mais de 1 ano.


AMBIENTE ONDE É ENCONTRADA E PORTE
São nativas das regiões tropicais da América Central onde são comuns nas encostas e matas e em áreas montanhosas até a altitude de 1.500 a 2.000 m. É bastante tolerante a estiagem, mas não toleram geadas. A planta e bastante encontrada e utilizada por agricultores da Costa Rica e nos demais países da America Central.
No Nordeste Brasileiro, a espécie vem sendo cultivadas há anos na região cacaueira na Bahia, no sombreamento do cacau. Entretanto, somente a partir de meados da década de 80, foram implantadas pela Embrapa Semi-Árido ensaios de introdução da espécie nas demais regiões, inclusive nas mais secas, visando a otimização de sistemas agroflorestais. Neste aspecto, principalmente no estado de Sergipe, a gliricidia tem tido grande aceitabilidade por patê dos produtores rurais, superando o interesse pela Leucena leucocephala estabelecida desde a década de 70.
O porte pode variar de acordo com a espécie compreendendo arbustos e pequenas árvores. A espécie-tipo pode chegar a 12 m de altura. Ela é caracterizada como uma planta arbórea de 12 a 15 m de altura.

MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO

Plantio direto por sementes

As sementes de gliricídia não possuem dormência. Entretanto verificou-se que, em sementes armazenadas por mais de um ano, há um retardamento em sua velocidade e no inicio de sua germinação. Assim recomenda-se deixá-las de molho por 24 horas em água fria ou mergulhada em água quente (90°) por aproximadamente 2 minutos.
Pode ser factível em regiões com regime pluviométrico acima de 600 mm anuais, desde que efetuado no início da estação chuvosa e em leito de semeadura bem preparado.

Plantio por mudas

Apesar de mais caro, é o que assegura maior taxa de estabilidade, sendo, portanto, o método mais seguro para regiões de maior risco climático. As mudas são levadas ao local definitivo após dois meses de enviveiramento prévio ao início das chuvas, com tamanho de 20 a 30 cm, quando já em fase de crescimento.
Na produção de mudas, em viveiro, são utilizados sacos de polietileno e semeio direto de uma a duas sementes por recipiente. Depois de aproximadamente 5 dias, há a emergência as plântulas, e ao final de 45 a 60 dias, as mudas estarão com, aproximadamente, 25 cm de altura e aptas para plantio definitivo no campo

Plantio por estacas

Tem sido por razões obvias a maneira mais generalizada no estabelecimento da gliricídia, que tanto podem ser diretamente plantadas no local definitivo, como também enviveiradas (estacas mais finas) para produção de mudas em sacos plásticos. Tem-se observado índices de pega ao redor de 50%, em plantios diretos e acima de 70% em condições de viveiro.
No plantio por estacas, elas poderão ter dimensões de, aproximadamente, 1 cm de diâmetro por 20 em de comprimento, quando realizado em viveiro. No plantio direto em local definitivo, as estacas devem ter de 5 a 10 cm de diâmetro e comprimento de 0,50 a 2,50 m. As estacas devem ser preferencialmente, plantadas logo após corte, sem traumatismos, e em covas com pelo menos 20 cm de profundidade, para obtenção de maior percentagem de pega.

UTILIZAÇÃO DA PLANTA E CARACTERÍSTICAS DA MADEIRA.

A gliricídia é uma das espécies mais utilizadas nos trópicos, especialmente pelos pequenos produtores, tanto para foragem quanto parra cerca viva.A gliricídia possui alto valor forrageiro, pois sua folhagem apresenta elevado teor protéico, variando de 20% a 30% de proteína bruta e matéria seca. De modo geral, na America Central, principalmente utilização da gliricídia é como cerca viva, por fornecer estacas e ser de fácil propagação e pela tolerância a repetidos cortes (DUNSDUN et al., 1991). Também pode ser utilizada na recuperação de solos degradados, e no combate a erosão e a estabilização de terraços de rodovias em virtude de sua alta sobrevivência, resistência ao fogo.
Otárola (1995) descreve a estrutura e o manejo do uso de cercas vivas de gliricídia, visando à produção de biomassa, à integração com cultivos agrícolas e pecuária, à redução do processo de erosão do solos e outros fatores. Além de ajudar a regular a temperatura e o fluxo hídrico, apresenta alta capacidade de rebrotar, fornecendo madeira de alto poder calorífero. Como madeireira, é considerada uma excelente produtora de lenha, possuindo, em geral, poder calorífico da ordem de 4.900 kcal/kg (NATIONAL ACADEMY OF SClENCES, 1980; DUQUE, 1998), sendo de 4.550 kcal/kg para lenha e 7.150 kcal/kg para carvão (OTÁROLA, 1995).
Picado e Salazar (1984), ao avaliarem a capacidade da gliricídia para a produção de lenha e postes, quando manejada em cercas vivas com cortes a cada 2 anos, obtiveram, em 95 árvores, uma produção de 519 postes com 2,5 m de comprimento por 5,6 cm de diâmetro na parte mais grossa e 3, 6 cm na parte mais fina. A produção de lenha foi de 12,5 t/krn (6,3 t/km/ano). Emtermos de volume, foi de 96 estereo/km.
Segundo Romero et aI. (1991), para a produção de biomassa de gliricídia em cercas vivas, é necessária uma poda a cada 6 meses, o que garante maior quantidade de produção de matéria seca total quando comparada a podas a cada 3 meses, sendo similares as quantidades de material comestível. Romero et aI. (1991) alertam que efeitos tóxicos em certas plantas e animais, resultantes da presença de cumarina, podem representar uma desvantagem ao uso da gliricídia como cerca viva.

Referencias

FRANCO, A.A. Uso de Gliricídia sepium como moirão vivo. Rio de Janeiro:
EMBRAPA-UAPNPBS, 1988. 5p. (EMBRAPA-UAPNPBS. Comunicado
Técnico, 3)